maio 2025
D S T Q Q S S
 123
45678910
11121314151617
18192021222324
25262728293031


Quem é este “Coronavid”? . Por Jeremias Macário

“ANDANÇAS” TAMBÉM É MÚSICA

Não são só causos, contos e histórias, numa mistura de ficção com realidade, o novo livro “Andanças”, do jornalista e escritor Jeremias Macário, também tem poemas, muitos dos quais começam a ser musicados por artistas locais e de outras paragens do Brasil, como de Fortaleza, no Ceará.

Do título “Na Espera da Graça”, que fala do homem nordestino que sempre vive a esperar por tempos melhores, o cantor, músico e compositor Walter Lajes extraiu de sua viola uma bela canção, numa parceria que fez com o autor, com apresentação em vários festivais.

O músico e compositor Papalo Monteiro se interessou por “Nas Ciladas da Lua Cheia”, uma letra forte que descreve os políticos na figura de bichos que, de quatro em quatro anos, aproveitam as eleições com promessas vãs para se elegerem.

Tem “O Balanço do Mar”, um xote que lembra passagens de nossas vidas, e “Lágrimas de Mariana”, um belo poema triste sobre a tragédia do rompimento da barragem da Samarco, lá em Mariana (MG), musicados e cantados pelo amigo parceiro Dorinho Chaves.

Lá de Fortaleza, Ceará, os companheiros Edilson Barros e Heriberto Silva realizaram uma parceria musical aproveitando a letra “A DOR DA FINITUDE”, que versa sobre um tema que pouca gente gosta de abordar, que é a morte, e filosofa que tudo passa, tudo muda e tudo se transforma. Outros poemas estão sendo trabalhados para entrarem no rol das letras musicadas, inclusive do novo livro “ANDANÇAS”.

Essa é uma parceria com o amigo poeta e músico, baiano de Alagoinhas, Antônio Dean, que há muitos anos reside em Campina Grande da Paraíba com sua família, fazendo sucessos e cantando com sua profunda voz, a cultura nordestina para todo o Brasil.

Conheça o Espaço Cultural “A Estrada”

Com 3.483 itens entre livros (1.099), vinis nacionais e internacionais (481), CDs (284), filmes em DVDs (209), peças artesanais (188) e 106 quadros fotográficos, dentre outros objetos, o “Espaço Cultural a Estrada” que está inserido no blog do mesmo nome tem história e um longo caminho que praticamente começou na década de 1970 quando iniciava minha carreira jornalística como repórter em Salvador.

espaco cultural a estrada (5)

Nos últimos anos o Espaço Cultural vem reunindo amigos artistas e outras personalidades do universo cultural de Vitória da Conquista em encontros colaborativos de saraus de cantorias, recitais poéticos e debates em diversas áreas do conhecimento. Nasceu eclético por iniciativa de um pequeno grupo que resolveu homenagear o vinil e saborear o vinho. Assim pintou o primeiro encontro do “Vinho Vinil” com o cantor e compositor Mano di Sousa, os fotógrafos José Carlos D`Almeida e José Silva entre outros convidados.

CLIQUE AQUI para saber mais sobre o espaço cultural de Jeremias Macário.

SE ENTRAR, NÃO COMA

Quem aqui já entrou num restaurante e pediu para visitar a cozinha antes de fazer sua refeição? É bom lembrar que o cliente, como consumidor, tem esse direito, mas ninguém exerce essa prerrogativa

– Aquele patrão da peste só faz nos explorar como escravo. Trabalho dez horas por dia numa cozinha apertada e suja, num calor horrível de pingar o suor. Faltam panelas, frigideiras e o fogão é acanhado e velho. Só tenho folga para almoçar.

O desabafo é da cozinheira Luzia com sua amiga Maria das Dores numa fila de ponto de ônibus que passou superlotado e nem parou. Elas moram no mesmo bairro, numa periferia e tem muitas coisas em comum, como trabalhar duro para criar os filhos que seus maridos são imprestáveis.

– Sei como é amiga, fui babá de um menino “capeta”, cheio dos gostos de uns grã-finos e comi o pão que o diabo amassou nas mãos deles. Agora estou sendo cuidadora de um idoso que sofre numa cadeira de rodas. Os filhos são ingratos e nem ligam para ele – disse “Das Dores”.

– Olha o nosso “buzú”, depois de uma hora de espera e lotado. Vamos penduradas nesse mesmo, no esfrega-esfrega dos tarados fazendo “terra” em nosso corpo, com caras de insolentes – falou Luzia para sua amiga.

Um ônibus que carrega gente é um laboratório de queixas e de pessoas esquisitas, uns até alegres e falantes que levam a vida numa boa, outros calados, roendo seus sofrimentos e mágoas. Os jovens modernos de hoje fingem que dormem e não dão mais assentos para os mais idosos.

É isso aí, mas nosso assunto mesmo é sobre as cozinhas de restaurantes e hotéis populares a médios, se bem que os mais sofisticados apresentam os mesmos problemas. Só têm fachadas de limpos. As cozinhas de hotéis ainda são piores e o trabalho é estafante.

A maioria deles é aquela sujeira e os cozinheiros (ras), lavadores de pratos (os plongeurs em francês), garçons e os que exercem outras funções auxiliares trabalham diariamente sobre pressão e vivem estressados para ganhar um salário mínimo ou pouco mais que isso, muitos até sem carteira assinada.

– Minha amiga, aquilo ali é um inferno e acontecem coisas horríveis, especialmente em termos de higiene. A geladeira é uma velha enferrujada, a fiação elétrica é solta e antiga, usam até alimentos enlatados vencidos.  Na parte de verduras, o dono, um careca gordo, pega os legumes numa xepa de feira livre – ia conversando Luzia com sua amiga de lutas para passar o tempo.

– O lavador de pratos é um bruto cavalo que xinga o dia todo e briga com todo mundo. Só sabe reclamar da vida. Às vezes chega bêbado e entorna o caldo. Fala palavrões e um dia até me chamou de gorda vagabunda.

Certa vez enxaguou o pano de prato numa sopa, para se vingar do patrão. Tem vez que deixa as louças gordurentas para lavar no outro dia. A gente convive com ratos e baratas. Ele consegue roubar comida dentro das calças e assim passa na revista.

“Das Dores” ia ouvindo tudo entre uma “arrumação de freio” e outra do motorista, também esgotado de tanto trabalhar e ouvir desaforos de passageiros, sem contar os assaltos sofridos com armas em sua cabeça.

Ela também contava suas lamentações e até se compadecia do sofrimento do velho, esquecido pelos filhos que só pensam em ganhar dinheiro, na ganância do ter e nem pensam na velhice do amanhã.

– Alguns aparecem lá no final de semana, mas demoram pouco tempo. O mundo hoje está virado, minha amiga! Antes os filhos zelavam de seus pais até o final da vida. Atualmente tratam como molambos. Coisa é quando têm bens para herdar, aí as brigas viram cenários de inferno e ocorre até mortes.

A grande maioria desses restaurantes da capital e cidades médias a grandes, como Vitória da Conquista, apresentam as mesmas cenas de horror, e a coisa engrossa em épocas de temporadas turísticas e festas de carnaval, caso de Salvador. O trabalhador (ora) é explorado, com jornadas estressantes e desumanas. Os clientes comem gato por lebre.

– Estou nessa amiga há mais de um ano porque não tem outro jeito. Sinto dores pelo corpo todo, falta de ar e pulmão poluído. Muitas vezes nem tenho vontade de comer quando vejo aquele piso nojento cheio de restos de alimentos – se queixava Luzia, enquanto chegava em casa morta de cansada e ainda com um monte de coisas para arrumar.

Alguém deve estar indagando sobre a fiscalização sanitária e trabalhista. Esquece isso no Brasil porque tudo não passa de um arremedo, do faz de conta que o sistema funciona. São poucos os fiscais e ainda existem muitos que aceitam aquele suborno e fazem vistas grossas.

Que se lasquem o trabalhador e o consumidor! Fim de papo, meu amigo e amiga. O restante da conversa é só você fazer suas deduções e tirar suas conclusões. O sistema é bruto e cruel. Quase ninguém se importa mesmo. Ninguém se interessa em ver como funciona uma cozinha. O negócio é comer e tomar umas, comemorar! O resto é papo furado.

 

ASSISTENCIALISMO “ENXUGA GELO”

Dia desse ouvi a entrevista de uma mulher rebatendo a crítica de que o assistencialismo praticado no Brasil através das doações de cestas básicas, bolsas famílias e outros programas semelhantes, não é uma ação de “enxuga gelo”, como muitos têm avaliado. Em sua concepção, dignifica e muda o ser humano.

Que me perdoem aqueles que concordam com a senhora, mas esse tipo de “caridade”, que já é secular no Brasil, sem priorizar acima de tudo a educação, só alimenta o comodismo, a alienação e não faz a pessoa mudar de nível econômico e social. Não basta somente matar a fome e encher a barriga se o beneficiário permanece na mesma pobreza e não progride.

De um modo geral, os cidadãos que dependem da ajuda assistencialista dos governantes não são incentivados e estimulados a saírem daquela dependência, e essa política eleitoreira não oferece outros meios para a família viver por sua própria conta, o que seria sim, dar dignidade humana.

Por outro lado, a grande maioria, por ignorância e falta de educação, termina se anulando e acha que sua vida não tem mais perspectiva de crescimento. Outros se servem das doações como se fossem drogas por saberem que sempre terão suas dosagens certas, resolvendo viver assim.

Esses programas sociais do governo, inclusive de cotas, sempre foram vistos como de linha progressista de esquerda, e quem não concorda com isso, é duramente criticado como direitista. O maior paradoxo nisso tudo é que políticos de direita também passaram a adotar esse esquema em seus governos e, nem por isso, são considerados como esquerdistas.

Vou apenas citar um exemplo que ocorre em Vitória da Conquista onde a prefeita Sheila Lemos, filiada a um partido de direita, o União Brasil, tem o assistencialismo como uma de suas prioridades de governo, seguindo o caminho da sua mãe quando foi vereadora e vice-prefeita.

Existe em Conquista um abrigo com capacidade para 30 pessoas entre mulheres e homens, que acolhe moradores de rua e andarilhos de passagem pela cidade. Além da dormida, oferece café da manhã, jantar e lanche à noite. Existe uma regra onde a pessoa pode utilizar o local por 30 dias e mais outro período igual após 30 dias fora.

Uma boa parte desses abrigados recebe o dinheiro do Bolsa Família do governo federal e gasta todo em bebidas, jogos e até em festas. Tem gente (não são todos) que pega até empréstimo consignado para esses gastos, inclusive para comprar drogas.

Pelo acolhimento que têm, muitos chegam a dizer que o abrigo de Conquista é o melhor do Brasil. Além desse estabelecimento, existe outro que serve almoço e outros serviços ao desabrigado, sem contar a Casa do Andarilho que recebe recursos administrativos do poder público.

Nem chame uma pessoa dessa para trabalhar que ela não aceita. Esse tipo de política assistencialista – a não ser que tenha outro nome – dignifica e muda o ser humano? Esse pessoal que chega aqui roda o Brasil todo e muitos reaparecem tempos depois na mesma situação de pobreza e miséria.

Não dá para entender essa política (são gastos milhões e até bilhões de reais por ano) quando a educação e a saúde vivem com um cobertor curto e limitado para dar mais aprendizado e atendimento médico. Nem é preciso falar da situação precária das unidades de saúde e das escolas, não somente em Vitória da Conquista, porque todos conhecem muito bem.

 

O LEÃO POBRE E O IMPERIAL REI

Histerias, gritos, choros, pulos, exaltações, delírios e correrias nas ruas de Roma e na Praça do Vaticano, numa profusão de emoções, todos como súditos fiéis misturados em nacionalidades diferentes para verem o novo Papa Leão XIV, cujo nome simboliza rei e poder.

Os termos e as imagens televisivas nos dão a impressão de que entramos no túnel do tempo da idade média imperial dos reis que apareciam da sacada de seus palácios para saudar seus plebeus e por eles ser idolatrado como um enviado de Deus.

As pessoas ficam tão empolgadas, muitas por ignorância e outras por viverem numa época tão conturbada, desumana e sem esperanças, que acham que o novo papa vai acabar com as guerras, com a violência e os conflitos humanos.

Em muitas civilizações, todos faziam reverências e se ajoelhavam diante da sua majestade “divina”. Não foi o caso, mas só faltou esse gesto da multidão eufórica durante os três atos da fumaça branca, do habemus papam e da aparição do escolhido (Pai, Filho e Espirito Santo) pelo conclave (sem chaves) dos velhos cardeais.

Após ser indicado, o cardeal decano indaga “quo nomine vis vocari”? Robert Francis Prevost respondeu Leão XIV, em admiração ou vontade de ruptura com o seu predecessor Leão XIII, agostiniano que esteve à frente da Igreja Católica por 25 anos, entre 1878 a 1903.

O nome Leão, que em latim significa Leo e em italiano Leone, compreende rei, poder e aquele que governa sobre os outros. Na Bíblia, Leão de Judá seria o Messias Salvador que unificaria todas as nações. Leão I, o Grande, governou nos anos 440 a 461. Ele foi um defensor das doutrinas cristãs durante as invasões bárbaras e teve um encontro com Átila, o Huno, e convenceu o líder tirano a poupar Roma.

O Leão XIII, o italiano Vicenzo Giocchiino Rffaele Luig, para quem ainda não sabe, apoiou o fim da escravidão no Brasil e tinha um forte compromisso com os desafios do mundo moderno pós revolução industrial. Morreu com 93 anos e foi o segundo mais velho da história papal. Seu reinado foi o quarto mais longevo.

Conta que Leão XIII certa feita foi acometido de visões de espíritos demoníacos do satanás, reunidos sobre Roma que prometiam destruir a Igreja e levar o mundo ao inferno. Esses espíritos teriam desafiado Deus a recuar por 100 anos. Foi então que Leão XIII criou a oração de São Miguel Arcanjo para espantar os demônios. Dizem que essa oração defende as almas das forças malignas.

O nosso Leão XIV pertence à Ordem de Santo Agostinho, um grande filósofo e teólogo da Igreja que nasceu em Togasto, na Argélia, em 354 e morreu em 430. Santo Agostinho é padroeiro dos cervejeiros, impressores e teólogos. Foi doutor da Igreja pelo Papa Bonifácio VIII, em 1298. Durante sua vida monástica, escreveu “Confissões”, “A Cidade de Deus”, dentre outras obras doutrinárias. Seu dia é comemorado em 28 de agosto.

Essa Ordem foi criada em 1244 pelo Papa Inocêncio IV (1195-1254). Eram frades medicantes que fizeram votos de pobreza e sobreviviam de doações. A Ordem segue a linha de pensamento de Santo Agostinho e se dedica às orações e aos estudos. Ela está presente em 50 países e conta com cerca de dois mil religiosos.

Bem, o novo papa começou seu discurso, em sua primeira homilia, defendendo uma Igreja aberta para os pobres e trabalhadores, contra as injustiças sociais e rogando pela paz no mundo.  Nos tempos modernos de hoje, essas posições, além da defesa do meio ambiente, não mais bastam para caracterizá-lo como um progressista.

Com esses pontos de vista e pelo seu perfil, o Leão XIV deverá prosseguir na caminhada do Papa Francisco, mas, no sentido interno dos dogmas da Igreja, entendo que será um moderado, mais de viés conservador e até linha dura em determinadas questões no que se refere a mulher e aos grupos LGBTS.

Não devemos esperar muito do Papa Leão XIV quanto a uma maior abertura e diálogo da Igreja com esses gêneros nos quesitos casamento gay e até na elevação feminina ao sacerdócio, como vinha ensaiando o Papa Francisco, mesmo sofrendo resistência dos conservadores. Será um papa fechado nessas relações mais complexas onde a Igreja ainda permanece arcaica e distante das mudanças do mundo atual.

A MOÇA DA LOJA DE DISCOS

(Chico Ribeiro Neto)

Atendimento em Salvador é uma barra, seja em restaurante, bar, armarinho, shopping, barraca de praia, pizzaria ou açougue. “O pessoal pensa que tá fazendo favor em atender a gente” – comungo dessa opinião juntamente com milhares de pessoas que moram em Salvador, sejam baianos ou não.

Se é no supermercado, você já está cansado na fila e, quando chega a sua hora, a mulher do caixa para pra bater papo com a colega vizinha e você fica ainda mais aporrinhado porque vai ter que, você mesmo, empacotar suas compras nuns saquinhos que cada vez rasgam mais facilmente.

Se é no banco, dos 12 caixas existentes, somente quatro estão funcionando. Se é numa repartição onde você procura resolver um problema, tem quatro mulheres conversando e uma diz: “Aguarde aí por favor, viu, meu senhor, que o encarregado já vem”.

Saber vender é uma arte. Quantas vezes, quando você é bem atendido, entra numa loja pra comprar um sapato e acaba levando uma calça também, graças à boa vontade e ao interesse de servir do vendedor? Quem já conheceu outras capitais sabe que Salvador é um dos piores lugares do Brasil em matéria de atendimento.

Você chega numa lanchonete e pede um sanduíche de queijo. O sujeito diz que não tem queijo, você pede de presunto e ele diz que só sai pão com ovo. Aí você se conforma com o pão com ovo mesmo e pede um suco de laranja, que não tem. Abacaxi também não, nem mamão com leite. “Só sai de melão”, diz o vendedor cujo guarda-pó não tem mais um botão.

Foi por tudo isso que fiquei surpreso ao ver uma vendedora numa loja de discos do Shopping Iguatemi. Ela dançava o tempo todo enquanto atendia às pessoas. E cantava também. Demorei alguns minutos na loja mexendo nuns discos enquanto observava aquela morena magra cujo salário não deve ser lá grande coisa, mas o prazer no trabalho morava naquela moça. Era realmente encantador vê-la ali, colocando discos ou separando fitas, sem parar de dançar e também cantando, pois a feliz rotina já lhe ensinou todas as letras das músicas.

Ela me lembrou a história que um amigo do meu pai contava antigamente. Na Cidade Baixa, no Comércio, havia sempre muita gente pra lanchar por volta das 10 horas. Numa pequena lanchonete, quatro empregados trabalhavam espremidos, mas atendiam a todos com uma presteza incrível. Sobre o balcão ficava uma caixa de sapatos para quem quisesse colocar gorjeta. Os empregados estavam no liquidificador, cortando queijo ou pegando uma coxinha, mas sempre de olho na caixa; quando um deles via alguém depositando uma gorjeta gritava em cima: “Caixinha pingou”, e os outros três respondiam na ponta da língua: “Obrigado sinhô”. Tempos de um bom atendimento.

(Crônica publicada no jornal A Tarde em 29/7/1992)

(Veja crônicas anteriores em leiamaisba.com.br)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A

CENAS DAS SECAS

Em minha carreira de cobertura jornalística, muitos fatos me marcaram, mas as cenas das secas por esse sertão sofrido do homem do campo foram as que mais me sensibilizaram. Vez ou outra costumo dar uma espiada em meu computador e lá estão as matérias e as fotografias que me fazem reavivar as lembranças dos tempos em que comia poeira por esse agreste ao lado do meu companheiro repórter fotográfico José Silva. Recordo dessa foto registrada pelas minhas lentes por aquelas bandas da região de Jânio Quadros em plena sequidão de um sol inclemente que castigava as plantações e deixava os tanques e barreiros sem água para o consumo humano e dos animais que lambiam o tacho de lama. Era triste e, ao mesmo tempo, agradável conversar com o sertanejo simples e forte que nunca perdia a fé e as esperanças. A nossa missão era retratar a realidade e mostrar aos governantes a situação de penúria do lavrador que passava um tempo plantando e colhendo e outro a olhar para os céus e rogar a Deus pelo socorro. Lembro muito tempo dos carros-pipas cortando as estradas poeirentas (ainda perduram) que eram e ainda são utilizados como política eleitoreira. Quase nada mudou depois de mais de 20 anos para cá. Apertava nas tintas para dar voz ao clamor do sertanejo quando batiam as estiagens que deixavam feridas abertas no chão.

A TARDE FRIA

Poema de Fernanda Quadros, extraído do livro “Vozes que Ecoam na Joia do Sertão Baiano”, coletânea organizada pelas poetisas Chirles Oliveira e Ybeane Moreira.

Tardes arrastadas de ausência

Horas que teimam em não passar

Apertando a saudade

No peito frio.

 

Respiro

Olho a janela

O movimento do tempo.

 

Correndo a desbotar as cores

A espera da noite

Escura,

Trazendo você.

 

FASCISTA SÓBRIO E COMUNISTA BÊBADO

Início dos anos 60 do século passado, época da efervescência cultural onde se lia a perder de vista e se discutia de tudo numa pensão pobre, tipo cortiço, situada num velho casarão de Salvador nas imediações do Pelourinho deteriorado, cheio de putas, ratos e malandros. Naquele antro de perdição, estudantes, desempregados, ambulantes e até cafetões se misturavam na mesma igualdade social e racial.

As figuras mais bizarras e folclóricas pareciam sair dos livros de George Orwell, Jorge Amado, Aluísio Azevedo e dos filmes do Cinema Novo de Roberto Pires, Nelson Pereira dos Santos, Alex Viany, Rodolfo Nanni e Glauber Rocha, nosso baiano conquistense. Dia sim e dia não surgiam brigas de “arranca rabo” e a dona, uma ex-cafetina de bordel, colocava moral na bagunça, quer dizer, mais ou menos.

As noites eram um fuzuê danado no bar do “Zeca Molhado”, e o que mais saia era o chamado cravinho, a cachaça misturada porque a cerveja ficava mais cara e demorava de embebedar. Era um puteiro só e as mulheres entravam na roda das conversas que mais rolavam sobre os movimentos das reformas de base do Governo João Goulart com os sindicatos.

O Brasil estava fervendo literalmente com as greves camponesas de Francisco Julião, as manifestações dos trabalhadores nas portas das fábricas, as revoltas dos marinheiros, os rompantes políticos de Miguel Arraes, em Pernambuco, e Leonel Brizola, no Rio Grande do Sul.

Quem destoava e desafinava do ritmo musical revolucionário era o oportunista de direita Carlos Lacerda, lá na Guanabara. Sem o celular na mão e essas coisas novas das tecnologias das redes socais, o que mais se fazia naqueles tempos era ler, estudar, questionar, protestar e pesquisar. O país estava pegando fogo, como no pensionato dos malucos, a maioria de duros ou lisos de grana, que vivia de bicos e malandragens.

Na turma dos mulambados, sem eira nem beira, que participava das passeatas do Terreiro, da Rua Chile, avenidas Sete de Setembro e Carlos Gomes, sem falar no Campo Grande, existia um sujeito franzino nordestino de altura mediana e cabeça grande que chamava a atenção pelo seu comportamento estranho, um tanto incoerente e paradoxal. Seu apelido era “Quinta Coluna”.

Outra personalidade exótica era um grandalhão negro musculoso que passava quase todo dia na cama, ora na fossa existencial de Sartre, ora vomitando suas teorias mirabolantes de conspirações de jogar bombas em Brasília. Poderia ser classificado como um terrorista se morasse nos Estados Unidos.

Ele tinha uma amante por nome “Navalha” de coxas grossas e rabo exuberante que sempre passava por lá e fazia aquele alvoroço na rapaziada que não podia ver uma mulher, de tanto tempo que ficava seco sem pegar uma para trocar o óleo. Alguns se viravam como podiam, na base da cultura do jeitinho brasileiro.

“Quinta Coluna” era nossa maior diversão e até “tombamos” o sujeito como patrimônio cultural baiano material e imaterial.  Quando estava sóbrio era um fascista patriota, de raízes nacionalistas, que falava de Mussolini, dos integralistas de Plínio Salgado e admirava os discursos dilacerantes do Lacerda. Era como o gay de armário que quando começa a tomar umas, mostra o seu outro lado frescalhado e a rebolar os quadris.

Às vezes, as discussões terminavam em porrada e tinha um radical de esquerda que arrastava o “Quinta Coluna” até a porta da pensão e o empurrava na rua das prostitutas. Depois de um tempo ele voltava mais manso, calado e se encostava lá num canto.

O pessoal, no entanto, preservava o cabra porque, afinal de contas, era um folclore ideológico, tipo vira folha, uma metamorfose ambulante ao pé da letra. Era só encher a cara de bebida e depois de umas biritas brabas, o fascista virava a casaca, fechava seu punho de valente e começava a fazer discursos comunistas.

Subia nas mesas e, com seu berro forte na garganta, criticava a burguesia, os capitalistas exploradores do trabalho humano; incitava as massas e pregava o marxismo da luta de classe.  Metia o pau na religião, dizendo ser o “ópio do povo”.

O socialismo era sua bandeira de saída para uma humanidade mais digna e justa. Lenin, Stalin e Mao Tsé-Tung eram seus heróis revolucionários. Não demorava muito e soltava seus bordões de “povo unido, jamais será vencido! ”, “Operários do mundo, uni-vos! ”. Às vezes, cantava e declamava a Internacional Socialista.

A impressão era que ele incorporava o espírito de um grande intelectual filósofo socialista científico do passado, como o Friedrich Engels, a polonesa-alemã marxista Rosa Luxemburgo, Antônio Gramsci ou Gyorgy Lukacs. Citava até o anarquista francês Prudhon.

O cara virava uma fera, só que depois de sóbrio ficava uma besta quadrada nazifascista. Cada um fazia uma vaquinha para pagar sua bebida e ver o “Quinta Coluna” comunista de primeira rasgar o verbo contra as elites e os capitalistas. Todo mundo fazia uma roda, gritava, animava-o e metia mais pinga quente em sua goela.

Só que “Quinta Coluna” se lascou e se ferrou quando entrou a ditadura civil-militar de 1964. Naquela época começou a aparecer agentes federais por toda parte. Eram os Comandos de Caça aos Comunistas. Numa dessas suas bebedeiras de comunista, a federal levou nosso patrimônio para o porão do Doi-Codi e deixou o “Quinta Coluna” moído de tanta tortura.

Depois de sóbrio, o moço lá estava em frente do inspetor carrasco, apoiando o regime, elogiando o patriotismo e batendo no peito que era um deles. A princípio, o capitão da ditadura não acreditou no que viu, mas depois de umas duas ou mais passagens pela cadeia, deixaram ele para lá, só que davam uns tabefes e mandavam ir embora.

Investigaram que o nordestino não participava de nenhuma organização comunista, nem de grupo subversivo. Era um inofensivo ao regime. Com esse esquema, o “Quinta Coluna” era o único cidadão brasileiro daquela época com liberdade de ser comunista e meter o pau na burguesia, pelo menos nas bebedeiras. Vez ou outra ia para o xilindró e depois soltavam.

 

O FATÍDICO DIA SEIS DE MAIO QUE CASSOU VITÓRIA DA CONQUISTA EM 64

Naquela manhã frienta de seis de maio de 1964 os conquistenses acordaram com um pressentimento diferente em seus corações. A neblina deslizava como fumaça caída da Serra do Periperi e invadia as principais ruas e periferias da cidade. Esparramava seus fios finos no horizonte entre o Parque de Exposições; na final da Avenida Getúlio Vargas, em direção à Barra do Choça; no ponto do “Gancho” da zona sul, que leva à Itambé; e abraçava o outro lado oeste, na “Boca do Sertão”, com destino a Anagé e Brumado.

A abertura deste texto está no capítulo “O Cerco dos Fuzis na Terra do Frio”, extraído do livro “Uma Conquista Cassada”, do escritor e jornalista Jeremias Macário, que relata o fato histórico, infelizmente esquecido pelos conquistenses, sobre como se deu, logo no início, o desdobramento da ditadura civil-militar- burguesa de 1964, culminando com a cassação do prefeito José Pedral Sampaio, eleito pelo povo, em 1962.

O impedimento arbitrário de Pedral, com a força das armas, na 30ª sessão extraordinária da Câmara Municipal de Vereadores, que está completando 61 anos, interrompeu o avanço econômico e social de Conquista, naquela época com 45 a 50 mil habitantes na zona urbana.  Contra a oligarquia de Gerson Salles e os poderosos da cidade, Pedral venceu Jesus Gomes e se tornou no prefeito mais jovem e popular de Vitória da Conquista.

Logo cedo a cidade foi invadida pelos coturnos da tropa de 100 homens comandados pelo capitão Bendock e cobertura do sargento José Antônio de Oliveira Salles que tomaram o centro da Praça Barão do Rio Branco e suas imediações, como Praça Tancredo Neves (Jardim das Borboletas), Sá Nunes (Clube Social) e transversais Alameda Ramiro Santos (Beco Chico Piloto), Lima Guerra (Beco da Tesoura), Ernesto Dantas (Beco Sujo), Avenida Siqueira Campos (Beco da Moranga), Rua das Sete Casas (Fórum João Mangabeira), Laudicéia Gusmão (Rua do Cobertor), Rua Dois de Julho (Rua da Vagem), Góes Calmon (Rua das Flores) e João Pessoa (Rua da Boiada).

O agente da ditadura já tinha os nomes dos ditos “comunistas e subversivos”, muitos dos quais apontados pelos opositores, com respaldo do jornal “O Sertanejo”, que perderam as eleições e queriam o revanchismo. Era chegada a hora da vingança, e o prefeito, que apoiou a campanha pela legalidade pela posse do vice-presidente João Goulart (1961), liderada por Leonel Brizola, governador do Rio Grande do Sul, era a peça fundamental.

Logo após a prisão do chefe do executivo, em frente ao Clube Social, quando pela manhã se dirigia ao seu trabalho na Prefeitura Municipal, o capitão e seus coligados apoiadores do regime ditatorial convocaram uma sessão extraordinária dos vereadores, com a finalidade única de cassar o mandato democrático de Pedral, considerado como comunista. A Câmara foi cercada pelos soldados e os parlamentares foram forçados a destituir o chefe do governo. Orlando Leite foi indicado como substituto. Simbolicamente, todo povo de Vitória da Conquista foi cassado e amordaçado.

Outros fatos ocorreram antes, no seis de maio e depois, com várias prisões de companheiros que defendiam a liberdade e um governo progressista, inclusive aconteceu o “suicídio” do vereador Péricles Gusmão, no 9º Batalhão da Polícia Militar. O professor Públio de Castro foi outro visado que mais permaneceu preso em Salvador, cerca de nove meses. Ao todo foram aproximadamente 100 detidos, vistos como inimigos do regime militar.

Todos os fatos históricos que marcaram o fatídico seis de maio estão no livro “Uma Conquista Cassada – cerco e fuzil na cidade do frio”, com detalhes sobre o antes e após o golpe de 64 em pleno período da Guerra Fria entre Estados Unidos e a União Soviética. Era o mundo capitalista contra o socialismo das revoluções russa (1917), chinesa (1949) e a cubana (1954). A obra foca a ditadura em Conquista, mas faz uma contextualização do regime opressor dos generais na Bahia, no Brasil e na América Latina.

O mais lamentável é que esse seis de maio em Vitória da Conquista caiu no esquecimento quase que total, só lembrado por alguns artistas, professores, intelectuais e os da velha geração. O assunto nem é debatido nas escolas entre os nossos jovens. O pior ainda é que a Câmara de Vereadores, que foi obrigada a se curvar e cassar o prefeito Pedral, não faz menção e não registra esse episódio opressivo sofrido pelo município.

Essa perda da nossa memória tem levado os extremistas de direita a irem para as ruas pedir uma intervenção militar, o que significa uma nova ditadura e derrubada da democracia, como ocorreu em oito de janeiro de 2023, em Brasília, com a invasão dos três poderes e até ameaças de assassinato do presidente, do seu vice e de um ministro do Supremo Tribunal Federal. Como as feridas continuam abertas e os torturadores da ditadura não foram punidos, um bando de traidores da pátria pedem anistia aos golpistas.

 

 

 

 

O CORONEL QUE TENTA SE REDIMIR DO SEU PASSADO MALFEITOR

Como nos tempos antigos das fábulas do lobo mal e estórias de monstros, princesas e reis tiranas, era uma vez um coronel todo poderoso que criou um império com suas negociatas escusas e com capital estrangeiro. Se achava dono do reino, manipulador; excluía as minorias; era homofóbico e racista; nasceu com seu DNA elitista; e derrubava e elegia até governantes.

Durante muito tempo manteve-se em seu pedestal com força maior e sempre passou a imagem de temeroso com suas artimanhas. Logo no início do seu reinado apoiou a ditadura civil-militar-burguesa e perseguiu governantes e candidatos que não comungava de seus ideais direitistas. Em suas empresas, raramente admitia negros e quando contratava colocava-os em cargos inferiores de baixo nível.

Os tempos foram passando e o coronel foi sendo cada vez mais odiado, isolado e contestado por suas ações através de movimentos de cunho social, numa luta de igualdade racial e de gênero. Seu império foi enfraquecendo, sendo minado e corria a notícia que ele estava entrando em falência, cheio de dívidas. Os protestos começaram a brotar em sua porta.

Para recuperar sua reputação perdida e sua decadência, o coronel passou a pedir perdão pelos seus pecados, se redimir da sua arrogância e preconceitos e se aproximar daqueles que tanto foram menosprezados por ele. Passou do seu comportamento de malvadeza para bondade e ternura, tudo para angariar simpatia e adesões.

Depois de tanto tempo praticando discriminações com suas intenções tendenciosas de massacrar os mais fracos, com seu falso moralismo, agora ele resolveu escancarar suas portas para os negros, LGBTs e outras categorias desprezadas, dando uma de santo de pau oco.

– Me engana que eu gosto, quem te viu, quem te vê, só te compra quem não te conhece – disse um amigo meu em referência às suas mudanças. Sua dissimulação não me convence – desabafou, acrescentando que nosso povo é desmemoriado, esquece do passado e se engana com as falsas remissões.

Concordei com seu pensar e sua reflexão racional das coisas, virtudes essas escassas em nossa gente sofrida, submissa, inculta e que se contenta com pouca coisa. De uma forma dissimulada, esse coronel continua explorador, tendencioso e nunca deixou seu DNA elitista burguês.

Esse coronel astuto ainda conserva seus métodos de dominação, mas agora de forma mais sofisticada, de maneira que os excluídos de ontem se sintam acolhidos hoje, mesmo sendo utilizados como massa de manobra para sua capitalização. Com seus métodos enganosos, ele produz cenas esdrúxulas e grotescas.

Com sua esperteza, o coronel do tronco e da chibata, acha que todo mundo é besta, idiota e imbecil que engole suas trapaças. Agora trata os negros dando suas merrecas como se fosse um defensor da raça e aí comete as maiores incoerências e paradoxos.

Nunca deixou sua mania de defender apenas seus próprios interesses quando sente que seu império está sendo ameaçado. Passa por cima dos outros de qualquer forma e mantém suas táticas monopolistas. Mesmo com suas mentiras e falsidades, ele confia em seu reinado, adotando a máxima de que, quem tem fama dorme na cama. O que seria dos sabidos se não fossem os tolos?

 

 

 

UM CAMPEONATO DEFICITÁRIO

Carlos González – jornalista

Mais uma vez faltou senso prático à Federação Baiana de Futebol (FBF) ao organizar o campeonato estadual da série “B” – edição 2025, expondo seus filiados a perdas financeiras. Sem uma campanha de divulgação, culpa dividida com a imprensa esportiva, a entidade programou a primeira rodada para a tarde de um dia útil (30 de abril), em vez de utilizar o feriado do 1º de maio. O resultado não podia ser outro: arquibancadas vazias e despesas para os clubes mandantes.

Ao se transferir para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em 2021, Ednaldo Rodrigues deixou a presidência da FBF para o seu vice Ricardo Nonato de Lima, que está no segundo mandato, dando a entender que vai seguir a carreira do seu antecessor, ingressando numa enorme relação de cartolas vitalícios do esporte no Brasil..

Torcedor do Flamengo e do Vitória da Bahia, Naldinho, como era conhecido no futebol da várzea em Vitória da Conquista, durante 17 anos (2001 a 2018), um dos andares do antigo prédio da Secretaria de Agricultura, cedido pelo ex-governador Antônio Carlos Magalhães, na praça Castro Alves, em Salvador. Nesse período, o Vitória ganhou 11 títulos estaduais, o Bahia cinco e o Bahia de Feira um.

A FBF concede apenas um período de três meses (30 de abril a 27 de julho) para a disputa da série “B”. Entre os dez participantes paira um silêncio a respeito do vínculo empregatício entre empregadores (clubes) e empregados (jogadores, comissões técnica e médica). Ypiranga e Conquista, beneficiados pela lei de incentivo ao esporte de base do governo federal, estão utilizando atletas do elenco sub 20. Entre os 12 patrocinadores do Conquista observa-se a ausência da Prefeitura Municipal.

Vale ressaltar que essa ajuda governamental (captação de recursos junto a empresas e pessoas físicas com impostos a pagar à Receita Federal) nada tem a ver com o acordo fechado, inicialmente por dez anos, entre o Ypiranga e a Squadra Sports, uma “holding” nacional criada pelo empresário baiano Guilherme Bellintani, ex-presidente do Bahia, padronizada na SAF administrada pelo City. O ex-dirigente tricolor revela que tem “planos ambiciosos” para o auri-negro de Salvador.

Além de cinco campeões baianos (Ypiranga, Galícia, Leônico, Fluminense e Bahia de Feira), a série “B” conta com Teixeira de Freitas, Salvador, Grapiúna (Itabuna), Conquista e Itabuna. Os quatro primeiros colocados da fase inicial disputam as semifinais para escolha dos dois finalistas, que sobem para o grupo de elite em 2026. Os dois últimos caem no esquecimento, porque a FBF não conseguiu formar uma terceira divisão por falta de candidatos.

Com exceção dos representantes de Feira e de Conquista, os demais clubes não dispõem de estádios em suas cidades de origem. O governo do Estado não se manifestou sobre a cessão de Pituaçu como mando de campo de Ypiranga, Leônico e Salvador. Os clubes “ciganos” vão ter que viajar todas as semanas por via rodoviária, atuando inclusive em Jequié e Alagoinhas. Até momento a FBF só divulgou a programação completa das duas primeiras rodadas.

Depois de empatar com o Ypiranga na primeira rodada, o Conquista jogará amanhã, às 15 horas, contra o Fluminense, em Feira, com transmissão da TVE. Próximos jogos no Lomanto Júnior:17 ou 18 de maio – Grapiúna; 31 de maio ou 1º de junho – Salvador; 29 de junho – Leônico. Partidas fora de casa: 10 ou 11 de maio – Itabuna; 24 ou 25 de maio – Teixeira de Freitas; 7 ou 8 de junho – Bahia de Feira; 14 ou 15 de junho – Galícia. As semifinais estão marcadas para 5 ou 6 de julho e 12 ou 13 do mesmo mês, e as finais para 20 e 27 de julho.

O Regulamento não explica se as despesas de viagem, hospedagem e alimentação serão da reponsabilidade dos clubes visitantes ou da FBF. Está escrito que os participantes do campeonato vão arcar com os gastos financeiros na aquisição de sete bolas, pagamento de seis gandulas, de aluguel de ambulância, com médico e dois enfermeiros; com serviço de alto-falante; cotas e despesas com arbitragem quando a renda da bilheteria for insuficiente. Depois da divisão do dinheiro não vai sobrar nem um centavo para pagar o lanche dos policiais.

No artigo 35 há um parágrafo interessante: se um jogo for programado para o turno da manhã e a temperatura passar dos 28 graus, o árbitro determinará a complementação para o dia seguinte.

O Regulamento estabelece que os espaços livres em volta dos campos sejam destinados à colocação de placas de publicidade das empresas patrocinadoras do campeonato. Também não há definição sobre a divisão dos valores do direito de imagem, que serão pagos pela TVE e pela TV do Zé (youtube).

Com relação ao Conquista, não se observa movimentação de torcedores na cidade, cujo futebol – o esporte, de um modo geral – é uma permanente ausência, assim como a cultura, o entretenimento e o turismo. São admiradores – vira-latas, como diria o escritor e jornalista Nélson Rodrigues – do Flamengo.

 

 





WebtivaHOSTING // webtiva.com . Webdesign da Bahia