NÃO FOI POR ACASO…
Autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário
Não foi por acaso…
Que meus olhos
Cruzaram com os seus,
O amor nos levou ao altar,
Depois você partiu
Sem me dar um adeus:
Meu coração ficou a sangrar,
Como o gladiador ferido,
Na arena do Coliseu.
Não foi por acaso…
Que estourou a revolução
Do povo há séculos oprimido,
Que atacou com armas na mão.
Não foi por acaso…
Que Lampião entrou no cangaço,
No agreste nordestino,
Com seu bando traçou seu destino,
Na bala fuzilou e foi fuzilado,
Sempre com seu punhal de aço.
Não foi por acaso…
Que o místico Conselheiro
Criou sua comunidade social,
E sua gente foi massacrada
Pela tropa cruel e brutal.
Não foi por acaso…
Que a Coluna Prestes
Cortou todo o Nordeste,
Perseguida pelo governo fascista;
Prendeu e matou coronéis
Por um ideal socialista.
Não foi por acaso…
Que fizeram a Revolução Francesa;
Derrubaram a Bastilha;
Quebraram os grilhões da opressão;
Victor Hugo escreveu Os Miseráveis;
Nobres foram decapitados;
Tombaram intelectuais notáveis;
E até o rei e a rainha
Foram guilhotinados.
Não foi por acaso…
Que Lenin e Stalin
Destronaram a família Czar,
No lugar nasceu outro tirano;
Fez império por terra e mar;
Esmagou milhões de humanos.
Não foi por acaso…
Que Fidel subiu a Serra Maestra,
Guerreou com Guevara
Entre mata e savana,
Numa estratégia rara
Entrou triunfal em Havana.
Não foi por acaso…
Que os gregos invadiram Troia,
Por causa de uma Helena,
Que do rei era sua cobiçada joia;
Ulisses matou Heitor:
Carnificina, trama e terror.
Não foi por acaso…
Que conheci minha Lara,
Com meu verso tracei este caso,
Mas existe também o por acaso:
Estar no lugar e hora errada;
Ser morto numa parada,
Porque o bandido confundiu sua cara.