“ANDANÇAS” TAMBÉM É MÚSICA
Não são só causos, contos e histórias, numa mistura de ficção com realidade, o novo livro “Andanças”, do jornalista e escritor Jeremias Macário, também tem poemas, muitos dos quais começam a ser musicados por artistas locais e de outras paragens do Brasil, como de Fortaleza, no Ceará.
Do título “Na Espera da Graça”, que fala do homem nordestino que sempre vive a esperar por tempos melhores, o cantor, músico e compositor Walter Lajes extraiu de sua viola uma bela canção, numa parceria que fez com o autor, com apresentação em vários festivais.
O músico e compositor Papalo Monteiro se interessou por “Nas Ciladas da Lua Cheia”, uma letra forte que descreve os políticos na figura de bichos que, de quatro em quatro anos, aproveitam as eleições com promessas vãs para se elegerem.
Tem “O Balanço do Mar”, um xote que lembra passagens de nossas vidas, e “Lágrimas de Mariana”, um belo poema triste sobre a tragédia do rompimento da barragem da Samarco, lá em Mariana (MG), musicados e cantados pelo amigo parceiro Dorinho Chaves.
Lá de Fortaleza, Ceará, os companheiros Edilson Barros e Heriberto Silva realizaram uma parceria musical aproveitando a letra “A DOR DA FINITUDE”, que versa sobre um tema que pouca gente gosta de abordar, que é a morte, e filosofa que tudo passa, tudo muda e tudo se transforma. Outros poemas estão sendo trabalhados para entrarem no rol das letras musicadas, inclusive do novo livro “ANDANÇAS”.
Essa é uma parceria com o amigo poeta e músico, baiano de Alagoinhas, Antônio Dean, que há muitos anos reside em Campina Grande da Paraíba com sua família, fazendo sucessos e cantando com sua profunda voz, a cultura nordestina para todo o Brasil.
Conheça o Espaço Cultural “A Estrada”
Com 3.483 itens entre livros (1.099), vinis nacionais e internacionais (481), CDs (284), filmes em DVDs (209), peças artesanais (188) e 106 quadros fotográficos, dentre outros objetos, o “Espaço Cultural a Estrada” que está inserido no blog do mesmo nome tem história e um longo caminho que praticamente começou na década de 1970 quando iniciava minha carreira jornalística como repórter em Salvador.
Nos últimos anos o Espaço Cultural vem reunindo amigos artistas e outras personalidades do universo cultural de Vitória da Conquista em encontros colaborativos de saraus de cantorias, recitais poéticos e debates em diversas áreas do conhecimento. Nasceu eclético por iniciativa de um pequeno grupo que resolveu homenagear o vinil e saborear o vinho. Assim pintou o primeiro encontro do “Vinho Vinil” com o cantor e compositor Mano di Sousa, os fotógrafos José Carlos D`Almeida e José Silva entre outros convidados.
CLIQUE AQUI para saber mais sobre o espaço cultural de Jeremias Macário.
DEIXEI ESCAPAR UM “FURO” MUNDIAL
(Chico Ribeiro Neto)
Chefe de Reportagem ouve de tudo. Já ouvi muita loucura e mentira do público quando exerci esse cargo no jornal A Tarde por alguns anos, a partir de 1988.
Junto à baiana de acarajé costuma-se falar de tudo: do calor, da política e do sexo. Redação de jornal é também um grande tabuleiro.
Uma vez, não sei como ela passou pela portaria, mas uma mulher chegou até a minha mesa e disparou:
– Quero botar no jornal que eu transei com Jorge Amado.
– O quê?
– É isso mesmo. Quero que o senhor escreva aí que eu fiz amor com Jorge Amado.
– Mas eu não posso publicar isso.
– Não pode por que? Preciso botar isso no jornal (e começou a ficar agitada. Segundo ela, não foi assédio, foi relação consensual, mas ela queria divulgar. Vi que ela não girava bem e precisava achar um jeito de dispensá-la. “Para um maluco, só outro”, diziam os antigos).
– Senhora, tudo bem. Agora eu vou ter que ouvir Jorge Amado sobre isso.
– Não precisa, não.
– Precisa, sim. No jornalismo a gente tem sempre que ouvir os dois lados. Mas tem outra coisa.
– O que é?
– A senhora transou com o autor de “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, um homem conhecido no mundo todo. Isso não é pra qualquer mulher. Deve ter sido um momento muito íntimo, muito bom, e por que é que todo mundo precisa ficar sabendo disso? Há coisas tão especiais que merecem ficar reservadas lá no fundo do coração, só pra nós, coisa muito preciosa. Acho que isso devia ficar só pra senhora. (E a nervosa amante acabou se convencendo).
– Pois é, pensando bem, acho que o senhor tem razão. (E foi embora, para meu alívio).
Quando vale uma boa ideia? Difícil precisar. Veja essa outra ligação que recebi:
– É do jornal A Tarde?
– É, sim.
– Quanto vocês pagam por uma boa ideia?
– Depende. Você manda sua ideia, a gente analisa e, se o jornal gostar, compra.
– Aonde!!! Depois o jornal fica com a minha ideia e não me paga. (Desligou).
Nesse tempo, chefe de Reportagem tinha que trabalhar de manhã e voltar às 18 horas para identificar as fotos e ver outras providências. O jornal ainda não tinha o Editor de Fotografia. Um dia, o negócio pegou – em jornal só se sabe a hora em que você entra – e precisei ficar até 22 horas. Comecei a fechar as gavetas quando o telefone tocou e entrou uma voz em portunhol:
– Boa noite, é do jornal A Tarde?
– É, sim.
– Eu tenho um projeto que pode mudar os destinos do mundo. O senhor pode ouvir?
Morrendo de sono, doido pra ir pra casa e ainda ter que ouvir essa proposta de mudança mundial, respondi:
– Não, amigo, não temos interesse no assunto. O senhor pode ligar pra Tribuna da Bahia.
– Que absurdo! Que loucura! Minha ideia pode mudar o mundo e o senhor não quer escutá-la?!!!
– Não temos interesse, ligue pra Tribuna. (O cara bateu o telefone fixo na minha cara. Fui pra casa com a sensação de que deixei escapar um “furo” mundial).
(Veja crônicas anteriores em leiamaisba.com.br)
NAQUELE DIA…
Autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário
Naquele dia…
Rasgou-me no peito a poesia,
Que não nasceu
De flores e amores;
Brotou das minhas dores,
Da existência do não existir,
Como se fosse um poente
Pálido sem cor,
De um escravo a sangrar,
Na chibata do seu senhor.
Naquele dia…
Esmo nas ruas,
Só a fome faminta
Me consumia
Entre vitrines e restaurantes,
Cambaleando
De barriga vazia,
Segui a passeata,
Como gado ferrado,
Dos cartazes que diziam:
Abaixo a dura ditadura!
Liberdade, liberdade!
Contra a tropa covarde.
Naquele dia…
Queria ser um Neandertal,
Pescar, caçar e colher,
Sem sentido e ideologia,
Só apenas o viver,
Sem amor romântico,
Sem culpa cristã,
Sem noção do tempo,
Para Eva dar a maçã,
Sem pensar no outro dia.
Naquele dia…
Meu coração estava ferido,
E eu só pedia,
Um pedaço de pão.
O CAÇADOR E A CAÇA
O título nos faz lembrar daquele ditado popular de que um dia é do caçador e o outro é da caça. Também nos remete ao homem de Neandertal que só fazia pescar, caçar e colher, sem a ambição de pensar no futuro, nem procurar o sentido da vida. Não arava a terra, não acumulava e, sobre a existência, nada de ansiedade. O negócio era só viver o presente.
Esse tempo do caçador-coletor do Neandertal feliz, sem culpa, do sexo sem amor romântico durou mais de dois milhões de anos até que uma mulher sapiens cruzou o musculoso da caverna e aí inventou-se o trabalho, porque não se tinha mais o que fazer. Foi a partir dali que começaram a aflorar os sentimentos, mas os papéis de caçador e de caça nunca deixaram de existir.
No entanto, estamos em pleno século XXI, vivendo na era da tecnologia avançada do mundo virtual, e agora da Inteligência Artificial. Mesmo assim, o homo sapiens, com idade de 10 a 12 mil anos e domesticado pelas mulheres, continua, mais do que nunca, um predador cruel da natureza e caçador do tempo à procura da sua caça para sobreviver.
Além de “caçar” e domesticar animais para se alimentar, esse sapiens se tornou num grande caçador do próprio homem, usando a sua sagacidade do mal para abocanhar a sua presa, sem piedade e compaixão. Essa evolução para o lado perverso foi tão grande nos últimos séculos que hoje o caçador está levando a melhor, com menos dia da caça.
Os caçadores atuais não usam lanças e machados de pedras para pegar a sua caça. Os meios são bem mais sofisticados, inclusive no uso da linguagem, para persuadir a caça, como no caso dos golpistas. Parodiando um pensador filósofo, de que existem influenciadores nas redes sociais porque existem idiotas, diria que o mesmo se aplica ao caçador e a caça.
Como há dois milhões de anos, a caça atual é o lado mais fraco, mais pobre e vulnerável, sem instrução. Ela está mais exposta às “flechadas” dos ricos e poderosos, sem contar os bandidos especializados e treinados para enganar a presa com vantagens ilusórias.
Na vida real, os caçadores, como verdadeiros crocodilos dentro das lagoas lamacentas, que ficam na espreita da chegada dos servos para beberem água, se camuflam de bons profetas e salvadores para atrair sua caça, como na política onde o eleitor é a caça.
Na religião, o pastor é o caçador, e o fiel é a caça, que é iludida com a promessa de um lugar no reino dos céus. No sistema financeiro brasileiro, por exemplo, o mais ganancioso, o banqueiro é o caçador, e o cliente trabalhador é a caça,
Essa história de caçador e da caça é tão antiga quanto a humanidade. Acontece que o caçador, como na teoria da evolução de Darwin, com o passar dos milênios, aprimorou cada vez mais seus métodos como opressor, enquanto a caça foi sendo encurralada e oprimida, como no caso do colonizador e do colonizado.
O MELHOR E O PIOR PAÍS PARA SE VIVER
Para os golpistas, malandros contumazes, bandidos, malfeitores, corruptos, inescrupulosos, os que querem sempre levar vantagem em tudo, os que não respeitam o espaço dos outros, aqueles que só visam seus interesses, quem procura vencer na base do QI (Quem Indica) e os políticos safados, o Brasil é o melhor país do mundo para se viver.
Para os éticos, os honrados, honestos, os trabalhadores que dão duro para viver do suor do seu rosto, os cidadãos de bem, os idôneos, os que têm mérito e capacidade, os que lutam pela coletividade e procuram cumprir com seus deveres, o Brasil é o pior país do mundo para se viver.
Aqui também é um paraíso para aqueles estrangeiros folgados que só querem saber de sombra e água fresca e até mijam em público nos aeroportos e calçadas. Muitos chegam aqui atraídos pelas propagandas das mulatas se rebolando e mostrando seus bumbuns. Outros porque as leis nessa terra são frágeis e fáceis de serem dribladas.
Aqui está virando ou já virou o reino dos golpistas, principalmente através da internet, porque vale a pena cometer o crime, tendo em vista que a Justiça de um modo geral é falha, e a vítima é obrigada a percorrer um longo caminho burocrático para reaver seus direitos.
Não existe nenhum exagero no que digo, e os milhares e milhões de exemplos estão aí que comprovam. Para os bons, os deveres a cumprir. Para os maus, a impunidade da lei, principalmente quando se é rico e poderoso, que nela encontram brechas com seus advogados para se tornarem livres e até inocentados.
A grande maioria dos cafajestes, como juízes e desembargadores que vendem sentenças, são até premiados porque continuam recebendo seus polpudos salários. Mas, não é somente esta classe que é beneficiada com o roubo e a corrupção. Os políticos ladrões têm seus processos anulados e arquivados. Depois de tudo ainda são recompensados com nomeações para cargos importantes nos governos. São votados e eleitos. A maioria dos espertos praticam caridades; recebem medalhas, troféus, estátuas e nomes de ruas, praças e avenidas,
No caso dos golpistas, eu mesmo estou sendo vítima de uma tal entidade paulista, que se diz protetora dos aposentados (são dezenas), chamada CINAAP, que se cadastrou no INSS, supostamente em conluio com funcionários, e vem descontando 45 reais mensais do meu benefício, sem minha autorização.
Isso vem me dando uma tremenda “dor de cabeça” para bloquear essa indevida subtração. Depois de uma fila dos diabos, estive no INSS regional e a atendente, simplesmente, me despachou sem resolver meu problema. Mandou que ligasse para o 135.
Após um terror de 30 minutos no telefone, passar meus dados e ouvir uma secretária virtual repetir várias vezes para tal caso tecle 1, 2, 3, 4, 5 e mais números, uma voz de lá do além de uma mulher me atendeu e apenas bloqueou a ladrona, mas avisou que o Instituto não reembolsa a vítima.
Quis saber desde quando essas parcelas vêm sendo retiradas pela golpista. Ela respondeu que o INSS, culpado pela ação criminosa, não tinha condições de me passar essa informação e que procurasse outros meios através de aplicativo ou um tal de Niss. A vítima é quem tem que se lascar. O golpista fica numa boa e ainda esnoba com a nossa cara.
O coitado do idoso (isto está acontecendo com centenas e milhares de aposentados no país), já cansado e estropiado da vida de tanto levar porrada, tem que enfrentar uma tremenda burocracia e, se quiser reaver seu dinheiro e reparação por danos morais, é obrigado a entrar com uma ação na justiça contra a contraventora. Se for contra o Instituto, não recebe nunca por ser uma instituição federal. Isso só ocorre no Brasil e ainda dizem que aqui é uma maravilha.
A DIREITA AVANÇOU E A ESQUERDA FOI PARAR NA ZONA DE REBAIXAMENTO
Como no Campeonato Brasileiro de Futebol, a esquerda, principalmente o PT, nestas eleições municipais pelo Brasil a fora, ficou na zona de rebaixamento e foi direto para a Série B, isto porque não atualizou seu time aos novos tempos, e seus “técnicos” enrustidos radicais ficaram falando a mesma linguagem dos anos 80 e 90. Os ouvintes e seguidores cansaram.
O PT, que ficou nas últimas colocações da tabela, quase na lanterna, em número de prefeito eleitos no Brasil, nunca quis fazer uma autocrítica dos seus erros quando passou da cachacinha para o uísque, especialmente a partir dos acontecimentos do mensalão e da Operação Lava-Jato que passaram a repercutir e a influenciar negativamente para que houvesse esse montão de rejeições.
Não foram somente esses fatos que levaram o PT e a esquerda como o todo ao rebaixamento, conforme ficou patente na resposta do povo. O discurso ficou caduco e a comissão técnica, juntamente com seus jogadores de idade avançada, esqueceram suas principais bases, ou seus torcedores que, cansados e revoltados, começaram a esvaziar os estádios. Deu no que deu.
Como no poema de Carlos Drummond de Andrade, e agora José? Ou tinha uma pedra no meio do caminho e não souberam removê-la? Será que agora essa turma da linguagem ultrapassada vai fazer um mea culpa, contratar novo técnico e um time novo bom de bola para atrair sua torcida? Como eles são teimosos e não querem dar o braço a torcer, não acredito muito nisso.
Se não cuidar disso, não fizer uma série análise e montar novas estratégias, a tendência é cair para a série C. Aí, meus amigos, vai ser difícil para subir para o pelotão de elite. Eles sabem muito bem quais são suas bases que foram abandonadas ao longo dos últimos 20 ou 30 anos. Elas entraram em descredito, se decepcionaram e se afastaram, especialmente por causa dos malfeitos.
Dito isso, os campeões desse campeonato maluco, cheio de mentiras, rapinagens, do faz de conta que a justiça está de olho, que eleição muda o Brasil e derrame de muito dinheiro por parte de seus personagens, ficaram com uma direita mais do centrão, misturada com várias vertentes de moderados, extremistas, terraplanistas e até gente sem uma ideologia política.
Foram eles, o PSD (antigo PFL), o PL, a União Brasil (também PFL), o MDB, que já foi composta por pessoas autênticas, sérias e opositoras ao regime da ditadura civil-militar-burguesa, o Republicanos que ficaram com as taças e já estão arrumando seus times para o próximo campeonato de 2026, certos de que vão ter uma grande torcida, sem contar com a ajuda dos juízes e o do VAR.
Como disse um amigo meu, os lobos nunca fazem pacto com as ovelhas, se bem que aqui no sentido figurado nem cai bem. Nessa competição de um sistema eleitoral coronelista onde todos mentem, quem são as ovelhas? Será que não são hienas que perderam o embate no campo porque ficaram velhas demais das ideias?
Só sei bem que os lobos chefões mais ferozes, sagazes e astutos estão acoitados hibernando de barriga cheia no Congresso Nacional, com suas garras bem afiadas. Por ora resolveram dar uma trégua disfarçada com o dono do seu rebanho desgarrado e zonzo depois da porrada que levou. A questão está em mudar a técnica, a tática e a estratégia do jogo e contratar novos atletas, com sangue novo para ganhar as partidas e retornar para a Série A.
A MEMÓRIA DO MUNDO NA IMPRESSÃO DE GUTENBERG E A EVOLUÇÃO VIRTUAL
Como escreveu a autora do livro “Em Busca da Bíblia Perdida de Gutenberg”, Margaret Leslie Davis, “a palavra impressa mecanicamente criou a memória do mundo, como alguns estudiosos explicaram, ajudando a acender o Renascimento, a Reforma Protestante e séculos de revolução na ciência, na política e na indústria”.
Ainda de acordo com ela, Gutenberg e sua Bíblia representam a personificação dos primeiros momentos em que tantas possibilidades humanas puderam ser exploradas, multiplicadas e desenvolvidas. Para o historiador John Man, a invenção de Gutenberg preparou o terreno de onde emergiu a história moderna, a ciência, a literatura popular, o início do Estado-nação, muito de tudo aquilo com que definimos a modernidade.
No final do século XV, mais de 130 outras edições da Bíblia foram impressas e distribuídas por todo mundo. Cerca de 240 cidades europeias instalaram gráficas, que se estima que tenham imprimido cerca de 28 mil diferentes edições de inúmeras obras, produzindo um total de 10 milhões de livros.
A cidade alemã de Mainz celebra o impressor como um revolucionário tecnológico ao organizar o evento “2000: o ano de Gutenberg, marcando o 600º aniversário de seu nascimento”, com exposições em museus, apresentações em multimídia, festivais e um catálogo de 227 páginas: Gutenberg Man of the Millennium: from a Secret Enterprise to the First Media Revolution (Gutenberg, o homem do milênio: De uma empresa secreta à primeira revolução na mídia).
A revista Life nomeou Johannes Gutenberg impressor independente que reformulou o avanço humano, como Homem do Milênio, em 2000, e colocando a impressão de suas Bíblias no topo de sua lista dos fatos mais importantes dos últimos mil anos. Gutenberg foi um misterioso gênio-herói oprimido.
Segundo a Life, ele idealizou o primeiro sistema de tipo móvel ocidental que funcionou e permaneceu inalterado nos 350 anos seguintes. Não recebeu nada de glória. Sua ideia o levou à falência no ano em que a Bíblia foi publicada, e um credor assumiu o negócio.
A verdade é que Gutenberg transformou a cultura humana. O alcance do que se seguiu é tão vasto que parece místico e precisa ter uma história de origem para servir de referência. A escritora Margaret destaca que a ambição de anunciar uma nova tecnologia de impressão com uma obra de 1.200 páginas é de tirar o fôlego, uma abertura para uma avalanche de mudanças.
A mais cobiçada de todas as Bíblias foi a de Número 45 que por séculos viajou pelo ocidente e foi parar no Japão, adquirido pelo conglomerado Maruzen num leilão que custou U$5,4 milhões, isso por volta de 1987, tornando-se o livro mais caro do mundo.
Um jornal importante japonês aplaudiu a aquisição da obra de tipos móveis mais antigo da história, mas sem mencionar a impressão na Ásia antes de Gutenberg. Em 770, a imperatriz do Japão, Shôtoku marcou o fim de uma guerra civil com a impressão e a distribuição de um milhão de pequenos pergaminhos com preces budistas.
O tipo móvel foi uma invenção chinesa do século XI, aprimorada na Coréia, em 1230, antes de encontrar as condições que permitiriam sua evolução na Europa, durante a época de Gutenberg, por volta de 1450/56.
Em 1996, a empresa Maruzen transferiu o livro 45 para a Universidade de Keio, uma das instituições privadas mais bem conceituada da Ásia, fundada pelo modernista Yukichi Fukuzawa, o primeiro japonês a ter visto uma Bíblia de Gutenberg, na Biblioteca Imperial, em São Petersburgo, em 1862.
O professor da Kio, Toshiyuki Takamiya, maior autoridade em manuscritos medievais, foi o primeiro a estimular a passagem da impressão de Gutenberg para o mundo virtual no século XXI. Ele liderou o projeto HUMI (humanities Media Interface) para digitalizar o acervo da Universidade Keio.
O projeto selecionou o Número 45, com seu tema inaugural, a primeira Bíblia de Gutenberg que navegou pela internet. O trabalho meticuloso produziu uma revolução digital. O número 45 foi ao ar pela internet em janeiro de 1998 e, pela primeira vez, os expectadores puderam ver as páginas de uma Bíblia de Gutenberg em suas telas. Esse projeto foi revolucionário no final dos anos 1990.
Depois de concluído seu intento, o professor Takamiya fez seu pronunciamento de que livros raros digitalizados, incluindo a Bíblia de Gutenberg, nunca se tornarão relíquias esquecidas da sabedoria ancestral. Eles ganharão vida toda vez que alguém tiver acesso a eles.
Em janeiro de 2001, o especialista em impressões de Gutenberg Paul Needham e Blaise Aguera, um jovem matemático computacional, anunciaram uma nova teoria descritiva sobre como Gutenberg criou seu tipo. Diziam que o impressor havia usado um processo de montagem refinada, evoluindo um sistema de “matriz de punção”.
Explicaram que letras individuais teriam sido esculpidas em pontas de hastes de aço e perfuradas em folhas de cobre para criar moldes resistentes (matriz) que poderiam ser preenchidos com uma liga de chumbo para criar um tipo de peça. Uma punção pode ter sido usada para criar vários moldes, dos quais poderiam sair uma quantidade infinita de letras idênticas.
Um artesão habilidoso levaria um dia para esculpir uma letra em aço, então o processo seria mais econômico se uma pequena coleção de punções fosse usada de forma repetida. Os estudiosos perceberam tantas diferenças que estimaram haver 204 punções diferentes.
O especialista Needham observou que esse tipo de sistema complexo, denominado de tipografia cuneiforme, era conhecido por ser usado por artesões europeus no início do século XV, incluindo os ourives. Os moldes de metal atribuídos por Gutenberg podem ter sido inventados por outra pessoa, talvez duas décadas depois de Gutenberg começar a imprimir as Bíblias.
Aguera y Arcas, que mais tarde chefiou o grupo pioneiro de inteligência artificial no Google, afirmou que as descobertas mostram que o desenvolvimento da impressão avançou em várias pequenas etapas ao invés de grandes saltos.
A ALMA DE UMA CIDADE
Praça era como se fosse a alma de uma cidade. As brincadeiras, os causos, os segredos, as conversas entre compadres e comadres, declamações de poesias, apresentações musicais (filarmônicas nos coretos) e até o primeiro namoro nos faz recordar daquela praça onde muitas coisas aconteceram no passado, principalmente nas cidades do interior. A praça era um local onde você até conversava consigo mesmo e desabafava com ela, como se fosse o divã de um psicanalista, ou até melhor que isso. Eram lugares seguros para um encontro de famílias e uma boa prosa entre amigos. Também nos faz lembrar das músicas de Ronnie Von, “A Praça”, a “Banda”, de Chico Buarque, e “A Praça é Nossa”, do programa humorístico do artista Nóbrega, mas quero falar das praças de Vitória da Conquista que se encontram abandonadas, com exceção da Tancredo Neves, ou das Borboletas. Até as praças que estão mais localizadas no centro e conhecidas do público, como a Sá Nunes, Gerson Sales, do Gil, Victor Brito, do Boneco e a dos Verdes, estas duas últimas no Bairro Brasil, não têm recebido o devido cuidado e estão quase sempre desertas, sobretudo à noite por falta de iluminação. Nas seis Urbis existem dezenas de praças de árvores frondosas, inclusive frutíferas, onde o mato tomou conta e nelas passeiam ratos e cobras. A maioria delas nem tem bancos, quanto mais equipamentos de ginástica ou parquinhos para as crianças brincarem. Nesta semana conheci uma praça, se não me engano, no Jardim Guanabara II, bem próxima da Avenida Juracy Magalhães, repleta de árvores, com dois restaurantes ao lado, mas tão maltratada que até parece não existir poder executivo na cidade. Nas pequenas cidades, a praça ainda é o cartão postal onde você identifica se o prefeito, ou a prefeita, vem fazendo uma boa ou má administração. Em Conquista, a terceira maior cidade da Bahia, com cerca de 400 mil habitantes, o estado das praças é lamentável e não oferece nenhuma condição de lazer e esportes. À noite, elas ficam às escuras, e é até um perigo transitar perto delas. Confesso que me sinto triste quando vejo uma praça que mais parece um pedaço de campo abandonado, quando deveria ser um local aprazível de encontros, até para se ler um livro, meditar, refletir sobre a vida e ouvir o canto dos pássaros.
MENTE, DESCARADAMENTE
MENTE, DESCARADAMENTE!
Do livro “NA ESPERA DA GRAÇA”, de textos poéticos, de autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário. Poema revisado, com algumas mudanças, inclusive o título (MENTE BRASILEIRA).
Mente moura, ibérica, negra e índia,
Essa cor do melaço,
A mente brasileira, mente,
Mente, descaradamente!
Mente feio o eleitor,
Na urna ao votar,
Depois o eleito tira seu proveito,
Promete pão e escola,
Dá circo e esmola,
E mente, descaradamente!
Mente sem hora e horário,
Reino virado ao contrário,
De sangue mestiço Pau Brasil!
Mente, descaradamente!
Gente falsa,
Compra sapato em Nova York!
Só quer falar:
I love !very good, nok, nok;
Rouba meu cofre,
E se diz inocente.
O demente, mente,
Descaradamente,
Que a ditadura não existiu;
Mente na TV,
Que não pratica preconceito;
Faz de conta que lê,
E só vê redes sociais;
Avança sinais,
Se diz humano solidário;
Apoia fascistas,
E o corrupto salafrário.
Mente vil sorrateira,
Tão incoerentemente,
Mente, descaradamente!
A puta finge amor na cama,
E que gozou;
A Igreja prega:
Que a inquisição já passou;
O malandro se gaba,
De esperto inteligente,
Povo que mente,
Descaradamente!
Todo mundo quer:
Levar vantagem em tudo,
E mente, descaradamente!
Mente, descaradamente!
Cabra da peste,
Coisa rara no Nordeste,
Como Ariano Suassuna,
Com sua viagem armorial
Sobre cultura e vida desigual.
VOCÊ TEM CARA DE QUÊ?
(Chico Ribeiro Neto)
Cara de Madalena arrependida, cara de santa puta, cara de quem comeu e não gostou, cara de pau, cara limpa, cara suja, cara de tacho, cara de cavalo, cara de cu, cara de cachaça, cara de bandido mexicano, cara de mordomo de filme de terror.
Cara de otário, cara de maracujá, cara de criado com vó, cara de xibiu, cara lavada, cara de cachorro, cara de caçamba, cara de pinico, cara de tatu, cara de deboche, cara de motorista de caminhão, cara de aeromoça aposentada.
“O homem não deve poder ver a sua própria cara. Isso é o que há de mais terrível. A Natureza deu-lhe o dom de não a poder ver, assim como de não poder fitar os seus próprios olhos. Só na água dos rios e dos lagos ele podia fitar seu rosto. E a postura, mesmo, que tinha de tomar, era simbólica. Tinha de se curvar, de se baixar para cometer a ignomínia de se ver.”
O criador do espelho envenenou a alma humana.” (Fernando Pessoa).
Cara de quem tá retado, cara de zonzo, cara feia, cara de tartaruga, cara feia pra mim é fome, cara de paisagem, cara de fuinha, cara de mamãe sacode, cara de pateta, cara de zé leso, cara de azulejo, cara de jegue.
A máscara esconde a cara, libera as emoções e a pessoa mascarada faz coisa que o Cão duvida. Há sessões de psicodrama em que o terapeuta coloca máscaras nos pacientes para conversar com eles.
“Careta, você me conhece?” O pessoal mais antigo lembra os bailes de máscara de um clube em Amaralina, em Salvador, na década de 60. No baile, que rolava das 12 às 20 horas, o casal podia fazer tudo, inclusive aquilo, mas nunca, nem pensar, em tirar a máscara do outro. O salão pegava fogo. Um amigo estava nos agarramentos no canto do salão quando apareceu um policial. “Tô preso”, pensou ele. E o PM foi logo avisando: “Tem um quintal lá no fundo”.
Cara de madre superiora, cara de médico, cara de mafioso, cara de jornalista, cara de sacristão, cara de profeta, cara de xibata, cara de candidato, cara de cuscuz.
“Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
– Em que espelho ficou perdida
a minha face?”
(Poema Retrato, de Cecília Meireles).
(Veja crônicas anteriores em leiamaisba,com.br)
A NOSSA CULTURA PRECISA UNIR FORÇAS PARA SAIR DESSE MARASMO
Existem grandes talentos criativos e fazedores de cultura em Vitória da Conquista, mas o setor, tão essencial para o desenvolvimento humano, social, econômico e político da nossa cidade de cerca de 400 mil habitantes, está atravessado um quadro desolador na sua história, especialmente em termos da falta de espaços físicos e realização de grandes eventos.
Uma cidade sem um roteiro cultural de atividades programadas que sirvam de atrativos para seus próprios moradores e visitantes, fomentando o turismo, é, na verdade, uma cidade sem alma, por mais que ela tenha um capital crescente. Não adianta ter um comércio e uma indústria pujantes se a cultura estiver em estado terminal ou em coma.
Posso até estar sendo exagerado, mas é o que está acontecendo em Conquista, e isso vem se arrastando nos últimos anos, culminando com essa administração pública que sepultou a nossa cultura e não teve a decência de realizar o rito funerário. Como diz meu companheiro e professor Dirley Bonfim, “é melancólico e triste de se ver”.
Para quebrar esse núcleo duro do poder executivo, que abandonou a nossa cultura, ao ponto de o Conselho Municipal de Cultura não estar funcionando como deveria, (há meses não acontecem as reuniões mensais por falta de quórum), tem surgido movimentos pontuais se manifestando no sentido de reverter a situação.
Um grupo, por exemplo, está elaborando um documento onde mostra o atual quadro de descaso e cobra medidas concretas que devem ser urgentemente realizadas pelo poder público. A atitude é louvável, mas, qualquer manifestação para atingir os resultados necessários tem que unir todas as forças comprometidas com a cultura, não importando as vertentes ideológicas, se de direita, esquerda ou centro.
Sempre tenho comentado que em Conquista existem uma certa vaidade por parte de determinadas pessoas e grupos isolados que se acham donos da cultura. Esquecem que só a união de forças de todas entidades, associações, terreiros de candomblé e coletivos, como as duas academias de letras e outras representações artísticas, podem pressionar a prefeitura a levar a cultura a sério e não com desdém como está ocorrendo.
Além do documento, que deve ser assinado por todos representantes do setor, defendo aqui que seja realizada uma manifestação pública, com a participação dos artistas em geral, intelectuais, professores e os diversos segmentos da sociedade civil, reivindicando, principalmente, a criação de um Plano Municipal de Cultura, reforma e abertura dos equipamentos culturais, há anos fechados, preservação do patrimônio arquitetônico e histórico da cidade, dentre outras medidas.