O imoral foi legalizado. Desde o Império, os esquemas escusos, inescrupulosos, corruptos e interesseiros nada mudaram. Na época de D. Pedro II, por exemplo, era a bancada da oligarquia do café que mandava na Câmara. Os oligarcas resistiram até o fim à abolição da escravidão.  Para se vingar, de tudo fizeram para derrubar a monarquia em conluio com os marechais.

A partir dali, (no primeiro reinado de D. Pedro I já era assim), veio a República, coisa pública nenhuma (está mais para privada), e a política nesses 135 anos continuou sendo um entrave e não uma solução para o nosso desenvolvimento econômico e social justo e equilibrado. As desigualdades só se agravaram, com ciclos de altos e baixos. As elites capitalistas e os políticos coligados a elas mandam e o presidente só obedece.

Em boa parte do planeta, especialmente na Europa, a esquerda socialista falhou por falta de competência, seriedade, ética e honradez, e os extremistas malucos bárbaros cada vez mais estão ganhando seus espaços, disseminando matanças, ódio e intolerância.

Com essa política neoliberal, misturada com assistencialismo e populismo, sem alternativas para erradicar a pobreza, a extrema só avança porque a esquerda, em seu lugar de conforto (trocou a cachaça pelo o uísque), esqueceu de trabalhar as bases, deixando-as na ignorância como vítimas fáceis da manipulação dos vampiros que sugam seus sangues noite e dia.

Entre os próprios partidos, inclusive de esquerda, que prega democracia, o que vemos são decisões ditatoriais de poderios dos chefes, vindas de cima para baixo, sem respeitar os filiados, principalmente os que estão nos diretórios municipais. Aqui, quem está no poder se acha dono dele, seja no executivo, no legislativo, no judiciário ou como presidente de um partido.

Desde a República para cá tivemos mais de 50 anos de ditaduras, a começar por Teodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, no início dos anos 1900, Getúlio Vargas (1930 a 45), Eurico Gaspar Dutra até os idos de 1950 e a ditadura civil-militar de 1964 que durou mais de 20 anos. Passamos pelo suicídio de Vargas (1954), ameaça de um golpe com Café Filho, a renúncia de Jânio Quadros, em 1961, a cassação de Collor de Mello (2002) e a derrubada de Dilma Rousseff pela direita, em 2016.

Pelo que eu saiba, na história deste país, fora dos regimes de opressão, todos os presidentes sempre foram reféns – não que pregue ditaduras – do Congresso Nacional, o mais caro do mundo e o maior cancro da nação, com seus caudilhos e negociadores de apoios, na base do toma lá e dá cá. Além de ser fisiologista, é cheio de traidores e cobras venenosas.

Com o passar dos anos só fez piorar com suas bancadas retrógradas e cada vez mais de direita extremista. Há 15 ou 20 anos, os evangélicos conservadores começaram a tomar assentos em suas cadeiras com suas ideias medievais. Essa gente se intitula de patriota e defende a instituição família, mas faz tudo ao contrário.

Por sua vez, o PT, que ficou 16 anos no poder, depois de quatro anos desastroso do capitão-presidente, voltou agora repetindo os mesmos erros do passado, com uma governança e um discurso neoliberal. Com um agrado do Bolsa Família e algumas políticas públicas de inclusão, o partido esqueceu de trabalhar suas bases que lhe deram sustentação no início e vem perdendo espaço para o retorno da extrema direita.

Diante do exposto, onde temos cerca de 35 partidos, a grande maioria meros barrigas de alugueis, cujos proprietários fazem seus conchavos lá em cima, sem ouvir seus filiados, as pessoas de bem, ilibadas e honestas desistiram ou se afastaram da política dizendo ser coisa suja, de gente que não tem escrúpulos e vergonha na cara.

Outra questão a ser avaliada é que, pelo esquema montado pelo próprio sistema eleitoral em vigor há anos, não há como as pessoas sérias e sem condições financeiras, disputar uma cadeira, seja no âmbito do Congresso, das Assembleias Legislativas Estaduais, das Câmaras Municipais e dos executivos.

Com o modelo de reeleições infinitas nos legislativos e dois mandatos para os executivos em geral, todos eles usam a máquina do poder na mão, não importando se de forma legal, mas imoral. A não ser para os herdeiros de votos, as chances para quem quer assumir um cargo pela primeira vez são raras. É outro motivo pelo qual os bons não querem entrar mais na política.