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ANGÚSTIA SOCIAL

Autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário

Senhor, alivia minha angústia que por dentro rói!

Acalma esta minha alma na procura de um sentido

Desse incerto futuro e desse presente que tanto dói.

 

Afasta essa exclusão cruel dos diferentes oprimidos.

Aos pobres são dados a exploração e o sofrimento,

Para uns céus e festas, para outros, penas e gemidos.

 

Por que aos poetas cabe o enigma do encantamento,

De decifrar o amor e abrir o passado que não passa?

Para o alegre o vento canta, para o triste um lamento.

 

De fome e frio chora o menino em sua favela canibal.

Os pais abafam o soluço que a angústia do peito brota,

E o sistema segue se alimentando dessa injustiça social.

LULA E SEU PARTIDO CONTINUAM COMETENDO OS MESMOS ERROS

Errar é humano, mas continuar cometendo os mesmos erros já é uma irracionalidade contumaz, e na política isso leva a dar musculatura ao inimigo, no caso a ala extremista que subiu ao poder justamente nessa onda dos tropeços de Lula e do PT no passado.

Só quem não vê o que está ocorrendo são os mais radicais do próprio partido, uma esquerda de extrema. Agora, em nome da tão defendida governabilidade e na ordem da manutenção do poder, o Governo de Lula se junta à ganância retrógrada do Centrão, para retaliar ministérios e criar outros para contemplar os pedidos do bando bandido salteadores da nação.

Foi nessa mesma picada e nesse mesmo método do “toma lá, dá cá” que levou a derrocada do PT e gerou uma avalanche de corrupção, essa mesma que agora está sendo negada por membros do Superior Tribunal Federal depois cinco ou seis anos. Tudo isso dá um nó em nossa cabeça, inclusive da esquerda mais racional e menos fanática.

Acho que tem um parafuso solto em minha cuca porque não consigo entender essa lógica maluca que já deu errada e causou um tremendo estrago em nossas vidas. Novamente, Lula e o PT se conluiem a gente da pior espécie, inclusive seguidores do bolsonarismo que tentaram dar um golpe de Estado.

Trocaram-se apenas os bois mais velhos pelos mais novos e mais perigosos. São mais exímios arrombadores e mais gulosos pela pastagem verde do outro lado da cerca. Como uma esquerda que se diz progressista indica um conservador para ministro do Supremo Tribunal Federal que vota contra a descriminalização da maconha?

Será que estou ficando gagá ou devo me recolher à minha loca como um mocó, ou virar um eremita da caverna como é minha intenção nesse Brasil louco? Virou um samba do crioulo doido, meu camarada! São nesses momentos que a gente fica a pensar quem é e para aonde vai. A coisa não é mesmo para entender. Tem que seguir o caminho, mesmo sendo torto e cheio de espinhos.

Mais atrevido, ousado, impetuoso e até teimoso sou eu que estou colocando minha cara a tapa ao falar tudo isso, sabendo que serei, mais uma vez, esconjurado e excomungado, que não sabe discernir bem o certo do errado e o que é direita e esquerda.

Como se tudo isso não bastasse para deixar minha cachola perturbada ao ponto de ser passível de ser submetido a uma análise psiquiátrica com transtornos mentais graves, vem agora o ministro do STF, Dias Tofilli, para dizer que todo processo da Lava-Jato foi uma armação e o maior erro jurídico da história do Brasil.

O mais contraditório e estúpido é que foi esse mesmo Supremo que há cinco ou seis anos acatou a condenação de Lula e as corrupções dentro da Petrobrás e de outras grandes empresas privadas, como da OAS e Odebrecht!

O próprio Lula veio a público para declarar que o voto particular de cada ministro não deve ser divulgado pela mídia, não deve ser do conhecimento público. Condena até as reuniões abertas. Loucura total, meu irmão! Que democracia é essa?

Todos se fizeram mudos e cegos. Aliás, a Justiça é simbolizada por uma deusa com os olhos vendados. Os acordos de leniência, delações e outros se tornaram inválidos, até quem confessou ter cometido crimes de subornos e propinas. Os valores restituídos dos roubos deverão, então, ser restituídos? Tudo foi feito na base da força do pau de arara, segundo o parecer do ministro.

Fala sério, querem mesmo me deixar pirado! Já disseram que o Brasil não é mesmo um país sério.  Nem sei mais qual direção sigo ou de que lado estou. Será que sou mesmo um camaleão ou outro bicho mitológico qualquer, como o Cérbero? Melhor ficar por aqui mesmo, senão posso até ser vítima de um enfarto com essa idade avançada! O inferno é aqui.

A POLÊMICA EM TORNO DA DATA DA CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE CULTURA

Um grupo de artistas conquistenses está polemizando a questão da data da Conferência Municipal de Cultura ser realizada em dias da semana, no caso, de 11 a 12 do corrente mês, sob o argumento de que poderá ser esvaziada e que isso é intencional por parte do poder público e do Conselho Municipal de Cultura.

Não existe cabimento nessa contestação, embora diga que vivemos num regime democrático e é do direito fazer o “protesto”, desde que haja provas de que a data foi escolhida para que não haja a participação de todos interessados, inclusive da sociedade civil. Todo esse falatório nas redes sociais criou um clima de divisão na cultura, o que não é salutar porque desejamos que a Conferência dê bons resultados.

Um dos propósitos desse evento é extrair dele um Plano Municipal de Cultura que se torne lei a ser aprovada pela Câmara de Vereadores, visando estabelecer diretrizes de políticas públicas que sejam cumpridas pelo executivo, seja quem for o prefeito ou prefeita. Outro problema é que o questionamento veio de última hora quando tudo já está programado para o Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima. Dentro do regime democrático existe ainda a apelação judicial com uma liminar para que a Conferência seja em final de semana.

NOTA DE ESCLARECIMENTO DO CONSELHO

Nesse sentido, o Conselho soltou uma nota de esclarecimento na tarde desta terça-feira que segue na íntegra:

“Quem tem medo de CONFERÊNCIA”? Trata-se de um cartaz postado por um grupo solicitando que seja transferida a data dos dias 11 e 12 de setembro (segunda e terça-feira) para um final de semana. Primeiro, responderíamos que muito pelo contrário. Almejamos que o Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima esteja lotado e o evento seja ao máximo participativo, para que a Conferência renda bons frutos e dela saia o Plano Municipal de Cultura, que se torne lei no sentido de que o poder executivo cumpra com suas obrigações e diretrizes da política cultural do município.

Segundo, respeitamos de forma democrática as opiniões adversas dos artistas conquistenses quanto a questão da data, mas seria impossível contentar a todos, especialmente no tocante ao tema em pauta. Por outro lado, a data apresentada e agendada pela Secretaria de Cultura, Esportes, Turismo e Lazer-Sectel foi totalmente transparente e aprovada por maioria em reuniões ordinárias do Conselho Municipal de Cultura, realizadas em julho e agosto passados, inclusive o Regimento Interno da Conferência. O assunto foi discutido e acatado pela assembleia do colegiado.

Terceiro, em todo nosso mandato defendemos a não politização da cultura e sim o fazer política cultural e não o inverso. Com isso, não estamos de forma alguma julgando e afirmando que a defesa de mudança da data pelo grupo para um final de semana tenha viés político e pessoal. Como dissemos antes, todos têm o sagrado direito de divergir e contestar.

Dito isso, observamos que o documento protocolado junto à Sectel carece de maior autenticidade e que, pelo menos, fosse assinado por uma comissão responsável, mas não vamos polemizar essa questão. Outro abaixo-assinados argumenta que a conferência sendo realizada num final de semana proporcionaria uma maior participação dos artistas e da sociedade civil.

É um ponto de vista que pode ser relativizado porque muitos setores da nossa cultura, como músicos, do teatro, da dança, da cultura popular e outras linguagens têm maior parte de suas atividades justamente realizadas em final de semana, destacando shows cansativos de sexta a domingo, o que dificultaria uma ativa participação na Conferência. Analisamos as conferências realizadas e agendadas no território sudoeste e constatamos que, dos 24 municípios, somente quatro pequenos tiveram suas datas em final de semana. As maiores cidades, como Feira de Santana, Ilhéus e Itabuna optaram pelos dias da semana.

Por fim, caros artistas conquistenses, todo material, local e programação geral já estão prontos e confeccionados pela Sectel, tornando difícil desfazer de tudo isso para transferência de uma data para um final de semana. Contamos e esperamos, respeitosamente, a compreensão de todos, sem ressentimentos e animosidades para que realizemos uma Conferência onde só a cultura saia ganhando e floresça em nosso município.

 

 

 

O PIB E O MEIO AMBIENTE

Nos tempos passados ninguém imaginaria que haveria ciclones e tempestades com mais de 100 quilômetros por hora como vem ocorrendo no sul do país! Que o deserto de Nevada nos Estados Unidos iria virar lama! Que regiões da Europa atingiriam o calor de 50 graus! Que os tufões ficariam cada vez mais frequentes e arrasadores! Todos os dias a mídia anuncia catástrofes e tragédias em algumas partes do planeta, com centenas e milhares de mortes.

Alguns estudiosos preferem explicar que tudo isso está relacionado a fenômenos climáticos naturais e até renegam a tese do aumento da emissão de gases na atmosfera e a destruição avassaladora do meio ambiente pelo terráqueo, sem pena e compaixão. Há séculos que esse ritmo de depredação da natureza vem acontecendo e ela agora está dando sua resposta.

Nas reuniões climáticas, os chefes de Estado e seus staffs discutem, prometem e assinam documentos de que vão reduzir seus níveis de poluição, mas no meio aparece o tal do PIB-Produto Interno Bruto onde cada nação entra na corrida para produzir cada vez mais, o que significa mais consumo. Falam em desenvolvimento sustentável e até nessa venda de carbono para amenizar a situação, mas o estrago já foi feito.

Não sou doutor e nem especialista no assunto, mas não precisa ser nada disso para perceber que a destruição da terra e da humanidade que nela habita não tem mais retorno. Algumas medidas são apenas paliativas porque, enquanto se retira, por exemplo, uma tonelada de lixo do ambiente numa hora, outras milhões de toneladas de sujeiras são jogadas em nosso planeta. A conta nunca bate.

Só para ficarmos aqui no Brasil, perdemos a conta das catástrofes provocadas pelas empresas comerciais e industriais, principalmente mineradoras e químicas, como a da Barragem de Mariana, a de Brumadinho (Minas Gerais), a da Braskem, em Maceió (Alagoas), com o afundamento do solo da capital e tantas outras. São centenas e milhares de vítimas e sempre aparecem outras tragédias.

É o famoso embate entre o PIB, o consumismo exagerado e o meio ambiente, sem falar no instinto primitivista do ser humano de se autodestruir por causa da luxúria, da ganância, do individualismo e falta de educação. Não adianta enganar a natureza e já chegamos a um ponto onde a maior parte degredada não tem mais recuperação.

Como exemplo mais próximo de nós, cito aqui o caso da Serra do Periperi em Vitória da Conquista que durante anos sofreu com o seu desmatamento, retirada de pedras, cascalhos e areia. Nas épocas de fortes chuvas, a Serra devolve os detritos e entulhos para o centro, bairros das encostas, ruas e avenidas.

A DIVINA COMÉDIA-INFERNO

DANTE ALIGHIERI – TRADUÇÃO DE JOSÉ PEDRO XAVIER PINHEIRO

No Canto XV, o autor narra que os poetas encontram a caminho do inferno um grupo de violentos contra a natureza. Entre estes está Brunetto Latini, de Florença, que dá ao poeta ligeiras notícias a respeito das almas que estão danadas com ele e foge para reunir-se a elas.

Em suas estrofes de três versos, Dante fala da força brava do mar e dos gelos que se derretem, o que nos faz lembrar dos tempos atuais onde o próprio homem ganancioso por aumentar seu PIB destrói, impiedosamente, o meio ambiente.

Numa das estrofes Alighieri diz “Mas esse ingrato povo é tão malígno,/Que outrora de Fiesole (pequena cidade perto de Florença) viera/ E tem de penha o coração ferino”.

“Velha fama os diz cegos, sempre useiros/Na soberba, na inveja, na avareza./ Deles te esquiva; em vícios são vezeiros.” Desta ainda que o vilão lavra a terra como deseja. Finaliza seu canto assinalando que “Mais ser quem vence do que ser quem perde”.

No Canto XVI, no terceiro compartimento do inferno do sétimo círculo, os poetas encontram outro bando de almas de sodomitas, no qual se destacam três ilustres compatriotas de Dante. Eles falam da decadência das virtudes políticas e civis de Florença. São temas ainda atuais aos nossos tempos.

Dante se aproxima das almas dos violentos contra a arte e reconhece alguns deles no Canto XVII. Ele e Virgílio descem ao oitavo círculo. No Canto XVIII, os poetas se encontram no oitavo círculo, dividido em dez compartimentos. Em cada um deles é punido uma espécie de pecadores, condenados por malícia ou fraude.

I FÓRUM DO AUDIOVISUAL DOS INTERIORES DA BAHIA EM VITÓRIA DA CONQUISTA

Com uma vasta programação, inclusive com uma carta dirigida à Secretaria de Cultura, Turismo, Esportes e Lazer-Sectel, solicitando o uso de recursos da Lei Paulo Gustavo para reforma e reabertura do Cine Madrigal – lembrando que o equipamento está sob a gestão da Secretaria de Educação – será realizado até hoje (1/9) o I Fórum Audiovisual dos Interiores da Bahia, em Vitória da Conquista, no Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima.

O evento teve início no dia 30 de agosto e, no primeiro dia na parte da manhã, os visitantes fizeram um tour pela cidade quando conheceram a Casa Glauber Rocha e o antigo Cine Madrigal, na rua Ernesto Dantas. Na parte da tarde os trabalhos foram abertos pela Fundação Cultural do Estado da Bahia.

A primeira mesa discutiu Representações Audiovisuais na Bahia – Articulações e Associativismo. Outros temas debatidos foram Circuitos, Espaços e Eventos de Difusão Independente, Cinema no Interior-Economia e Territorialização das Políticas Públicas do Audiovisual.

No segundo dia (31/08) aconteceram várias discussões em torno dos assuntos, tais como Formação e Inovação-Diálogo entre Escolas de Cinema do Interior da Bahia, Preservação e Memória do Audiovisual Baiano, Coletivos e Movimentos Culturais dos Territórios Baianos de Identidade e Modelos Produtivos –Projetos de Pólos e Empresas Públicas de Cinema na Bahia.

Os artistas vão encaminhar um documento das diversas entidades do interior para a Agência Nacional do Cinema, bem como elaborar, no final dos trabalhos, uma carta do I Fórum dos Interiores da Bahia. O evento teve a realização da Associação do Audiovisual do Sudoeste Baiano- SASB e apoio institucional do Governo do Estado da Bahia, Prefeitura de Vitória da Conquista, Fundação Cultural, Proex- Pró-reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários e do Centro de Cultura.

A EVOLUÇÃO DA TECNOLOGIA

Quando só se fala agora em inteligência artificial (o homem está cada vez mais se desumanizando, ultrapassando a linha do perigo), a evolução tecnológica é perceptível em todos setores da vida e atinge mais ainda as artes, como a fotografia, o cinema, o audiovisual, as artes plásticas e outras diversas linguagens do nosso cotidiano.  No Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima quase ninguém mais observa e reflete sobre aqueles projetores antigos pesados responsáveis por transmitirem as imagens cinematografadas pelos cineastas. Sem os velhos projetores, não tinha como passar os filmes para os telespectadores. Hoje são pequenos projetores menores, bem mais evoluídos e sensíveis encarregados de jogarem as imagens nas telas. Não existem mais aqueles grandes rolos de filmes. A evolução tecnológica está em tudo, mas as velhas profissões ainda resistem ao tempo, como do sapateiro, do alfaiate, do ferreiro, do amolador de facas, do relojoeiro, dentre outras. Na literatura, o livro de papel nunca vai se acabar, mesmo com a invenção da internet que criou o e-book.

NÃO FALE DEMAIS

Autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário

Fale menos, escute mais.

Diz quem fala demais,

Dá bom dia a jegue,

Nada contra o animal,

Só não fale demais,

Meu amigo,

Pode ser um perigo.

Fortaleça suas teorias;

Escolha bem suas vias,

E pratique mais o exemplo,

Do seu templo;

Cuidado com as feras,

Com essas falsas galeras,

Que na frente é uma coisa,

Outra é por detrás,

Pra derrubar os dizeres

Do seu cartaz.

 

Fale menos, escute mais.

Sua vida é uma viagem;

Não apresse demais o passo;

Tenha nervos de aço,

Que seu caminho,

É uma aprendizagem.

Gente vem,

Gente sai.

Tem aquele que trai.

Não fale tudo que pensar,

Pense antes de falar,

E não fale demais

RISCO DE PERDER UM SITE CULTURAL?

Quando digo que nossa cultura anda cambaleando ou trôpega das pernas, dizem que sou exagerado e alarmista.  Confesso que fiquei chocado com uma mensagem encaminhada e postada pelo nosso companheiro de colegiado Armênio Santos em nosso grupo do Conselho Municipal de Cultura de Vitória da Conquista.

Na verdade, a mensagem é como um apelo de socorro e diz, “caros amigos, estamos sob risco de perder um importante site de consulta cultural absolutamente grátis, por pura falta de uso”. De primeira, até imaginei que se tratava de mais uma fake news, mas não é nada disso. É mais uma prova cabal do efeito pernicioso das redes sociais de fofocas que destilam ódio e intolerância.

Prosseguindo, a mensagem pede que, se acharem interessante, reencaminhem o material a quantos puderem, por favor. “A população (que população?) precisa saber da existência de tão importante instrumento de promoção de cultura.

Uma bela biblioteca digital, desenvolvida em software livre, está prestes a ser desativada por falta de acessos. Imaginem, um lugar onde podemos, gratuitamente, ver as grandes pinturas de Leonardo Da Vinci; escutar músicas em MP3 de alta qualidade; ler poesia de Fernando Pessoa; obras de Machado de Assis ou a Divina Comédia; ter acesso às melhores histórias infantis e vídeos da TV Escola”.

Esse lugar, meus amigos e camaradas, existe! Trata-se do Ministério da Educação que disponibiliza tudo isso, bastando acessar o site www. dominiopublico. gov.br Só de literatura portuguesa são 732 obras. O alerta é de que estamos em vias de perder tudo isso, pois vão desativar ou deletar o projeto por desuso, já que o número de usuários é muito pequeno.

“Vamos tentar reverter essa situação, divulgando e incentivando amigos, parentes e conhecidos a utilizarem essa fantástica ferramenta de disseminação da nossa cultura e do gosto pela leitura”. É meu amigo, Armênio, sem querer ser espírito de porco e negativista, está difícil reverter essa situação, tão triste e melancólica.

A começar pelos nossos jovens da atualidade, poucos hoje têm interesse pela cultura e, o nosso ensino, que há anos vem se arrastando como deficitário, tem grande culpa nisso. Quando leio esse tipo de coisa vem à minha cabeça os anos 60 e 70 que, mesmo em plena ditadura, a leitura e a pesquisa (não existia internet) eram práticas corriqueiras na vida. Cada um tinha seu escritor ou autor predileto.

A nossa humanidade está em decadência e as pessoas acham que o saber e o conhecimento não têm mais valor. O que conta é só fazer um curso técnico de especialização para ganhar dinheiro no mercado. É essa a nua e crua realidade. Temos hoje um povo sem história e memória, principalmente no Brasil, que copia e imita tudo aquilo que vem do mundo ocidental capitalista.

ESCRITORES SE REÚNEM PARA DISCUTIR CONSELHO E ASSOCIAÇÃO

A nossa cultura brasileira tem uma longa história de altas e baixas, de grandes criações reveladoras de nomes e de escassas produções de relevância. Desde a República, no início do século XX até a década de 20 (Semana de Arte Moderna), foi a época pródiga e de ouro nas artes de um modo geral.

Depois veio a ditadura de Vargas e se proibiu pensar porque era perigoso para o poder vigente. Dos anos 50 até os 60 experimentamos uma etapa de efervescência das linguagens artísticas e logo depois outro regime ditatorial de obscurantismo, trevas e censuras. Tudo era subversivo e comunismo, mas, mesmo assim, tivemos a ousadia de criar e enfrentar os generais, com centenas de prisões, torturas, mortes e desaparecidos.

Veio a redemocratização a partir dos anos 90 e, de lá para cá, por incrível que pareça, a nossa cultura foi se definhando em termos de conteúdo e piorou no último governo do capitão-presidente que cortou até o Ministério da Cultura da lista. A evolução tecnológica da internet e a invenção das redes sociais no celular também influenciaram negativamente. Agora estamos vendo uma luz no final do túnel.

Todo esse bolodoro e “nariz de cera” é somente para dizer que a arte literária também está inserida nesse contexto e Vitória da Conquista não fica de fora desses percalços e ascensões. Quanto a nossa aldeia, no quesito da literatura, como há anos, estou vendo um grupo de escritores juntando forças para se organizar, mostrar seus trabalhos e obras e sair desse individualismo, uma característica local que o nosso poeta Paulo Henrique chama sempre a atenção.

Por ideia do nosso escritor e professor Nélio, que está lá fisicamente no interior de São Paulo (São Carlos), mas espiritualmente aqui conosco, formamos um grupo no ZAP onde trocamos ideias e apresentamos nossas produções. Criou-se o Foro Literário Sertão da Ressaca e já realizamos duas reuniões virtuais nas quais debatemos diversos assuntos, como a de segunda-feira (dia 28/08) onde se discutiu um nome para ocupar uma cadeira no próximo Conselho Municipal de Cultura e a possível formação de uma Associação de Escritores Conquistenses-AECO (sigla sugestão).

Também foi sugerido a montagem de um mosaico com as pessoas para ser divulgado no Foro Literário e já foi publicado com o título: “Quem são e o que querem as escritoras e escritores conquistenses”? Falamos ainda de um nome para o grupo recém constituído que identifique com nossa terra. Está em andamento a publicação de uma coletânea de escritores locais.

Estou vendo tudo isso como muito positivo e renovador de esperanças para a nossa literatura depois de 32 anos morando em Conquista como jornalista e escritor. Temos muitos talentos adormecidos por falta de oportunidades que precisam ser revelados e apoiados.

Não adianta ficar aqui só pensando na ação do poder público porque este tem destina poucas reservas no orçamento para a nossa cultura, sem falar na área privada que mais visa o lucro. Infelizmente, não temos mais mecenas como antigamente. Precisamos, sim, mostrar a nossa cara e dizer que existimos e olhem para nós.

Creio que mais gente (seja bem-vindo professor Dirley Bonfim) deve se juntar a nós nessa luta para fortalecer a cultura de Conquista e, especialmente, a cena literária, uma das linguagens mais esquecidas (a chamada prima pobre) nos últimos tempos, embora esteja sendo encorajada a partir das feiras literárias nos municípios.

Habemos um coletivo que está se movimentando e quer ter voz e deixar seu legado para a sociedade como personagem viva da nossa cultura, uma das linguagens mais importante para as outras. As ideias estão brotando e, na reunião de ontem, decidimos por apresentar um nome para o Conselho de Cultura e já marcamos uma outra reunião presencial para o próximo dia 10 de setembro, véspera da Conferência Municipal de Cultura entre os dias 11 e 12, no Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima.

Quanto a Associação está sendo maturada aos poucos, apesar de alguns pontos de divergência se ela deve ou não existir, mas considero fundamental para unir mais o grupo e servir de elo de ajuda na produção, divulgação e distribuição das obras. Diz o ditado popular que uma andorinha só não faz verão. A proposta está levantada para um consenso ou não da fundação da entidade.

No encontro de ontem foram cerca de três horas de discussões (acho cansativo e demorado), mas foram produtivas e cada um externou sua opinião democraticamente. Nela estiveram presentes Nélio Silva, Afonso Silvestre, Juliana Brito, Leon Lacerda, Chirlis Oliveira, Fernanda Silva de Moraes, Luís Altério, Lídia Cunha, Paulo Henrique Medrado e Jeremias Macário.

Outros estão chegando para se juntar à nossa turma de “rebeldes” que têm a ousadia de colocar a cara a tapa para serem lidos e escutados. Vitória da Conquista tem um celeiro valioso deles que precisam ser conhecidos. Não vamos ficar somente no Conselho e na Associação. Temos outras proposições para revolucionar as artes e logo vão ser anunciadas.





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