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:: 4/abr/2024 . 23:54

O RETORNO SOFRIDO NUMA EMPRESA DE ÔNIBUS QUE JÁ DEVERIA ESTAR FECHADA

Para pagar minha língua, ou “nunca fale que dessa água não beberei”, disse que nunca mais entraria num carro da viação Novo Horizonte, mas aconteceu quando nosso veículo logo na ida para Goiás deu problema em Igaporã, entre 10 e 11 horas da manhã do último dia 15 de março passado.

Resolvemos prosseguir viagem para Anápolis e só tinha a Novo Horizonte e a Bahia Central que é da mesma companhia, saindo de Guanambi. Um monopólio que não deveria haver. Linha de ônibus entre municípios e estados mais parece demarcação de território de traficantes de drogas e armas.

Nem precisa aqui narrar com detalhes o sofrimento que passamos das 18 horas (ficamos do final da manhã e toda tarde na cidade) às 8 horas da manhã do outro dia dentro de um ônibus velho com sua vida útil ultrapassada, barulhento e com poltronas defeituosas, sem falar no mau cheiro do sanitário. Foi um teste para os fortes, ainda mais na minha idade e para o problema de coluna da minha esposa Vandilza. Mesmo assim, encaramos a jornada.

Como se diz no popular, uma barra pesada com paradas em todos os pontos desde povoados a cidades, sem contar o medo de ficarmos na estrada. Felizmente chegamos são e salvos em Brasília (completamos a viagem para Anápolis de carro), mas foi uma aventura e tanto. Coisa de louco, mas o pior nos aguardava que foi o retorno de Brasília, das 20 horas às 11 horas da manhã até Igaporã, na Bahia.

Muita reza e coragem para encarar uma empresa administrativamente desorganizada, bagunçada, veículos velhos, sem a devida manutenção e que sempre terminam ficando nas estradas, quando não acontecem acidentes fatais, como o mais recente perto de Potiraguá, com cinco mortes. De Anápolis, e Goiânia, passando por Brasília, não existe outra opção.

Pelo péssimo aspecto dos carros, se este país fosse sério e existisse fiscalização isenta, a Viação Novo Horizonte já deveria estar fechada há muito tempo.  Conheço bem seus problemas desde quando aqui cheguei em Vitória da Conquista, em 1991, e fiz coberturas jornalísticas de dezenas de ocorrências em razão do não cumprimento dos trâmites recomentados pelos órgãos de transportes.

Bem, partimos de Brasília no mesmo ritmo e na picada que foi a vinda, confiantes que tudo iria dar certo. Chegamos aos trancos e aos barrancos com o ônibus com defeito até a cidade de Possi, ainda em Goiás, por volta de duas horas da manhã, num ponto de apoio cavernoso da empresa.

A única lanchonete aberta era toda fechada de grades e só uma menina atendia, sinal de que a coisa ali era “boca zero nove”, com pessoas mal-encaradas, bêbadas e drogadas. Os passageiros começaram a reclamar de que estávamos àquela hora da madrugada no meio de uma rua deserta e perigosa.

Criticamos a falta de organização da Novo Horizonte, do veículo velho para continuar rodando longas distâncias e o próprio motorista teve que concordar conosco. Só me restou tomar um cafezinho frio intragável da lanchonete de grades, com receio daquela gente ali um tanto suspeita.

Tentei puxar uma conversa com a atendente, mas não estava de bom humor, também, coitada, trabalhando naquela hora para ganhar uma merreca e ainda se expondo ao perigo de ser assaltada! Senti que não era bom ficar ali por muito tempo. O bicho podia pegar feio.

Depois de um bom tempo, apareceu um mecânico e consertou ou trocou a peça defeituosa do ônibus, garantindo nossa viagem, mas, àquela altura, ninguém mais confiava em nada. Eram mais de três horas da manhã, distante 30 quilômetros de Rosário, fronteira com a Bahia.

Cruzamos por Correntina, Santa Maria da Vitória, Bom Jesus da Lapa, Riacho de Santana e, aos solavancos, esticados quase que imóveis nas cadeiras, demos sorte de chegar em Igaporã por volta das 11 horas da manhã numa viagem hercúlea, mas que valeu a pena pelo conjunto da sua obra.

“PRAÇA DOS LEÕES” EM BOM JESUS DA LAPA

Mesmo cansados, ainda tivemos fôlego de retornar em nosso carrinho para dar uma espichada até Bom Jesus da Lapa e fazer uma visita à famosa gruta. Pernoitamos na cidade, cujo prefeito, no lugar de arborizar, para proporcionar uma melhor qualidade de vida às pessoas, fez uma obra megalomaníaca, construindo, no centro, uma praça com altos arcos no estilo greco-romana, com esculturas de leões e deusas gregas.

Pode ter sido do agrado e orgulho da população, mas, em minha opinião, considerei um desperdício do dinheiro público pelo valor ali investido (não sei quantos milhões), que não deve ter sido pouco, sem falar na mania de grandeza. Imaginei comigo que o idealizador do projeto, no mínimo, deve ser um grande admirador do Império Romano. Eu chamaria de Praça dos Leões.

Racionei como meus botões: Já que derrubou as árvores no ponto mais movimentado da cidade, em torno de bares e restaurantes, para erguer aquela estrutura pesada de concreto, por que, então, não fez uma praça com esculturas religiosas em homenagem aos romeiros, numa honraria aos mais de 300 anos de romaria?

Como os antigos reis da Grécia e de Roma, talvez ele tenha pensado em deixar seu nome para ser lembrado na posteridade. São coisas inexplicáveis para o meu entendimento que acontecem nesses rincões do nosso Brasil.

Confesso que levei um susto quando me deparei com aquela praça e pensei que estivesse em outro país ou entrando no túnel do tempo greco-romano. Pelo menos foi feita a ampliação da esplanada da gruta (com os mesmos arcos e uma imagem do Bom Jesus), isolando o trânsito de veículos e oferecendo mais espaços para os romeiros.

Foram essas as nossas considerações numa viagem de conhecimento cultura, diversão e lazer pelo estado de Goiás onde fizemos paradas em Brasília, Anápolis, Pirenópolis, Goiás Velho, a capital Goiânia e outras cidades, numa visita prazerosa ao meu filho Caio, sua esposa Larissa, meu neto Samuel e outros parentes. Apesar dos percalços, foi memorável e digna de descrição. Aqui deixamos os nossos registros, críticas e elogios.

 

SALVADOR MEU AMOR

(Chico Ribeiro Neto)

Diz um velho ditado: “Na minha terra cego conserta relógio com luvas de boxe”.

Vindo de Ipiaú-Bahia, cheguei a Salvador em 1954 e ainda peguei o bonde. Eu tinha 6 anos, a cidade era grande e as pessoas maiores.

Salvador bonita, com gente dançando. Sentado na cadeira de lona que meu pai Waldemar colocou no passeio, vi na Avenida Sete os três grandes clubes desfilarem: Fantoches da Euterpe, Cruz Vermelha e Inocentes em Progresso.

Meu tio Hugo precisava atravessar a Avenida Sete, mas a organização do desfile não permitia. Ele simulou um desmaio, parou o desfile e os amigos o carregaram até o outro lado, onde ele saltou e saiu andando calmamente, recebendo um monte de vaias.

Salvador do delicioso lombo num caminhão na Praça Castro Alves, de madrugada. Você subia uma escadinha e recebia seu prato maravilhoso para encerrar a noite.

Salvador do lindo Carnaval da década de 70 (“Não se perca de de mim/ Não se esqueça de mim/Não desapareça…), onde arranjei uma namorada que já tinha uma namorada que fez uma poesia pra mim que começava assim: “Para o amor do meu amor”.

Salvador do mergulho na praia do Unhão da minha infância. O maior desafio era nadar até avistar o Elevador Lacerda, e tinha que ir uma testemunha junto: “Chico viu o Elevador Lacerda!”

O pai do meu amigo trabalhava na companhia de aviação Panair do Brasil e deu a ele uma câmara de ar de pneu de avião ou de trator, não sei. Era uma bóia imensa que nós dois carregamos até a praia do Unhão. Duas filhas de um pescador, brotando beleza, pediram para dar uma volta com a gente. Fomos remando na bóia com as duas. Peitos, coxas e bocas boiando virados para o céu. Minha primeira lição de sexo. Vi estrelas e o Elevador Lacerda.

Teve um paulista que estava hospedado numa pensão perto do centro e foi conhecer Itapuã. Lá se encantou e tomou algumas doses de cambuí (frutinha redonda nativa usada de infusão na cachaça). Umas cervejas depois pegou o ônibus de volta. Foi orientado a saltar nas Mercês. Assim ele fez e perguntou onde ficava a Ladeira dos Desesperados. Ninguém  conhecia. Foi perguntando até a Praça da Sé até que  um iluminado matou a charada: a pensão ficava na Ladeira  dos Aflitos.

Um dia vi no Farol da Barra uma mulher abrir os braços para o mar e exclamar: “Obrigado, você é o meu melhor advogado”.

Obrigado, Salvador,  eu te amo de braços abertos para o mar.

(Veja crônicas anteriores em leiamaisba.com.br)

 

ENTULHOS NAS ESTRADAS

Quem viaja por aí está sempre se deparando com entulhos e lixos às margens das pistas próximas das cidades, como este flagrante que nossas lentes captaram na entrada de Brumado. É um retrato fiel de como o homem depreda e polui o meio ambiente, sem falar em sacos plásticos, cocos e garrafas pet que viajantes vão jogando nas pistas por onde passa. Se formos bem analisar, no fundo se resume a uma questão de falta de educação, por mais que se faça campanhas de preservação. Na saída da cidade de Ituaçu para Barra da Estiva, por exemplo, conhecida como portal da Chapada Diamantina, na região sudeste baiana, existe um lixão onde são depositados os restos produzidos por moradores. Outra visão triste dessa sujeira está na chegada de Itambé. Os poderes públicos são os maiores culpados por não cumprirem as leis de construção dos aterros do lixo e ainda não fiscalizar e proibir que particulares joguem seus entulhos à beira das estradas. Juntando tudo isso e mais os desmatamentos, os incêndios, a poluição dos rios e mares, dentre outras agressões à natureza, temos aí a autodestruição da própria humanidade através das mudanças climáticas que provocam catástrofes e tragédias. Como forma de enganarmos a nós mesmo, colocamos toda culpa no El Nino, que está indo para dar lugar a El Nina. O lixo só faz aumentar através do consumismo. Por essas e outras é que sempre digo que não temos mais retorno para reverter as altas temperaturas da terra.

 

VOCÊ

Versos de autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário

Você fez morada em mim,

Faixos de luz e energia,

Seu olhar foi assim,

Despertar de alegria,

Força inexplicável,

Contato sobrenatural,

Lua cheia iluminável,

Pratear platônico,

No meu terreiro de amor,

Onde seco brotou a flor.

 

Segredos nossos eternos:

Sou seu silêncio,

Dos seus enredos.

 

Você é minha alma,

Nos verões e nos invernos,

Derramando canções,

Que me acalenta e me acalma,

Como o florido dos sertões.

 

Você é como jasmim,

Perfumosa,

Eu vou a ti,

Como no canto do Bem-Te-Vi,

Que me encanta como santa.





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