:: 23/abr/2024 . 23:42
UM PAÍS DOENTE DO CORPO E DA MENTE
Um país sem saneamento básico (mais de 40% da nossa população não dispõem desse serviço) é um país doente do corpo e, sem educação, cultura e leitura, é também doente da mente. Hoje, 23 de abril, é o Dia Internacional do Livro, pouco lido nos tempos atuais porque o celular fofoqueiro e superficial se tornou bem mais valioso.
Portanto, infelizmente, somos um país doente do corpo e da mente, fácil de ser manipulado pela politicagem rasa em épocas de eleições. Não se trata de ser negativista quando se tem a realidade escancarada. O Brasil é um país que está no pódio das desigualdades sociais no ranque mundial, e as regiões Norte e Nordeste são as mais pobres e doentes, conforme estatísticas do IBGE.
Dengue, zica, chikungunya, febre amarela, leptospirose, varíola, sarampo, catapora, poliomielite, cólera, febre ourochoupe, malária e tantas outras fazem parte do nosso rol de doenças em pleno século XXI, muitas das quais nem existem mais nos países desenvolvidos. Há vacinas para combater essas “pestes”.
“Melhor prevenir que remediar” – diz o ditado popular, ou sabedoria popular, mas nosso país prefere remediar gastando fortunas de milhões e bilhões com vacinas e remédios caros importados. Os planos de saneamento básico (fala-se em bilhões de investimentos no setor) são sempre adiados e postergados.
Os gastos públicos são astronômicos nos três poderes (as três castas dominadoras), gerando déficits fiscais primários (gasta-se mais do que se arrecada) no que termina faltando dinheiro para educação (greves nas universidades), para a saúde e o saneamento básico, que é uma prevenção às doenças. Germes, vírus, bactérias estão soltos matando os mais pobres e superlotando as unidades precárias do SUS.
É uma vergonha porque o Brasil é um país rico e tem muitos recursos (não é falta de dinheiro) que são desviados, mal-usados, boa parte destinada às mordomias e a projetos mirabolantes superfaturados que nunca são concluídos. Por isso é que somos doentes do corpo e da mente.
Este nosso país precisa é de um bom administrador Phd que exerça o cargo de diretor executivo, como se fosse uma empresa privada que controla seus gastos, onde o presidente seja apenas uma figura política, mas o cancro do Congresso Nacional, o espírito de porco, impede todo processo de desenvolvimento e nos afunda cada vez mais na pobreza e na ignorância.
DIA INTERNACIONAL DO LIVRO
Com a colaboração do companheiro jornalista Carlos Gonzalez
Como se não bastasse a doença física do corpo, também somos “lelés da cuca”, ou seja, doentes da mente. Não temos nada a comemorar neste Dia Internacional do Livro (23/04), só lamentar porque somente poucos ainda cultivam o hábito da leitura. A maioria prefere o celular na mão curtindo as fofocas, as mentiras e os besteiróis. A onda é ser seguidor de qualquer idiota.
Segundo informações do amigo Fernando Michelena, a data surgiu de uma proposta da União Internacional de Editores, aprovada pela Unesco, em 1995. O dia coincide com o falecimento, em 1616, de três grandes escritores, Miguel de Cervantes Saavedra, William Shakespeare e Garcilaso de la Veja, o Inca.
A grande maioria das escolas públicas brasileiras, cerca de 70%, não tem bibliotecas. As grandes livrarias (Saraiva, Cultura, Civilização Brasileira) fecharam suas portas. Para não falar de Europa, na América Latina, o Brasil é um dos países com menos livrarias, sendo de longe superado pela Argentina, Uruguai, Chile, Colômbia, México e Peru. Todos têm um Prêmio Nobel de Literatura e nós nunca tivemos um nome laureado.
A maioria em massa prefere ter o samba no pé, o axé, o pagode, o arrocha e outros ritmos de músicas lixos no rebolado do corpo do que ter a leitura, o conhecimento e o saber na mente. Não sei qual o pior, ser doente do corpo ou doente da mente. Cada um que tire suas conclusões.
De acordo com pesquisa feita pelo meu companheiro jornalista Carlos Gonzalez, “enquanto livrarias ícones, como Saraiva e Cultura, fecharam as portas, castigadas pela queda de receita e altos custos das lojas físicas, outras redes juntaram os cacos dessa crise e vêm ocupando o espaço. De olho na experiência dos antigos concorrentes, buscam trilhar caminhos novos e evitar os erros de quem não sobreviveu às mudanças desse mercado”.
Publicado em 7 de outubro de 2023, a Justiça de São Paulo decretou a falência da rede de livrarias Saraiva. O pedido foi feito pela própria empresa, que já teve a maior rede de livrarias do país, em meio ao processo de recuperação judicial, por causa de uma dívida de R$ 675 milhões.
Gonzalez observa que a chegada da operação de venda de livros físicos da Amazon no Brasil provocou um choque no mercado. Especialistas avaliam que a tentativa da Saraiva e Cultura de acompanhar a disputa de descontos praticada pela gigante americana do e-commerce foi uma das principais razões que as levaram a fechar as portas.
“Nos últimos dez anos, o número de livrarias de rua no Brasil caiu de 3.073 para 2.972, segundo dados da Associação Nacional das Livrarias. É um número não apenas absurdamente baixo para um país com 5.568 municípios, mas altamente concentrado: 1.167 lojas somente em São Paulo e 353 em Minas, o segundo Estado no ranking (para se ter uma ideia, apenas a cidade de Buenos Aires, na Argentina, tem 619 livrarias)”.
Recente edição do jornal inglês The Guardian publicou matéria sobre a paixão de Buenos Aires pelos livros. A reportagem, ilustrada com foto da livraria El Ateneo Grand Splendid, revela que a capital da Argentina tem mais livrarias por habitantes do que qualquer outra cidade do planeta. São 734 estabelecimentos para uma população de 2.8 milhões. Uma média de 25 livrarias para cada 100 mil pessoas. Só para ter uma ideia, em Londres esse número despenca para 10 lojas para cada 100 mil habitantes.
Durante a Convenção Nacional de Livrarias, realizada pela ANL (Associação Nacional de Livrarias) em agosto passado, a entidade lançou a 5ª edição do Anuário Nacional de Livrarias com levantamento de dados de 2023. A pesquisa detectou que o Brasil tem 2.972 livrarias espalhadas pelos cinco cantos do país.
Nos últimos anos, o varejo livreiro, especialmente as livrarias, passaram por muitos desafios: crise no mercado do livro, queda das principais varejistas do país e, mais recentemente, a pandemia do coronavírus que fechou as portas das lojas por um longo período. O Anuário, segundo a ANL, tem por objetivo mapear a localização das livrarias e identificá-las, bem como contribuir para ações empresariais futuras de investimento no setor livreiro.
De acordo com os dados do anuário, o Sudeste lidera com 1.814 espaços, seguido pelo Sul (561), Nordeste (334), Centro-Oeste (165) e Norte (98). O estudo também especifica as livrarias. Em primeiro lugar estão as lojas de Interesse Geral / Literatura, com 1.047 pontos; em segundo Infantil / Juvenil / Quadrinhos, com 914 e em terceiro, as Evangélicas com 321. Católicas (290), Técnicas / Científicas (158), Sebos / Novos / Usados (102), Didáticas (52), Idiomas (46) e Espíritas (36). Outras religiões (6) também aparecem na contagem.
“Podemos considerar que os dados apresentados nos trouxeram informações positivas de modo geral”, considera a organização do Anuário. Em 2022, cerca de 100 novas livrarias abriram no Brasil e em 2023, o resultado é mais positivo do que negativo. “Não ouve declínio do varejo do livro, mas sim uma reinvenção, consolidação e enfrentamento positivo do comércio livreiro”.
No intervalo entre o último anuário – publicado em 2013 – e o atual, a queda no número de livrarias foi de 1,8%, um declínio considerado mínimo por Marcus Teles, presidente da ANL. O presidente da entidade também faz algumas ressalvas de que há livrarias faltantes, isto porque o Anuário computou dados entre o segundo semestre de 2022 e o primeiro semestre de 2023.
Desde deste então, houve uma movimentação no setor com a Saraiva fechando diversas lojas e a Travessa indo na direção contrária – só para citar dois exemplos. Segundo Marcus, há uma diferença de pouco mais de 2% entre lojas que abriram e fecharam após a publicação do estudo.
Outras questões lembradas por Teles são as livrarias de saldo e de livros usados. “Temos vários pontos que devem ser analisados para considerar um espaço como livraria ou não: tem que estar aberta o ano inteiro, ter um número relevante de exemplares sendo vendidos, só para citar alguns exemplos.
O Anuário contou com contribuição da Catavento Distribuidora, Disal Distribuidora, Distribuidora Loyola, Distribuidora de Livros Curitiba, Inovação, Rede Livrarias Leitura e Distribuidora e AEL-RJ.
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