“ANDANÇAS” TAMBÉM É MÚSICA
Não são só causos, contos e histórias, numa mistura de ficção com realidade, o novo livro “Andanças”, do jornalista e escritor Jeremias Macário, também tem poemas, muitos dos quais começam a ser musicados por artistas locais e de outras paragens do Brasil, como de Fortaleza, no Ceará.
Do título “Na Espera da Graça”, que fala do homem nordestino que sempre vive a esperar por tempos melhores, o cantor, músico e compositor Walter Lajes extraiu de sua viola uma bela canção, numa parceria que fez com o autor, com apresentação em vários festivais.
O músico e compositor Papalo Monteiro se interessou por “Nas Ciladas da Lua Cheia”, uma letra forte que descreve os políticos na figura de bichos que, de quatro em quatro anos, aproveitam as eleições com promessas vãs para se elegerem.
Tem “O Balanço do Mar”, um xote que lembra passagens de nossas vidas, e “Lágrimas de Mariana”, um belo poema triste sobre a tragédia do rompimento da barragem da Samarco, lá em Mariana (MG), musicados e cantados pelo amigo parceiro Dorinho Chaves.
Lá de Fortaleza, Ceará, os companheiros Edilson Barros e Heriberto Silva realizaram uma parceria musical aproveitando a letra “A DOR DA FINITUDE”, que versa sobre um tema que pouca gente gosta de abordar, que é a morte, e filosofa que tudo passa, tudo muda e tudo se transforma. Outros poemas estão sendo trabalhados para entrarem no rol das letras musicadas, inclusive do novo livro “ANDANÇAS”.
Essa é uma parceria com o amigo poeta e músico, baiano de Alagoinhas, Antônio Dean, que há muitos anos reside em Campina Grande da Paraíba com sua família, fazendo sucessos e cantando com sua profunda voz, a cultura nordestina para todo o Brasil.
Conheça o Espaço Cultural “A Estrada”
Com 3.483 itens entre livros (1.099), vinis nacionais e internacionais (481), CDs (284), filmes em DVDs (209), peças artesanais (188) e 106 quadros fotográficos, dentre outros objetos, o “Espaço Cultural a Estrada” que está inserido no blog do mesmo nome tem história e um longo caminho que praticamente começou na década de 1970 quando iniciava minha carreira jornalística como repórter em Salvador.
Nos últimos anos o Espaço Cultural vem reunindo amigos artistas e outras personalidades do universo cultural de Vitória da Conquista em encontros colaborativos de saraus de cantorias, recitais poéticos e debates em diversas áreas do conhecimento. Nasceu eclético por iniciativa de um pequeno grupo que resolveu homenagear o vinil e saborear o vinho. Assim pintou o primeiro encontro do “Vinho Vinil” com o cantor e compositor Mano di Sousa, os fotógrafos José Carlos D`Almeida e José Silva entre outros convidados.
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O CICLO DO GADO E OS VALENTÕES
Por muitos séculos os nordestinos, acossados pelas secas intermitentes e cruéis, nas lutas com os índios, pela falta de ordenamento dos governantes, sem lei e justiça, longe dos litorais e a conviver com o banditismo, viveram em total isolamento apegados ao misticismo religioso, suas crenças e suas culturas.
Sobre o flagelo das secas, vários narradores traçam cenas de terror. O padre Joaquim José Pereira, do Rio Grande do Norte, escreve que, além da seca, apareceu nos sertões do Apodi uma tal quantidade de morcegos, que mesmo à luz solar, atacavam as pessoas e os animais, já inanidos pela fome. Homens, mulheres e crianças eram encontrados mortos e moribundos pelas estradas. Entre os mortos, encontravam-se miseráveis ainda vivos prostrados no chão, cobertos pelos vampiros.
Frederico Pernambucano de Mello, em “Guerreiros do Sol”, um estudioso do Nordeste e do cangaço, nos narra que, “quando em fins do século XVII e ao longo do século XVIII a necessidade de expansão colonizadora empurrou o homem para além das léguas agricultáveis do massapê, projetando-se no universo cinzento da caatinga, fez surgir um novo tipo de cultura cujos traços mais salientes podem ser resumidos na predominância do individual sobre o coletivo”.
O homem passou a ser condicionado pelo cenário agressivo que é o sertão. Ele experimentou sobreviver através das plantações, mas foi vencido pelas secas. Então, partiu para a criação do gado, criando assim um novo ciclo que fez surgir os valentões nas figuras dos cabras, dos capangas, dos jagunços, dos pistoleiros e dos cangaceiros.
O escritor Graciliano Ramos escreveu em um dos seus livros que, “sendo a riqueza do sertanejo, principalmente constituída de animais, o maior crime que lá se conhece é o furto de gado. A vida humana exposta à seca, à fome, à cobra e à tropa volante, tinha valor reduzido – e pior que isso, o júri absolve regularmente o assassino. O ladrão de cavalo é que não acha perdão. Em regra, não o submete a julgamento, matam-no”.
Na verdade, o maior crime no sertão naquela época era roubar cavalos e bois. Para o ladrão, só restava a morte e de forma sangrenta. Aliados ao misticismo, ao culto da coragem e o apego ao direito de propriedade, os sertanejos estabeleciam um quadro de violência do ciclo do gado.
O viajante holandês Adriaen Verdonck constatou, em 1630, que na região próxima ao rio São Francisco, os moradores possuíam muito gado, que era principal riqueza e constituía na melhor mercadoria destas terras.
Além das intempéries do tempo e outros fatores adversos, os nordestinos tiveram que enfrentar uma guerra desesperada contra os índios, os verdadeiros donos daquelas terras, expulsos das zonas litorâneas.
Como exemplo, Frederico de Mello nos conta a luta que Teodósio de Oliveira Ledo teve que levar a cabo no início do século XVIII contra as nações tapuias, dos pegas e dos coremas, para se estabelecer com sua gente nos campos de Piancó (Paraíba). Essa guerra chegou a durar mais de 10 anos contra cerca de 10 mil indígenas.
O ciclo do gado também teve que enfrentar o felino. “A onça faz dura guerra a todos os gados do sertão”, escreve Fernando Denis, na primeira metade do século XIX. Esse animal, que atacava os rebanhos, foi exterminado pela bravura dos nordestinos.
Diante das guerrilhas indígenas, dos facínoras poderosos, o nordestino se tornou num homem desconfiado e exposto a emboscadas dos temidos “tiros de pé-de-pau, ou dos que dormiam na pontaria.
Frederico de Mello cita diversos autores, como Câmara Cascudo que chama a atenção para a carta régia de 1701 pela qual os criadores, em divergência com os plantadores de cana e mandioca, viram-se obrigados a procurar no sertão terras diferentes das exigidas por essas culturas
Este fator respondeu pelo incremento da internação sertaneja ao longo do século XVIII, tendo que enfrentar temperaturas infernais. A carta régia determinava que o criatório só poderia fundar-se para além de uma faixa de dez léguas da costa.
O autor de o “Guerreiros do sol” faz um paralelo sobre o ciclo do gado no Nordeste com a epopeia norte-americana da conquista do Oeste, quando relata que “quanto mais demorada tenha sido a fase cruenta de um processo de colonização, tanto mais duradoura se mostrará a permanência de hábitos violentos que não mais se justificam”.
O sertanejo sofreu uma estagnação em sua evolução por conta do isolamento em que esteve secularmente relegado. Sobre a questão dos valentões, Mello destaca a impressão que teve o viajante Henry Koster. Em sua visão, esses valentões eram homens de todos os níveis, cujo serviço consistia em procurar oportunidades para lutar. Onde chegavam, nas feiras ou nas festas, eles amedrontavam as pessoas.
Para o escritor paraibano José Américo de Almeida, o cangaceiro originou-se da instituição do guarda-costas, como uma necessidade de defesa das fazendas ameaçadas pelo gentio. Segundo ele, quando o cabra era despedido, sua reação era procurar um bando, mas historiadores contestam esta tese.
“O emprego do capanga, do cabra e do jagunço fez-se largamente no Nordeste ao longo de todo o ciclo do gado, nas questões de terra, nas lutas de famílias e, de modo particular, nas disputas políticas” – descreve Frederico de Mello.
Mais uma vez, Mello cita, o folclorista Câmara Cascudo, quando escreve que o sertão foi povoado dos fins do século XVII para o correr do século XVIII, por gente fisicamente forte e etnicamente superior.
Diz ele que esse nordestino enfrentava os índios, que não tinha medo de morrer nem remorso de matar. “As famílias seguiam o chefe que ia fazer seu curral nas terras povoadas de paiacus, janduís, panatis, pegas, caicós, nômades atrevidos, jarretando o gado e trucidando os brancos”.
Os sucurus, panatis e os coremas nutriam ódio contra os portugueses que tomaram seus lugares marítimos. Em contrapartida, eles se levantaram em todas as partes contra os sertanejos que não se sentiam seguros.
ECONOMIA CRIATIVA E CULTURAL
Mais do que economia criativa, o evento realizado pelo instituto da Clínica São Lucas, organizado pela médica Rosa Aurich, nos dias 7 e 8 de novembro, no Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima, foi também cultural, com uma programação plural, envolvendo artesanato, apresentação teatral de alunos de escolas, como o Juvêncio Terra, e shows musicais, inclusive com a participação do músico e compositor Alisson Menezes. Dentro da programação coube uma roda de conversa sobre a Serra do Periperi, só que o tempo foi curto para se falar sobre essa faixa de terra em torno de Vitória da Conquista, que durante anos foi depredada pelo homem através da extração de areia, pedras e outros materiais utilizados, principalmente, na construção civil. Com uma vegetação baixa e maltratada, a Serra já foi uma mata como bem descreveu o príncipe alemão Maximiliano, em visita ao Arraial Imperial da Vitória, em 1817. Da Serra hoje só resta o Poço Escuro, cuja preservação ainda deixa a desejar. Além de abrigar o Cristo erguido pelo escultor Mário Cravo, um centro de proteção de animais, torres de operadoras de telefonia, rádio e televisão; ser cortada pelo Anel Viário e abrigar moradores pobres em suas encostas, a Serra tem suas histórias e personagens que nela habitaram, como o escultor Cajaíba que se inspirou para esculpir figuras importantes do cenário nacional e internacional. Foi uma programação plural, mas muita coisa deixou de ser dita nessa roda de conversa, como a de que a cidade tem uma grande dívida para com a Serra do Periperi.
CÂMARA DE VEREADORES HOMENAGEIA O CENTENÁRIO DE JOSÉ PEDRAL
Na semana do aniversário dos 185 de Vitória da Conquista a ser comemorado no próximo dia 9, a Câmara de Vereadores prestou ontem (dia 06/11/25), em sessão solene, uma homenagem pelo centenário de nascimento do ex-prefeito José Pedral, cujos trabalhos foram abertos pelo parlamentar Dudé.
O ato foi dedicado a reconhecer a trajetória política e o legado de desenvolvimento deixado por Pedral ao longo de seus três mandatos à frente do executivo municipal, que começou a partir de 1963, após sua eleição em 1962, quebrando uma oligarquia que já vinha há anos governando Conquista.
Durante a sessão, a Câmara fez a entrega do Diploma de Mérito José Fernandes Pedral Sampaio pela Lei de número 2.551/2021, aos profissionais da construção civil. Foram homenageadas as arquitetas Márcia Cristina Pinheiro Prado e Ana Maria Correia Gonçalves, bem como os engenheiros Nudd David de Castro, Fernando Gomes de Oliveira, José Marcelino Rosa e Silva e Leandro de Aragão Gomes Fonseca.
Estiveram presentes a prefeita Sheila Lemos Andrade, o vice-prefeito Aloísio Alan, Paulo Pedral representando a família, professor Durval Menezes que escreveu o livro “O Pedralismo”, José Willian de Oliveira Nunes que ocupou diversos cargos nos mandatos do homenageado, o presidente da OAB/Conquista, Gutemberg Macedo, a ex-vereadora Irma Lemos, dentre outros.
DIVISOR DE ÁGUAS
Uma data que não pode passar em branco em Vitória da Conquista. No dia 12 de setembro de 1925 nascia José Fernandes Pedral Sampaio que, se vivo fosse, estaria completando 100 anos. Por três vezes prefeito, Pedral foi um divisor de águas e um marco na história administrativa, econômica, social e política de Conquista.
O professor Durval Menezes disse que Pedral sempre pensou grande desde jovem. Como estudante em Salvador foi líder estudantil e presidente do diretório do Grêmio da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal da Bahia.
Nasceu na casa do seu avô “coronel” Gugé e, aos sete anos, foi estudar em Santo Antônio de Jesus. De lá partiu para Salvador onde fez a Faculdade de Engenharia Civil, na Universidade Federal da Bahia. Ainda jovem, com novos ideais contrários às suas origens oligarcas, retornou à sua terra natal e se candidatou a prefeito, em 1958, perdendo as eleições.
Em 1962, porém, se elegeu ao cargo aos 37 anos como o mais jovem prefeito. Não quis o destino que completasse o seu mandato porque se deparou com uma pedra no meio do seu caminho, no caso a ditadura-civil-militar de 1964, que cassou o seu mandato em seis de maio daquele ano.
Mesmo assim, nesse curto período, Pedral colocou em prática seus ideais socialistas, erguendo obras que beneficiaram os mais pobres, como o serviço de drenagem de escoamento das águas no Bairro Jurema que sempre sofria com os alagamentos em épocas de chuvas.
O mais novo prefeito apoiou as reformas de base defendidas pelo Governo Jango que, por seu intermédio, chegou a visitar Conquista, em 1963. Sua intenção maior era trazer muitos benefícios para o município, como uma barragem de abastecimento de água. Por se colocar ao lado de um governo federal que já era alvo de um golpe militar, pagou um alto preço.
Em seis de maio de 1964, as tropas militares do capitão Bendock invadiram a cidade e Pedral foi um dos primeiros presos políticos porque o novo regime o considerava subversivo e comunista. Nesse mesmo dia, na base da força, foi deposto de forma ilegítima. Logo depois ele teve seus direitos políticos cassados por 20 anos.
Nos bastidores, Pedral soube conduzir os avanços da cidade idealizando obras, como na área do saneamento básico, que depois vieram colocar Conquista como a terceira maior cidade da Bahia. No meado dos anos 80 foi novamente eleito pelo povo e depois secretário de Transportes do Estado durante a gestão do governador Waldir Pires.
Seu terceiro mandato se deu em meados dos anos 90, mas não foi bem-sucedido porque não contou com o apoio do Governo do Estado e alguns de seus secretários mancharam sua imagem de grande administrador e político sério e honesto.
Apesar de todas as dificuldades, Pedral deixou sua marca com obras estruturantes, como o Viaduto do Guarani, o Terminal de Ônibus da Lauro de Freitas, a Ceasa, dentro outras de grande porte, sempre com uma visão futurística, resolvendo, antecipadamente, os problemas de Conquista.
Como jornalista, não poupei críticas, mas sempre respeitou a democracia e não foi meu algoz. Fez suas ponderações e queixas, como em sua entrevista a mim concedida durante a elaboração do livro “Uma Conquista Cassada – cerco e fuzil na cidade do frio”, última obra lida por ele aos 89 anos no leito de morte.
Nesse centenário dos 100 anos, Pedral continuará sempre lembrado pelas antigas e novas gerações por ter deixado um grande legado para Vitória da Conquista, principalmente como um político ético, sério, honesto e honrado, predicados estes escassos nos tempos de hoje.
“A GIRAFA DOS PASSARINHOS”
(Chico Ribeiro Neto)
Crianças dizem coisas maravilhosas, engraçadas e impressionantes. Minha neta Gabriela, então com 6 anos, perguntou a meu filho Mateus: “Pai, será que um dia a gente vai morar em outro planeta?”
O sobrinho de uma amiga, com 5/6 anos, subiu num banquinho e foi futucar o armário do banheiro. O armário despencou lá de cima, quebrando tudo, e foi aquela zuadeira. Aflita, a mãe bateu na porta do banheiro, que estava trancada, e gritou para que ele abrisse. Ileso, sem nenhum ferimento, ele abriu só um pouquinho da porta e disse: “Nada não, mainha, foi mentira do barulho”.
O pediatra e escritor Pedro Bloch publicava toda semana na revista “Manchete”, nas décadas de 60/70, a coluna “Criança diz cada uma”, com falas engraçadas de crianças que ouvia no consultório e que recebia de pais e mães de todo o Brasil.
Essas falas renderam depois vários livros, entre eles o “Dicionário de Humor Infantil – Frases de crianças de 8 a 12 anos”, lançado em 1997. Registro aqui alguns verbetes desse dicionário:
“Alegria é um palhacinho no coração da gente”
“Amar é pensar no outro, mesmo quando a gente nem tá pensando”.
“Avestruz é a girafa dos passarinhos”.
“Boca é a garagem da língua”.
“Calcanhar é o queixo do pé”.
“Cobra é um bicho que só tem rabo”.
“A Europa fica mais longe que a Lua. A Lua eu vejo”.
“Tenho mais medo de avião que de escuro. É que escuro não voa, nem cai”.
“Nevoeiro é a poeira do frio”.
“”Relâmpago é um barulho rabiscando o céu”.
“Saudade é quando uma pessoa que devia estar perto está longe”.
“Strip-tease é mulher tirando a roupa toda, na frente de todo mundo, sem ser pra tomar banho”.
“Veias são raízes que aparecem no pescoço das meninas que gritam”.
(Veja crônicas anteriores em leiamaisba.com.br)
TÃO SÓ
Poeminha de autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário
Às vezes,
A gente se sente tão só,
Como bode a berrar na caatinga,
Quando se perde do seu rebanho
Onde a solidão nos dá aquele nó.
Tão só,
Como tantas ideologias
Que se tornam pó,
Trancadas em suas abadias.
Tão só,
Como os antigos ancestrais
A mirar a relva do campo,
O cavalgar dos animais,
E o piscar do pirilampo.
Meu ego sum
Está tão só,
No recôndito da minha alma
Que só o pôr-do-sol,
Anunciando a noite
Me acalma
Desse rasgado açoite
Nessa ventania de agonia.
A ECOLOGIA E A ESTUPIDEZ DA ECONOMIA
O governo federal está gastando milhões (falam em cerca de 700 milhões) com a COP30, em Belém, onde a estupidez da economia fala mais alto e vira as costas para a ecologia, caso específico dos imperialistas norte-americanos, do maluco Donald Trump, que nega o aquecimento global, incentiva mais indústrias poluidoras e a extração de combustíveis fósseis.
É a força da economia que desdenha da natureza, só que ela não perdoa e a primeira levará a humanidade à destruição. A maioria das nações, principalmente as mais desenvolvidas, como os Estados Unidos, nem está aí para o futuro das novas gerações.
O consumidor insensato, que tem o dinheiro como seu deus, também faz o mesmo. O capitalista avarento só pensa em obter o lucro, não importando se por meios ilícitos, com sua exploração predatória e corrupta, ao ponto de se esquecer que existe a morte.
As multinacionais imperialistas, incluindo aí seus governantes negacionistas, chegam a comprar cientistas a peso de ouro, para disseminar ideias falsas e contrárias à realidade das mudanças climáticas. São treinados como cães para dizer ao mundo que o aquecimento global não passa de uma falácia e tome fake news.
Quando falo de imperialistas gananciosos ainda com ideologias colonizadoras, como os ianques que se consideram enviados de Deus, não se trata de um discurso arcaico e atrasado. O cenário está aí e só não enxerga quem prefere a cegueira ao invés de encarar o real.
A humanidade está se autodestruindo e construindo seu próprio apocalipse, que vem há séculos depredando, impiedosamente, a natureza. Não será preciso que Deus desça deslizando entre as nuvens em meio aos raios e trovões para o juízo final, como na canção profética de “O Trem”, do roqueiro baiano Raul Seixas.
Sobre essas conferências do clima, como a de Belém, em meio a catástrofes e tragédias, com gastos exorbitantes, navios luxuosos, shows de estrelas, cobranças escandalosas de hospedagem das redes hoteleiras, seguranças máximas para os chefes de Estados (muitos deixaram de vir), elas estão desacreditadas e terminam em promessas que não serão cumpridas.
Como forma de dar um bom exemplo e até pedir perdão pelas agressões ao meio ambiente e ao extermínio de milhões de pessoas, por que esses conferencistas não fazem suas conferências em ocas indígenas, choupanas, cabanas, casas de taipas num enorme galpão de chão batido?
As próprias conferências, por incrível que pareçam, priorizam o consumismo exacerbado e até contribuem para mais emissão do gás carbônico no planeta. Infelizmente, são frustrantes porque, depois de assinarem os termos dos documentos, todos retornam para suas casas e pouco fazem para reduzir as temperaturas climáticas.
Depois de séculos de destruição para obter riquezas e elevar o consumismo, inclusive com guerras genocidas e o uso de armas tecnologicamente sofisticadas, com suas bombas de substâncias químicas, não acredito mais nessa de virar o jogo, que ainda há tempo para recuperação, quando a natureza vem dando claramente seus sinais de revolta e que não mais suporta a mão mortífera do homem.
É a estupidez da teoria econômica da elevação cada vez maior do PIB, do crescimento global, da luxúria dos mais ricos e poderosos e da insensatez do consumismo que estão sufocando a mãe terra, cuja natureza deixou de ser bem-estar da vida, para se tornar em morte.
Não existe mais convívio de um respeitar o outro, ser alimento mútuo, mas desarmonia, desagregação e canibalismo por parte dessa humanidade que sempre se comportou como superior à criação. É essa estupidez da economia que será extinta pela força da natureza lacerante porque foi ferida mortalmente.
OS MOSQUITINHOS CERVEJEIROS
Segundo estudos (não sei de quem), beber cerveja pode aumentar significativamente a sua atratividade para os mosquitos. Sempre fiquei invocado e intrigado, sem saber o motivo dos mosquitinhos adorarem uma cerveja e, ao mesmo tempo, chateado por pousarem em meu líquido precioso, um dos mais antigos do mundo.
Vão gostar de cerveja assim no “raio que o parta”! São mais cervejeiros que eu. Na minha observação singular, onde tem muitas plantas e mato, lá estão eles à procura de uma cervejinha. Pior que pousam, ficam logo bêbados e morrem. Tenho até pena e raiva!
– Deixa os bichinhos, não fazem mal nenhum e servem até como tira-gosto. Dizem até que são bons para a saúde. O sangue fica mais afinado na mistura com o lúpulo, o malte e a água, sem considerar que dá poesia e canção.
Coisa de um amigo meu debochado quando fiz uma abordagem sobre o assunto filosófico, ou científico sobre os mosquitinhos terem tanta atração por cerveja, por vinho, uísque e cachaça também.
Para evitar sua companhia indesejada e tomar minha cerveja sossegado, sempre coloco uma proteção no copo, mas é só dar uma facilitada e lá estão eles. Às vezes seguem até sua boca e você ingere o danado.
“Eu sou a mosca que pousou em sua sopa” – assim falou o nosso “Maluco Beleza”, baiano roqueiro, em sua bela canção. No vácuo da sua inspiração, eu sou o mosquito que pousou em sua cerveja.
Um mosquitinho deve ser uma milésima parte de uma mosca, que também gosta de cerveja e se embebedar. Raul Seixas, que gostava muito de tomar umas e outras, até que poderia ter trocado a mosca perlo mosquito.
Diz uma pesquisa, feita por algum “cientista” desocupado, que os mosquitinhos são atraídos pela cerveja, principalmente, porque o consumo do álcool aumenta a emissão de substâncias atrativas, como o gás carbônico (CO2) e o etanol no suor, além de liberar cairomônios (substâncias químicas de odor), atuando como sinalizador para os insetos, indicando a presença de uma refeição.
Por falar em CO2, faço logo uma ligação com a natureza, pois o gás carbônico e o metano causam o efeito estufa e, consequentemente, o aquecimento global.
Interessante é que eles frequentam mais as periferias, os bairros mais pobres, vilarejos e nas roças. Eles são escassos nos centros das cidades. Devem parte do grande clube brasileiro das desigualdades sociais.
Esses mosquitinhos com cerveja estão é me deixando grogue, pois já estou entrando em outros assuntos controversos de meio-ambiente e sociologia. Coisa de louco!
O pesquisador explica que beber poder levar ao aumento da exalação do CO2 e a liberação do ácido lático no suor, que são fatores que atraem os mosquitos.
Então é cara que atrai os mosquitos ou é a cerveja? Acho que já estou é trocando as bolas. O consumo da bebida pode alterar o odor corporal, liberando cairomônios (nome estrambólico) que chama os insetos, como mosca em visgo de jaca.
Melhor deixar isso de mosquito e mosca pra lá. Não sei para que fui escarafunchar essa coisa de mosquito gostar de uma cerveja. Eles também são criaturinhas com direito a degustar uma bebidinha, como os humanos. Direitos iguais, caramba!
Eu vou é saborear minha cerveja gelada, descontrair a mente, refrescar do calor e ficar longe dos problemas, que não são poucos. Quem sabe, talvez eles aparecem com a boa intenção de avisar que beba moderado e terminam caindo na farra. Coitados dos mosquitinhos, nem têm tempo de curtir.
CUIDADO, VOCÊ ESTÁ SENDO VIGIADO
Lembra daqueles filmes norte-americanos de ficção onde se colocava um chip, um aparelhinho ou um GPS na pessoa e ela era vigiada 24 horas por dia? A ficção se tornou realidade, só que evoluiu para as câmaras nas cidades e dados de órgãos e instituições na internet, que seguem seus passos e sabem tudo da sua vida particular.
Cuidado, cara, você está sendo vigiado, principalmente pelos golpistas que não dão trégua e não tiram férias! Paga-se um preço alto pelo progresso e ainda dizem que é tudo pela sua segurança, para apanhar os bandidos, mas não é somente isso. Toda liberdade não é absoluta, tem suas limitações. Você acha que é livre neste sistema? Estamos engessados pela ditadura da vigilância. “Sorria, você está sendo filmado”!
Primeiro são as câmaras nos centros das médias e grandes cidades, principalmente, que ficam lá olhando o que você está fazendo e para onde vai. Os operadores devem se divertir e dar muitas gargalhadas, com suas roupas, gestos, maneira de caminhar e com quem para conversar.
– Olha aqueles dois ou aquelas duas ou três, devem estar tramando alguma coisa conversando na calçada, ou fofocando da vida alheia! Aquele outro tem uma cara feia, mal-encarado, não deve ser coisa boa, já cortou a praça por várias vezes. Entrou no beco. Tem o macambúzio que fica sentado o tempo todo no banco. Com equipamentos sofisticados a laser logo vão estar vendo a cor da cueca (ceroula) e a calcinha (calçola) que se veste.
A grande maioria acha que é bom porque se sente mais protegido. Não acho nada engraçado ficar filmando minha feiura e onde vou. Preferia estar lá nas brenhas do sertão como um mocó na loca., mas, com o tempo, as câmaras vão chegar lá no sertão profundo.
De acordo com o jornal “Estado de São Paulo”, em um ano e meio, o número de câmaras públicas e privadas ligadas à prefeitura, para vigiar a cidade de São Paulo, passou de 10 mil para 40 mil, ou mais de 26 equipamentos para cada quilômetro quadrado.
Apesar das 258 prisões, só em outubro, há críticas ao sistema de vigilância eletrônica. Segundo o Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, não houve redução significativa de homicídios, roubos e furtos. A prefeitura contesta e diz que as câmaras ajudam nas investigações.
Sempre digo que bandido de folha corrida extensa, com vários BOs de crimes nas costas, nem está aí para esse negócio de câmaras. Além das câmaras, somos vigiados pelos sistemas de operações dos governos municipal, estadual e federal, pelas instituições financeiras, pelos órgãos de processamento de dados, pelos telemarketings e os golpistas de plantão.
Nossa vida é devassada na Receita Federal, pelas secretarias de Finanças das prefeituras e dos estados com o tal de cruzamento de dados. Praticamente todos sabem nossos CPFs, CEPs, RGs e o que temos e o que não temos.
Os números hoje são mais importantes que os nomes. Não demora e vamos ser ferrados com números. Somos gado, e não importa qual ideologia. Todos são patrulhados dia e noite. Até seu sono está sendo monitorado, meu amigo, e sabem dos nossos sonhos e pesadelos, atualmente mais intensos!
Com a evolução das comunicações através da internet e os satélites no ar, onde as notícias são transmitidas em tempo real – antes demoravam de chegar – nossas aldeias se tornaram pequenas e seus moradores vigiados. A violência urbana não foi a única causa dessa vigilância. Outros fatores contribuíram e os golpistas se sofisticaram.
A HUMANIDADE ESTÁ SE ACABANDO E O TEMPO É POUCO PARA VIRAR O JOGO
Os filmes de grandes catástrofes e tragédias, em cenários de apocalipse, nos mostram os escombros da terra e sobreviventes andando como zumbis ou fantasmas à procura de comida e refúgio. As gangues armadas se cruzam numa guerra fraticidas. Doenças raras e vírus fatais exterminam gentes num planeta em ruínas.
Não se trata de um roteiro cinematográfico de ficção. É a realidade batendo em nossas portas porque há séculos a nossa humanidade irracional vem destruindo o meio ambiente de forma impiedosa, para dela extrair seus lucros, sem contar as toneladas de lixo e gás carbônico que se joga no ar provocando o efeito estufa.
Se você acha que não estamos em pleno aquecimento global e que as chamadas mudanças climáticas são coisas normais ou não existem, como o maluco do Trump, dos Estados Unidos, então está entre os milhões ou bilhões de negativistas assassinos das próximas gerações.
Não é preciso ser nenhum cientista para concluir que a terra está em total turbulência, e os mais vulneráveis estão sendo as primeiras vítimas dessa destruição implacável. A humanidade está se acabando e o tempo se esgotando para virar o jogo e reduzir o placar da temperatura. O time da poluição está ganhando de goleada da preservação. A natureza não perdoa, não se deixa ser enganada e não nos dar outra chance.
Posso está sendo exagerado, mas não acredito mais em virada deste jogo, mesmo porque as boas ações de reflorestamento, os poucos projetos sustentáveis, os processos de reciclagem, os bem-intencionados, os conscientes do aquecimento global representam uma ínfima parcela em relação ao rombo que já foi feito e ainda está se fazendo.
Essa conta matemática não bate. Não basta reduzir a depredação. Teríamos que zerar, e isso é impossível de ser alcançado. Um beija-flor ou mesmo milhares deles, com seus finos bicos, não vão apagar o fogo que, por exemplo, arde as florestas porque os estragos são de dezenas de séculos. É como um doente de câncer que já está com seu organismo em avançado estado de contaminação onde a medicina, com toda sua tecnologia apurada, só faz protelar um pouco a vida.
Enquanto escrevo este texto, milhões de árvores estão sendo derrubadas, milhares de incêndios queimam as florestas, outras milhares de máquinas perfuram o chão para extrair petróleo em pleno solo e em águas profundas, para poluir nosso ar, milhões de toneladas de lixo entopem nossos rios, mares e a terra e bilhões de consumidores vão às lojas ou clicam na internet para comprar suas porcarias supérfluas.
Vem aí mais uma Conferência do Clima, em Belém. Como tantas outras, terminam em assinaturas de termos de compromissos, promessas de mais recursos para conter a devastação do planeta, diminuir as emissões de gazes tóxicos, muitos blábláblás, considerandos, divergências e todos retornam para suas casas, ou seus países, pregando aumento de seus PIBs e mais consumismo.
Os mais desenvolvidos camuflam as metas, atrasam seus projetos de sustentabilidade, e os mais pobres só querem imitar os ricos. O Brasil, com suas profundas desigualdades sociais, é o quinto maior emissor do efeito estufa, mesmo com uma grande parcela de energia renovável.
Do outro lado, um incentivador do petróleo, uma energia fóssil e altamente poluidora, sem contar a criação de gado para exportação, com um rebanho maior que os mais de 200 milhões de habitantes. O nosso país não é um exemplo a ser seguido, embora a propaganda diga o contrário. O tempo está se esgotando. Como virar este jogo?
“GUERREIROS DO SOL”
“Como “homem pecuário”, denominação da preferência do autor (Frederico Pernambucano de Mello), o sertanejo do Nordeste, ao mesmo tempo que manteve, através do isolamento, o idioma do colonizador europeu – inclusive o uso de termos lusitanamente náuticos – tornou-se, em grande parte, um já sugerido autocolonizador, quer pela necessidade de seguir exemplos de indígenas em suas defesas das fúrias dos animais traiçoeiros e de variantes, também traiçoeiros, de clima não-europeu, quer pelo ânimo de desconfiar um tanto caboclamente de estranhos”.
Essa é uma caracterização do sertanejo feita pelo sociólogo Oliveira Viana, citado por Gilberto Freire, no prefácio da segunda edição do livro “Guerreiros do Sol”, de Frederico de Mello.
Em sua descrição sobre a obra, Freire destaca que, em certa página, o escritor apresenta um desses tipos de bandido como, em dias de cangaceirismo ortodoxo, indiferente tanto a prazeres de alimentação como à constância de convívio com mulher, enquanto em atividade absorvente e monossexualmente belicosa. Daí a presença da mulher, no cangaço, só se ter feito notar em época diferente.
Na classificação sobre formas de cangaceirismo, Pernambucano de Mello, de acordo com Freire, fala do cangaço meio de vida, ou de profissão; cangaço de vingança; cangaço-refúgio, este caracterizado pelo que chama de “estratégia defensiva”. Quanto as fases do cangaço, o prefaciador da segunda edição, Gilberto de Mello Kujawski, divide em endêmica (final do século XIX) e a epidêmica, a partir dos anos 1920 que se deu o auge.
Gilberto Freira assinala que o cangaço no Nordeste é tema brasileiro e sob alguns aspectos, transbrasileiro, e não apenas nordestino. Sob perspectiva anglo-americana, Fletcher e Kidder, apontado por Freire, retratam o cangaço como o tipo mais marcante de sertanejo nordestino, atribuindo-lhe aparência de homem bronzeado pelo sol – e talvez, em alguns casos, pelo sangue ameríndio – mas de aspecto predominantemente europeu, isto é, português.
Ao se referir ao trajo masculino do sertanejo, Freire afirma que o mais interessante é o desenho que apresenta, caracterizado por uma camisa de algodão, mais longa que a geralmente em uso pelo homem canavieiro ou o do Recife, e solta por fora das calças, um trajo arcaico.
Sobre as origens do cangaceirismo, alguns estudiosos falam de rixas em famílias, favoráveis ao uso dos chamados cabras em lutas. Diz Gilberto Freire que o compadrio, em conexão com estas rivalidades, não pode deixar de ser considerado fator importante, ora de atenuação, ora de acentuação, de ódios entre famílias.
O padrinho, como compadre, afilhado, como protegido, são personagens a ser considerados no familismo sertanejo do Nordeste, até há poucos anos, e um pouco sobrevivente, ainda hoje, ligado a lutas entre famílias rivais: lutas às quais não raro associou-se um cangaço vingador de desentendimentos endogâmicos e, até, incestuosos. Lutas em torno de terras, bois e cavalos, orgulhos de avós.
Frederico Pernambucano de Mello, o autor de “Guerreiros do Sol”, em “Nota à Segunda Edição”, faz uma descrição sobre o cangaceirismo, cujos protagonistas, desde os períodos regencial, imperial e mesmo republicano, enveredaram no desesperado mito brasileiro do viver sem lei e sem rei, com cada homem podendo ser o rei de si mesmo, e ser feliz, de arma na mão, contra os valores da colonização europeia.
Nesse cenário nordestino de vida difícil, de paisagem cinzenta pela seca, do fatalismo religioso embrutecido, do misticismo, desde quando o homem foi empurrado da mata e da terra massapê para a caatinga e depois para o ciclo do gado, “o menino sertanejo muito cedo banha-se em sangue, ajudando o pai a sangrar o boi ou o bode para o preparo da carne-de-sol, cortando o pescoço do capão, da galinha, do peru, ou esfolando o mocó para a refeição imediata”.
Segundo Mello, “a cultura sertaneja abonava o cangaço, malgrado o caráter criminal declarado pelo oficialismo, com as populações indo ao extremo de torcer pela vitória dos grupos com os quais simpatizavam, quase como se dá hoje nos torneios entre clubes de futebol”.
Nesse quadro, entrava a literatura de cordel que se encarregava dessa celebração, capaz de atingir, com um João Calangro, Jesuíno Brilhante, um Viriato, um Guabiraba, um Rio Preto, um Cassimiro Honório, um André Tripa, um Vicente do Arraial, um Antônio Silvino, um Sinhô Pereira ou um Lampião, abrangência especial e intensidades difíceis de avaliar, tal o volume.
O autor da obra também se reporta aos cangaceiros artistas que faziam seus versos e modinhas populares, como o cantador Rio Preto, no final do século XIX, e o Sinhô Pereira, no início do século XX. Cita ainda José Baiano e Mourão, nos anos 30, e Jitirana nos anos finais, que dividiam a palma da composição e da execução musical no grupo do capitão Virgulino.

















