maio 2025
D S T Q Q S S
 123
45678910
11121314151617
18192021222324
25262728293031

:: ‘De Olho nas Lentes’

AS PALMEIRAS E O PAU-MULATO

É muito prazeroso curtir o Jardim Botânico, fundado por D. João VI, no Rio de Janeiro, como apreciar as palmeiras imperiais, cenário de muito filmes e novelas. Todo Jardim lhe traz uma paz de espírito, principalmente quando se sai da selva de pedras e se entra na selva da natureza. Você esquece todos os problemas da sua vida e do resto do mundo que lá fora “pega fogo”, muitas vezes literalmente nos países do Norte com até 50 graus, como vem ocorrendo agora. Ainda bem que ainda nos restam locais de preservação que lhe fazem refletir sobre a destruição que o homem desumanizado vem provocando na natureza. As palmeiras imperiais são imponentes como também o chafariz das marrecas, tendo ao lado a floresta do Pau-Mulato que confesso ser uma espécie para mim desconhecida. A natureza é pródiga, mas o ser humano é um predador. Nesses pontos e em outros, vale a pena dar uma parada e clicar sua máquina para registrar esses momentos mágicos do Jardim Botânico. Se você for à Cidade Maravilhosa, de Tom Jobim, nunca deixe de conhecer essas belas paisagens, mesmo que já tenha visitado. É um bálsamo para sua alma que fica mais leve.

 

DEMOLIRAM O PRINCIPAL

O Conselho Municipal de Cultura de Vitória da Conquista foi contestado pela divulgação de uma nota, neste final de semana, de repúdio pela derrubada do Instituto de Educação Euclides Dantas, mais conhecido como Escola Normal, localizado na Praça Guadalajara. Na verdade, não foi todo o colégio, mas demoliram sim a principal parte que são os arcos arquitetônicos que simbolizavam a marca da Escola Normal, idealizada pelo professor Anísio Teixeira.

Além dos arcos que se foram do nosso imaginário histórico que identificavam a instituição na cidade, destruíram o auditório onde eram realizados eventos escolares e atividades culturais, como shows musicais, peças teatrais e até mostras de cinema. Então, demoliram o mais importante de significativo que retratava o Instituto. Esta marca de Anísio Teixeira só existe agora a da Escola Parque, em Salvador.

Foi como se cortasse a cabeça de um ser humano, restando apenas o corpo, para depois se fazer uma reforma que irá totalmente descaracterizar o formato arquitetônico do prédio que já estava incorporado na paisagem do local, no caso a Praça Guadalajara. O Instituto de Educação, pertencente ao estado, foi inaugurado em 1952 no governo de Régis Pacheco.

A INVASÃO DOS GAFANHOTOS

Vitória da Conquista, a capital do sudoeste baiano, segundo a última pesquisa do IBGE, tem cerca de 370 mil habitantes. Em termos de veículos em dias úteis da semana quando a cidade recebe gente de vários municípios da região, fala-se em 150 a 200 mil. Confesso que não sei o número de motos (o núcleo do Detran deve ter esses dados), mas houve uma invasão significativa desse meio de transporte nos últimos anos, os gafanhotos, com a consequente elevação de mortes e acidentes no trânsito, provocados, na maioria das vezes, pelos próprios condutores que não respeitam os sinais, principalmente os semáforos.  Já vi muitas vezes, fora do centro, onde não existe o radar das câmaras, esses “gafanhotos motoqueiros” invadirem o sinal vermelho. No trânsito, eles cortam de todos os lados, costuram e aparecem repentinamente em seu retrovisor. É um tremendo susto! Na maioria das vezes, os motoqueiros culpam o motorista de quatro rodas e juntos pulam em seu cangote como se fossem “gafanhotos”, esbravejando e lhe xingando.  Querem lhe bater. Nem sempre a culpa é do veículo grande. Certa vez um passou por mim na contramão e arrebentou o retrovisor do meu carro. Sumiu na poeira.  Não estou aqui incentivando a intolerância no trânsito, mas os motoqueiros precisam ser mais prudentes e conscientes, e não somente colocar a culpa nos veículos maiores. Com o crescimento acelerado da cidade, está ficando cada vez mais difícil dirigir em Conquista. Imagine quando chegar a 500 mil habitantes. Tem que haver um melhoramento na infraestrutura urbana para acompanhar esse aumento populacional, com mais carros e motos rodando nas ruas. Como diz a ciência: Dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço.

AS CANETAS E O SABER

Nos tempos primitivos, há milhões de anos, o homem rabiscava nas cavernas suas pinturas, usando tintas vegetais e até o sangue de animais, com os dedos ou “pinceis” da madeira e penas de aves, que expressavam suas linguagens sobre a vida na terra. Depois vieram as escritas em cerâmicas e pergaminhos que contam as origens da nossa história. Os tempos foram se evoluindo desde o homem sapiens até chegarmos às canetas, símbolos do saber. Os mais velhos se lembram das conhecidas penas e tinteiros nas salas de aula onde os jovens estudantes sempre saiam sujos com as camisas respingadas de tintas, sem falar nas provas borradas que os professores davam bronca. Vieram logo depois as benditas canetas (a famosa big) que foram se evoluindo com a sofisticação da indústria e hoje temos as mais diversas nas papelarias (até banhadas de ouro) e nunca vão deixar de existir mesmo com o advento da tecnologia virtual da internet. A assinatura tradicional ainda é a mais confiável, não importando o tipo de caneta, que já foi e ainda é instrumento de aplicar sentenças, atestar documentos, promissórias, tratados e convenções, bem como rascunhar um poema ou um pensamento enquanto viaja dentro de um ônibus e até numa mesa de bar quando brota a inspiração. Portanto, caneta também significa ter o saber porque o analfabeto (não quer dizer que ele não possua a sabedoria oral) simplesmente usa as digitais para provar sua identidade existencial. Quem é fascinado por canetas, e existem muitos colecionadores delas por aí, pode visar o nosso Museu Padre Palmeiras de Vitória da Conquista.

NOSSO SARAU TEM HISTÓRIA

Nas lentes das máquinas fotográficas e dos celulares, nos debates de diversos temas, no bate-papo fraternal e acalorado, nas contações de causos, nos casos de pessoas que aqui pernoitaram, nas pessoas que já partiram para o outro lado do além ou para a outra margem do rio, nas declamações de poemas, nas cantorias dos violeiros, nos amores encontrados e nas madrugadas comendo e bebericando, o nosso “Sarau A Estrada”, que já está completando 13 anos (ficou dois anos parado por causa da pandemia da Covid-19), tem muita história para se contar. Daria para se fazer até um documentário com seus personagens, uns polêmicos e outros até engraçados. Tudo começou em 2010 num encontro de amigos entre Jeremias Macário, Manno di Souza e José Carlos D´Almeida quando pintou a ideia de reunirmos um grupo somente para ouvir vinis e tomar vinho. Assim surgiu o “Vinho Vinil”, com o Pérgula e o Dom Bosco. Dessa turma de fundadores, outros amigos foram se incorporando e o formato foi se modificando e se ajustando para até chegar ao “Sarau A Estrada”, tendo como abertura dos trabalhos um temo escolhido democraticamente. O evento é realizado no Espaço Cultural A Estrada. Tem os frequentadores assíduos do tipo professor Itamar Aguiar até gente nova que sempre aparece em nossos encontros. A maioria é composta de artistas. Tem muito mais coisa para contar, mas o que fica de eterno são as trocas de ideias, de conhecimento e aprendizagem. Muitos já dizem que o sarau já é de fato de utilidade pública e que já poderia ter recebido homenagens, reconhecimento e moção de aplausos da Câmara de Vereadores e outras entidades pela sua persistência em continuar existindo. Ah, ia quase me esquecendo de dizer que o sarau é colaborativo onde cada um traz petiscos, comidas e bebidas. É uma muvuca organizada e sadia.

NA VILA DO SÃO JOÃO

O São João, uma festa tipicamente nordestina, apesar de ter sido descarecterizada nos últimos anos com a mistura maléfica de outros ritmos, como do arrocha e da sofrência, caso do cantor Thierry, que foi contratado pela Prefeitura de Vitória da Conquista onde se apresentou no Espaço Glauber Rocha, ainda é o melhor evento festivo popular, superando o bagunçado e elitizado carnaval. Melhor para quem foi à Vila Junina, armada na Praça Nove de Novembro, no centro da cidade, onde se apresentou somente bandas forrozeiras que mantiveram a nossa tradição cultural, sem falar nas comidas e bebidas típicas. Todo ano se fala e se bota a boca no trombone contra deturpação do nosso forró, mas prefeitos, politicamente incorretos e eleitoreiros, continuam contratando bandas sertanejas, de axé music e pagodeiras por altos preços que variam de 300 a 500 mil reais (muitas superfaturadas), ao invés dos autênticos pés-de-serras ou arrasta-pés como eram chamados desde o surgimento do ritmo por volta de 1930 e 1940/50 com Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Trio Nordestino, Sivuca e Marinês de saudosas lembranças com o triângulo, a sanfona e o zabumba.

AS LENTES FAZEM TUDO

Exif_JPEG_420

Sempre falam que uma boa imagem vale por mil palavras, isto é, dispensa até a linguagem dos textos. Existem matérias jornalísticas que, por mais que sejam bem-feitas, têm que vir acompanhadas de uma ou mais fotos. E por falar em fotografia, vem logo na cabeça a máquina fotográfica profissional que ainda sobrevive (estão comentando que a analógica vai voltar), mesmo com o advento do celular que pode registrar tudo, mas não com aquela resolução desejada. No entanto, o nosso papo aqui são as lentes, as peças mais importantes de uma máquina, que fazem tudo. Elas são delicadas e precisam ser bem cuidadas, senão pegam fungos e estraga tudo. São sensíveis à luz, na abertura e no fechamento, com a velocidade ideal para captar a imagem no foco certo. Desde quando foram inventadas, elas são preciosas e poéticas, a depender da imagem, como uma bela paisagem e até o desabrochar de uma flor, mas são também instrumentos de denúncia e registro de tragédias, catástrofes e da nossa história. Mesmo assim, o bom trabalho delas estão nas mãos, na sensibilidade e no olhar de um grande fotógrafo. Em Vitória da Conquista temos muitos bons profissionais, com seus notáveis legados na imprensa e nos acontecimentos em geral, mas não vamos citar nomes para não cometer injustiças. As lentes fazem tudo e ainda nos impressiona.

Exif_JPEG_420

UM ENTARDECER NA BRUMADO

Com meu amigo e companheiro fotógrafo José Silva registramos o entardecer de ontem (dia 08/06/23), na Avenida Brumado, em pleno feriado de Corpus Christi com a pista pouco movimentada, diferente da agitação de veículos e pessoas em dias normais. Desse lado oeste, o entardecer vem lentamente com suas cores do sertão catingueiro e invade Vitória da Conquista no apagar das luzes, com nuvens sombrias de uma tarde nublada que esconde o vermelho colorido do pôr-do-sol.  O dia se despede para dar lugar à noite e retorna ao seu ciclo em cada amanhecer. É o tempo a girar que pouca gente não dá conta e até esquece que existe a finitude. Durante vida só se pensa em acumular bens e nem se pensa que um dia será arrebatado pelo entardecer, este que não terá mais o amanhã, nem a aurora. Cada um de nós tem seu entardecer e, se refletíssemos mais nisso, talvez o mundo seria bem melhor, sem tantas maldades, ganâncias, ódios e tolerâncias. Talvez assim teríamos mais amor e paz entre todos viventes.

EMBLEMÁTICA

Alguns dizem ser um tribunal de julgamento e outros um simples encontro ou reunião, onde uma pessoa está no centro como réu ou presidindo o evento. A arte por si só já é emblemática e não poderia deixar de ser no Museu de Kard, cujas esculturas são do nosso grande artista Allan Kardeck. No meu olhar é um tribunal e cada uma das estátuas usa uma arma do seu jeito para julgar, como a flor que simboliza a paz, ou uma espada que pode remeter a uma sentença de morte. O Museu de Kard, localizado em Vitória da Conquista, na saída para a cidade de Anagé, hoje um dos maiores do Brasil a céu aberto, possui outras centenas de obras também emblemáticas que somente o autor tem maior precisão para explicar, mas a arte pode ser interpretada de acordo com a visão e a imaginação de cada um. Por isso que a arte é rica e é vida. Recomendo que não deixem de visitar o museu, para exprimir seus pensamentos e viajar na imaginação.

ENTRE ÁRVORES E NUVENS

A Praça Tancredo Neves, antiga Praça das Borboletas, uma das mais bonitas do interior baiano, pode ser vista de diversos ângulos, depende da perspectiva de cada um que passa. Entre as árvores e as nuvens, por exemplo, captei a cruz da catedral, símbolo da fé cristã. Uns vão para namorar, outros para aliviar a mente dos problemas e muitos, de tanto passar em frente todos os dias, nem chega a descobrir os detalhes escondidos da sua beleza. Tem o correr das águas, o frescor e o cheiro das plantas e das árvores, o perfume das flores e as aves que convivem com todo burburinho da cidade. Mais linda seria a praça se ali fosse hoje o Centro Histórico de Vitória da Conquista, mas a ganância do homem se encarregou de destruir o patrimônio arquitetônico (um casarão está em ruínas). Todos as vezes que transito por aquele local consigo ver pontos diferentes, como da cruz lá no alto entre árvores, nuvens e palmeiras, representando o símbolo da cristandade que aqui foi fincado pelos primeiros desbravadores portugueses. Quer queira ou não, a Tancredo Neves, antiga Rua Grande, é o marco primeiro da nossa história.





WebtivaHOSTING // webtiva.com . Webdesign da Bahia