O ESCRITOR E A MORTE TOC, TOC
Autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário
Açoita o vento lá fora,
Assovia pelo bosque,
Quebrando o silêncio da noite.
A lua do alto namora,
O coiote uiva na savana,
Ela bate na porta, toc, toc
E o escritor em sua cabana,
Sabe que é a senhora morte,
Cata as palavras no ar,
Espalhadas na mente,
Pede mais um tempo,
Manda ela ir embora,
Enquanto escreve no divagar.
Prepara o solo,
Irriga a terra,
Na paz, no amor e na guerra,
Sábio e prudente,
Até brotar a semente.
Assim escapou o escritor,
Mas a morte volta no toc, toc
Até que numa madruga,
Os dois batem papo legal:
Fizeram um pacto,
Assinaram um ato,
Que ele continuaria a escrever,
Com seu direito a viver,
Sem mais o toc, toc.
O sol clareou o dia.
Os pássaros voaram em cantoria,
A peregrina segui sua via,
E o escritor arrumou suas obras,
Na prosa e na poesia,
Jogou tudo em seu embornal,
Se tornou imortal,
Sem mais o toc, toc.