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O BRASIL É SÓ TENSÃO

O Brasil é como um paciente com doenças crônicas de diabetes, câncer, pressão arterial alta, problemas coronários e psíquicos, há tempos no corredor de um hospital na espera de uma vaga na UTI. Precisa, urgentemente, uma equipe médica altamente especializada para salvá-lo.

Como um barco à deriva, sem comando e sem guia, o Brasil é só tensão em meio ao coronavírus e à insensatez de um desequilibrado e despreparado capitão-presidente que mistura democracia com autoritarismo e prepotência. O que estava ruim, tornou-se pior e não se sabe quando o país chegará ao fundo do poço para que renasça a esperança da sua emersão.

Depois de jogar o seu currículo no lixo e mostrar a sua cara de ambição pelo poder, como tantos outros que estão no ministério de um governo trapalhão, recheado de generais, o Moro se despede cuspindo fogo pelas ventas e revelando o esquema ditatorial e fascista da família Bozó, que está transformando o Brasil numa nação dos absurdos.

Nero mandou incendiar Roma porque achava sua arquitetura feia, escura e cinzenta. Ao tocar sua harpa desafinada, colocou a culpa nos cristãos. Por essas terras tupiniquins, existe um plano diabólico do comunismo por trás de tudo que acontece de mal, e nem a Covid-19 ficou fora desse “inimigo maléfico” dos extremistas de direita e dos seguidores da morte.

Nesse turbilhão de incertezas e desmandos, o povo caminha em círculo e age como como gado sendo levado para o matadouro. Os mais pobres são as maiores vítimas do massacre em massa, principalmente nessa era do corona, enquanto os ricos e poderosos continuam a faturar. Cada governante faz o seu decreto particular, e lá do alto os mandatários são os primeiros a não dar exemplo, como no caso correto do uso das máscaras, que até há pouco tempo, para nada serviam.

As notícias são as mais macabras e fúnebres. De um lado a rede Globo estampa todos os dias os milhões de reais de doações dos grandes empresários das maiores fortunas, e do outro mostra o colapso na saúde, a escassez de equipamentos hospitalares e as lágrimas das famílias que perdem seus entes queridos e não podem nem acompanhar seus sepultamentos. Para onde está indo tanto dinheiro?

Em tempo de coronavírus, o capitão-presidente reúne seu estafe de bonecos perfilados, um colado ao outro (só o ministro Paulo Guedes usava máscara), para rebater as declarações do ex-ministro Moro que o acusa de falsidade ideológica e interferência na Polícia Federal, para proteger a ele mesmo, seus filhos e seus deputados sob investigação no Supremo Tribunal Federal.

Os imbecis gritam intervenção militar em aglomerada manifestação, e a população mais carente (todos misturados) enfrenta filas intermináveis nas agências bancárias e nas lotéricas, na ansiedade de pegar um auxílio social, para matar a fome. Mandam que todos fiquem em casa, mas “se ficar o bicho pega, se correr o bicho come”. Tudo parece um vale de lágrimas numa nação sem liderança. Todos os dias são dias de tensão e de estresse, com semblante triste de depressão. As informações são as mais desencontradas e controladas, inclusive pelo novo ministro da Saúde, com cara de coveiro. As redes sociais fazem suas apostas nas fake news e nos memes, com “piadas” de humor negro.

Cada um se vira como pode, e nesse faroeste bang-bang, leva a melhor quem for mais rápido no gatilho. É um salve-se quem puder, e sempre perde o mais fraco que é também atingido pelas enchentes e os deslizamentos de terras em decorrência das torrenciais chuvas. Tudo é confusão, e todo dia no Planalto é dia de tensão e atrapalhadas.

 

 

CONQUISTA E O CORONA

As fotos são do meu companheiro de trabalho no “A Tarde” durante muito tempo, José Silva, que registrou a atual Vitória da Conquista em vários ângulos. É um arquivo precioso e histórico. Como todo Brasil, a cidade também está atravessando sua crise do corona, mas, infelizmente, sem o pleno isolamento social, de cada um ficar em sua casa. Aliás, num país pobre como o nosso, isso é impossível e uma falácia. Há mais de um mês, o prefeito decretou fechamento do comércio, mas depois foi liberando outros setores não essenciais. Foi a única cidade em que os empresários fizeram uma carreata pedindo a reabertura do comércio lojista. Nesta semana, caiu visivelmente a tal quarentena, e o que se vê é a circulação exagerada de muita gente e carros nas ruas da cidade. Já morreu uma pessoa vítima do coronavírus, e tudo indica que haja uma quebra geral do isolamento social, com a obrigatoriedade apenas do uso de máscaras, que antes os infectologistas diziam não terem muita valia, mas agora recomendam. Estamos num Brasil desordenado e confuso onde o governo federal é a favor da volta às atividades, e governadores e prefeitos tomam suas próprias decisões. O povo fica a bater cabeça, e as maiores vítimas são sempre os pobres, chegando a passar fome, na espera de doações individuais e de algumas entidades. Não sabemos o que pode vir por aí. O sistema de saúde sempre foi precário e deficitário e a situação se agravou com a Covid-19.

INQUIETUDE (2003-2020)

Este poema do jornalista Jeremias Macário começou em 2003 e terminou em 2020,

e teve uma história de um rascunho resgatado agora por acaso

Existe dentro de mim uma inquietude,

Uma ansiedade do existir,

Procura do ser e do ter,

Dúvidas eternas do sentido;

Medo do que estar por vir,

De uma alma empedernida,

Que quer voar…

Navegar pelo infinito,

Sufoco no grito,

Vivo em caminhos de labirinto,

Ser – ter e o querer

Despedaçado nos pergaminhos.

 

Cá estou ouvinte de dois mil e vinte,

E ainda me intriga esse mistério

Do existir, mas sem medo do espinho,

Vou na quietude dessa inquietude,

Roendo a corda da filosofia,

Mais perto dessa finitude,

Peregrina viagem de um alienista,

Com um pouco mais de sabedoria,

No duelo desafio do não e do sim,

Desse angustiado humano desumano,

Ampulheta da vida consumista,

Que leva o planeta ao seu fim.

 

 

 

A SAÚDE JÁ VIVIA EM COLAPSO ANTES DA COVID-19 E EM CONQUISTA O COMÉRCIO ESTÁ PRATICAMENTE ABERTO

NUNCA IMAGINEI QUE NO BRASIL EXISTIA TANTA GENTE IDIOTA E DE PENSAMENTO RETRÓGRADO, QUE FOSSE FALAR TANTOS ABSURDOS E BESTEIRAS. ELES ESTAVAM INCUBADOS NUMA CÂMARA FRIGORÍFICA E COMEÇARAM A SE REVELAR HÁ POUCO MAIS DE UM ANO. DENTRE TANTAS IDEIAS ESTARRECEDORAS, O CORONAVÍRUS FOI UM PLANO DE GLOBALIZAÇÃO COMUNISTA.

Este assunto está recheado de declarações aberrantes, inusitadas, preconceituosas, racistas, homofóbicas, xenófobas e misóginas, mas vou direto ao ponto da questão da saúde em nosso país. No meu modesto entendimento, a saúde no Brasil já vivia em colapso bem antes do coronavírus. Tornou-se mais aguda a partir da pandemia desse vírus, que entortou todas as críticas e fez aparecer conceitos inimagináveis em se tratando de ser humano.

Quero dizer que a culpa do esgotamento da capacidade hospitalar não está somente na Covid-19, visto que o sistema como um todo já era precário e altamente deficitário, onde milhares morriam nas portas dos hospitais por falta de vagas. A prova de tudo isso está em imagens registradas por pacientes e em reportagens da própria mídia, mostrando cenas de horror, choros e ranges de dentes.

Acontece que atualmente o foco é o coronavírus que fez aumentar, de forma acelerada, o número de mortes, superlotando mais ainda a rede hospitalar. O vírus apenas, de forma cruel, serviu para agravar mais ainda o caos que já existia por falta de investimentos maciços no setor que já vivia em estado terminal. Nunca se imaginava que viria por aí uma avalanche de doentes para piorar mais ainda o quadro, que já era de calamidade pública.

Até antes da pandemia, a imprensa escancarava, vez por outra, as mazelas do setor e casos desumanos de gente vindo a óbito por falta de atendimento. Até pouco tempo, não se fazia tanto alarme como ocorre agora. Os veículos de comunicação noticiavam a falência do sistema, as sujeiras nos hospitais, a escassez de equipamentos e materiais, o clamor das pessoas na batalha por uma vaga e depois esqueciam tudo por um determinado tempo.

PRATICAMENTO VOLTOU A FUNCIONAR

De uma questão a outra, e esta de cunho mais local, nesta semana o comércio de Vitória da Conquista praticamente voltou a funcionar, com mais lojas abertas, inclusive segmentos que deveriam estar fechados, e muito mais gente e veículos circulando nas ruas, como em dias normais antes do decreto municipal de baixar todas as portas, com exceção dos setores essenciais.

Como a fiscalização é falha, por falta de mais recursos humanos, somente o centro da cidade mostra uma cara de comércio fechado, e olha que não estou me referindo às filas nas lotéricas e agências bancárias. No Bairro Brasil, por exemplo, praticamente tudo está funcionando. Vitória da Conquista é considerada a capital do Sudeste, girando em torno dela cerca de 80 municípios, sem contar que é entroncamento para várias regiões do país. Imagina esse contingente de todas as partes aglomerado na cidade!

Sempre tenho dito que esse isolamento social, de todos em casa, é uma falácia no Brasil, que mal chega a 60 ou, quando muito, a 70% em alguns locais. Em Conquista, por exemplo, se for fazer uma pesquisa, esse isolamento não alcança 40%, e ontem a impressão foi que tudo voltou à normalidade. Defendo o tudo ou nada. Essa tal de flexibilização no Brasil não funciona.

Vários estados e municípios estão abrindo suas porteiras e não se sabe o que pode ainda vir por aí, tendo em vista que especialistas afirmam que o país ainda não chegou ao seu pico da crise, como já ocorreu em diversos países da Europa. Temos um governo confuso que está com o propósito de esconder as informações, pouco dando importância para as mortes.

 

 

 

O MASSACRE BRASILEIRO E O EXTERMÍNIO EM MASSA DOS MAIS POBRES

Primeiro é o monstro da corrupção (roubam bilhões dos cofres públicos), que ainda continua a fazer o seu massacre, eliminando, lentamente, a vida de milhões de brasileiros através da precariedade na educação, na saúde e com a disseminação da miséria e da fome.

Agora, num país já em situação de terra arrasada pelos poderosos do capital (acharam de soltar umas migalhas em forma de solidariedade), vem a pandemia do coronavírus que, sem piedade, e de forma dolorosa, espalha medo, pânico e terror, e deixa, rapidamente, o seu rastro maléfico da morte por onde passa.

Numa nação de Terceiro Mundo.

Desde colônia, a história do Brasil está repleta de massacres e teve seus tiranos genocidas, sem falar das pestes e das doenças, típicas de uma nação de Terceiro Mundo. Nesses mais de 500 anos, as maiores vítimas sempre foram os mais pobres que ficaram para trás antes do tempo. No momento atual, não está sendo diferente, e estamos vislumbrando um cenário ainda pior onde poderá haver um extermínio em massa.

Tomara que esteja sendo alarmista, mas num país atrasado em praticamente todos os setores, com suas finanças em frangalhos e com um governo sem unidade federativa, que estimula a debandada de todos para as ruas, contrariando as recomendações da ciência, só posso enxergar um quadro de colapso total, e uma mortandade sem igual nesses mais de cinco séculos desde a chegada de Cabral.

Na verdade, os mais pobres são os maiores grupos de risco, e nem tanto os idosos como se convencionou a dizer desde o início da pandemia, como se fossem portadores do Covid-19. Milhões deles (os pobres e aposentados do salário mínimo) se aglomeram e se arriscam nas filas dos bancos e nos postos de doações de alimentos, na ansiedade de receber algum auxílio social. Outros milhões de desempregados e informais ficaram a ver navios, diante de uma pedra no meio do caminho do passo a passo dos aplicativos e dos telefones que não funcionam.

A falência do sistema de saúde, que já existia desde antes do coronavírus, com pacientes falecendo nos corredores dos hospitais por falta de leitos e atendimento médico, agravou-se ainda mais, e as pessoas choram seus mortos em distância, numa dor ainda mais doida e aguda porque não podem realizar seus rituais de sepultamentos, na maioria coletivos. Do outro lado, a imprensa divulga a criação da telemedicina nas unidades particulares, como grande feito, mas esquece de estampar a outra triste realidade daqueles que dependem da saúde pública e penam por uma consulta presencial.

Num país à deriva

O capitão-presidente, num país à deriva, vivendo um massacre em massa, diz que tudo não passa de uma “gripezinha” e vai às ruas pegar na mão de seus seguidores da morte e pregar o fim do isolamento social que, a esta altura, já é uma falácia quando a pobreza é obrigada a desobedecer a quarentena porque com fome ninguém consegue ficar parado.

Para completar o quadro de horror, o “Bozó” exonera um ministro da Saúde e nomeia outro para encobrir as informações sobre o massacre seletivo. Com todo esse caos, o novo titular da pasta ainda está conversando com seu chefe sobre a montagem do seu gabinete, com a indicação de mais um general para mandar seus soldados baterem continência. Vergonhosamente, vivemos num país submisso às ordens e às posições do destemperado e desequilibrado Trump, dos Estados Unidos, que cortou a ajuda à OMS.

Imagens de terror e o nazifascismo

Na posse, todos se misturam, se abraçam e se beijam, inclusive o demitido que pregou uma coisa e fez outra, dando má exemplo para o povo em polvorosa. Do outro lado, a mídia escancara as imagens macabras nos hospitais e nos cemitérios lotados. São cenas de filmes de ficção apocalípticas que deixam os lares abalados. Aumentam o medo e o pânico, como se todos estivessem num prédio de mais de 50 andares em chamas.

Em meio a todo esse massacre brasileiro, ainda aparecem os aproveitadores, cafajestes e oportunistas de plantão parta superfaturar os preços dos equipamentos hospitalares e obras destinadas a construir novos leitos para atender os contaminados. Milhares estão morrendo por falta de UTIs, principalmente os pobres que só têm o plano do SUS.

Para completar esse “Inferno”, de Dante Alighieri, um grupo de nazifascista, de imbecis e idiotas vai às ruas para pedir uma intervenção militar no Brasil já arrasado, o fechamento do Congresso Nacional e do Tribunal Superior Federal. O capitão vai até lá para elogiar a ação e fala de “democracia”, que ele mesmo menospreza com suas atitudes contra repórteres e as minorias. Na verdade, já vivemos num regime militar disfarçado onde o quartel-general é o Planalto.

Enquanto isso, na surdina, a Amazonas vai sendo derrubada pelos madeireiros e fazendeiros, que nem querem saber se um vírus está devastando o país. Eles preferem o fogo. Os garimpeiros, com suas máquinas assassinas, deixam seus escombros e expulsam os índios de suas terras. A humanidade gasta trilhões de dólares em armas por ano, mas não é capaz de derrubar um vírus maligno. Não é uma ironia? É isso aí, a história está cheia de fatos e exemplos onde os pobres sempre foram massacrados e exterminados.

 

SEM A TRADIÇÃO DO SEPULTAMENTO

É muito triste e angustiante você acompanhar de longe o sepultamento de um ente querido como está acontecendo nessa turbulência da pandemia do coronavírus. Sempre existe toda aquela tradição do velório, das preces e das despedidas até o cemitério quando o caixão é arriado ao túmulo. O choro agora está sendo mais doído, e o tempo vai demorar mais de curar a dor, se bem que ele nunca tem esse poder do esquecimento. No Brasil de um governo genocida, com seus seguidores e anjos da morte, infelizmente, muitos vão ter ainda que obedecer esse ritual estranho à nossa cultura por causa de psicopatas e nazifascistas que nem estão ai para os milhares que já se foram, vítimas desse Covid-19, que mudou comportamentos, ideias e sentimentos em todo mundo. Em nosso país estamos caminhando para um massacre humano, se os políticos e os governantes sérios, se é que ainda existem, e toda sociedade junta não derem um basta nesse governo psicopata que contesta a ciência e a medicina, e defende a exposição frontal ao vírus. Até quando vamos ter que sepultar nossos parentes e amigos à distância? O povo tem que reagir e dar um basta nessa loucura. Queremos sim, continuar vendo fotos de todos juntos e unidos, em um só pensamento, como esta do jornalista Jeremias Macário, em um cemitério da cidade, bem antes do surgimento do corona, e não clicar de longe um enterro. Todos contra a esse massacre genocida!

BRASIL SACO DE PANCADA

Poema inédito do jornalista Jeremias Macário

Dos colonizadores, veio toda escória,

Num povo que perdeu sua memória,

Na pastagem se fez gado em manada,

E o Brasil virou saco de pancada.

 

Nas índias esporraram suas doenças,

Jesuítas impuseram as suas crenças,

Como legado deixaram a corrupção,

E o Brasil virou saco de pancada.

 

Enforcaram os inconfidentes mineiros,

O rei criou conselheiros hereditários,

Nos engenhos uma África escravizada,

E o Brasil virou saco de pancada.

 

Do império, uma República de bananas,

Dos senhores donos dos cafezais sacanas,

Tramaram as ditaduras na noite calada,

E o Brasil virou saco de pancada.

 

Nas rebeldias trucidaram os trabalhadores,

Montaram várias castas de ladrões traidores,

E os pobres continuaram puxando enxada,

E o Brasil virou um saco de pancada.

 

A esquerda concluiu com a direita safada,

Depois de toda tempestade veio a psicopatia,

De seguidores da morte em fanática histeria,

E o Brasil virou saco de pancada.

 

O capital criou o barraco, a arma e a fome,

Se ficar ou se sair da vigarice o bicho come,

E a grande mídia burguesa lança sua granada,

E o Brasil aqui e lá fora só leva pancada.

NO VAZIO DO ESPAÇO SEM O NOSSO SARAU

Sei que as preocupações são outras neste momento tão difícil que muitos estão atravessando para enfrentar essa pandemia do coronavírus, que em meus versos chamei de Coronavid, mas o nosso “Espaço Cultural A Estrada” também padece do vazio solitário sem a presença dos companheiros que dão vida ao nosso sarau colaborativo, que neste ano está completando dez anos de existência, trocando ideias, debatendo, declamando, cantando canções e contando causos.

Esse vazio remete à saudade dessa gente amiga alegre, num gostoso bate-papo, bebericando um vinho, uma cerveja gelada, uma cachacinha e um tira-gosto que cada um traz, para falarmos de cultura e ouvirmos as cantorias e os poemas dos artistas. Nesses dez anos, muitos temas, como Educação, Movimentos Revolucionários de 1968, Castro Alves, Vidas Secas, de Graciliano Ramos, Cinema, Cordel, Gregório de Matos, Império Romano, Inquisição, a História da Música Brasileira e tantos outros foram abordados e enriqueceram, sem dúvidas, o nosso conhecimento.

AQUELA SAUDADE

Ainda hoje estava repassando em meu computador, as fotos de diversos saraus, inclusive as dos cinco anos dos eventos, e bateu a saudade de Regina, Nadir, Cleide, Marta Moreno, Lídia Rodrigues, Simone, Céu, Rosânia, Rose, Guimar, Tânia, Edna, Sérgio Fonseca (falecido), Itamar Aguiar, Moacyr Morcego, Manu Di Souza, Baducha, Walter Lajes, Jhesus com seus causos, Dorinho, João, André Cairo, José Silva, José Carlos D´Almeida, Evandro Gomes, Jovino, José Carlos, Clovis Carvalho e muitos outros que me falham a memória no momento, mas que se sintam citados porque fazem parte dos nossos encontros, sempre fraternais.

Não falei da anfitriã Vandilza Gonçalves por motivos óbvios por ser minha esposa, mas ela é também testemunha desse espaço vazio sem o nosso sarau, principalmente aos sábados à noite. Estávamos programando a comemoração dos dez anos para julho, mas veio essa pandemia e nos separou do convívio cultural. Ainda tenho esperanças de realizar esta festa até o final do ano, com mais uma vitória conquistada contra esse vírus que mata.

Nessa fase difícil, cada um tem seus problemas, uns mais e outros menos, especialmente de questão financeira porque a maioria parou suas atividades artísticas e não está tendo o devido amparo dos governantes que são verdadeiros falastrões, mestres na demagogia e enrolação. Gostaria de fazer alguma coisa (também vivo meus apertos) e até acho que deveríamos nos unir através do meio virtual para apoiar quem mais está precisando de ajuda.

Mesmo distantes, devemos estar juntos, nem que seja espiritualmente, ou até de forma material. Sempre tenho dito em meus comentários e por intermédio da poesia, que fortalecer e exercitar a mente é fundamental para que o corpo não enfraqueça e esteja preparado se por acaso alguém de nós for surpreendido por esse “bicho” que veio da China, mas, tenho certeza que isso não vai acontecer.

Por fim, quero saudar a todos, e vamos torcer para que logo possamos dar continuidade aos nossos encontros culturais, com mais fervor ainda, discutindo, declamando, entoando canções e contando causos e piadas. O nosso Espaço Cultura está vazio fisicamente, mas voltaremos a nos abraçar,  nos beijar e a comemorar até altas horas da madrugada.

 

 

FALASTRÕES, DEMAGOGOS E BUROCRATAS LEVAM MULTIDÕES A BATER CABEÇA NAS RUAS

O desabafo emocionante de um senhor na televisão numa fila da Receita Federal para tentar regularizar sua situação e obter um auxílio social, com relatos de penúria para sobreviver, sem emprego e em estado de fome, é o retrato de milhões de brasileiros que correm às agências dos bancos na ânsia de um socorro para minorar seus sofrimentos, principalmente nesta época da pandemia do coronavírus.

Comovidos, muitas pessoas desceram dos prédios onde ele se encontrava e o acudiram com alimentos, e logo apareceu uma empresa lhe concedendo um trabalho. Não que as atitudes não sejam dignas de aplausos, mas o sentimento emocional repentino faz esquecer que o seu desespero não é o único no Brasil dos falastrões, dos hipócritas e burocratas de plantão, que fazem o povo ficar nas ruas a bater cabeça nesse turbilhão de informações desencontradas e enganosas.

EM NOME DE MILHÕES

Aquele senhor da entrevista teve o seu momento de felicidade e, porque não dizer, até de sorte por ter se expressado em nome de milhões de aflitos e angustiados que, aglomerados, arriscam suas vidas ao se dirigirem aos caixas dos bancos. Depois, milhares saem frustrados com o resultado negativo do tão esperado benefício. E quem vai alimentar e oferecer um emprego aos outros milhões de brasileiros invisíveis que vivem nas sarjetas da pobreza?

Com o anúncio do auxílio social pelo governo federal, incluindo uma bateria de normas econômicas e técnicas para ter direito aos 600 reais, a população, a grande maioria inculta e sem instrução para lidar com a tecnologia, correu como gado em manada na ânsia de receber algum dinheiro, ou se informar a respeito do processo. Milhares não têm nem CPF e outros milhares ficaram a ver navios porque não foram atendidos.

Para aqueles necessitados que ficaram de fora, o golpe foi como se tivessem sido vítimas de estelionato desses falastrões e burocratas, no momento de maior desespero, como daquele senhor da entrevista. É sabido que todo esse contingente de CadÚnico, Bolsa Família, de informais, ambulantes e de desempregados está atravessando os piores momentos de suas vidas e ainda têm que passar pelo crivo tecnológico da internet, no qual se depara com os entreves no acesso.

 

Não dá para se fazer uma boa comparação, mas tem um ditado que diz que “a necessidade faz o ladrão”. Com isso, quero simplesmente me referir ao fato de todos irem para as ruas por pura necessidade, quando se recomenda que todos fiquem em casa. Aí, entra a pandemia dos falastrões, mentirosos e burocratas, dizendo que as pessoas não precisam se amontoar em frente das agências, e que liguem para tais e tais números, ou entrem no aplicativo do site.

Agora acharam de criar uma tal conta digital. Entendi como uma forma de zombar e sacanear com a cara do povo que precisa, urgentemente, de dinheiro em espécie para comer, e não de fazer transferências ou outras transações bancárias. O governador do Estado criou um bolsa estudante e pede para o aluno, ou o pai, ligar para a direção da escola, só que o telefone não atende, nem o 0800.

ESTÃO DE OLHO É NAS ELEIÇÕES

Em meio ao falatório, sem organização, o sistema virou uma verdadeira bagunça, e a aglomeração foi formada diante de cadastramentos e agendamentos que não funcionam. Ao invés de simplificar, complicam. Sem acreditar mais nos governos, os ambulantes vão para as ruas na aventura de vender alguma coisa como o ganha pão do dia. Nem máscaras eles distribuem, mas mandam que todos usem, além do álcool gel!

Com toda essa balbúrdia, a mídia pouco mostra a outra face do coronavírus e passou a estampar as empresas e as caras dos ricos, principalmente do setor financeiro, que há séculos nos “roubam” com juros e taxas extorsivas, sem piedade. Sempre foi a categoria empresarial mais privilegiado do país, e agora aparecem como “bonzinhos” doando umas ínfimas parcelas do grande montante de bilhões que levaram de nós.

Somando a tudo isso, temos um capitão-presidente que faz apologia à morte e sai às ruas pregando o fim do isolamento social, contrariando o seu ministro da Saúde e as recomendações dos governadores, prefeitos, médicos, infectologistas e à própria ciência. Conta com um bando de malucos seguidores da morte, e o povo fica nas ruas a bater cabeça diante de toda essa confusão armada pelos falastrões, falsos pregadores, hipócritas e burocratas.

Todos eles estão de olho numa só coisa: Nas eleições que estão se aproximando. Sabem que o povo de hoje esquece de tudo que aconteceu de mal e perverso. No dia, todos saem de suas casas para festejar um falso ato de cidadania e ainda xingam uns aos outros. Mais uma vez, o brasileiro segue a “lição” mentirosa para passar mais quatro ou oito anos penando e engrossando as fileiras da pobreza e da ignorância.

 

 

A CONFUSÃO DOS NÚMEROS E UMA PÁTRIA MALTRATADA

São tantos os números divulgados pelo Ministério da Saúde e pelas secretarias dos estados que deixam a população confusa e servem para os boateiros de fake news fazerem alarmes e pânicos. Por que não se noticia somente os casos testados e confirmados do coronavírus mais as mortes, eliminando os índices suspeitos, ainda os por certificar e outros tantos? Sem bases, a mídia entra com seu DNA sensacionalista, de que os dados podem ser tantas vezes maiores?

Em minha opinião, cria-se um clima de terror, sem contar que muita gente pega os casos suspeitos e os utilizam para propagar boatos, como exemplo os de Vitória da Conquista. Aqui fala-se em pouco mais de 300 suspeições e cerca de 25 a 30 testados, com uma morte. A imprensa adora números como grandeza de audiência. Os boateiros já saem falando que existem na cidade mais de 300 contaminados.

Depois de quase dois meses de pandemia já se percebe um estresse coletivo tomando conta do povo, diante de tantas informações corretas e incorretas, tanto na área da saúde como da economia, com o auxílio social onde milhares correm aos bancos e depois saem de lá frustrados e mais nervosos e irritados. Colocam datas de saque por aniversário e categorias com direito. Depois os prováveis beneficiários ficam decepcionadas.

É tudo uma total desorganização que pode gerar um caos e até uma convulsão social sem controle. Depois dessa pandemia, mais gente tem batido em minha porta pedindo dinheiro e comida, o que demonstra que a fome está literalmente batendo nos lares, ou aliás, nos barrocos e casebres das periferias e favelas. É uma triste realidade e não sabemos aonde tudo isso vai chegar.

UMA PÁTRIA DE PANCADAS

Definitivamente, esta não é uma pátria amada como dizem os fascistas de extrema-direita de plantão, e sim uma pátria que só tem levado pancada, sem comando e sem rumo certo. Quando não são as calamidades públicas provocadas pelas torrenciais chuvas, em decorrência da destruição do meio ambiente, são as doenças de sempre, e agora o Covid-19, num país de finanças falidas.

Para completar as mazelas que sempre atingem os mais pobres, a Amazonas está sendo, impiedosamente, desmatada por madeireiros, grileiros e fazendeiros, e suas águas e rios envenenados por garimpeiros. Os índios estão sendo escorraçados de suas terras. O diretor do Ibama que foi enérgico em suas ações foi “premiado” com uma exoneração pelo seu trabalho que deveria ser feito.

Ainda existem por aí muitos seguidores da morte idiotas e imbecis dizendo que nunca o Brasil esteve tão bem nas mãos do seu capitão-presidente, que está mais para um psicopata, e não para um nacionalista. Mais sete anos no governo e a Amazonas vai virar cinzas, e vão nos transformar numa nação de loucos nazistas que festejam e dançam diante de caixões de brasileiros mortos por armas, doenças virais e fome.

 

 

 





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