Nos últimos tempos, a nossa mídia abriu mão de questionar os fatos e apenas faz aquela mesmice do factual na base do concordar com informações que, na verdade, não condizem com a realidade.

Em minha modesta análise, ela entra na onda por acomodação (não proposital e intencional) e termina desinformando a opinião pública, quando deveria ser o contrário. Isso é pecar por omissão, o que é tão maléfico como mentir.

Uma dessas coisas que sempre acompanho são matérias na área da saúde, especialmente em campanhas dos meses rosas, azuis e outras cores correspondentes ao tratamento de determinadas doenças, como do coração, do diabetes, da próstata e agora do câncer da mama.

Os repórteres se colocam, muitas vezes, no lugar dos médicos-cientistas (arrogância) e aconselham que a prevenção do tratamento é a melhor saída. Não é que esta recomendação não seja verdadeira, mas esquecem de explorar o outro lado do Brasil desigual onde a maioria dos brasileiros, dependentes do SUS, não tem acesso fácil aos exames mais importantes e caros.

É o que chamo de cinismo da prevenção da saúde onde a ordem geral é que todos procurem o seu médico e façam suas consultas regulamente, inclusive dos exames solicitados pelo profissional. Até parece que neste país a saúde é de alto nível e qualidade. É só marcar o exame e no outro dia a pessoa já é atendida.

Tenho exemplos, aqui mesmo em Vitória da Conquista, de mulheres que pediram uma mamografia no posto de saúde e estão na espera da fila há quase um ano. Eu mesmo marquei um otorrino e tem mais de um ano sem me chamar. Nem preciso mais. Imagina se fosse uma coisa grave, como um câncer! Teria virado uma metátese e morrido. Basta ser um procedimento de média a alta complexidade para tudo ficar emperrado!

Por que a mídia não mostra a outra face da moeda penosa do pobre que depende do SUS? A mesma coisa é quando se diz para não se comprar remédio na farmácia sem receita médica. Para complementar, acrescenta-se que procure seu médico. Isso é uma tremenda piada, para não dizer utopia. O que vemos muito são reportagens enganosas no estilo propagandista dos políticos governantes.

Será que os jornalistas acham que o povo é tão burro assim ao ponto de não perceber e ficar revoltado? Aprendemos a subestimar a inteligência dos outros. Vamos ser mais criteriosos, éticos e responsáveis com a verdade. Condena-se tanto as fake news e termina-se divulgando elas de outra forma, porque não existem mais editores, redatores e chefes de reportagem como antigamente.