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“DENTRO DA BALEIA E OUTROS ENSAIOS” III

AS CRÍTICAS DE TOLSTÓI ÀS PEÇAS DE SHAKESPEARE E A DEFESA DE GEORGE ORWELL EM RESPOSTA AO RUSSO.

No capítulo “Lear, Tolstói e o Bobo”, o autor de “Dentro da Baleia e Outros Ensaios”, George Orwell expõe as críticas de Tolstói contra o escritor e dramaturgo Shakespeare onde, ao mesmo tempo, rebate o russo relatando partes negativas de sua vida e afirma que ele não tinha propriedade para menosprezar as obras do poeta inglês, especialmente quanto a sua habilidade para com as palavras, que soavam como música.

Ao analisar a peça Rei Lear, Tolstói, através do seu panfleto, considera que Shakespeare não é nem “um autor mediado”, quanto mais um gênio. Em sua apresentação sobre o do enredo de Rei Lear, o russo julga como estúpido, verborrágico, antinatural, incompreensível, bombástico, vulgar, tedioso e repleto de episódios inverossímeis, “loucos desvarios”, cheio de obscenidades, sem contar as faltas morais e estéticas.

“Lear é, de qualquer forma, plágio de uma peça mais antiga e muito melhor, Rei Leir, de autoria desconhecida, que Shakespeare roubou e arruinou”. Em seu panfleto, o russo arrasa o inglês com termos depreciativos. O veredicto final de Tolstói sobre Lear, conforme descreve Orwell, “é que nenhum observador não hipnotizado, se um observador assim existisse, conseguiria ler a peça até o fim com nenhum sentimento, exceto “aversão e fastio”.

Sua crítica áspera inclui todas suas outras peças, segundo ele, sem sentido que foram, dramatizados, como Péricles, Noite de Reis, A Tempestade, Cimbelino, Troilo e Créssida. Ele acha que Shakespeare tem alguma habilidade técnica, devido em parte ao seu passado, como ator, mas absolutamente nenhum outro mérito.

Para Tolstói, a linguagem do inglês é exagerada e ridícula, que enfia os próprios pensamentos aleatórios na boca de qualquer personagem que por acaso esteja à mão. “Demonstra “uma ausência completa de senso estético, e suas palavras ”não têm nada em comum com a arte e nem com a poesia. Shakespeare pode ter sido o que você quiser, mas ele não era um artista” – diz Tolstói, acrescentando que sua tendência é do “tipo mais baixo e imoral”. “Seu princípio é que o fim justifica o meio”.

Na análise do russo, a fama do inglês está em uma espécie de “hipnose das massas” ou em uma “sugestão epidêmica”. Ressalta ainda que o mundo civilizado vem sendo induzido a pensar que Shakespeare é um bom escritor. Sobre a fama do inglês, o russo declara que ela foi promovida por acadêmicos alemães no final do século XVIII. “Sua reputação surgiu na Alemanha e de lá foi transferida para a Inglaterra”.

Do outro lado, com relação às críticas de Tolstói, o autor de “Dentro da Baleia e Outros Ensaios”, retruca que o sentimento que se tem é de que, ao descrever o inglês como um mau escritor, ele está dizendo algo demonstrativamente inverídico. Para Orwell, não existe nenhum tipo de evidência ou argumento pelo qual se possa demonstrar que Shakespeare, ou qualquer outro escritor, seja “bom”, nem que seja “ruim”. “Não existe teste de mérito literário, a não ser a sobrevivência”.

“Teorias artísticas como a de Tolstói são bastante inúteis porque não apenas partem de princípios arbitrários como dependem de termos vagos, que podem ser interpretados de qualquer forma que se queira”. Orwell indaga o porquê dos ataques de Tolstói. Em sua opinião, o russo usa muitos argumentos fracos ou desonestos. “Sua análise sobre Rei Lear é “imparcial”, como duas vezes ele alega ser. Ao contrário, é um longo exercício de distorção”.

Orwell afirma que nenhuma dessas interpretações equivocadas é por si muito grosseira, mas o efeito cumulativo é exagerar a incoerência psicológica da peça. Diz também que Tolstói não é capaz de explicar por que as peças de Shakespeare ainda estavam sendo impressas e encenadas duzentos anos depois de sua morte. Mais diante chama o trabalho de Tolstói de simples adivinhação, pontuado por declarações falsas explícitas.

Destaca que muitas das acusações do russo se contradizem mutuamente. “De modo geral, é difícil sentir que as críticas de Tolstói são feitas de boa-fé”. Entende ser impossível que ele acreditasse na tese principal que, por um século ou mais, todo mundo civilizado tenha sido engolfado por uma mentira enorme e palpável que ele, e somente ele, tenha sido capaz de perceber.

Em determinado trecho, Orwell chega a concordar com Tolstói quando critica que a peça Lear não é muito boa por ser longa demais e ter excessos de personagens e de subtramas.

Entretanto, assinala que “Tolstói era capaz de repudiar a violência física e de enxergar o que isso implica, mas não era capaz de tolerância nem de humildade, e, mesmo sem conhecer nenhum de seus outros textos, uma pessoa poderia deduzir sua tendência à intimidação espiritual a partir desse único panfleto”. Sua rixa com Shakespeare vai além. É uma rixa entre as atitudes religiosas e as humanistas diante da vida – rebate Orwell.

O autor de “Dentro da Baleia e Outros Ensaios” observa que existe um episódio de semelhanças entre a peça de Lear e a vida de Tolstói que foi seu ato imenso e gratuito de renúncia. “Em sua velhice renunciou às propriedades, aos títulos e direitos autorais e fez uma tentativa, não bem-sucedida de escapar de sua posição privilegiada e levar a vida de um camponês. Tolstói renunciou ao mundo na expectativa de que isso o faria feliz, mas não foi feliz”.

 

 

SOLTARAM UM AÍ!

(Chico Ribeiro Neto)

“Quem primeiro sentiu, do buraco saiu” – sentenciava mamãe Cleonice, que dizia saber identificar o peido de cada um lá em casa: “Esse é de Waldemar (papai), esse é de Luiz, esse é de Zé Carlos. Ah, esse eu já conheço, é de Cleomar, e esse já sei que foi de Chico”, citando os filhos.  Menino tem arte. A gente soltava um embaixo da coberta pra ficar sentindo o “aroma”.

A velha sempre repetia um velho ditado sobre um casal: “Quem gosta dos beijos gosta dos peidos”. Haja amor!

Uma amiga me contou que, menina, estava no recreio da escola, quando uma colega muito afoita gritou: “Você peidou”. E ela, muito tímida, disse que não. A outra insistia, ela negava e já se formava a roda de meninas. “Peidou, sim, que eu vi seu short tremer”.

Piada que surgiu na pandemia: antes, a gente tossia pra disfarçar o peido. Hoje, a gente peida pra disfarçar a tosse.

Muita gente tenta disfarçar quando solta um peido. Alguns procuram sair rapidamente do local da detonação, outros dão um sorriso constrangido ou começam a falar sem parar, como se a voz dissipasse o gás. Impossível disfarçar mesmo é quando você vai descendo sozinho no elevador, solta um e entra alguém.

Ele é também chamado de bufa, trovão de baixo, traque, bomba. Tem uns que assoviam, mas o pior é aquele que não faz barulho. Esse é igual a um escapamento de gás, fruuuuu, que quando começa vem sibilante e contamina todo o ambiente em questão de segundos. O que faz barulho não passa de um pum que logo se dissolve.

Uma vez, um amigo presenciou uma cena inusitada dentro de um ônibus Viaduto da Sé – Brotas, em Salvador. Entrou um bêbado e ficou em pé, quando um passageiro que estava sentado cedeu o lugar para uma mulher cheia de embrulhos. Quando ela se curvou para colocar o embrulho maior na poltrona deixou escapulir um sonoro peido. Ouvido de bêbado é o diabo e ele foi logo arrematando: “Minha senhora, a senhora peidou, não tenha vergonha, não. Todo mundo peida. Eu peido, o papa peida, o presidente Geisel peida, o cobrador peida, o motorista peida…” e aí houve logo um freio de arrumação. O motorista ouviu e veio tirar satisfação com o bêbado: “Você me ofendeu”. “Mas você peida ou não peida? “Peido, sim, mas você está me faltando com o respeito e vai descer do ônibus agora”. Motorista e cobrador agarraram o bêbado e o colocaram pra fora do ônibus. Quando o carro arrastou, ouviu-se a indignação do bêbado: “Quer dizer que ela peida e quem desce sou eu”.

Em Ipiaú, minha terra natal, existiu o Cine Bufa, assim descrito pelo jornalista José Américo Castro: “No ano de 1969, Dren (José de Assis Filho) inaugura na Rua Castro Alves, em um antigo armazém de cacau, uma sala com o seu próprio nome. O Cine Dren roubou do Cine Éden o público mais vibrante e ganhou, por motivos óbvios, o honroso apelido de “Cine Bufa” (…) No meio da projeção costumava-se ouvir: “Bufaram aqui, tá um fedor retado!” (…) Quando a coisa chegava às raias do insuportável, Dren interrompia a projeção e saía cheirando o cangote de cada cinéfilo. Aos cascudos, o principal suspeito era expulso do recinto”. (Fonte: livro “Porta do Éden – A poética de José Américo Castro e o Imaginário Coletivo de Ipiaú”, org. Paulo Andrade Magalhães).

Uma vez, Dren recebeu uma intimação do delegado de Polícia por causa da exibição de filmes de putaria. Diz o mesmo livro: “A queixa foi prestada pelas freiras do Instituto Sagrada Família, que moravam na vizinhança do cinema. Elas estavam incomodadas com os chiados indecentes dos atores e com as frases ditas em voz alta pela plateia. As mais moderadas eram do tipo: “vai, sacaninha…”

Lembro ainda de um colega de pensão que gostava de se exibir no quarto  soltando um pum e riscando um fósforo para que a plateia visse a chama. Acho que ele foi parar num circo.

Zorra! Queimaram um aí!

(Veja crônicas anteriores em leiamaisba.com.br)

 

 

O CRISTO DA SERRA

Mais uma vez, volto a falar aqui sobre o monumento do Cristo de Mário Cravo, em Vitória da Conquista, ou simplesmente, o Cristo da Serra do Periperi, que nunca recebeu a devida atenção dos poderes públicos desde quando Ele foi erguido nos anos 80. Discutimos esta questão no Conselho Municipal de Cultura, do qual estive à frente até o início deste mês (final de mandato), onde uma conselheira chamou a atenção de que a estrutura interna da estátua se encontrava deteriorada, com risco de desaparecer. Em julho do ano passado, numa audiência do Conselho com a prefeita, tocamos nessa questão e a chefe do executivo garantiu não ser verdade o comentário. Logo depois ela anunciou uma “revitalização” do local, em conjunto com a Cúria da Igreja Católica. Estive lá e captei algumas fotos onde funcionários limpavam a área, sem contar a instalação de um mirante. Não constatei nada além disso em termos de uma obra maior, como área de estacionamento e outros equipamentos de proteção e urbanização. É sempre assim: Alguns prefeitos, quando pressionados, fazem uns serviços “meia boca” e chamam isso de revitalização e urbanização. Ali é um cartão postal e, como tal, era para todos os dias receber centenas de visitantes, o que não ocorre. Em minha opinião, aquela área carece de um grande projeto, inclusive um teleférico ligando o Cristo ao centro da cidade, dentre outras obras onde moradores e turistas de fora possam desfrutar com segurança daquela bela paisagem até num certo período da noite, como ponto turístico de atração.

RISCO

De Ana Luz, da sua obra QUADRAS

A maçã sempre esteve lá,

a esperar pela flecha.

É que só agora me dou

direito de atirar .

UMA GUERRA QUE VAI NOS ATINGIR

Carlos González – jornalista

Um povo oprimido há mais de meio século por homens e mulheres refugiados do regime nazista que, ao longo desses anos, aparelhou um dos mais bem respeitados exércitos do mundo, reage um dia violentamente, sem imaginar que a retaliação do inimigo será devastadora, apoiada por parceiros poderosos e pela imprensa internacional.  Esse é o enredo da peça teatral encenada no teatro de guerra do Oriente Médio, que, provavelmente, não irá passar do primeiro ato, devido a desproporção de forças. Os mais antigos diriam que o Hamas mexeu numa casa de marimbondos.

No último sábado, 7, o mundo recebeu com perplexidade e pavor a notícia de que o grupo Hamas, uma espécie de braço armado da Autoridade Nacional Palestina, promovia um derramamento de sangue em solo israelense. A organização, de natureza religiosa,  criada em 1987, tem como um dos seus lemas, reproduzido na sua Carta de Princípios, a frase: “Morrer pela causa de Alá é nossa maior esperança”.

Nos últimos dias o termo terrorismo vem sendo aplicado para caracterizar esse ataque suicida do Hamas, organização considerada pelos Estados Unidos e pela União Europeia como terrorista. No passado,  Israel se valeu dos grupos terroristas Haganá e Gangue Stern nas ações belicosas contra os palestinos. Como podemos classificar a invasão dos Estados Unidos e do Reino Unido ao Iraque, sob a justificativa de que o país asiático armazenava armas nucleares, químicas e biológicas, que nunca foram encontradas? Os 148 mil soldados das forças de coalização destruíram em pouco mais de 20 dias a frágil defesa inimiga, perdendo pouco mais de 120 homens. No lado iraquiano morreram 24 mil militares e 7.500 civis, entre eles o presidente Saddam Hussein, condenado à forca.

Inicialmente, o objetivo do Hamas era uma reivindicação antiga do povo palestino, a criação de um Estado autônomo, com capital em Jerusalém, vivendo em paz com seus vizinhos israelenses. Esse clima de harmonia nunca existiu por conta da implantação de acampamentos judaicos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, e dos frequentes conflitos entre os dois povos. Eram comuns imagens de jovens palestinos atirando pedras nos soldados israelenses, que respondiam com munição letal.

Nessa inimaginável escalada bélica, que a inteligência militar judaica não percebeu, o Hamas lançou milhares de foguetes, ao tempo que seus militantes, nos ataques por terra, cometiam atrocidades que chocaram o mundo. Entre esses atos, considerados como crimes de guerra, foram relatados mortes de bebês e crianças, ataque a um festival de música que deixou mais de 400 mortos, execuções, tortura e estupros.

Os mais de 100 israelenses feitos prisioneiros estão ameaçados de execução, caso Israel mantenha os ataques com mísseis a alvos palestinos. Os números de mortes dos dois lados são desencontrados, mas, segundo os correspondentes de guerra, 260 mil palestinos já deixaram suas casas em busca de um lugar seguro.

Os que ficaram em Gaza, incluindo 25 brasileiros, estão condenados à morte, como prevê o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, numa entrevista à “Folha”: “Nossos irmãos estão sendo submetidos a um ataque de “terra queimada”, referindo-se ao cerco por terra, mar e ar das forças armadas de Israel. “Ou se morre vítima dos bombardeios ou por falta de medicamentos, comidae água”, acrescentou.

O advogado e diplomata brasileiro Osvaldo Aranha tem o reconhecimento do povo judeu por ter se empenhado, como presidente da Assembleia Geral da ONU, pela criação do Estado de Israel na histórica sessão de 14 de maio de 1948, concedendo 53,5% do território sob domínio britânico aos refugiados da 2ª Guerra Mundial e 45,4% aos palestinos, que ocupavam a região. O nome do brasileiro batiza pelo menos ruas e praças de quatro cidades israelenses.

A recusa de não ter atendido uma antiga reivindicação palestina, o direito a um Estado – um processo que se arrasta até hoje -, a ONU estimulou o conflito entre os dois povos, que já completou sete décadas, com milhares de perdas de vida, principalmente entre os árabes, que se veem na condição de alvos de um apartheid. Apoiados por grandes grupos financeiros de origem judaica localizados no Ocidente, notadamente nos Estados Unidos, Israel, pelo seu poderia militar, é visto como uma ameaça aos países árabes que o cercam.

A negativa dos ricos judeus alemães de financiar os planos do regime nazista de Adolf Hitler foi um dos pilares do Holocausto. Entre 1933 e 1945, mais de 6 milhões de judeus foram assassinados nos campos de concentração nazista. Os que conseguiram sobreviver e não perderam seu patrimônio emigraram para o território palestino, onde aguardaram a decisão da Assembleia Geral da ONU.

Geograficamente, Israel está situado na Ásia, mas seu ciclo de vida como nação está direcionado para a Europa.  O seu povo tem características que o aproximam do europeu; não são boas suas relações com as nações do Oriente Médio; organismos europeus aceitam a participação dos israelenses, inclusive a UEFA (a seleção judaica disputa as eliminatórias da Copa do Mundo e da Eurocopa contra as equipes europeias) .

A guerra no Oriente Médio ascendeu a polarização entre direita e esquerda no Brasil. Apesar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter divulgado nota condenando o que chamou de ataque terrorista do Hamas, o seu antecessor não perdeu a oportunidade para propagar mais juma mentira, vinculando o PT ao grupo palestino. Depois que Jair Bolsonaro foi mergulhado nas águas do Rio Jordão, Jerusalém se transformou numa espécie de Meca para os evangélicos brasileiros.

Numa rápida iniciativa do governo brasileiro, aviões da FAB estão retirando os quase 1.700 brasileiros que residiam ou faziam turismo em Israel. A maioria deles, com dupla nacionalidade, eleitores de Bolsonaro, deixou o Brasil para estudar nas universidades locais, para trabalhar voluntariamente nos kibutz (agrupamentos que funcionam como cooperativas com caráter socialista) ou para servir ao exército. No período em que fui aluno do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR), em Salvador, dois companheiros israelitas (nascidos fora de Israel, mas professam a religião judaica) do curso de Artilharia revelaram que gostariam de vestir o uniforme do exército de Israel.

Se a guerra Rússia – Ucrânia vem afetando há mais de um ano a vida do brasileiro, que a todo instante é penalizado com aumentos da gasolina e do gás de cozinha, com reflexos nos produtos de maior consumo, esse novo conflito que se desenrola no Oriente Médio irá trazer maiores sacrifícios ao nosso povo. Vamos acabar construindo o nosso próprio Muro das Lamentações.

 

 

OS “MENINOS” MALVADOS

Sabe daquelas histórias do menino malvado (hoje existem muitos) que tinha prazer de maltratar os animais, do moleque “diabinho” que amarrava latas no rabo do gato e depois soltava o bichano que corria em disparada? O mais capeta botava uma bombinha na ponta da corda amarrada no rabo do felino. Imagine o desespero do animal! Só os mais velhos sabem dessas presepadas.

Como se tratava de coisa de criança, sem a devida consciência do mal que estava fazendo, merece nosso perdão, mas se o pai pegasse o filho fazendo isso era aquela surra. Hoje em nossa sociedade, temos vários meninos malvados, malcriados e que não respeitam nem os idosos, quanto mais outras estripulias como bater em professores. Não podem ser mais punidos com castigo.

É só uma metáfora para falar dos “meninos” malvados adultos que, além de devastar nosso planeta com desmatamentos, queimadas, lixo e gases tóxicos, provocando o aquecimento global e colocando a culpa no “El Nino” (O Menino), agora fazem terror com as guerras impiedosas de extermínio da raça humana.

Esses “meninos” malvados, com todo seu poderio, inteligência e ganância capital estão varrendo a própria humanidade da face da terra. Como se não bastassem as tragédias e as catástrofes climáticas anunciadas como início do fim – calor de mais de 40 graus em quase todos os continentes e regiões, ciclones, tufões, enxurradas e terremotos – o mundo está pegando fogo literalmente através dos foguetes e armas de alta destruição.

É a inteligência, inclusive a artificial, destruindo a própria inteligência, que há séculos vem dizendo que tudo vem sendo feito em benefício do ser humano. Os bobos da corte só fazem aplaudir. Sem nenhuma moral, uns ficam chamando os outros de terroristas. São como os Neros malvados que tocam harpa enquanto Roma é consumida pelas chamas.

É só ler a história desde séculos antes de Cristo e você vai entender que não existe essa de mocinhos e bandidos, de bons e maus, de bonitos e feios. Revise toda história da humanidade e você vai descobrir e compreender quem primeiro jogou a pedra ou apertou o gatilho, inclusive me refiro ao caso atual de Israel a partir das matanças indiscriminadas para tomar Canaã, a terra prometida, sob o comando de Moisés e depois de Josué. Aquele pedaço de território já era habitado.

O interessante é que cada um deles tem o seu deus protetor e se acha com a razão. Os deuses deles que se virem e briguem entre si para defender o seu povo maluco e estúpido. Oram nas mesquitas, nas igrejas, nas sinagogas e mosteiros para que ajudem a realizar suas carnificinas com sucesso.

A história é longa de revides e revanches com terrorismos dos dois lados. A situação piorou mais ainda com a criação do Estado de Israel, em 1948, de comum acordo com as nações poderosas, no caso principal a Inglaterra e os Estados Unidos. Por que deixaram os palestinos num curral, ou matadouro, e não instituíram seu Estado?

Antes disso, quem foram os “meninos” malvados que praticaram atos de terror contra árabes, cristãos e palestinos, para forçar a construção de um Estado? Quem administrava aquela região depois da Segunda Guerra Mundial eram os ingleses.

A panela de pressão sempre está explodindo e vai continuar assim, porque é assim que querem esses “meninos” malvados e sádicos, que também são responsáveis pelo “fumacê” que está poluindo todo nosso ar e deixando o planeta sufocado. Não se enganem de que vamos reverter essa autodestruição humanitária, ou apocalipse final.

 

 

 

UM DIA ADVERSO

Pense num dia em que você sai de casa com tudo planejado na cabeça para resolver os pepinos e as coisas terminam saindo do seu comando! É o chamado dia adverso onde só dá o avesso. No sábado passado aconteceu isso comigo, e aí lembrei daquele filme norte-americano “Um Dia de Cão” quando o cara se desespera no trânsito engarrafado e destila toda sua raiva nos outros, como se fosse um louco psicopata.

Não cheguei a este ponto, mas fui obrigado a fazer outras coisas que não estavam em meus planos. Primeiro, marquei uma reunião na casa de um amigo e quando lá cheguei no horário ele havia saído parta socorrer um colega de trabalho, coisa de carro. Entrei em contato e ele me pediu desculpas. Antes passei no banco e minha conta estava negativa. Comecei com o pé esquerdo, ou direito, sei lá!

Quando estava para visitar um companheiro jornalista e tomar umas geladas, conforme o combinado, recebo um áudio de uma amiga me solicitando socorro para pegá-la num hotel lá na Avenida Integração. A pessoa estava muita avexada e não parava de passar mensagens porque ela teria que deixar o hotel meio-dia para não ter que pagar outra diária.

Tomei dois goles da cerveja agoniado e lá foi eu. Pequei um engarrafamento na Avenida Spínola e o horário estava se esgotando. Da Avenida Integração tocamos para uma pousada na Avenida Juracy Magalhães para pegar uma mala pesada que deu a maior trabalheira para descer as escadas.

De lá, retornarmos para a Integração (antiga Rio-Bahia) e tornei a subir mais escadas arrastando essa mala enorme. Os antigos hotéis não têm nenhuma acessibilidade e nem elevadores. Era pouco mais de meio dia e a fome bateu com a fraqueza.

Nessa ida e volta ela foi me contando que foi desempregada e ainda havia sido vítima de assédio sexual. Esse é um assunto delicado que prefiro não entrar em detalhes, mas fiquei chocado com sua situação e o aperto em que estava passado. Muitas vezes pensamos que nosso sofrimento é maior que dos outros.

Para não me alongar muito na história (ocorreram outros percalços) terminei indo para a Feirinha do Bairro Brasil, coisa que não estava em meu roteiro do dia. Comprei um tilápia fresca em um daqueles galpões de carnes e fui tomar uma gelada e um caldo de buchada para aliviar a tensão e a fome. Àquela altura, o relógio marcava pra lá das 14 horas.

Antes de fazer o pedido, perguntei à moça da barraca (estava com pouco dinheiro) quanto era o caldo. Respondeu que era sete reais. Pedi uma cerveja “periquete” de quatro reais, segundo a mesma mulher que me atendeu.

Quando fui pagar a conta, veio a dona do estabelecimento, uma senhora já meio idosa, e me cobrou quinze reais quando deveria ser onze. Entrei em discussão e chamei a menina, supostamente sua filha, que ficou atarantada porque havia me passado os preços errados. “É, subiu tudo”. Imaginei: em questão de minutos! Que inflação varada!

Outra vez passou pela minha cabeça o filme “Um Dia de Cão” e tive que me controlar para evitar um quebra-quebra e ir parra na delegacia. Acontecem coisas em nossas vidas que não sabemos explicar. Uns dizem que são coisas do destino. Moral da história é que nem tudo que você planeja dá certo quando o dia é adverso.

DIA DO NORDESTINO

Não poderia deixar aqui batido o “Dia do Nordestino”, comemorado em 8 de outubro, do nosso sertão profundo, de gente simples sofredora, não o do cerrado cheio de águas e cachoeiras do famoso escritor Guimarães Rosa (com todo respeito), mas lhe parodiando, o da Caatinga Veredas, que nos leva às histórias de lutas, do cangaço, de Lampião, da Coluna Prestes, dos milagres, do Conselheiro, do “Padim Ciço” e demais personagens que fazem parte da nossa cultura.

Foi aqui em nosso Nordeste, que possui o único bioma do mundo, que proliferou a poesia do cordel e gerou grandes escritores, como Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Câmara Cascudo, José de Alencar, Jorge Amado, João Ubaldo Ribeiro, Ariano Suassuna, dentre tantos outros, sem falar no Águia de Haia, Ruy Barbosa, e no poeta dos poetas condoreiro Castro Alves em Espumas Flutuantes.

É também o nosso Nordeste dos repentistas, dos trovadores, contadores de causos e chulas, dos grandes compositores músicos como Zé Ramalho, Geraldo Vandré, Elba Ramalho, Luiz Gonzaga com sua sanfona ao som de Assa Branca, Humberto Teixeira, Zé Dantas, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Capinam, Tom Zé, Novos Baianos e toda uma geração conhecida mundialmente.

Neste “Dia do Nordestino”, quero também falar da nossa terra de bravos, mulheres e homens anônimos que fizeram e fazem parte da nossa história e da nossa rica cultura, cheia de mistérios, fé e religião. Nosso sertão é único, cinzento nos engaços e bagaços misturados com o mandacaru quando bate a seca, e verde e colorido quando chegam as trovoadas de final de ano.

Essa paisagem do seu solo e da sua gente queimada e mestiça do sol já é pura poesia e matéria-prima para as artes em suas diversas linguagens. É também o Nordeste dos retirantes, dos casos de pau-de-arara que daqui saíram na “Triste Partida”, de Patativa do Assaré, para construir São Paulo em terras estranhas e depois retornam com saudades do seu chão querido.

É o Nordeste da Bahia, dos heróis que consolidaram a independência do Brasil, do Maranhão, do Ceará, do Piauí, do Rio Grande do Norte, da Paraíba, de Pernambuco, de Alagoas e Sergipe. Por aqui atravessa o São Francisco, o “Velho Chico”, com suas águas dando vida aos ribeirinhos, banhando nossas margens e abrindo canais de irrigação para nossa agricultura.

É esse Nordeste que reverencio, do qual tenho orgulho de dizer que dele sou filho e repudio os preconceituosos e racistas que em muito contribuíram para que houvesse essa desigualdade regional, desde os tempos coloniais, passando pelo Império e pela República. Daqui exploraram nosso suor e ainda nos chamam de atrasados, mas, como diz a Bíblia, perdoai Senhor, porque eles não sabem o que dizem.

“DENTRO DA BALEIA E OUTROS ENSAIOS”

De George Orwell

EM SEU LIVRO DENTRO DA BALEIA E OUTROS ENSAIOS, O AUTOR FAZ UMA EMERSÃO SOBRE AS OBRAS DE HENRY MILLER E OUTROS, UMA DESCRIÇÃO SOBRE A DURA VIDA SUFOCANTE DOS MINEIROS NO CAPÍTULO “MINA ABAIXO”, UMA DESCRIÇÃO DOS INGLESES EM “INGLATERRA, SUA INGLATERRA”, “O ABATE DE UM ELEFANTE”, “LEAR, TOLSTÓI E O BOBO”, “POLÍTICA VERSUS LITERATURA”, “A POLÍTICA E A LINGUA INGLESA”, “A PREVENÇÃO CONTRA A LITERATURA” E, FINALMENTE, “SUMÁRIO DE MENINOS”.

Vamos aqui focar sobre o que o indiano Orwell fala sobre o escritor norte-americano Henry Miller, de “Trópico de Câncer” e “Primavera Vermelha”, em sua passagem pela Paris decadente dos anos 30, dos bares entupidos de bêbados, das pensões de percevejos, dos arruaceiros, dos artistas pintores, muitos dos quais “impostores”, das obscenidades e do antifascismo versus comunismo.

No capítulo “Dentro da Baleia”, ele afirma que conheceu Miller no fim de 1936, quando estava passando por Paris a caminho da Espanha. “O que mais me intriga nele foi descobrir que não tinha o menor interesse pela guerra na Espanha. Ele meramente me disse, em termos bastante enfáticos, que ir para Espanha naquela altura era a atitude de um idiota”.

Opinou ainda que se envolver naquelas questões da guerra, por um sentido de dever, era franca estupidez. Para Miller, combater o fascismo e defender a democracia eram conversa fiada. Uma perspectiva que não lhe incomodava era a civilização ser varrida e substituída por uma coisa diferente da humana.

Sobre um inquérito a respeito da guerra, feito pela revista Marxist Quarterly, Miller respondeu que não tinha nenhum desejo de converter alguém a lutar. Segundo Orwell, uma declaração de irresponsabilidade. Em sua opinião, os escritores dos anos 20 assumiram a postura mais progressista e os de 30 a do dizer amém.

Nesse aspecto, o Miller não assume nenhuma atitude, mas não ignora a situação. “Ele acredita na ruína iminente da civilização ocidental com muito mais firmeza do que os escritores “revolucionários”. Apenas não se sente convocado a fazer coisa nenhuma a respeito. Ele toca violino enquanto Roma queima e, ao contrário da imensa maioria das pessoas que fazem isso, toca de frente para as chamas”.

Na verdade, isso está ocorrendo nos tempos atuais quando nos incomoda o silêncio dos bons. Muitos contam um bocado de coisa sobre si mesmo, enquanto fala de outra pessoa, como em Max and the white phagocytes.

Orwell conta a história bíblica da baleia que engole Jonas, considerando um fragmento de fala infantil, e ressalta que estar dentro desse enorme peixe é uma ideia muito confortável, aconchegante e caseira. O Jonas histórico ficou bastante aliviado por escapar, “mas, na imaginação, no devaneio, inúmeras pessoas o invejaram”.

De acordo com ele, o próprio Miller está dentro da baleia. Apenas ele não sente nenhum impulso de alterar ou controlar o processo pelo qual está passando. Ele executou o ato essencial de Jonas ao permitir-se ser engolido, permanecendo passivo, aceitando

MEMORIAL CÂMARA

O Estado ainda continua ligado à religião e dizem que é laico

Os poucos pontos culturais existentes em Vitória da Conquista (museus, bibliotecas, arquivos), infelizmente, são raramente visitados. Falta de tempo, desinteresse total pela cultura, pelas nossas origens e as redes sociais da internet formam um conjunto de fatores para esta negativa explicação. Os jovens e estudantes de hoje não fazem mais pesquisas como antigamente. Do alto do comodismo e da preguiça, as pessoas preferem ficar sentadas nos sofás perguntando ao Google e recebem respostas limitadas, evasivas e, muitas vezes, truncadas e duvidosas. Um ponto desses a que me refiro que quase ninguém vai lá é o Memorial da Câmara Municipal de Vereadores de Vitória da Conquista, segundo informou a própria atendente. O local fica aberto todas semanas, de segunda a sexta-feira, mas dificilmente aparece um conquistense, ou grupo escolar, para conhecer o acervo e realizar uma pesquisa. Um povo sem história é um povo sem memória e, consequentemente, nem está aí para seus direitos e deveres. É um povo ignorante e submisso aos poderes. É o declínio da nossa civilização em geral, e isso ocorre não somente em Conquista. É uma pena porque esse triste retrato representa uma decadência do interesse pelo conhecimento e pelo saber. O Memorial da Câmara tem um conjunto de material, inclusive digitalizado e visual sobre a história do Arraial da Conquista, sua formação, jornais que circularam na cidade em épocas passadas, os principais fatos que marcaram a vida do município, os intendentes, vereadores e outros valiosos itens com conteúdos preciosos, não somente para estudantes, mas também para professores, intelectuais e pesquisadores.

  





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