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:: 16/abr/2024 . 23:31

“A FOGUEIRA DAS VAIDADES”

As vaidades do ser humano estavam represadas até o advento da internet e das redes sociais nos aparelhos de celulares e os avanços tecnológicos de interatividade nos canais televisivos. Abriram-se as porteiras das boiadas. A impressão que passa é que todos estavam presos nos armários.

Existe uma necessidade premente de se aparecer, não importando se de forma ridícula e até expondo suas privacidades mais íntimas. Não se valoriza mais o ser simples e humilde, não aquela humildade de se baixar a cabeça e a tudo aceitar e concordar.

Quem já assistiu ao filme “A Fogueira das Vaidades”, de Brian de Palma, com Tom Hanks, Bruce Willis, no papel de um jornalista sem prestígio e Morgan Freeman, um juiz fanfarrão e sem papas na língua, vai perceber como funciona esse jogo e o desejo devorador do humano de se mostrar para a sociedade, numa ansiedade de se notabilizar, mesmo que de maneira superficial e leviana. O filme foi baseado no best-seller de Tom Wolfe.

Acho até que todo jornalista deveria assistir essa obra cinematográfica por ser uma categoria onde muitos se perdem no caminho das vaidades, achando que são deuses e celebridades, quando deveriam estar simplesmente à serviço da notícia, guardando suas devidas proporções de modo a não se expor. A vaidade faz o profissional afastar-se do foco da responsabilidade e termina caindo na parcialidade, sem ética e escrúpulo.

Minha intenção não é focar a vaidade na classe jornalista, mas das pessoas comuns que buscam uma fama efêmera e vazia, de dois ou três minutos, principalmente nas redes sociais, com vídeos idiotas e imbecis, sem nenhum conteúdo, com intuito apenas de chamar a atenção, como se dissesse: Olha gente, estou aqui, eu existo.

São dancinhas esquisitas e exóticas, papagaiadas, rebolados, bundas e pernas de fora, inclusive de mulheres que acham que tais atitudes são demonstrações de empoderamento, quando, na verdade, estão sendo objetos e se rebaixando.

Não se trata de uma questão de conservadorismo, mas de coerência com o que se prega, quando na prática faz-se o contrário. Estou falando também dos homens. Perde-se o respeito por pura vaidade, se não me engano, um dos pecados capitais, ao lado da inveja. Todo vaidoso é invejoso. Nem é preciso dizer que nesse mundo moderno contemporâneo, escrachado e inescrupuloso houve uma grande inversão de valores.

O que mais se vê e se ouve nas redes sociais são pessoas sem nenhum preparo e formação, arrotando um monte de besteiras, sem nenhum fundamento e, do outro lado, milhões, automaticamente, clicando no sinal curtir, tornando-se seguidores de bobagens e exibições corporais. O pior é que os pais de hoje jogam as crianças nesses lances fúteis e inúteis, deformadores de personalidades.

Agora inventaram o tal do influenciador (a) digital de um povo que entra na onda e consome tudo que cai na rede, mesmo sendo peixe podre. Infelizmente, por falta de educação, cultura, conhecimento e saber, a nossa população de hoje idolatra o besteirol e o charlatanismo, como no caso desse BBB dentro de uma casa, dizendo que tudo ali é uma grande aprendizagem para a vida.

Vivemos num mundo das fogueiras das vaidades com seus milhões de seguidores. Isso acontece também na política e em tantos outros segmentos da nossa sociedade.  A vaidade leva as pessoas a passarem a rasteira nos outros, utilizando métodos desleais e inescrupulosos.

 

A POLÍTICA É UM ENTRAVE PARA O PAÍS QUANDO DEVERIA SER UMA SOLUÇÃO

  O imoral foi legalizado. Desde o Império, os esquemas escusos, inescrupulosos, corruptos e interesseiros nada mudaram. Na época de D. Pedro II, por exemplo, era a bancada da oligarquia do café que mandava na Câmara. Os oligarcas resistiram até o fim à abolição da escravidão.  Para se vingar, de tudo fizeram para derrubar a monarquia em conluio com os marechais.

A partir dali, (no primeiro reinado de D. Pedro I já era assim), veio a República, coisa pública nenhuma (está mais para privada), e a política nesses 135 anos continuou sendo um entrave e não uma solução para o nosso desenvolvimento econômico e social justo e equilibrado. As desigualdades só se agravaram, com ciclos de altos e baixos. As elites capitalistas e os políticos coligados a elas mandam e o presidente só obedece.

Em boa parte do planeta, especialmente na Europa, a esquerda socialista falhou por falta de competência, seriedade, ética e honradez, e os extremistas malucos bárbaros cada vez mais estão ganhando seus espaços, disseminando matanças, ódio e intolerância.

Com essa política neoliberal, misturada com assistencialismo e populismo, sem alternativas para erradicar a pobreza, a extrema só avança porque a esquerda, em seu lugar de conforto (trocou a cachaça pelo o uísque), esqueceu de trabalhar as bases, deixando-as na ignorância como vítimas fáceis da manipulação dos vampiros que sugam seus sangues noite e dia.

Entre os próprios partidos, inclusive de esquerda, que prega democracia, o que vemos são decisões ditatoriais de poderios dos chefes, vindas de cima para baixo, sem respeitar os filiados, principalmente os que estão nos diretórios municipais. Aqui, quem está no poder se acha dono dele, seja no executivo, no legislativo, no judiciário ou como presidente de um partido.

Desde a República para cá tivemos mais de 50 anos de ditaduras, a começar por Teodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, no início dos anos 1900, Getúlio Vargas (1930 a 45), Eurico Gaspar Dutra até os idos de 1950 e a ditadura civil-militar de 1964 que durou mais de 20 anos. Passamos pelo suicídio de Vargas (1954), ameaça de um golpe com Café Filho, a renúncia de Jânio Quadros, em 1961, a cassação de Collor de Mello (2002) e a derrubada de Dilma Rousseff pela direita, em 2016.

Pelo que eu saiba, na história deste país, fora dos regimes de opressão, todos os presidentes sempre foram reféns – não que pregue ditaduras – do Congresso Nacional, o mais caro do mundo e o maior cancro da nação, com seus caudilhos e negociadores de apoios, na base do toma lá e dá cá. Além de ser fisiologista, é cheio de traidores e cobras venenosas.

Com o passar dos anos só fez piorar com suas bancadas retrógradas e cada vez mais de direita extremista. Há 15 ou 20 anos, os evangélicos conservadores começaram a tomar assentos em suas cadeiras com suas ideias medievais. Essa gente se intitula de patriota e defende a instituição família, mas faz tudo ao contrário.

Por sua vez, o PT, que ficou 16 anos no poder, depois de quatro anos desastroso do capitão-presidente, voltou agora repetindo os mesmos erros do passado, com uma governança e um discurso neoliberal. Com um agrado do Bolsa Família e algumas políticas públicas de inclusão, o partido esqueceu de trabalhar suas bases que lhe deram sustentação no início e vem perdendo espaço para o retorno da extrema direita.

Diante do exposto, onde temos cerca de 35 partidos, a grande maioria meros barrigas de alugueis, cujos proprietários fazem seus conchavos lá em cima, sem ouvir seus filiados, as pessoas de bem, ilibadas e honestas desistiram ou se afastaram da política dizendo ser coisa suja, de gente que não tem escrúpulos e vergonha na cara.

Outra questão a ser avaliada é que, pelo esquema montado pelo próprio sistema eleitoral em vigor há anos, não há como as pessoas sérias e sem condições financeiras, disputar uma cadeira, seja no âmbito do Congresso, das Assembleias Legislativas Estaduais, das Câmaras Municipais e dos executivos.

Com o modelo de reeleições infinitas nos legislativos e dois mandatos para os executivos em geral, todos eles usam a máquina do poder na mão, não importando se de forma legal, mas imoral. A não ser para os herdeiros de votos, as chances para quem quer assumir um cargo pela primeira vez são raras. É outro motivo pelo qual os bons não querem entrar mais na política.

 





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