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VIELAS NOTURNAS

Poeminha inédito do jornalista e escritor Jeremias Macário

Pelas esquinas e avenidas curvas,

Raios de luzes deslizam no asfalto,

Cada alma busca suas curas,

E o sangue humano risca no assalto,

Saído das veias das vielas noturnas.

 

Nesse existir só valem as fortunas,

Na mente aquela senhora calma serena,

Que via o invisível atrás da sua lente,

E a câmara da antena meus passos vigia,

Rogo ao tempo que não nasce o dia,

Para vagar eterno nessas vielas noturnas.

 

A noite invade a madrugada,

No lixo eu colho uma salada,

Os prédios são caixões de urnas,

Na solitária dor das vielas noturnas.

PREFEITURA VAI CONTRATAR 400 MILHÕES PARA SERVIÇOS DE INFRAESTRUTURA

Antes das solenidades de homenagens e moções de aplausos (coisas de final de ano), o presidente da Câmara de Vereadores, Luis Carlos Dudé abriu os trabalhos da sessão ordinário desta quarta-feira (dia 15/12) anunciando que a Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista, com o aval do Ministério da Economia, vai contratar junto ao Banco de Desenvolvimento Latino Americano, 400 milhões de reais que serão investidos em obras de infraestrutura para a cidade.

Em sua fala, a vereadora Lúcia Rocha também fez referência ao contrato de empréstimo que, segundo ela, será benéfico para o município, e chegou a apontar as ruas e avenidas de bairros periféricos mais necessitados para receber serviços de infraestrutura e pavimentações com esses recursos, que devem contar com a aprovação da Câmara Municipal.

O parlamentar Alexandre Xandó preferiu comentar sobre os estragos das chuvas na Bahia, principalmente no extremo-sul, e as providências que o Governo do Estado vem tomando para socorrer as vítimas das inundações de rios e enxurradas. Citou também os problemas que essas enchentes causaram em Vitória da Conquista, especialmente nos bairros mais carentes e desprovidos de estrutura para suportar tanta água nos últimos dias.

Na abertura da sessão aconteceram várias homenagens prestadas pela Câmara a diversas personagens de Conquista, entidades, instituições e órgãos que contribuíram com seus relevantes serviços voltados para a comunidade. O primeiro a receber um diploma foi o médico ortopedista Lafaiete Santos Neto pelo seu destaque na área da medicina.

Também foram homenageados o núcleo regional do INSS de Vitória da Conquista que atende 73 municípios da região e um grande contingente de pensionistas, o Ciretran pelo trabalho no setor de coordenação  e controle na emissão de documentos de habilitação e veicular, a regional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional da Bahia, inclusive com um diploma para a advogada Luciana Silva, a primeira mulher eleita para comandar a OAB de Conquista, o Colégio Oficina na área da educação, a TV Cabrália, a primeira a se instalar no interior do Estado. Filiada da TV Record, dentre outras pessoas.

EM NOME DE DEUS…

De tantos pedidos e de tudo ser a Ele atribuído, lá do seu alto, ou do ponto em que estiver, Deus, Alá, Javé, Tupã ou Jeová deve ter entrado em depressão e há muito tempo faz análise com Lacan. Ditadores, tiranos e sanguinários praticaram e ainda praticam suas maldades em seu nome. A Inquisição da Igreja Católica mandou sábios, cientistas e estudiosos para arderem nas fogueiras em nome de Deus, assim como os Cruzados e os islâmicos fanáticos com suas “guerras santas” e o terrorismo.

Em terra brasis, os jesuítas com suas catequeses, em nome de Deus, castigaram e escravizaram índios, considerados pagãos porque adoravam seus deuses da natureza. Quem Nele não acreditava estava condenado ao fogo do inferno. Na ditadura civil-militar, Deus já foi até comunista nas comunidades eclesiais de base e entre os adeptos padres da Teologia da Libertação, que defendiam a pobreza e os excluídos das bonanças dos ricos. A repressão e a tortura foram brutais em nome de Deus.

“O Brasil acima de tudo e Deus acima de todos” é o slogan usado para praticar o genocídio, o ódio, a divisão e a destruição do meio ambiente. Como os reis Luizes e monarcas, ele foi o escolhido por Deus. Saíram os católicos e entraram as seitas pentecostais e neopentecostais para, em nome de Deus, destilar a homofobia, o racismo, a misoginia e a intolerância religiosa. No Superior Tribunal Federal um “terrivelmente evangélico” conservador. O retrocesso é feito em nome de Deus.

No campo de futebol, nessa República de Bananas, os atletas evangélicos rezam a Deus para fazer um gol. Aliás, Deus é torcedor de todos os times, mas somente um consegue ser campeão, e ainda rebaixa outros tantos.  “Se Deus ajudar vamos conseguir a vitória”, ou “Se Deus quiser vamos virar o jogo”. “Graças a Deus que saímos vitoriosos”. “Que Deus me ajude ganhar na loteria”. “Fiz o gol, graças a Deus”. Se bate a miséria, ou a enchente e a tempestade destruíram sua casa, foi Deus quem assim quis, como ter dez filhos foi Ele quem mandou. Fazer o quê, meu filho!

Em 1890, Ele deve ter se sentido um pouco aliviado quando o Brasil se tornou oficialmente um país laico, mas até Ele foi enganado. Foi tudo de mentira. A Igreja Católica continuou ligada ao Estado. Agora são os evangélicos que mandam e ditam os extremismos. Eles agora misturam religião e política nas câmaras de vereadores, nas assembleias dos deputados e até no Congresso Nacional. Se juntam para fazer malfeitos e defender seus interesses particulares, em nome de Deus.

As nações que se fizeram menos dependentes do Pai, prosperaram mais. Se bate a chuva, foi ele quem mandou. Se assola a seca, também. Na cultura judaica, o Deus do Antigo Testamento só falava com seus eleitos reis e profetas. Sempre foi descrito como punitivo, vingativo e carrasco. Na cristã ensinaram aos pobres serem humildes porque seriam os escolhidos para ganharem o reino dos céus. Os ricos pagavam indulgências e deixavam fortunas para a Igreja em troca de terem seus pecados e atrocidades perdoados. Tudo em nome de Deus.

Os homens com suas ambições e consumismo destroem o planeta, e o fanático religioso ignorante diz que as catástrofes e a tragédias são castigos de Deus, bem como a peste. Com a vacinação criada pela ciência, a Covid-19 reduziu seu contágio e, como consequência, o número de mortes e casos. Quer dizer que depois de Deus ter matado milhões, ficou cansado de tanta mortandade e resolveu dar um tempo para tirar umas férias.

Para se dar bem em tudo, em nome de Deus, as pessoas passam rasteiras nos outros, roubam e entram no mundo da corrupção. “Graças ao meu esforço, foi Deus quem me ajudou a ficar rico”. Até o pistoleiro quando vai assassinar outro, faz sua oração e pede a Deus que lhe proteja de todo mal. Não foi ele quem matou. Foi Deus quem ordenou.  Tudo é feito em nome de Deus, não importa se é mal ou bem.

 

 

MERCADO DE ARTESANATO SOB AMEAÇA DE FECHAMENTO

Tem um ditado popular que diz “onde tem fumaça, tem fogo”. Isso serve para o “boato” que correu no início do ano com relação a uma possível demolição do Teatro Carlos Jehovah e do Mercado de Artesanato Rachel Flores.

Um grupo de jovens vem se mobilizando para que esse fato não se consuma, embora o poder executivo, através de um ofício, negue qualquer coisa nesse sentido, e que a intenção é fazer uma reforma para reparar danos em suas instalações físicas.

No entanto, artesões, que preferem não revelar seus nomes, contam que de fato houve uma conversa entre três empresários conquistenses e prepostos da Prefeitura Municipal, os quais se mostraram interessados em derrubar aquele espaço e nele construir um shopping center.

Então, a ameaça de fechamento não se trata de um simples boato, mas existe a intenção do setor imobiliário de aproveitar a situação precária em que se encontram os equipamentos e ali construir lojas de departamentos.

Numa reunião para tratar do assunto, provocada pelo Conselho Municipal de Cultura, em que estiveram presentes vários artistas, o secretário de Cultura Xangai e o chefe de Gabinete da prefeita, uma artesã denunciou que no início do ano, em pleno avanço da pandemia, funcionários da prefeitura estiveram no local tentando desalojar artesãos.

Aparentemente não existem danos na estrutura do mercado, mas o telhado e o forro encontram-se em péssimas condições e, quando chove, existem pingueiras por todo canto, estragando mercadorias e prejudicando o trabalho dos artistas. De acordo com os usuários, a área precisa é de uma urgente reforma, mas basta a Defesa Civil condenar o prédio, para o mercado ser fechado.

A questão é que a Prefeitura Municipal nega a demolição, mas ainda não existe um projeto, nem no papel, para realizar a reforma, conforme prometido. O temor é que o quadro se agrave ainda mais, ao ponto do funcionamento do mercado se tornar inviável.

Com receio de serem despejados do local, um grupo de artesãos e jovens do teatro estão apelando para que a Câmara Municipal de Vereadores de Vitória da Conquista faça uma intermediação junto ao executivo, visando acelerar o processo de reforma e defenda a não demolição do edifício.

Para amenizar o problema e conter a ideia de demolição, alguns vereadores se dispuseram a alocar os recursos de suas emendas (pouco mais de 27 mil reais de cada parlamentar), previstas no orçamento, para serem investidos no projeto de reforma.

Chegou-se a aventar um pedido de tombamento do teatro e do mercado. Os artesãos também estão requerendo o apoio de outras instituições da sociedade, como da regional da OAB, em favor da reforma e não da propalada derrubada dos equipamentos.

O RACISMO E A DOMINAÇÃO COLONIAL NA VISÃO DE FRANTZ FANON

No livro “Pele Negra, Máscaras Brancas” (1951), do psiquiatra martiniquense Frantz Fanon, o racismo não é visto como algo específico de certas sociedades, como costumava analisar à época. Na obra, o autor examina o racismo dos franceses.

De acordo com o professor Muryatan Barbosa, em “Intelectuais das Áfricas”, Fanon chega à conclusão de que, na verdade, existe uma essência racista, que pode se apresentar na aparência de formas diversas. Isso ocorre, ainda conforme o autor, porque os processos de racialização são sistêmicos. “Eles prenderiam tanto negros quanto brancos em uma lógica binária e maniqueísta”.

Ao abordar a questão natural da inferioridade de uns negros em relação a outros brancos, para Fanon, o racismo nega a dialética do Eu e do Outro, que seria a base da vida ética. “A consequência disso é que todo processo de desumanização é aceitável”. Ele entende que o racismo é fruto do colonialismo.

“Se há um complexo de inferioridade, este surge após um processo duplo: econômico, inicialmente; em seguida, pela interiorização, ou melhor, epidermização dessa inferioridade” – destaca Fanon.

Na análise do professor Barbosa, em 1952, o Partido Comunista Francês ainda possuía uma posição dúbia quanto a questão colonial francesa, sem defender abertamente a necessidade das descolonizações africanas. Diante desse aspecto, muitos intelectuais negros saíram do partido, como Aimé Césaire, em 1956.

Em sua luta revolucionária na libertação da Argélia, Fanon sempre se colocou contra a exploração, a miséria e a fome. No início da guerra, o psiquiatra tratava cada vez mais pacientes colonialistas e colonizados, que tinham passado por processo de violência extrema, torturados e torturadores, dada a insanidade da insurgência francesa.

Em 1956 escreveu uma carta pública se demitindo do hospital argelino onde trabalhava. Isto foi o início de um novo ciclo revolucionário, afastando-se das relações com a maior parte da esquerda francesa, que não se posicionava contra o colonialismo.

A partir dali, Fanon buscou só manter relações pessoais com os que tinham o mesmo compromisso político que ele, ou que poderiam ser importantes para divulgar a revolução argelina no exterior. Em 1957 se entregou de vez à Frente de Libertação Nacional (FLN), como ministro da Informação e representante do Governo Provisório Argelino no Exterior.

Mesmo assim, ele e outras lideranças, entre 1958 e 1959, foram secundarizados pelo grupo hegemônico do primeiro presidente argelino Bem Bella. Nesses anos, exerceu com afinco a função de editor do jornal El Moudjahid.

No I Congresso dos Escritores e Artistas Negros, em Paris (1956), Fanou escreveu o texto Racismo e Cultura onde defendeu uma questão primordial: o racismo deve ser entendido desde uma abordagem sistêmica e histórica. “Ele é parte integrante de uma condição de hierarquização sistêmica, perseguida de maneira implacável, visando um trabalho de escravização econômica, ou mesmo biológica, de um grupo populacional sobre outro”.

Em seu entendimento, o elemento mais visível do racismo está na opressão sistematizada de um povo. “Ele é a norma desta sociedade e desta cultura que busca inferiorizar e desumanizar povos subalternizados”. Em seus ensaios, Fanon afirmou que o racismo é próprio de um processo de opressão, de desumanização e de hierarquização sistêmica num sistema determinado. O colonialismo é uma das formas dessa opressão, mas não a única.

Em um trecho de seus textos, ele chegou a dizer que a opressão militar e econômica precede, possibilita e legitima o racismo. Fanon aponta duas características de racismo, a capacidade de introjeção e naturalização, bem como, por ser funcional. Nesse caso, o racismo precisa estar sempre se remodelando. Antes justificava-se com argumentos biológicos. Nos tempos atuais são justificativas mais sofisticadas, como culturais e ou psicológicas atribuídas aos grupos inferiorizados – assinala o escritor.

Fanon faz um paralelismo entre as sociedades coloniais e racista. Para ele, ambas são fruto de um mesmo processo de subjugação de alguns grupos populacionais sobre outros. Os termos usados por ele seriam parte de um mesmo processo de dominação que possuiria um mesmo caráter  estrutural, num sistema determinado, que nasce com o colonialismo, mas não morre com ele.

 

TEATRO PEDE SOCORRO

É tanta falta de sensibilidade para com a cultura (a alma da vida) neste país, que o “Teatro Carlos Jheovah”, em Vitória da Conquista, na Praça da Bandeira, construído em 1982, está em péssimas condições físicas, ao ponto do seu uso não ser recomendado, pois corre risco de desabamento. Por fora ainda corre boatos, por conta de especulações do setor imobiliário, de que o equipamento pode ser demolido pela Prefeitura Municipal. Seria mais um ato insano e a morte de uma alma cultural que alimenta saber, conhecimento e entretenimentos. Ao seu lado, o mercado de artesanato também se encontra em grave situação, e muitos artistas denunciam ações de despejos por parte de prepostos do poder público. Para salvar esses sagrados locais, um grupo de jovens está se mobilizando, inclusive junto à sociedade, entidades, Câmara de Vereadores e outras instituições, no sentido de que o executivo agilize, com urgência, a reforma do teatro e do mercado. É triste ver mais uma vez um espaço cultural pedir socorro para não desaparecer. A cultura deveria ser a nossa joia mais preciosa, quando, na verdade, não passa de um pato manco nos gabinetes dos governantes. Todos os dias ela está sendo ultrajada, como se fosse uma criminosa de alto risco para o nosso povo.

PASSADO QUE ARDE

Poema de autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário

Sou seu animal ancestral,

Que rosna em seu presente,

Com mente canibal.

 

Do Brasil Raízes, encarnado,

Da chibata que sangra a carne,

Sou passado que ainda arde.

 

O vento segue a corrente do tempo,

Como as injustiças no lamento,

De uma gente que sempre mente.

 

Sou fardo que nasceu do parto,

Vida que sempre sonhou,

Num país que esqueceu o amor.

 

As ondas se batem no mar,

E se acabam no mesmo lugar,

Como a morte que lhe rouba o ar.

 

Sou pôr-do-sol dessa tarde,

Do amanhã o alvorecer,

De um passado que ainda arde.

 

UMA PÁTRIA DESIGUAL NÃO PODE SER AMADA

Como uma pátria tão desigual, de mais de 30 milhões passando fome, e uma minoria que detém mais de 10% de toda renda brasileira, vivendo no luxo e esbanjando riquezas, pode ser chamada de amada?  Uma pátria tão desigual não pode ser amada.

Não existe um projeto ou um planejamento sério nas áreas da educação, da pesquisa, da saúde e do saneamento básico para reduzir esse fosso da desigualdade, que só faz aumentar, e é uma das piores do mundo.

Nos últimos 20 ou 30 anos só vimos programas sociais eleitoreiros, de socorro emergencial, como Bolsa Família, Bolsa Gás e outros do tipo para a perpetuação do poder, sem apontar uma alternativa, ou uma porta de saída da miséria.

Com a pandemia, como já era de se esperar, a situação só se agravou, e agora entra outro com a mesma roupagem, que muda apenas o nome. Não fossem as doações de grupos e ongs, milhares ou milhões já teriam morrido de fome em casebres desumanos, fétidos, cheios de ratos e animais de esgotos a céu aberto.

Temos uma longa trajetória de extrema injustiça na lista dos campeões em beneficiar poucos, enquanto o povo é privado da alimentação digna, da segurança e do saneamento básico. Estudo divulgado pelo Laboratório das Desigualdades Mundiais, integrante da Escola de Economia de Paris, coloca o Brasil como um dos mais desiguais do mundo. A elite nunca aceitou dividir seus ganhos com as camadas mais necessitadas.

Com a pandemia, essa desigualdade se acentuou no mundo inteiro onde os bilionários ficaram mais bilionários e os pobres mais pobres. No Brasil, que já apresentava altos índices de desigualdades entre ricos e os mais pobres, esse quadro foi mais visível.

É um grande cinismo e hipocrisia se falar em “pátria amada” onde a grande maioria de seus filhos vive abaixo da linha de pobreza, sem falar na violência, na falta de segurança, na destruição do meio ambiente e com uma “democracia” sob o manto da censura e da ameaça de uma intervenção militar.

Sinceramente, essa não é a minha “pátria amada” que gostaria de viver meu resto de vida. Os que têm condições estão deixando essa “pátria amada”. Outros estão abandonando por sofrer perseguições e até ameaças de morte por criticar o retrocesso, o negacionismo, o fanatismo religioso e a extrema-direita genocida.

UM PAÍS FORA DA CURVA

Será que existe no planeta terra, de cerca de 200 países, um tão fora da curva quanto o nosso Brasil de hoje? Confesso que não me sinto bem ouvir e escrever sobre coisas tão irracionais que fazem deprimir o nosso espírito e nos sentir como derrotados.

Nesses quase três anos só colecionamos destruição contra a vida, avalanches de fake news, miséria cada vez degradante, seres que não têm mais empatia para com o outro, trambicagens de pessoas que já perderam a alma, com um capitão-presidente que tanto fala em pátria e família, mas que tem o hálito da morte.

Desde cedo, quando aqui engrossou a pandemia da Covid-19, se posicionou contra as vacinas, e assim permanece, mesmo com os resultados positivos com a imunização. Agora quando praticamente toda nação exige a apresentação de um passaporte para entrar em seu país, o cara resiste à norma e chama o atestado de coleira, o que nos faz lembrar peça que se usa no pescoço de cachorro bravo.

Como se não bastasse seu ímpeto por destruir o nosso país, ele passou a ser sagaz no método de confundir os incultos e ignorantes ao dizer que estão querendo fechar o espaço aéreo, numa referência à recomendação da ANVISA- Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Ele tem sede de morte? Os 616 mil não foram suficientes?

Será que a psicanálise tem explicação para este tipo de comportamento? Não se falou em fechamento de espaço aéreo, mas em fiscalizar a entrada de passageiros através do passaporte de vacinação. Em mais de 100 países já existe a obrigatoriedade da vacina contra a malária para o visitante, e ninguém reclama, nem chama isso de coleira.

Sinto-me mal em falar dessas coisas tão absurdas, quando até nos tempos mais remotos, os países procuravam controlar suas fronteiras quando do surgimento de doenças contagiosas, como a peste e a gripe espanhola. O que os brasileiros fizeram para merecer tanta maldade?

Um ministro “terrivelmente evangélico” no Superior Tribunal Federal está sendo motivo de comemoração pelos seguidores fieis da religião, num país que mentirosamente é chamado de laico. O general de pijama Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, acaba de autorizar o avanço de sete projetos de exploração de ouro numa região preservada da Amazônia.

Tudo isso é fruto de um entulho político que vem se arrastando há anos no Brasil onde os brasileiros, não mais suportando tantos fracassos e promessas vãs, resolveram partir para o retrocesso. Criou-se um ódio e dele nasceu um bruto. Tudo isso é resultado de um passado de sujeiras, de ditaduras, de arbitrariedades, de ganâncias pelo poder, o qual passa por cima do bem-estar das pessoas. Estamos pagando por esse pecado ancestral.

 

A ILUMINAÇÃO DE NATAL E A CULTURA

Foi inaugurada, ontem, (dia 6/12), a iluminação de Natal da Praça Tancredo Neves, a antiga conhecida Praça da Borboleta, ou para quem quiser, Praça da Catedral, com as presenças do secretário de Cultura, Xangai, e do coordenador Alexandre Magno, entre outras autoridades. Logo cedo, por volta das 18 horas, muitas famílias com suas crianças já estavam na expectativa das luzes se acenderem, e não demorou muito para o local se transformar no espírito natalino.

No entanto, é bom que se diga e que se registre que a Prefeitura Municipal não pode apenas pontuar a realização dos eventos natalinos e do São João como como feitos culturais. É preciso que o poder público, e aqui merece menção a outros governos passados, entenda que a cultura não se resume apenas a esses atos. Ela clama por muito mais que isso e seja extensiva às diversas linguagens artísticas.

A nossa cultura, como um todo no município, a bem da verdade, está abandonada e carece de incentivos por parte do executivo. A literatura, o teatro, as artes plásticas em geral, a dança, o audiovisual e, principalmente, a cultura popular estão esquecidos, e os respectivos artistas vivem de cuia na mão. A cultura sempre foi renegada, e nesses tempos de retrocessos, ela está sendo jogada na cesta do lixo.

O novo Conselho de Cultura, empossado nesse final de ano, em suas primeiras seis reuniões, está disposta a resgatar a nossa cultura, de forma que ela volte à efervescência dos anos 50 e 60, quando grandes nomes se tornaram reconhecidos nacionalmente. Vitória da Conquista de ontem e de hoje sempre teve e ainda tem grandes talentos que carecem de apoio para divulgar seus trabalhos.

Agora mesmo, o Conselho vem discutindo a questão do Teatro Carlos Jheovah e o Mercado de Artesanato que se encontram em péssimas condições, inclusive com ameaças de demolição. As reformas desses equipamentos demandam urgência, bem como a reativação do Cine Madrigal e da Casa Glauber Rocha.

O Conselho por si só não pode fazer muita coisa sem o apoio da classe artística, da sociedade e dos empresários que podem ser beneficiados com esse mercado criativo que, até então, tem sido desprestigiado. Precisamos de um plano cultural para dar mais solidez às prioridades do setor, e este é mais um objetivo do Conselho a partir do próximo ano. Estamos apenas começando um árduo trabalho de retomada da nossa cultura com vistas a colocá-la no lugar merecido.





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