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NOSSO SÍMBOLO NORDESTINO

Na chamada “Suíça Baiana” (só pode ser um deboche) que está no sertão nordestino em pleno Planalto da Conquista, o nosso imponente mandacaru, símbolo resistente da nossa região, contrasta com a paisagem da cidade entre árvores exuberantes. Faça frio ou faça calor, lá está ele, todo esbelto. Está plantado em minha rua e todas as vezes que passo por ele, orgulho da minha terra catingueira onde nasci, faço questão de saudá-lo e pedir a sua benção para que me torne mais forte. Sigo em frente imaginando que tem gente em Vitória da Conquista que não se considera nordestino e se porta como se fosse um sulista, mineiro ou europeu, ao ponto de colocar o nome de Caminho de Santiago da Serra do Periperi a uma trilha que nem chega a cortar a serra.  Mas, deixa isso para lá. Cada um com seu imaginário de grandeza. Quero mesmo é homenagear meu predileto mandacaru a quem tantos cliques disparei com minha máquina fotográfica como repórter redacional ao lado do meu companheiro fotógrafo José Silva, o “Zé das Lentes” por este sudeste baiano a fora, fazendo nossas coberturas jornalísticas. Dizem que ele não dá sombra. Não é verdade. Com sua coragem de verde fincado na árida terra no meio da sequidão, ele sombreia nossos sertanejos de fé e esperança. Dura pouco tempo, mas sua flor é única e bonita de se ver. Se você for cantar o Nordeste em verso e poesia, ele tem que ser citado, senão a canção fica sem sentido e não sai bem na fita a melodia.

O VERBO E AS PALAVRAS

De autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário

No princípio era o verbo,

Que se tornou carne,

Depois um fogo que arde,

E milhões de anos no gelo,

Apareceram as larvas,

Nasceram as palavras,

Do vate veio a arte,

No vento soprando o tempo,

Cada qual com sua parte.

 

O verbo e as palavras,

Benditas e malditas,

Faladas e escritas,

Como facas afiadas,

Com suas forças viscerais,

Que conduzem as boiadas,

Pelas estradas dos mortais.

 

O verbo e as palavras,

Com seus laços e travas,

Estão nas ondas do mar,

Do lavrador ao doutor,

Na paz e no amor,

No ódio intolerante,

Dessa gente inconsequente,

Podem ferir e magoar,

Fazer rir e chorar.

 

O verbo e as palavras,

De réplicas e tréplicas,

Críticas e elogios,

Sinceras e mentirosas,

Sempre com roupas novas,

Desde os fios dos bigodes,

Nas rodas de pagodes,

Aos documentos como provas,

Entra a inteligência artificial,

No uso do bem e do mal.

 

O verbo e as palavras,

Estão nos rasgos do orador,

Na garganta do camelô,

Nos deuses dos imortais,

Na lógica dos intelectuais,

Na expressão de liberdade,

Na luta pela verdade,

Na voz do opressor,

Na prece ao Senhor,

Na tristeza e na alegria,

Na canção da poesia.

 

O PODER DAS PALAVRAS E DAS FALAS

“Você tem o direito de ficar calado. Tudo o que disser pode e será usado contra você no tribunal”. Nos filmes policiais, os soldados norte-americanos sempre falam isso para o preso. É uma garantia de não autoincriminação, segundo a qual ninguém é obrigado a produzir prova contra si.

Aqui no Brasil o militar não quer conversa (qualquer palavra é desacato à “autoridade”) e joga o cara do alto de uma ponte, ou atira a queima roupa pelas costas. Lá também acontecem absurdos como do negro que foi sufocado com o joelho na garganta e ele apenas conseguiu balbuciar alguma palavra de que estava morrendo.

No entanto, não é propriamente desse assunto da violência brutal que quero tratar. O tema específico é sobre o poder da palavra ou das palavras, que vem lá do homem neandertal até chegar ao nosso sapiens que deturpou os conceitos, com línguas que mais parecem uma torre de Babel.

Quem já não disse “palavras são apenas palavras”, mas elas são a arte do bem falar. Umas para o bem, outras enganosas para o mal. O vigarista golpista, na maioria conhecido como bom de lábia, usa a palavra para ludibriar as pessoas.

O poder das palavras com suas frases está nos grandes pensadores, filósofos e políticos. Eu posso construir aqui um pensamento meu e colocar na boca de um desses famosos e, com certeza, terá valor, mas se disser que pertence a mim, não terá mais importância.

A palavra sai da boca, mas ela é formulada a partir da mente e do pensar, muitas vezes branda, lógica e respeitosa. Outra pode ter o efeito de uma faca afiada no calor da raiva, ou sem nexo, sem contexto, equivocada e tendenciosa. Numa discussão, o silêncio não deixa de ser uma palavra valiosa, dependendo da interpretação do opositor.

Cuidado com o que fala ou vai falar! Adverte o mais cauteloso, pois é assim que regem as normas da sociedade moralista, que não admite xingamentos e palavrões, se bem que são admissíveis na hora e nos momentos certos de desabafo e protesto. A palavra já levou muita gente à forca, às prisões e às fogueiras da inquisição. Difícil não falar uma palavra comprometedora diante de uma cruel tortura.

Na literatura, as palavras têm vários gêneros, tanto falada como a escrita. No sentido poético, elas podem ser líricas, telúricas, românticas, épicas, condoreiras, de realismo fantástico, expressionistas e impressionistas, bucólicas, bíblicas, objetivas e subjetivas, metafóricas, parabólicas e por aí vai.

Confesso que nas palavras aprecio muito os ditados populares criados pelos nossos ancestrais, como quem não tem cachorro caça com gato; boa romaria faz quem em casa fica em paz; antes só que mal acompanhado; em terra de cego quem tem um olho é rei; amor é como pirulito, começa doce e termina no palito; falar é fácil, fazer é difícil; a melhor resposta é aquela que não se dá; pão comido não é lembrado; uma mão lava a outra; antes tarde do que nunca; pedra que muito rola não cria limbo; e temos por aí centenas de milhares na boca do povo.

Na real, caramba! Elas podem ser benditas e malditas, vãs jogadas aos ventos e eternas nos tempos produzidas por grandes filósofos, políticos e escritores. Podem ser mentirosas, vaidosas, ambiciosas, gananciosas, falsas como certos “amigos” interesseiros e verdadeiras.

Podem ser de amor, de paz, de tristeza e alegria ou estar no grito de guerra que brota da terra. Elas estão nas ondas do mar, nas florestas, nas águas correntes, nas cachoeiras, nas montanhas uivantes, na nascente e no poente do pôr do sol. Estão no olhar, no aperto de mão, no abraço que pode ser até de tamanduá, na solidão, na saudade doída, no beijo e no coito sexual suave, carinhoso ou selvagem.

– Não acredito em suas palavras e em nada do que você fala. Isso vale para as pessoas que não cumprem o que prometem ou são desprovidas do conhecimento e do saber. Antigamente para os mais velhos da nossa geração, a palavra tinha o maior valor, tanto que se arrancava o fio do bigode ou da barba como fiador infalível. Funcionava como se fosse uma promissória.

Nos tempos atuais, principalmente em termos jurídicos, a palavra por si só não vale nada. O que conta é o “preto no branco”, o que está escrito no documento com reconhecimento de firma no cartório e claro, com carimbo. Palavra é letra que está na canção da bossa nova, no samba, no pagode, na mpb, no sertanejo de raiz ou não, no forró e em tantos outros ritmos musicais.

– A palavra tem que ser bem empregada na gramática e na frase para não ficar confusa e errada, seja substantivo, verbo, artigo, adjetivo, pronome, conjunção, provérbio, advérbio, no sujeito, no objeto direto e indireto, no predicado e assim por diante – advertiu um amigo, meu professor.

– É, completei que no português ela é bem complicada. Na polissemia uma única palavra pode apresentar vários sentidos, como manga, por exemplo, dentre tantas outras. Com escritas diferentes e pronúncias parecidas podem nos confundir como, sessões, secções, seções, ratificar e retificar. Existem as parônimas e as homófonas, como alto e auto, concerto e conserto, sela e cela, assento e acento, iminente e eminente, descrição e discrição, comprimento e cumprimento.

ESCOLAS PARALELAS E BRASIL PARALELO

Não temos como fazer uma reflexão sobre essa estrutura de Escolas Paralelas e Brasil Paralelo que estão criando em nosso país desde 2016 (teve mais força a partir de 2022) sem desassociarmos da política de extrema direita que tenta inocular em nossas crianças e jovens uma concepção conservadora, negacionista e de viés de supremacia racial nazifascista, sem falar no conceito de divisão de um país.

Em seu programa, tendo como base financeira os “mecenas”, que fundaram as escolas Caminhos e Colinas, essa gente está introduzindo conteúdos controversos em salas de aula, como a negação do capitão ex-presidente golpista Bolsonaro, de que não houve ditadura e tortura no Brasil. Para essas pessoas, o que houve em 1964 foi uma revolução contra um suposto plano de introduzir no Brasil o comunismo.

Através de um instituto, eles estão cada vez mais avançando com suas ideias extremistas de superioridade de uma raça branca e, em suas propagandas, introduzem negros para disfarçar seus verdadeiros propósitos de aniquilamento do pensamento progressista da igualdade racial e de gênero.

Outro exemplo de extremismo é que essas chamadas Escolas Paralelas e Brasil Paralelo trabalham no sentido de negar nossa verdadeira história, inclusive defendendo o fim da escola pública e que o ensino passe a ser feito pela própria família, coisa impraticável onde a maioria dos pais tem baixo nível de instrução, sem falar no fator tempo de dedicação aos seus filhos.

Como tantos outros de cunho conservador, esse movimento perigoso vem ocupando largos espaços deixados pelas esquerdas que se desviaram de suas bases, esqueceram seus princípios fundamentais éticos, cometeram desvios de conduta e fizeram alianças com grupos inescrupulosos e corruptos em nome de uma governabilidade de poder.

O resultado disso tudo ficou comprovado agora nas eleições de outubro passado onde a direita de extrema tomou a maioria das prefeituras municipais, inclusive das capitais. Foi por assim dizer uma avalanche como no caso de Vitória da Conquista, cujo povo optou pelo conservadorismo.

Quem são esses “mecenas” ricos poderosos das Escolas e do Brasil Paralelo e quais são suas verdadeiras intenções? Boa parte vem dos evangélicos conservadores que há anos vêm montando um plano diabólico de desmonte da nossa cultura, da nossa história, de desprezo das minorias e fomento ao racismo, à homofobia e à misoginia.

O pior de tudo é que as próprias vítimas votam, aderem e apoiam seus próprios algozes. É uma coisa incompreensível e de difícil resposta. Por que está acontecendo esse fenômeno, não somente no Brasil, mas em grande parte do mundo, como nos Estados Unidos e países da Europa?

Não sou nenhum especialista em educação, mas como vão ficar as cabeças desses jovens em futuro próximo depois de terem passado por um processo de lavagem cerebral? Com a palavra os professores. O mais espantoso é que assistimos a tudo isso de braços cruzados, enquanto as Escolas Paralelas vão desconstruindo o que foi construindo com conhecimento e saber científicos.

A BANANA E A BANALIZAÇÃO

Quando menino e morava com meus pais na roça à beira de uma estrada de cascalho, adorava ver no final da tarde de todas sextas-feiras os feirantes ou tropeiros de Tapiramutá passarem com suas cargas de bananas para serem vendidas no sábado, na feira de Piritiba, e lá se iam os bananeiros gritando e tocando seus jumentos e mulas.

Eram todas as espécies de bananas, como da prata, caturra, d´água, maçã, nanica e da terra. Em toda minha vida, desde quando me tornei gente no sentido da compreensão das coisas e fui estudar, nunca imaginei que uma daquelas bananas um dia se tornaria obra de arte colada com uma fita adesiva numa parede ou num quadro.

Até aí tudo bem porque seria uma homenagem louvável a um fruto de muitas proteínas e forte em potássio, originário do Sudoeste Asiático e do Oeste do Pacífico, plantado há mais de quatro mil anos na Índia, Malásia, Filipinas, Nova Guiné e Indonésia. É bom lembrar que nossos indígenas já cultivavam o fruto quando os portugueses invadiram o Brasil.

O mais espantoso e que chocou o mundo foi ela ter sido levada à leilão numa galeria ou espaço cultura de Nova Iorque (Sotheby´s) e ser arrematada como obra de arte absurdista do italiano Maurízio Catttelan por cerca de seis milhões de dólares, mais de trinta e cinco milhões de reais, meus amigos!

Quem comprou foi Justin Sun, um milionário chinês. Pelo menos se fosse a pintura de uma banana feita por um artista famoso, daria até para entender! Nesse caso se estaria valorizando a pessoa do pintor pela sua expressividade e realismo em retratar a banana que já foi capa de vinil. O tenista Guga comia muito uma nos intervalos dos jogos, para dar mais sustança ao organismo. Adoro a banana e como uma todos os dias.

Antes do leilão, o imigrante, Shah Alam, vendeu a banana em sua humilde barraca por 25 centavos de dólar, ou quatro por um dólar. Quando ele soube do ocorrido pelo repórter, o barraqueiro chorou, tudo indica por ter lembrado da sua vida difícil para sobreviver e também nos outros milhões no mundo que, como ele, passam fome, além de outros milhões escorraçados de seus países pelas bombas das guerras, como vem acontecendo na Ucrânia, Palestina, Líbano, Síria e em nações africanas.

Bem que o coitado do imigrante solitário merecia por direito uma parte do dinheiro do leilão, pois a banana saiu da sua barraca! Será que essa presepada foi no sentido de ironizar a República das Bananas em certos países da América Central e do Sul, ou uma maneira de valorizar a banana?

O mais sarcástico de tudo isso, nessa humanidade decadente, idiota e fútil, é que o comprador comeu a banana, literalmente, em frente aos jornalistas e de uma plateia de ricos trogloditas. Naquela cena, só veio à minha cabeça de que ele estava simplesmente dando uma banana no sentido sádico para todo mundo do planeta, como se mandasse todos pobres, infelizes, refugiados, perseguidos e injustiçados se lascarem.

Aquele gesto também me atingiu, porque vi ali não somente a banalização da banana. Fez passar um filme em minha cuca sobre a banalização dos valores humanos onde trocaram o certo pelo errado, incluindo aí a banalização da arte e da cultura. O conhecimento e o saber perderam seus valores e respeito.  Todos hoje aplaudem a imbecilidade e o lixo que vem das linguagens artísticas.

Colado ao caso da banana, estava assistindo depois uma reportagem sobre os cuidados luxuriosos de um gato feio, cujo dono gasta quatro mil reais por mês para deixá-lo bem feliz e paparicado. Além de uma veterinária, uma fotógrafa, penteador de seus pelos, psicólogo, o gato tem outros profissionais para que ele fique todo tranquilão, bonitão e não sofra nenhum trauma ou depressão.  Vi também um caso idêntico de uma vaca que vale milhões e outros bichos, como o cachorro.

Coisa de louco, meus amigos, se você for refletir sobre o tratamento que o pobre desgraçado recebe hoje por parte de nossos governantes, principalmente na área de saúde onde milhares sofrem de dores nos corredores dos hospitais e até morrem por falta de atendimento médico! O ser humano está valendo bem menos que uma banana, embora ela nos alimente com suas proteínas.

Como um assunto puxa outro, lembrei que a pirâmide de Quépes, no Egito, construída pelo faraó do mesmo nome, por volta de três mil anos a. C., conhecida como a grande, tem 157 metros a partir da sua base no chão. Depois de mais de cinco mil anos, agora um grupo empresarial brasileiro pretende erguer um edifício de 200 metros de altura, para ser o maior do mundo. Grande coisa, nesse Brasil tão desigual e faminto.

OS GOLPISTAS TRAIDORES IAM PASSAR UMA RASTEIRA NO BOLSONARO

Num golpe militar sempre uma junta de oficiais da alta patente assume o poder, como aconteceu em 1964 e ocorre em outros países. Somente depois eles decidem que vai comandar o regime de opressão.

Nessa tentativa de golpe tramada em novembro de 2022, após as eleições, os golpistas iam passar a rasteira no Bolsonaro e até prendê-lo, para decepção de seus seguidores malucos e fanáticos que pouco usam o raciocínio para enxergar o cenário. Aliás, são uns tontos de parco conhecimento e saber.

Agora aparece o advogado do capitão ex-presidente, que foi expulso da sua corporação por insubordinação, defendendo que seu cliente não seria beneficiado se o golpe tivesse dado certo. Ora, ele está exercendo o seu papel, mas, em parte, tem razão.

Claro que não estava escrito no plano que logo após o golpe contra a democracia, com a eliminação do presidente da República, seu vice e o ministro do Supremo Tribunal Federal, uma junta militar assumiria o poder. Seria burrice demais!

Até posso imaginar que o próprio Bolsonaro já desconfiava disso, mesmo porque ele não é tão burro assim. O mais irônico é que seria traidor traindo traidor, ou um golpe dentro do golpe. Os chefões seriam o Braga Neto, o caquético Heleno e o comandante da marinha.

Só não consigo compreender é como eles iriam conseguir governar sem o aval da aeronáutica e do exército, sem falar na reação internacional, principalmente dos Estados Unidos e dos principais países da Europa.

Seria uma loucura e um tipo de golpe atabalhoado nunca visto na história brasileira e mundial porque estava em jogo a matança de três personalidades institucionais, duas delas do presidente e do vice, uma coisa estarrecedora, bem pior que na Venezuela.

Como um engodo puxa outro, ouvi dia desse um vídeo aí qualquer de uma mulher, não sei se era advogada, ou fake news, porque logo deletei e não passei para frente, onde ela dizia que tentar dar um golpe não constitui crime, comparando essa atitude como liberdade de pensamento.

Quer dizer, então, que se uma pessoa tentar assassinar o outro e não conseguir, fica impune e não responde na justiça como crime? Se eu fizer uma emboscada para matar alguém e o tiro sair pela culatra, não cometi nenhum crime?

Coisa de louco! Não, seu delegado, só pensei eliminar o sujeito. É o meu direito do livre pensar. É, meu amigo, tem hora que acho que estou vivendo em outro planeta, só que é aqui mesmo no Brasil que faz parte da terra das maluquices de muita gente ruim.

 

NAPOLEÃO E SEUS SÁBIOS NO EGITO

Quando Napoleão Bonaparte esteve no Egito com seus 34 mil homens do exército e seus sábios, por volta de 1799, um dos seus primeiros feitos foi criar o Instituto do Egito que elevou este antigo país ao conhecimento do Ocidente, principalmente a partir da Pedra de Roseta, decifrada pelo gênio Jean-François Champollion.

O autor da obra “Uma História do Mundo”, David Coimbra, jornalista e escritor, citou que o Instituto foi a reunião de 167 cientistas convocados por Napoleão para participar da campanha do Egito, com seu general Junot e seus soldados que descobriram o granito negro.

“Eram engenheiros, arqueólogos, botânicos, matemáticos, artistas, todo um time de sábios chamados de “savants de Napoleão”. O rei francês tinha a intenção de imitar seu maior ídolo conquistador do mundo, Alexandre, o Grande, que era também um militar-político. Ao chegar ao Egito, vindo da Macedônia, o primeiro lugar que Alexandre visitou foi o Templo do Deus Amon, por isso deram-lhe o nome de filho de Zeus.

Alexandre levou seus filósofos que registraram e refletiram sobre tudo o que viram. Napoleão quis fazer o mesmo e, por isso levou seus sábios porque a escrita hieróglifa egípcia era desconhecida. Um dia, seus soldados encontraram um granito negro, a famosa Pedra de Roseta que continham inscrições em hieróglifos, grego e copta.

Os cientistas tiraram cópias das inscrições, mas Napoleão perdeu para os ingleses na guerra e a Pedra de Roseta terminou sendo transferida para Londres onde ainda está no Museu Britânico, quando deveria ter sido devolvida para o Cairo. Por falar nisso, grande parte do nosso patrimônio foi levado ou roubado para o exterior, inclusive espécies de plantas e ervas medicinais da Amazônia.

Quem decifrou a Pedra de Roseta sem nunca tê-la visto foi Jean-François Champollion, o gênio da linguística. De acordo com o escritor David Coimbra, ele nasceu em Figeac, no ano de 1790. Dez anos depois sabia falar latim e grego, além de todas as línguas europeias. Por essa época começou os estudos de hebraico. Aos treze anos, lia e escrevia em árabe, siríaco e caldaico. Falava copta consigo mesmo para treinar a pronúncia. Antes dos 15 estudou a gramática chinesa. Em seguida aperfeiçoou-se no zenda, no pálavi e no farsi. Aos 17 escreveu um livro elogiado pela Academia de Grenoble: “O Egito sob os Faraós”. Quando completou 19 anos tornou-se professor universitário.

Ainda criança Champollion entrou em contato com os ministérios do Egito e prometeu decifrar os hieróglifos da Pedra de Roseta através das cópias tiradas pelos sábios de Napoleão. Alguns historiadores suspeitam que os hieróglifos sejam mais antigos que a escrita cuneiforme dos sumérios. No entanto, Coimbra entende que antes de 3000 a. C. e de Menés, o primeiro faraó, os hieróglifos deviam ser somente ideogramas, como a escrita chinesa.

“A LETRA E O VERSO”

Com a participação de artistas em geral, professores, estudantes, entusiastas da nossa literatura, poetas e escritores, foi lançado nesta quarta-feira à noite (dia 27/11/24), no “Espaço Curió”, o livro “A Letra e o Verso”, do professor Dirlêi Bonfim, compositor, músico, pós-doutor em Educação, doutor em Desenvolvimento Econômico e Meio-Ambiente, pela Uesc, mestre em Desenvolvimento Regional, consultor na área administrativa e contábil, bem como, coordenador do Movimento Artístico e Cultural de Vitória da Conquista.

“As letras, por si expressam o contexto do poeta. Carregam sentimentos notórios que norteiam a sua van existência. Os versos? Ah, os versos do poeta entrelaçam-se com suas letras, tornando ainda mais belas e coloridas as canções de amor que justificam a existência do ser e do humano. Dirlêi A. Bonfim é “Letra e Verso” – escreveu o professor Robério Farias, na orelha da obra, publicada pela editora Nzamba, de Luís Altério.

O músico, cantor, compositor e poeta Papalo Monteiro abre o prefácio indagando “Que Poesia é Essa? Tem Asas?. No final do texto poético, ele fecha com uma citação de Geléia Geral-Gilberto Gil/Torquato Neto: “Um poeta desfolha a bandeira e a manhã tropical se inicia”.

A apresentação do livro é do músico, compositor e advogado Carlos Moreno. Ele afirma que “de todas as formas de expressão que nos sãos ofertadas e recomendadas, cotidianamente, a literatura é, a meu ver, a mais nobre, salutar e efetiva. Ler é o meio ideal para curar as nossas imperfeições, sarar as nossas feridas, dores, sabores e dissabores que insistem em nos rodear diuturnamente”. “A Letra e o Verso é vida em forma de poesia”.

Chico Luz, jornalista, escritor, compositor e músico fecha o livro com o posfácio, destacando na abertura que “não tente explicar ou compreender o multiverso do poeta Dirlêi Bonfim, pois nele, “tudo nada cabe”, antes se expande para mundos além da compreensão do espaço-tempo-razão”.

O professor Rubens Sampaio, jornalista e escritor também presta sua homenagem ressaltando que “este livro retrata a inquietude criativa e multifacetada do autor. O conteúdo vai desde a observação aguçada de pequenos detalhes do dia-a-dia, por vezes não observados por muitos, até as grandes introspecções da profundeza da alma”.

Entre as falas na solenidade do evento, o professor Luiz Rogério Cosme falou de Dirlêi como cidadão e pessoa humana, comparando-o como um vulcão em erupção poeticamente falando, mas ao mesmo tempo traduz em si e reproduz aquele espelho de uma lagoa serena e tranquila. É um sujeito amadurecido. É uma criança eterna que oferta para nós seu lado de uma poesia tão esquecida e vilipendiada em nosso cotidiano.

Realmente, a poesia de Dirlêi é, ao mesmo tempo, simples, compreensível, mas profunda, como aquele poeta que nos faz enxergar o invisível aos nossos olhos, como em “A Solidão”: “A solidão/Que nos aparece/De quando em quando/Que nos remete/A algum lugar sozinho/ A solidão da despedida/Do vazio, já sem lugar/Da rua soturna/ Da noite nublada/ No meio da calçada/ Ausência e vazio/ Apenas você nesse lugar”.

Ao evento, realizado num clima de confraternização sarausístico, musical e poético, estiveram ainda presentes, o jornalista e escritor Jeremias Macário com sua esposa Vandilza Gonçalves, Carlos Maia, o músico e compositor Manno Di Souza, a professora e jornalista Luciana Nery, o escritor Paulo Henrique, dentre outras personalidades que prestigiaram o lançamento do livro “A Letra e o Verso”.

 

PASSAGEM DO RIO

 

Passagem do rio

(Chico Ribeiro Neto)

Tia Nina rezava e praguejava. Tio Hugo se embebedava, meu avô Chico sorria, a empregada Agostinha cantava e lá atrás da casa 25 da Rua 2 de Julho o rio de Contas passava em Ipiaú, Bahia,

Minha mãe Cleonice, que aos 16 anos se casa com Waldemar, ainda brincava de boneca quando ficou grávida do primeiro filho, Luiz. Depois viriam José Carlos, Cleomar e o caçula Chico.

Teve um dia em que um avião teco-teco fez um pouso forçado num areião do rio de Contas. A cidade toda foi ver o avião, fazia fila.

O dono da farmácia passava remédio pra todo mundo, “melhor do que muito médico”.

Meu irmão Cleomar teve uma febre alta. Cleonice chamou uma rezadeira e testemunhou: a mulher rezava, o cheiro de jasmim aumentava e a febre baixava.

É sábado. A zuada dos primeiros carros de madeira trazendo a feira. Vovô Chico não compra nada pelo preço: “Faz-se de besta, seu moleque, só vou pagar dez e tá bom demais!” Pegava a mercadoria, jogava o dinheiro, saía andando e o vendedor atrás reclamando.

Os ingás são uma fartura. Banana se comprava o cacho. O cheiro era delicioso nas barracas de comida. As formigas saem do buraco, sinal de chuva.

Luiz Gonzava canta à noite na praça da feira. Meu pai me leva para ver o Rei do Baião lá de cima da marquise da loja de ferragens. Tenho 5 anos, é década de 50.

A bola cai no Rio de Contas. As lavadeiras cantam e sorriem. Fui proibido de entrar no quarto onde está minha avó morta. Luiz pula do pé de abacate pro muro. O cara dá um banho de cerveja no seu cavalo que ganhou a corrida.

São 18 horas. Vovô fecha a loja São Roque. Tia Nina canta “a nós descei, divina luz”. O serviço de alto-falante toca a Ave Maria com Augusto Calheiros (“Cai a tarde, tristonha e serena…”). O bar Galo Vermelho abre as portas.

Depois daquele portão do quintal passa o rio de Contas, barrento de lembranças, e escorre uma lágrima pelo rosto, sinal de enchente.

NOSSOS ANCESTRAIS

Quando falamos de ancestralidade logo imaginamos dos negros que vieram da África, descendentes de diversas tribos e etnias, que aqui foram escravizados por 350 anos, mas esquecemos que a nossa gente também foi formada por árabes vindos da Península Ibérica, pelos portugueses e, claro, pelos nativos indígenas que já eram donos desta terra de florestas chamada brasis. Não consigo comungar muito com esse negócio de Dia da Consciência Negra porque entendo que só existe uma que é a consciência humana. Por outro lado, teríamos que ter também a Consciência Indígena e, porque não, a consciência mestiça. Durante a realização da Feira Literária de Vitória da Conquista, a Fliconquista, no início deste mês de novembro, no Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima, flagramos uma bela exposição de arte denominada de “Ancestralidade e Transição”, por sinal bastante profunda que nos faz mergulhar que somos originários de diversos povos, especialmente dos índios. A escravidão, da qual já foi tanta comentada por historiadores, cientistas e escritores, foi uma vergonha pela brutalidade praticada pelos nossos antepassados. No entanto, o massacre contra os índios tem menos visibilidade e talvez tenha sido ainda mais violento e brutal. O pior é que essa matança pelos brancos continua até os tempos atuais, basta reportar o que vem acontecendo nos estados da Amazônia, como exemplo, em Roraima, com os desmatamentos e a ação do garimpo.

 





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