As vaidades do ser humano estavam represadas até o advento da internet e das redes sociais nos aparelhos de celulares e os avanços tecnológicos de interatividade nos canais televisivos. Abriram-se as porteiras das boiadas. A impressão que passa é que todos estavam presos nos armários.

Existe uma necessidade premente de se aparecer, não importando se de forma ridícula e até expondo suas privacidades mais íntimas. Não se valoriza mais o ser simples e humilde, não aquela humildade de se baixar a cabeça e a tudo aceitar e concordar.

Quem já assistiu ao filme “A Fogueira das Vaidades”, de Brian de Palma, com Tom Hanks, Bruce Willis, no papel de um jornalista sem prestígio e Morgan Freeman, um juiz fanfarrão e sem papas na língua, vai perceber como funciona esse jogo e o desejo devorador do humano de se mostrar para a sociedade, numa ansiedade de se notabilizar, mesmo que de maneira superficial e leviana. O filme foi baseado no best-seller de Tom Wolfe.

Acho até que todo jornalista deveria assistir essa obra cinematográfica por ser uma categoria onde muitos se perdem no caminho das vaidades, achando que são deuses e celebridades, quando deveriam estar simplesmente à serviço da notícia, guardando suas devidas proporções de modo a não se expor. A vaidade faz o profissional afastar-se do foco da responsabilidade e termina caindo na parcialidade, sem ética e escrúpulo.

Minha intenção não é focar a vaidade na classe jornalista, mas das pessoas comuns que buscam uma fama efêmera e vazia, de dois ou três minutos, principalmente nas redes sociais, com vídeos idiotas e imbecis, sem nenhum conteúdo, com intuito apenas de chamar a atenção, como se dissesse: Olha gente, estou aqui, eu existo.

São dancinhas esquisitas e exóticas, papagaiadas, rebolados, bundas e pernas de fora, inclusive de mulheres que acham que tais atitudes são demonstrações de empoderamento, quando, na verdade, estão sendo objetos e se rebaixando.

Não se trata de uma questão de conservadorismo, mas de coerência com o que se prega, quando na prática faz-se o contrário. Estou falando também dos homens. Perde-se o respeito por pura vaidade, se não me engano, um dos pecados capitais, ao lado da inveja. Todo vaidoso é invejoso. Nem é preciso dizer que nesse mundo moderno contemporâneo, escrachado e inescrupuloso houve uma grande inversão de valores.

O que mais se vê e se ouve nas redes sociais são pessoas sem nenhum preparo e formação, arrotando um monte de besteiras, sem nenhum fundamento e, do outro lado, milhões, automaticamente, clicando no sinal curtir, tornando-se seguidores de bobagens e exibições corporais. O pior é que os pais de hoje jogam as crianças nesses lances fúteis e inúteis, deformadores de personalidades.

Agora inventaram o tal do influenciador (a) digital de um povo que entra na onda e consome tudo que cai na rede, mesmo sendo peixe podre. Infelizmente, por falta de educação, cultura, conhecimento e saber, a nossa população de hoje idolatra o besteirol e o charlatanismo, como no caso desse BBB dentro de uma casa, dizendo que tudo ali é uma grande aprendizagem para a vida.

Vivemos num mundo das fogueiras das vaidades com seus milhões de seguidores. Isso acontece também na política e em tantos outros segmentos da nossa sociedade.  A vaidade leva as pessoas a passarem a rasteira nos outros, utilizando métodos desleais e inescrupulosos.