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:: ‘De Olho nas Lentes’

UM AMBIENTE DE CULTURA E TERAPIA

Ir ao Museu de Kard é como tomar um banho de cultura, conhecimento e saber, além de uma terapia espiritual que lhe faz deixar todos problemas lá fora. Aqueles das correrias diárias. Quando você entra naquele portal e bate o olho na pirâmide, imediatamente vem à cabeça as pirâmides do Egito, a Quepes, Quéfren e a Miquerinos. Em seu entorno, as esculturas nos transportam para uma viagem ao imaginário. Cada um faz sua interpretação porque a arte em si e o artista têm esse poder mágico de provocar, de levar a pessoa à reflexão.

Pelo caminho do xadrez nordestino, do tribunal, do fantástico labirinto, no bule, na sala antiga da televisão, o prédio da exposição das artes plásticas dos expoentes Romeu Ferreira, Valéria Vidigal, Emanuel Kardec, dentre outras obras, o visitante vai sentindo o vento tocar suave em sua alma e criando uma interação entre a arte e a natureza, com as flores (São João), a quaresmeira e as árvores típicas do nosso sertão, no sapé da Serra do Periperi.

O museu, o maior a céu aberto do Norte e Nordeste já conhecido em toda Bahia e no Brasil, é só poesia de forte inspiração, não somente para os poetas. Ah, e passa também aquele ambiente de meditação para o além, não importando qual seja sua religião. Aliás, nem é preciso ter religião. Não importa sua crença ou até mesmo se é ateu. Ali você se encontra com um ser superior. Ainda existem locais reservados para um bom bate-papo relaxante familiar e entre amigos. Cada um expressa sua visão sobre o que viu.

Todas as vezes que vou ao espaço idealizado e criado pelo artista visionário Alan Kardc, me sinto assim, mais humano e relaxante. Dá vontade de morar ali por toda eternidade, ou por toda vida, como queira. Não importa qual seja sua filosofia. Não posso deixar de acrescentar que o museu só cresce.

Agora mesmo, seu criador está construindo o Tambor onde vai abrigar diversas linguagens artísticas e já sugeri para ele que não deixe de incluir a nossa literatura nesse ambiente cultural. Ali também pode servir como espaço para leitura, estudos e pesquisas. Outra ideia, em minhas conversas que já tive com o amigo Alan, é que dentro do museu se construa um museu da imprensa, uma forma grandiosa de resgate da história dos jornais impressos, com destaque para o primeiro “A Conquista”, em 11 de maio de 1910.

Quando vou ao Museu de Kard sempre levo minha máquina fotográfica para flagrar com suas lentes as belezas artísticas e naturais. Até parece que ela também gosta do local porque capricha nas imagens e capta a luz em tempo certo, num ambiente de cultura, paz e terapia.

A QUARESMEIRA E O ARCO-ÍRIS

Tarde de sereno e uma réstia de luz do sol beija a quaresmeira formando o poético arco-íris da natureza em plena cidade que começa a finalizar seus trabalhos em mais o corre-corre de um dia agitado. Cada um ainda tenta resolver seus últimos problemas, tudo pela sobrevivência. As lentes da minha máquina conseguem flagrar esse momento mágico e minha alma se eleva nesse cósmico misterioso como fino grão de areia que vaga à procura do sentido da vida. Depois retorno aos meus pensamentos, sem saber o que me aguarda no futuro próximo. O reflexo do arco-íris na quaresmeira é beleza que encanta e nos faz refletir sobre o que somos nesse universo e me convida a fazer o verso do silêncio. O tempo passa e lá se foi o arco-íris, sem dar um adeus, e não se sabe quando virá outro onde o sol penetra no sereno solene da tarde.

CONQUISTA E A EDUCAÇÃO

Estava aqui imaginando quando cheguei em Vitória da Conquista, no início de 1991, vindo de Salvador para chefiar a Sucursal do jornal A Tarde, cuja sede funcionava próximo do Cemitério da Saudade. O Hotel Aliança, na Barão do Rio Branco, era minha moradia e todos os dias cortava o centro passando pela rua Laudicéia Gusmão. Lanchava na padaria São José e sempre apreciei a floricultura ao lado, na pracinha, até hoje em funcionamento. Com certeza, é uma das mais antigas de Conquista. Já era uma cidade em ebulição depois de consolidada a implantação do polo cafeeiro na década de 1970, mas ainda carente em termos de educação de nível superior. Existia apenas a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-Uesb, recém-criada na forma da lei pelo governo estadual. O reitor era Pedro Gusmão e o prefeito nosso saudoso tricolor das Laranjeiras, Murilo Mármore, com quem tive a honra de fazer várias matérias, muitas das quais com críticas jornalísticas à sua administração. Ele era um democrático e compreendia a minha função. Naquela época, os empresários e a sociedade começavam a se mobilizar para trazer novas instituições de ensino para a cidade. Muitos jovens, após findo o período escolar médio, tinham que ir para Salvador ou outras capitais do país para se graduarem numa especialidade. O comércio se expandia, mas só tínhamos três supermercados de destaque, o Jequié, o Superlar e Economia do Lar. Final dos anos 90 para início dos anos 2000, Conquista começou a experimentar um boom em seu desenvolvimento, graças à chegada das faculdades particulares e tempos depois de núcleos da Universidade Federal da Bahia. Era uma outra etapa na vida da capital do sudoeste ou sudeste. Como chefe da Sucursal, nossa equipe de repórteres focava suas críticas contra a depredação da Serra do Periperi, que começou desde os anos 40 e 50 com a abertura da BR-116. Foi um grande embate para combater os exploradores de areias, pedras, terras e até os caçadores de aves. Nosso trabalho era duro e sério ao ponto de sermos ameaçados. André Cairo, do Movimento Contra a Morte Prematura era uma das nossas principais fontes de informações na luta em defesa do meio ambiente e pela preservação da Serra.

VEM AÍ O NOSSO REGISTRO

Flagrante do nosso último sarau, realizado no dia 08/02/2025, onde as portas estão abertas a qualquer interessado. Fotos de D´Almeida

Estamos quase chegando lá. Vem aí o registro oficial do nosso Sarau A Estrada, justamente nos seus 15 anos de existência a serem comemorados agora em julho quando, em 2010, um grupo de amigos (Jeremias Macário, Mano Di Souza e José Carlos d´Almeida) decidiu criar o “Vinho Vinil” que logo depois transformou-se no formato de sarau. A comissão organizadora, formada por Cleo Flor, Dal Farias, Alex Baducha e Eduardo Morais está cuidando do processo. Segundo informações de Morais, mais de 90% do projeto já está concluído. A partir dessa etapa, teremos diretoria e conselho fiscal, além de um regimento interno que irá conduzir melhor nossos trabalhos culturais. O registro está sendo viabilizado graças à colaboração voluntária mensal dos participantes do sarau através da criação de um fundo financeiro. É bom deixar claro que a contribuição não é obrigatória e qualquer interessado pode participar dos nossos eventos bimensais, sem nenhum impedimento. Com o registro, o Sarau A Estrada passará a ser uma entidade cultural de utilidade pública sem fins lucrativos, com seu corpo de associados. Essa formalização poderá ser concedida em ato de lei pela Câmara de Vereadores, o que possibilitará o Sarau celebrar parcerias com outros órgãos e empresas na arrecadação de recursos visando a realização de atividades artísticas em Vitória da Conquista. A comissão também está idealizando os meios necessários para uma comemoração dos seus 15 anos. Outra ideia é realizar um documentário sobre a história do sarau mais longevo de Conquista.

JOÃO-DE-BARRO E A CIDADE

Pela sua beleza, arte, encanto e poesia, as casas ou ninhos feitos pela magnífica ave João-de-Barro são admirados por todos, mais ainda quando esses pássaros resolvem conviver em harmonia com o barulho das cidades. É como se a natureza estivesse se comunicando com o ser humano de que é possível valorizar a vida, mesmo diante de suas adversidades. Nossas lentes flagraram na Avenida Olívia Flores, nas proximidades do antigo Clube da ABB, quatro desses ninhos, sendo dois num poste de eletricidade e dois numa árvore ao lado. É uma prova de que os casais pretendem aumentar sua prole, não importando a agitação urbana e o vaivém das pessoas, pois a grande maioria nem percebe suas existências. Uma prova disso foi quando estava clicando. Isso chamou a atenção dos passantes, inclusive de duas mulheres quando uma chamou a atenção da outra: Olha ali no galho da árvore, duas casas de João-de-Barro! Não há dúvida de que ele é um artesão de primeira linha, que nenhum artista, por melhor que seja, faz melhor e com tanta perfeição e sabedoria. Ele faz a casa numa posição correta e protegida contra as correntes dos ventos e das chuvas. Sua arte nos leva a perguntar quanto tempo para concluir sua engenhosa construção e onde encontra a matéria-prima, no caso o barro, se estamos numa cidade e não no campo? Só mesmo o João-de-Barro sabe responder. Ficamos apenas nas conjecturas. Não é por menos que a natureza tem seus enigmas e mistérios que nem a vã filosofia e a ciência conseguem desvendar.

LAGOA AINDA SOFRE COM ESGOTOS

Estive visitando o Parque da Lagoa das Bateias e gostei de muitas coisas, mas de outras fiquei constrangido, como, por exemplo, do esgoto que ainda é jogado nesse belo local aprazível de Vitória da Conquista, que pode se tornar num ponto mais atrativo da cidade, espécie de cartão postal, para a prática de lazer, esporte e entretenimento das famílias em finais de semana.

Infelizmente, nossas lentes fotográficas flagraram diversos locais onde o esgoto estourou nas margens ainda sujas da lagoa, causando aquele mau cheiro insuportável, ao ponto de as pessoas procurarem passar por fora. Quando chove a situação fica ainda mais grave. Além do esgoto, que não pode continuar caindo na Lagoa das Bateias, muitas áreas ainda precisam ser limpas, sobretudo nas proximidades da Avenida Brumado com o Bairro Santa Cruz.

São louváveis as instalações de quadras de vôlei de areia, futebol de salão, soçaite com grama sintética, os parques para crianças, as pistas de coper e os equipamentos para exercícios físicos, mas muitos serviços ainda faltam ser concluídos. Esperamos que a Lagoa seja uma referência para Conquista. Mesmo com as lixeiras, muita gente ainda joga latas e outros objetos plásticos no chão, o que comprova a grande falta de educação do nosso povo, quando deveria zelar pelo lugar e respeitar o meio ambiente.

É claro que já temos outro visual bem diferente daquele de há dois anos, quando a Lagoa das Bateias estava completamente abandonada e mais parecia um poço de sujeiras, acúmulo de lixos por todos os lados e muita lama. O poder público demorou demais para começar a fazer os devidos beneficiamentos de limpeza.

Muita coisa ainda pode ser feita em termos de urbanização, inclusive numa parceria com o setor privado, como um restaurante-bar e alguns quiosques de lanches. Sem dúvida, o parque pode ser transformado num ponto turístico onde o conquistense pode levar o visitante de fora sem aquele receio de passar vergonha como acontecia até pouco tempo.

Para quem não sabe, a Lagoa das Bateias foi uma obra estruturada no final do governo de José Raimundo, do PT, e ficou em completo estado de abandono durante mais de seis anos. Ninguém se atrevia passar por ali em final de semana, a não ser os próprios moradores que sempre clamaram por melhorias.

AVENIDA FILIPINAS VIROU PASTAGEM

Por três dias, de sexta a domingo, (não estava mais nesta segunda-feira) um cavalo ficou pastando na Avenida Filipinas sem que os prepostos da Prefeitura Municipal tomassem conhecimento. Nossas lentes flagraram o coitado desse animal, cujo dono o abandonou à própria sorte e deveria ser punido por maltrato, sem falar no perigo para os motoristas quando ele atravessava as pistas de um lado para o outro. Visivelmente sofrendo, o cavalo estava com sede e ninguém do poder público apareceu para cuidá-lo. Por ironia, naquela área existem placas avisando fiscalização sob monitoramento, ou é apenas um blefe.

Além do cavalo, a Avenida Filipinas está abandonada, pois moradores de rua ali armam seus acampamentos e depois se vão deixando para trás um monte de sujeiras e lixo, sem contar que o mato está crescido e muitas árvores precisam ser podadas, pois corre o risco de queda de galhos e provocar um acidente em pedestres e entre veículos. Naquelas imediações, nos bairros Felícia e Jardim Guanabara, o que mais se vê são terrenos abandonados com alto matagal e lixo por todos os lados. Os locais são verdadeiros focos do mosquito da dengue. Existem até latas de tintas cheias de água, fora copos plásticos e até jarros de barro.

Outro problema grave são uns retornos antigo de placas enferrujadas – não se sabe muito bem se foram colocadas pela prefeitura ou por moradores – onde entram carros que seguem em direções opostas, numa mesma posição, numa pista estreita onde já ocorrem acidentes. Será que a Secretaria responsável pelas sinalizações da cidade ainda não viu essas irregularidades do tipo mão e contramão num mesmo retorno numa avenida movimentada? Qualquer leigo sabe que está errado e só causa confusão e discussão para quem faz os retornos. Na maioria das vezes, um veículo tem que esperar o outro entrar.

SALVADOR/CONQUISTA

Nos últimos anos Vitória da Conquista tem se transformado num quintal de Salvador, colônia ou num protetorado comandado pelo ACM Neto e o prefeito da capital, Bruno Reis. Isso é uma vergonha em se tratando da terceira maior cidade da Bahia com cerca de 400 mil habitantes, sem contar que aqui já foi uma trincheira da resistência contra a direita conservadora, inclusive na época do golpe da ditadura militar-civil-burguesa de 1964. Em maio daquele ano, 100 homens do exército, sob as ordens do capitão Bendock, cercou Conquista e cassou o mandato do prefeito José Pedral, eleito legitimamente em 1962. De uma cidade politizada, virou um reduto da direita de Salvador, e isso ficou mais acentuado após os resultados das últimas eleições. Por que o povo apoia seus próprios algozes que o desprezam? Até as instituições, como a histórica OAB entrou nessa onda direitista conservadora! Na Câmara de Vereadores, praticamente não existe mais oposição. Está todo mundo virando a casaca. A culpa maior por esse triste quadro está também na própria esquerda que esqueceu suas bases e não se renovou. Depois do pleito de outubro, simplesmente os partidos de esquerda cruzaram seus braços. Cadê a oposição dessa cidade que já foi forte no passado?  A nossa cultura, por exemplo, foi sepultada e os intelectuais, artistas e líderes da esquerda não se mobilizam para protestar nas ruas. Esses manifestos virtuais ou documentos por escrito não vão reverter este fúnebre cenário da nossa cultura onde os três principais equipamentos, como Teatro Carlos Jheovah, Cine Madrigal e Casa Glauber Rocha estão fechados há anos. Estou falando apenas desse setor, mas os outros também se encontram  abandonados.

VIDA NO CAMPO

 

Sábado passado (dia 21/12) estive no sítio do meu amigo, poeta, compositor e músico Dorinho Chaves e sua companheira Conceição (Conça), acompanhado da minha esposa Vandilza Gonçalves, e utilizei as lentes fotográficas da minha máquina para registrar momentos descontraídos da vida no campo em contato direto com a natureza. O final da tarde e o início da noite me proporcionaram belas recordações quando menino na roça com meus pais, observando as plantações, o curral dos animais (bovinos e caprinos), o gado chegando do pasto, as imponentes árvores, o cair do pôr do sol e o próprio Dorinho dando alimento para os bodes e galinhas, antes de bater uma viola com uma cantoria sertaneja de histórias e costumes da terra, não as que temos hoje que só falam de sofrência e de amores melosos e insossos, sem o sabor das saudades de outrora.

Tudo foi muito agradável, e as recordações sobre a vida no campo me tocaram mais ainda quando o dia se despediu e a noite nos recebeu de braços abertos através do seu luar, clima propício para se degustar um vinho. Para quem me conhece, nem preciso dizer que adoro a roça e que meu desejo é retornar às minhas raízes depois de mais de 60 anos na corrida labuta urbana. Posso garantir que o viver no campo é o melhor terapeuta que cura as dores da alma em pouco tempo, sem precisar sentar ou deitar num divã de um psicanalista. A própria natureza lhe oferece isso e muito mais, sem nada cobrar de volta. Ela é generosa. A vida no campo reúne o passado, o presente e o futuro num pacote só de amor onde o espírito pode se sentir verdadeiramente em paz.

UM CAOS NO TRÂNSITO DO CENTRO

Se você vai ao centro de Vitória da Conquista, seja de carro ou de ônibus, antes tome um banho de descarrego, faça uns minutos de meditação ou se prepare psicologicamente, porque, na verdade, vai passar muita raiva e ficar estressado. O trânsito no centro da cidade se tornou um caos, principalmente na Praça Barão do Rio Branco e imediações, como Praça do Índio, Francisco Santos, Dois de Julho, Régis Pacheco e Siqueira Campos nas proximidades do Banco do Brasil. É uma loucura, meu amigo, sem falar na falta de vagas na Zona Azul e até nos estacionamentos que cobram cinco reais por uma hora. Nesses locais deveria ser proibido o trânsito de ônibus e veículos pesados que até fazem desembarque de cargas em lojas, complicando mais ainda a circulação de carros pequenos. A Praça Barão do Rio Branco, por exemplo, deveria ser um calçadão, bem como a travessa (esqueci o nome) onde estão localizados a lotérica e o sebo de livros. Os urbanistas modernos falam tanto em humanizar as cidades oferecendo mais espaços livres para as pessoas, mas o poder público faz o contrário. Cadê aquele projeto do shopping a céu aberto de Conquista? Fizeram alguns calçamentos e nada mais. A Barão do Rio Branco ficaria mais aprazível com o plantio de árvores, mais bancos e até quiosques do que aquele amontoado de carros. O Terminal da Lauro de Freitas é outro inferno com toda aquela poluição visual e sonora, sem falar dos gases tóxicos dos combustíveis, mas os lojistas, de mentalidade atrasada, adoram o ambiente contaminado de fuligens. O ar no centro está ficando irrespirável.





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