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Quem é este “Coronavid”? . Por Jeremias Macário

“ANDANÇAS” TAMBÉM É MÚSICA

Não são só causos, contos e histórias, numa mistura de ficção com realidade, o novo livro “Andanças”, do jornalista e escritor Jeremias Macário, também tem poemas, muitos dos quais começam a ser musicados por artistas locais e de outras paragens do Brasil, como de Fortaleza, no Ceará.

Do título “Na Espera da Graça”, que fala do homem nordestino que sempre vive a esperar por tempos melhores, o cantor, músico e compositor Walter Lajes extraiu de sua viola uma bela canção, numa parceria que fez com o autor, com apresentação em vários festivais.

O músico e compositor Papalo Monteiro se interessou por “Nas Ciladas da Lua Cheia”, uma letra forte que descreve os políticos na figura de bichos que, de quatro em quatro anos, aproveitam as eleições com promessas vãs para se elegerem.

Tem “O Balanço do Mar”, um xote que lembra passagens de nossas vidas, e “Lágrimas de Mariana”, um belo poema triste sobre a tragédia do rompimento da barragem da Samarco, lá em Mariana (MG), musicados e cantados pelo amigo parceiro Dorinho Chaves.

Lá de Fortaleza, Ceará, os companheiros Edilson Barros e Heriberto Silva realizaram uma parceria musical aproveitando a letra “A DOR DA FINITUDE”, que versa sobre um tema que pouca gente gosta de abordar, que é a morte, e filosofa que tudo passa, tudo muda e tudo se transforma. Outros poemas estão sendo trabalhados para entrarem no rol das letras musicadas, inclusive do novo livro “ANDANÇAS”.

Essa é uma parceria com o amigo poeta e músico, baiano de Alagoinhas, Antônio Dean, que há muitos anos reside em Campina Grande da Paraíba com sua família, fazendo sucessos e cantando com sua profunda voz, a cultura nordestina para todo o Brasil.

Conheça o Espaço Cultural “A Estrada”

Com 3.483 itens entre livros (1.099), vinis nacionais e internacionais (481), CDs (284), filmes em DVDs (209), peças artesanais (188) e 106 quadros fotográficos, dentre outros objetos, o “Espaço Cultural a Estrada” que está inserido no blog do mesmo nome tem história e um longo caminho que praticamente começou na década de 1970 quando iniciava minha carreira jornalística como repórter em Salvador.

espaco cultural a estrada (5)

Nos últimos anos o Espaço Cultural vem reunindo amigos artistas e outras personalidades do universo cultural de Vitória da Conquista em encontros colaborativos de saraus de cantorias, recitais poéticos e debates em diversas áreas do conhecimento. Nasceu eclético por iniciativa de um pequeno grupo que resolveu homenagear o vinil e saborear o vinho. Assim pintou o primeiro encontro do “Vinho Vinil” com o cantor e compositor Mano di Sousa, os fotógrafos José Carlos D`Almeida e José Silva entre outros convidados.

CLIQUE AQUI para saber mais sobre o espaço cultural de Jeremias Macário.

CUIDADO, VOCÊ ESTÁ SENDO VIGIADO

Lembra daqueles filmes norte-americanos de ficção onde se colocava um chip, um aparelhinho ou um GPS na pessoa e ela era vigiada 24 horas por dia? A ficção se tornou realidade, só que evoluiu para as câmaras nas cidades e dados de órgãos e instituições na internet, que seguem seus passos e sabem tudo da sua vida particular.

Cuidado, cara, você está sendo vigiado, principalmente pelos golpistas que não dão trégua e não tiram férias! Paga-se um preço alto pelo progresso e ainda dizem que é tudo pela sua segurança, para apanhar os bandidos, mas não é somente isso. Toda liberdade não é absoluta, tem suas limitações. Você acha que é livre neste sistema? Estamos   engessados pela ditadura da vigilância. “Sorria, você está sendo filmado”!

Primeiro são as câmaras nos centros das médias e grandes cidades, principalmente, que ficam lá olhando o que você está fazendo e para onde vai. Os operadores devem se divertir e dar muitas gargalhadas, com suas roupas, gestos, maneira de caminhar e com quem para conversar.

– Olha aqueles dois ou aquelas duas ou três, devem estar tramando alguma coisa conversando na calçada, ou fofocando da vida alheia! Aquele outro tem uma cara feia, mal-encarado, não deve ser coisa boa, já cortou a praça por várias vezes. Entrou no beco. Tem o macambúzio que fica sentado o tempo todo no banco. Com equipamentos sofisticados a laser logo vão estar vendo a cor da cueca (ceroula) e a calcinha (calçola) que se veste.

A grande maioria acha que é bom porque se sente mais protegido. Não acho nada engraçado ficar filmando minha feiura e onde vou. Preferia estar lá nas brenhas do sertão como um mocó na loca., mas, com o tempo, as câmaras vão chegar lá no sertão profundo.

De acordo com o jornal “Estado de São Paulo”, em um ano e meio, o número de câmaras públicas e privadas ligadas à prefeitura, para vigiar a cidade de São Paulo, passou de 10 mil para 40 mil, ou mais de 26 equipamentos para cada quilômetro quadrado.

Apesar das 258 prisões, só em outubro, há críticas ao sistema de vigilância eletrônica. Segundo o Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, não houve redução significativa de homicídios, roubos e furtos. A prefeitura contesta e diz que as câmaras ajudam nas investigações.

Sempre digo que bandido de folha corrida extensa, com vários BOs de crimes nas costas, nem está aí para esse negócio de câmaras. Além das câmaras, somos vigiados pelos sistemas de operações dos governos municipal, estadual e federal, pelas instituições financeiras, pelos órgãos de processamento de dados, pelos telemarketings e os golpistas de plantão.

Nossa vida é devassada na Receita Federal, pelas secretarias de Finanças das prefeituras e dos estados com o tal de cruzamento de dados. Praticamente todos sabem nossos CPFs, CEPs, RGs e o que temos e o que não temos.

Os números hoje são mais importantes que os nomes. Não demora e vamos ser ferrados com números. Somos gado, e não importa qual ideologia. Todos são patrulhados dia e noite. Até seu sono está sendo monitorado, meu amigo, e sabem dos nossos sonhos e pesadelos, atualmente mais intensos!

Com a evolução das comunicações através da internet e os satélites no ar, onde as notícias são transmitidas em tempo real – antes demoravam de chegar – nossas aldeias se tornaram pequenas e seus moradores vigiados. A violência urbana não foi a única causa dessa vigilância. Outros fatores contribuíram e os golpistas se sofisticaram.

A HUMANIDADE ESTÁ SE ACABANDO E O TEMPO É POUCO PARA VIRAR O JOGO

Os filmes de grandes catástrofes e tragédias, em cenários de apocalipse, nos mostram os escombros da terra e sobreviventes andando como zumbis ou fantasmas à procura de comida e refúgio. As gangues armadas se cruzam numa guerra fraticidas. Doenças raras e vírus fatais exterminam gentes num planeta em ruínas.

Não se trata de um roteiro cinematográfico de ficção. É a realidade batendo em nossas portas porque há séculos a nossa humanidade irracional vem destruindo o meio ambiente de forma impiedosa, para dela extrair seus lucros, sem contar as toneladas de lixo e gás carbônico que se joga no ar provocando o efeito estufa.

Se você acha que não estamos em pleno aquecimento global e que as chamadas mudanças climáticas são coisas normais ou não existem, como o maluco do Trump, dos Estados Unidos, então está entre os milhões ou bilhões de negativistas assassinos das próximas gerações.

Não é preciso ser nenhum cientista para concluir que a terra está em total turbulência, e os mais vulneráveis estão sendo as primeiras vítimas dessa destruição implacável. A humanidade está se acabando e o tempo se esgotando para virar o jogo e reduzir o placar da temperatura. O time da poluição está ganhando de goleada da preservação. A natureza não perdoa, não se deixa ser enganada e não nos dar outra chance.

Posso está sendo exagerado, mas não acredito mais em virada deste jogo, mesmo porque as boas ações de reflorestamento, os poucos projetos sustentáveis, os processos de reciclagem, os bem-intencionados, os conscientes do aquecimento global representam uma ínfima parcela em relação ao rombo que já foi feito e ainda está se fazendo.

Essa conta matemática não bate. Não basta reduzir a depredação. Teríamos que zerar, e isso é impossível de ser alcançado.  Um beija-flor ou mesmo milhares deles, com seus finos bicos, não vão apagar o fogo que, por exemplo, arde as florestas porque os estragos são de dezenas de séculos. É como um doente de câncer que já está com seu organismo em avançado estado de contaminação onde a medicina, com toda sua tecnologia apurada, só faz protelar um pouco a vida.

Enquanto escrevo este texto, milhões de árvores estão sendo derrubadas, milhares de incêndios queimam as florestas, outras milhares de máquinas perfuram o chão para extrair petróleo em pleno solo e em águas profundas, para poluir nosso ar, milhões de toneladas de lixo entopem nossos rios, mares e a terra e bilhões de consumidores vão às lojas ou clicam na internet para comprar suas porcarias supérfluas.

Vem aí mais uma Conferência do Clima, em Belém. Como tantas outras, terminam em assinaturas de termos de compromissos, promessas de mais recursos para conter a devastação do planeta, diminuir as emissões de gazes tóxicos, muitos blábláblás, considerandos, divergências e todos retornam para suas casas, ou seus países, pregando aumento de seus PIBs e mais consumismo.

Os mais desenvolvidos camuflam as metas, atrasam seus projetos de sustentabilidade, e os mais pobres só querem imitar os ricos. O Brasil, com suas profundas desigualdades sociais, é o quinto maior emissor do efeito estufa, mesmo com uma grande parcela de energia renovável.

Do outro lado, um incentivador do petróleo, uma energia fóssil e altamente poluidora, sem contar a criação de gado para exportação, com um rebanho maior que os mais de 200 milhões de habitantes. O nosso país não é um exemplo a ser seguido, embora a propaganda diga o contrário. O tempo está se esgotando. Como virar este jogo?

 

“GUERREIROS DO SOL”

“Como “homem pecuário”, denominação da preferência do autor (Frederico Pernambucano de Mello), o sertanejo do Nordeste, ao mesmo tempo que manteve, através do isolamento, o idioma do colonizador europeu – inclusive o uso de termos lusitanamente náuticos – tornou-se, em grande parte, um já sugerido autocolonizador, quer pela necessidade de seguir exemplos de indígenas em suas defesas das fúrias dos animais traiçoeiros e de variantes, também traiçoeiros, de clima não-europeu, quer pelo ânimo de desconfiar um tanto caboclamente de estranhos”.

Essa é uma caracterização do sertanejo feita pelo sociólogo Oliveira Viana, citado por Gilberto Freire, no prefácio da segunda edição do livro “Guerreiros do Sol”, de Frederico de Mello.

Em sua descrição sobre a obra, Freire destaca que, em certa página, o escritor apresenta um desses tipos de bandido como, em dias de cangaceirismo ortodoxo, indiferente tanto a prazeres de alimentação como à constância de convívio com mulher, enquanto em atividade absorvente e monossexualmente belicosa. Daí a presença da mulher, no cangaço, só se ter feito notar em época diferente.

Na classificação sobre formas de cangaceirismo, Pernambucano de Mello, de acordo com Freire, fala do cangaço meio de vida, ou de profissão; cangaço de vingança; cangaço-refúgio, este caracterizado pelo que chama de “estratégia defensiva”. Quanto as fases do cangaço, o prefaciador da segunda edição, Gilberto de Mello Kujawski, divide em endêmica (final do século XIX) e a epidêmica, a partir dos anos 1920 que se deu o auge.

Gilberto Freira assinala que o cangaço no Nordeste é tema brasileiro e sob alguns aspectos, transbrasileiro, e não apenas nordestino. Sob perspectiva anglo-americana, Fletcher e Kidder, apontado por Freire, retratam o cangaço como o tipo mais marcante de sertanejo nordestino, atribuindo-lhe aparência de homem bronzeado pelo sol – e talvez, em alguns casos, pelo sangue ameríndio – mas de aspecto predominantemente europeu, isto é, português.

Ao se referir ao trajo masculino do sertanejo, Freire afirma que o mais interessante é o desenho que apresenta, caracterizado por uma camisa de algodão, mais longa que a geralmente em uso pelo homem canavieiro ou o do Recife, e solta por fora das calças, um trajo arcaico.

Sobre as origens do cangaceirismo, alguns estudiosos falam de rixas em famílias, favoráveis ao uso dos chamados cabras em lutas. Diz Gilberto Freire que o compadrio, em conexão com estas rivalidades, não pode deixar de ser considerado fator importante, ora de atenuação, ora de acentuação, de ódios entre famílias.

O padrinho, como compadre, afilhado, como protegido, são personagens a ser considerados no familismo sertanejo do Nordeste, até há poucos anos, e um pouco sobrevivente, ainda hoje, ligado a lutas entre famílias rivais: lutas às quais não raro associou-se um cangaço vingador de desentendimentos endogâmicos e, até, incestuosos. Lutas em torno de terras, bois e cavalos, orgulhos de avós.

Frederico Pernambucano de Mello, o autor de “Guerreiros do Sol”, em “Nota à Segunda Edição”, faz uma descrição sobre o cangaceirismo, cujos protagonistas, desde os períodos regencial, imperial e mesmo republicano, enveredaram no desesperado mito brasileiro do viver sem lei e sem rei, com cada homem podendo ser o rei de si mesmo, e ser feliz, de arma na mão, contra os valores da colonização europeia.

Nesse cenário nordestino de vida difícil, de paisagem cinzenta pela seca, do fatalismo religioso embrutecido, do misticismo, desde quando o homem foi empurrado da mata e da terra massapê para a caatinga e depois para o ciclo do gado, “o menino sertanejo muito cedo banha-se em sangue, ajudando o pai a sangrar o boi ou o bode para o preparo da carne-de-sol, cortando o pescoço do capão, da galinha, do peru, ou esfolando o mocó para a refeição imediata”.

Segundo Mello, “a cultura sertaneja abonava o cangaço, malgrado o caráter criminal declarado pelo oficialismo, com as populações indo ao extremo de torcer pela vitória dos grupos com os quais simpatizavam, quase como se dá hoje nos torneios entre clubes de futebol”.

Nesse quadro, entrava a literatura de cordel que se encarregava dessa celebração, capaz de atingir, com um João Calangro, Jesuíno Brilhante, um Viriato, um Guabiraba, um Rio Preto, um Cassimiro Honório, um André Tripa, um Vicente do Arraial, um Antônio Silvino, um Sinhô Pereira ou um Lampião, abrangência especial e intensidades difíceis de avaliar, tal o volume.

O autor da obra também se reporta aos cangaceiros artistas que faziam seus versos e modinhas populares, como o cantador Rio Preto, no final do século XIX, e o Sinhô Pereira, no início do século XX. Cita ainda José Baiano e Mourão, nos anos 30, e Jitirana nos anos finais, que dividiam a palma da composição e da execução musical  no grupo do capitão Virgulino.

 

O CANGAÇO NORDESTINO E O URBANO ONDE O POVO VIVE NO FOGO CRUZADO

Numa análise antropológica, existem muitas semelhanças entre o cangaço nordestino dos finais do século XIX até meados do século XX, com a evolução acelerada do “cangaço” urbano. As maiores delas estão nas causas do abandono dos governantes e nas injustiças sociais que geraram a pobreza e a miséria.

Os cangaceiros se autodenominavam de governadores e reis dos sertões, enquanto o “cangaço” urbano, com seus chefes das principais facções de traficantes (PCC e Comando Vermelho), criou um Estado dentro do Outro, com suas próprias leis de domínio onde o povo é extorquido e se tornou propriedade privada deles.

Tanto num, como no outro, com nuances políticas, personagens e características diferentes, de acordo com as mudanças do tempo, foi a lacuna do Estado que pariu os dois monstros. O nordestino durou cerca de 100 anos e só se acabou com a união de forças central e estadual. O urbano já ultrapassou a metade desse período e não se sabe quando termina.

Os dois são parecidos em termos de operações letais de forças policialescas desordenadas, desastradas e agressivas onde a população encurralada é a maior vítima. Quando acossados, os cangaceiros fugiam para dentro da caatinga. Os bandidos do tráfico procuram os morros de matas. Lá atrás usavam rifles e punhais. Hoje são armas sofisticadas e potentes.

Sobre estas duas espécies de banditismo daria para se elaborar uma tese acadêmica de mestrado ou doutorado, mas vamos nos ater ao “cangaço” urbano, mais especificamente à última operação policial do Rio de Janeiro que matou mais de 100 pessoas, uma carnificina, onde o que mais se viu foi um bate-boca político entre o governador da capital e agentes do governo federal num país polarizado de ideologias radicais de ambas as partes.

Dizem que esta operação foi a mais letal na história do Rio de Janeiro, mas outras virão enquanto perdurarem os mesmos métodos de violência contra violência, e os governantes se aproveitarem para delas capitalizarem votos e não ocuparem os espaços sociais e educacionais invadidos pelo banditismo. O povo vai continuar na linha de fogo e submisso aos comandos das facções.

De um lado, a extrema direita fascista que nem está aí para a questão dos direitos humanos e termina alimentando a criminalidade. Do outro lado, uma esquerda com um discurso atrasado, arcaico, bolorento e também radical que não mais convence o povo, abandonado ao Deus dará. Nesse ritmo, vai perder as eleições para o nazifascismo.

Ao lado das cenas de terror que paralisaram quase toda capital carioca e foram divulgadas pela mídia internacional, tivemos os desencontros de informações entre os governantes, um acusando o outro, cada um com seu tom político num território de terra arrasada.

Vimos um ministro da Justiça, que pouco entende de segurança pública, dando uma reprimenda em público em um diretor da Polícia Federal, com notas soltas e desconexas. Um governador gaguejando, mentindo descaradamente e atacando o Supremo Tribunal Federal que proibiu operações com tanques.

Por sua vez, os comandantes das polícias do Rio alardearam que a operação foi um sucesso, contando vantagens táticas para exterminar, de qualquer forma, os bandidos (não se sabe ainda do sacrifício de inocentes). O espetáculo de exibição para os soldados mortos contrasta com corpos estendidos nas ruas e portas dos hospitais. Tristes imagens para o país e para o mundo.

Apreenderam um punhado de fuzis e alguma quantidade de drogas que pouco fazem falta ao potencial do Comando Vermelho. A grande mídia marrom capitalista toda vez faz sua parte sensacionalista. As forças entraram e retornaram para seus quarteis, deixando a população refém dos traficantes e correndo risco de vida.

Por pressão, as duas partes se sentaram numa grande mesa de caciques, resultando num encontro fracassado que apenas criou um tal de escritório de emergência, ou sei lá que nome se dá a essa palhaçada. O governo federal remeteu uma PEC ao Congresso Nacional, o pior de todos, onde o ponto maior é aumentar as penas ao crime organizado.

Isso é ridículo para não se dizer hilário, como se o bandido, com uma extensa ficha de criminalidades fosse se intimidar com mais um acréscimo de anos na cadeia. Tudo é surrealista enquanto os dois lados permanecem se digladiando.

Querem combater o banditismo através de leis e decretos, ao invés de ações de práticas sociais, educacionais, econômicas e segurança pública permanente, para ocupar o espaço que lhe é de dever das favelas e devolver ao povo a esperança de vida digna perdida ao longo desses anos de violência.

Dessa forma, enquanto houver essa polarização radical, discursos ultrapassados e a falta de união das forças em benefício de um povo massacrado pela brutal violência, o “cangaço” urbano e as operações letais exterminadoras de vidas humanas irão continuar.

 

POESIA É COISA DESSE MUNDO

(Chico Ribeiro Neto)

O que é a poesia?

“É a descoberta das coisas que nunca vi”. (Oswald de Andrade).

“No fundo, a poesia é isto: a eternização do momento”. (Mário Quintana).

“É o pensamento musical”. (Thomas Carlyle).

“Uma irmã tão incompreensível da magia”. (Guimarães Rosa).

“É a destilação do silêncio”. (Rafael Angullol).

“É o mais doce dos tormentos”. (Alfred de Musset).

Reproduzo a crônica “O nome disso”, de abril de 2022, que acho ter gosto de poesia e que está no meu livro “Museu do Chico”:

“Como a manhã tecida pelo sol nas árvores, o brilho nos olhos dos netos e os mistérios do mar.

É igual a amanhecer cantando depois de uma noite de amor, fazer um gol aos 45 do segundo tempo e sorver aquela cerveja bem gelada.

Parece com a alegria dos vendedores da feira às 5 da manhã, o caderno novo do primeiro dia de aula e a curva do rio com um velho tronco caído, de onde a gente saltava para a felicidade.

É como a voz dos filhos, o final de uma longa caminhada, um copo d´água bem gelada e aquela morena que passou na estrada.

Parece com a felicidade da dança, o romper do novo dia e um Carnaval pegando fogo de alegria.

São versos que nasceram agora, a boa lembrança de quem foi embora e aquela coisa velha que a gente bota fora.

É igual a ver brotar o que você plantou, uma música que vem lá do fundo, querer amar esse mundo, apesar de tudo dividido.

Um bem-te-vi na janela, a cor da saia dela e uma rosa amarela. Uma estrela caindo, alguém na estação se despedindo e você chegando. Um bom sonho que esqueci, mas foi lindo.

Parece com a multidão de estudantes gritando “fora Bolsonaro!”, a alegria de um pequeno agricultor cujo filho passou na universidade pública ou com o trabalhador que recebe a chave da casa própria.

É como a pureza de quem recebe a hóstia, a delicadeza da planta renda portuguesa e uma feliz surpresa. É igual a uma mulher quando sai do banho. É igual a uma alegria sem tamanho.

Um baú de fotos e cartas antigas, uma limonada gelada, um travesseiro alto, requeijão no prato, ovo frito na manteiga e um gole de café bem forte. Aí a gente toma o norte.

É como lavadeira cantando na beira do rio, cavalo branco pastando sem sela e um porquinho recém-nascido.

Parece com a avó ensinando a neta a bordar, é igual a sair do hospital, entrar na padaria de manhã ou dar uma volta no arraial.

Parece com noite de São João, ceia de Natal e com ver o mar pela primeira vez.

É igual a bolas de gude contra o sol, uma coceira no dedão, a saudade do caminhão, um prato de feijão, outro de pirão, charque com abóbora, a mão da mãe ou o carinho do pai e um bom passo na dança.

O nome disso é esperança”.

(Veja crônicas anteriores em leiamaisba.com.br)

 

 

 

 

 

 

 

 

A GENTE QUER, E NÃO QUER

Poema de autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário.

A gente não quer

Viver nesse fio da navalha,

Que tenhamos Estados paralelos,

O povo carregando cangalha,

Nos capitais algozes como martelos.

 

A gente quer

Cada jovem com sua flor,

A marchar pelo ser do saber,

Aprendendo a lição do amor,

Que o tempo nos ensine a viver.

 

A gente não quer

Ver mais tanta injustiça social,

O fogo nas florestas em chamas,

O errado se tornando normal,

A ganância destruindo os biomas.

 

A gente quer

Que a vida supere a morte,

Que a mentira se renda à verdade,

O conhecimento seja nosso norte,

E todos tenham dignidade.

 

A gente não quer

Esse fanatismo religioso,

Tantas ideologias radicais,

O discurso intolerante odioso,

Esses facínoras de armas mortais.

 

A gente quer

Uma humanidade mais humana,

Só louvar o nosso universo,

Uma sociedade não espartana,

Que o sistema não seja perverso.

 

A gente não quer

Esse genocídio palestino,

As bombas dos imperialistas,

Ter mais retirante nordestino,

Oprimir os ideais socialistas.

A gente quer

Mais canção, arte e poesia,

Que o sonho se torne realidade,

O pôr-do-sol seja nossa homilia,

Sem essa fogueira da vaidade.

 

A gente não quer

Que exista mais a dor da fome,

Que não roubem nossa estima,

Sem diferenças entre mulher e homem,

Não mais a Rosa de Hiroshima.

 

A gente quer

Sentir o perfume da primavera,

Que o legal não seja imoral,

Uma amizade aberta sincera,

Onde a emoção seja racional.

 

 

 

 

QUANDO TUDO DÁ ERRADO É AZAR?

Quando nada dá certo e é uma coisa ruim acontecendo atrás da outra, muita gente costuma dizer no adágio popular que o urubu de baixo caga no de cima. O ditado começa pelo impossível por causa da gravidade. Uns acreditam em azar e outros, não. O contrário do azar é a sorte.

Chama uma rezadeira, um pai-de-santo, um padre benzedor, um astrólogo, um tarólogo ou coisa assim, porque você está com uma urucubaca, meu amigo! Você está com suas energias pesadas. Pode ser também inveja de alguém ou mal olhado de gente com carga negativa. Pode ser tudo isso. Manda rezar uma missa.

Lembro que na roça tinha aquelas senhoras idosas que faziam o benzimento com rezas sacudindo as folhas pra lá e pra cá. Quando murchavam, era batata. De tanto balançar, as folhas tinham que murchar, mas o psicológico e a crença falam mais altos.

E a chamada Lei de Murphy (engenheiro Edward Aloysius Murphy Jr., de 1949, que muita gente deturpa e fala que quando uma coisa dá errado vêm outras em sequência? Não é bem assim. Ele alertou que “se algo pode dar errado, dará”. É um lembrete pessimista ou otimista?

Na verdade, o engenheiro quis dizer que, na presença de uma falha em um projeto ou plano, é provável que ocorra um erro lá na frente no pior momento. Murphy descobriu que todos os eletrodos de um equipamento de teste de aceleração em pilotos haviam conectados da maneira errada. “Se alguma coisa tem a mais remota chance de dar errado, certamente dará”.

Essa lei se expandiu no mundo para descrever o cotidiano, como a fila do lado sempre anda mais rápido. A lei é usada para se preparar para imprevistos, inclusive em situações do dia a dia. “Sempre que você levar um guarda-chuva, não choverá”, “as coisas desaparecidas sempre estão no último lugar que olhamos”, “ao lavar meias na máquina de lavar, sempre se perde um dos pares” – são as três principais leis de Murphy.

Dizem até que um objeto se move de lugar e ficamos aflitos a procurar. Imagina numa hora de pressa em que estamos atrasados para um encontro! “Dá três pulos para São Longuinho que aparece”. Muitas vezes a ação dá certo. Nessa correria maluca, difícil é você resolver todos seus problemas num dia. Tem dia que dá tudo errado e, no outro, não.

Vamos deixar esta tal Lei de Murphy pra lá e entrar em nosso cotidiano. Às vezes ocorre esse fenômeno onde as coisas erradas vão se espalhando em nossas vidas por um determinado tempo e aí entramos numa onda de pessimismo e derrotismo. Já assistiu aquele filme “Dia de Cão”? Pois é!

Enfrentar esse lado das coisas darem erradas, só mesmo para os mais fortes guerreiros, “teimosos”, lutadores e persistentes de força de vontade, que nunca desistem. Pode ser também uma prova dos nossos limites e dos nossos desafios. São testes que temos que encarar com firmeza. O fraco se entrega.

É como a mãe que nunca abandona o filho, mesmo sabendo que ele está transitando no caminho errado da vida. Não é fácil, meu camarada, a vida nos prega cada peça ingrata! Cada um com seu problema, e um pior que o outro, mas sempre achamos que a nossa dor é a mais aguda e tirana.

Para descontrair, vou aqui contar um causo de um empregado e um patrão agricultor. Os dois sempre foram amigos fiéis. O proprietário estava num armazém fazendo compras para sua roça. Sua vida não andava nada bem, mas ele sempre foi duro na queda.

O empregado chega esbaforido e diz que o pasto pegou fogo e queimou tudo. Ele se vira e fala que a pastagem já estava seca mesmo. “Quando chover renova tudo com mais força. Bola pra frente”.

Mas, não é só isso patrão. Depois do incêndio, com o calor e o forte mormaço, bateu uma ventania com tempestade, chuvas, trovões e raios e derrubou a casa. Novamente, com toda sua calma, diz que o rancho já estava velho mesmo, precisando de reformas. “São coisas da natureza depredada há séculos pelo homem”.  Continuou com suas compras.

Ah, patrão, o pior aconteceu. Fala homem de Deus! Na chuvarada pesada caiu um raio e matou sua família. Ai ele não suportou a tragédia, pegou o carro e saiu em disparada. Lá na frente chocou o veículo numa árvore e foi acometido de um acidente grave. Seu empregado não resistiu e morreu no local.

Veio a ambulância e levou o lavrador para o hospital todo quebrado. Chegando lá, na área em que estava, deu um curto-circuito num dos aparelhos de ar condicionado e começou um princípio de incêndio.

O diretor da unidade mandou evacuar os pacientes, temendo ocorrer o pior. Na correria, o patrão caiu da maca e rolou pela escadaria. Como já estava naquela situação, quebrou uma espinha dorsal e ficou paralítico de cadeira de rodas.

O homem, por incrível que pareça, não desistiu de lutar. Voltou para roça, enfrentou as intempéries e em pouco anos depois já era um dos maiores fazendeiros das redondezas. Constituiu outra família, tornou-se querido, mesmo recordando aquele passado de amarguras onde a vitória venceu as derrotas.

 

 

DIA NACIONAL DO LIVRO

Como se não bastasse a doença física do corpo, também somos “lelés da cuca”, ou seja, doentes da mente. Não temos muita coisa a comemorar neste Dia Nacional do Livro (29/10), só lamentar porque somente poucos cultivam o hábito da leitura. Temos ainda o Dia Internacional do Livro (23/04)

A grande maioria prefere o celular na mão curtindo as fofocas, as mentiras, as futilidades, os besteiróis e seguindo falsos ídolos, muitos deles golpistas.  A onda é ser seguidor de qualquer idiota e imbecil, e o cara do outro lado ainda fala que é material de conteúdo.

O seguidor, e são milhões, compra até bosta do influenciador se ele postar a sua na rede. Ninguém quer saber de ler, só de clicar e curtir. A impressão é que não pertencemos mais à espécie humana. Deu a louca no mundo. Está tudo dominado e pirados pelos influenciadores, muitos dos quais bandidos.

O Dia Nacional do Livro (29 de outubro) é em comemoração à Fundação da Biblioteca Nacional no Brasil. O Internacional foi escolhido pela UNESCO, em 1995, para homenagear autores, como Shakespeare e Cervantes.

A grande maioria das escolas públicas brasileiras, cerca de 70%, não tem bibliotecas. As grandes livrarias (Saraiva, Cultura, Civilização Brasileira) fecharam suas portas. Para não falar de Europa, na América Latina, o Brasil é um dos países com menos livrarias, sendo de longe superado pela Argentina, Uruguai, Chile, Colômbia, México e Peru. Todos têm um Prêmio Nobel de Literatura e nós nunca tivemos um nome laureado.

A maioria em massa prefere ter o samba no pé, o axé, o pagode, o arrocha e outros ritmos de músicas lixos no rebolado do corpo do que ter a leitura, o conhecimento e o saber. Não sei qual o pior, ser doente do corpo ou doente da mente. Cada um que tire suas conclusões.

De acordo com pesquisa feita pelo meu companheiro jornalista Carlos Gonzalez, que já se foi, “enquanto livrarias ícones, como Saraiva e Cultura, fecharam as portas, castigadas pela queda de receita e altos custos das lojas físicas, outras redes juntaram os cacos dessa crise e vêm ocupando o espaço. De olho na experiência dos antigos concorrentes, buscam trilhar caminhos novos e evitar os erros de quem não sobreviveu às mudanças desse mercado”.

Publicado em 7 de outubro de 2023, a Justiça de São Paulo decretou a falência da rede de livrarias Saraiva. O pedido foi feito pela própria empresa, que já teve a maior rede de livrarias do país, em meio ao processo de recuperação judicial, por causa de uma dívida de R$ 675 milhões.

Gonzalez observava que a chegada da operação de venda de livros físicos da Amazon no Brasil provocou um choque no mercado. Especialistas avaliam que a tentativa da Saraiva e Cultura de acompanhar a disputa de descontos praticada pela gigante americana do e-commerce foi uma das principais razões que as levaram a fechar as portas.

   “Nos últimos doze anos, o número de livrarias de rua no Brasil caiu de 3.073 para 2.972, segundo dados da Associação Nacional das Livrarias. É um número não apenas absurdamente baixo para um país com 5.568 municípios, mas altamente concentrado: 1.167 lojas somente em São Paulo e 353 em Minas, o segundo Estado no ranking (para se ter uma ideia, apenas a cidade de Buenos Aires, na Argentina, tem 619 livrarias)”. 

Uma edição do jornal inglês The Guardian publicou uma matéria sobre a paixão de Buenos Aires pelos livros. A reportagem, ilustrada com foto da livraria El Ateneo Grand Splendid, revela que a capital da Argentina tem mais livrarias por habitantes do que qualquer outra cidade do planeta. São 734 estabelecimentos para uma população de 2.8 milhões. Uma média de 25 livrarias para cada 100 mil pessoas. Só para ter uma ideia, em Londres esse número despenca para 10 lojas para cada 100 mil habitantes. Esses dados sofreram variações, mas, no geral, o quadro permanece o mesmo.

Durante a Convenção Nacional de Livrarias, realizada pela ANL (Associação Nacional de Livrarias), a entidade lançou a 5ª edição do Anuário Nacional de Livrarias com levantamento de dados de 2023. A pesquisa detectou que o Brasil tem 2.972 livrarias espalhadas pelos cinco cantos do país.

Nos últimos anos, o varejo livreiro, especialmente as livrarias, passaram por muitos desafios: crise no mercado do livro, queda das principais varejistas do país e a pandemia do coronavírus que fechou as portas das lojas por um longo período. O Anuário, segundo a ANL, tem por objetivo mapear a localização das livrarias e identificá-las, bem como contribuir para ações empresariais futuras de investimento no setor livreiro.

De acordo com os dados do anuário, o Sudeste lidera com 1.814 espaços, seguido pelo Sul (561), Nordeste (334), Centro-Oeste (165) e Norte (98). O estudo também especifica as livrarias. Em primeiro lugar estão as lojas de Interesse Geral / Literatura, com 1.047 pontos; em segundo Infantil / Juvenil / Quadrinhos, com 914 e em terceiro, as Evangélicas com 321. Católicas (290), Técnicas / Científicas (158), Sebos / Novos / Usados (102), Didáticas (52), Idiomas (46) e Espíritas (36). Outras religiões (6) também aparecem na contagem.

“Podemos considerar que os dados apresentados nos trouxeram informações positivas de modo geral”, considera a organização do Anuário. Em 2022, cerca de 100 novas livrarias abriram no Brasil e em 2023, o resultado é mais positivo do que negativo. “Não ouve declínio do varejo do livro, mas sim uma reinvenção, consolidação e enfrentamento positivo do comércio livreiro”.

No intervalo entre o último anuário – publicado em 2013 – e o atual, a queda no número de livrarias foi de 1,8%, um declínio considerado mínimo por Marcus Teles, presidente da ANL. O presidente da entidade também faz algumas ressalvas de que há livrarias faltantes, isto porque o Anuário computou dados entre o segundo semestre de 2022 e o primeiro semestre de 2023.

Desde deste então, houve uma movimentação no setor com a Saraiva fechando diversas lojas e a Travessa indo na direção contrária – só para citar dois exemplos. Segundo Marcus, há uma diferença de pouco mais de 2% entre lojas que abriram e fecharam após a publicação do estudo. Essa situação não sofreu muita alteração nos tempos atuais.

Outras questões lembradas por Teles são as livrarias de saldo e de livros usados. “Temos vários pontos que devem ser analisados para considerar um espaço como livraria ou não: tem que estar aberta o ano inteiro, ter um número relevante de exemplares sendo vendidos, só para citar alguns exemplos.

Anuário contou com contribuição da Catavento Distribuidora, Disal Distribuidora, Distribuidora Loyola, Distribuidora de Livros Curitiba, Inovação, Rede Livrarias Leitura e Distribuidora e AEL-RJ.

 

“INFLUENCIADORES DIGITAIS”, OU MARGINAIS?

Cinco mil, dez mil, vinte mil, cinquenta mil, cem mil, um milhão, dez milhões, cinquenta milhões, cem milhões! Ufa, haja seguidores digitais que clicam em qualquer besteirol ou futilidades que aparecem na internet! É um negócio de louco! As pessoas perderam a noção de conteúdo e trocaram o imprestável por aquilo que dá sentido à sua vida.

Agora, com essa onda tecnológica surgiu, de uma hora para outra, a “profissão” de “influenciador digital” que, vez ou outra, está sendo preso por bandidagem e até mesmo como aliciadores de crianças e adolescentes.

Como você se deixa ser influenciado por alguém desconhecido do outro lado da internet, quando não se sabe quem é? Os internautas hoje clicam em tudo por impulso e compram qualquer coisa sem olhar a procedência. Pedem um aparelho qualquer e recebem uma caixa de capim.

Muitos desses “influenciadores” aparecem nas redes sociais ostentando grandeza e riqueza com pacotes de 100 reais, em carrões de luxo, mansões e até em barcos luxuosos, ensinando como ganhar dinheiro fácil em jogos de apostas, rifas e as tais das “pirâmides”.

Nesse mundo capitalista, o maior supremo é o deus dinheiro. “Seja como eu, apostei, ganhei e fiquei milionário”. Basta uma propaganda enganosa e chula desse tipo para atrair milhões de seguidores gananciosos na ânsia de ficarem ricos sem fazerem esforços e trabalhar duro com honestidade.

Quem cai nessa, também, de certa forma, está cometendo um crime de avareza. Antigamente existiam os vigaristas presenciais dos contos dos bilhetes premiados e outras trapaçarias que, com suas lábias e bem trajados, iludiam as pessoas mais ingênuas nas ruas. Eles ficavam em portas de bancos e pontos estratégicos das cidades para aplicarem seus golpes.

Depois de cair a ficha, como não adiantava chorar pelo leite derramado, a maioria, por vergonha, nem ia à delegacia dar uma queixa do safado, sem contar que o crime era de pouca monta e logo o cara estava solto para pegar outra presa desprevenida.  Naquela época, esses malandros não ganhavam muita grana. E geralmente eram pessoas de meia idade.

Com o avanço da tecnologia, o uso do celular e da computação, uma nova geração de jovens se sofisticou e passa o dia nos escritórios confortáveis de suas casas cruzando dados e informações para golpear quem está do outro lado. Eles conseguem entrar em sites da Justiça, partidos políticos, bancos e outras instituições e pegam a vítima desprevenida. O número de golpistas só aumenta e eles sempre estão na frente das “seguranças”.

Confesso que uma vez fui vítima desses marginais. Enquanto fazia um texto, como agora, um elemento ligou para o número do meu celular se passando como membro estadual, ou nacional do PSOL, não me lembro bem, dizendo que precisava atualizar o meu cadastro.

Fez comentários sobre a situação do partido, em Vitória da Conquista, e pediu que esperasse um pouco na linha. Fiquei escrevendo e, em questão de três minutos, o indivíduo fez uma limpeza geral em meu Zap, ou seja, roubou todos os meus contatos.

Do outro lado, existe um bando de “influenciadores digitais” que, com seus vídeos popularescos, visam seus milhões de “seguidores” que caem em seus papos. E um vai influenciando o outro.

Ora, no mundo presencial existe o ditado de que confie desconfiando. Isso serve para o estranho e o conhecido, muitas vezes “amigo”. Como a pessoa confia no outro virtual, principalmente agora com a tal inteligência artificial? Mistério da meia noite!

 

 

OS SANTOS E OS PECADORES

Interessante, quando eu era menino e meus pais eram católicos fervorosos, pensava em um dia ser santo. Quando fui crescendo, virei um tremendo pecador.

– Rapaz, acho que esse negócio de ser santo é tedioso, a pessoa fala baixo de voz mansa, reza muito e sempre está citando Jesus Cristo, Deus e Nossa Senhora. Vive meditando, com um terço na mão, e é muito sacrifício aturar esse mundo desumano. Prefiro o pecador, que solta raiva, briga e dá murro na mesa.

– Você é mesmo um herege, cara, nem tem religião, xinga, esbraveja e ainda tem dúvidas sobre a existência de Deus. É ateu ou agnóstico?

– Não seja por isso, já fui católico de assistir duas missas por dia. Hoje não quero saber de religião nenhuma, mas respeito quem tem, só não suporto o fanatismo doentio. Tem gente aí que diz ser católico só de nome. Tem até “santo de pau-oco” onde o sujeito aproveita para esconder os bagulhos ilícitos. Concordo com Marx quando disse que religião é “ópio do povo”.

– No Brasil, futebol, circo e carnaval, shows musicais de quinta categoria e o consumismo desvairado também são ópios do povo, mas o assunto aqui é “Santos e Pecadores”.

– Caramba, não sei que “cargas d´água” você veio com esta discussão, parece que está leso! Deve ser a idade! Quer saber, acho que santo nunca fez sexo. Nesse caso, sexo é pecado?

– Santa ignorância! “Vamos devagar com o andor que o santo é de barro”! Fazer sexo pode, mas tem que ser dentro dos preceitos da Santa Madre Igreja Católica, Apostólica Romana. Sabe que existem santos que foram casados e alguns fizeram votos celibatários?

– Ah, sim, entendi, beijinho, beijinho, papai e mamãe. Tô fora dessa, estou mais para bacanais, orgias e surubas. Sei que você também não está nessa.

– Não passa de um pervertido. Fosse naquele tempo seria excomungado ou queimado na fogueira da inquisição. Fique sabendo que a Igreja tem santos que foram casados, como os apóstolos, os pais e os avós de Jesus, São Luis IX e sua esposa, Santo Henrique e Santa Cunegundes, Thomas More, ministro inglês, santa Zélia Martin e os pais de santa Teresinha de Lisieux.

– Vejo que é um sabichão em termos de santos. Tô até ficando interessado. Manda mais, pelo menos não saio daqui tão entediado, porque essa vida tá ficando é “chata pra dodói”. Tem uns por aí que fazem doações e querem logo se aparecer na mídia. Deve ser dor de consciência. Sabe daquele ditado de que “quando a esmola é demais até o santo desconfia”?

-Então, vamos lá. Segundo fontes, a Igreja Católica tem mais de 20 mil santos e beatos. No Brasil, o mais famoso e popular é santo Antônio casamenteiro. O primeiro foi santo Estevão, mártir em testemunha da fé, entre 31 e 36 d. C. Foi morto apedrejado. O último é brasileiro, chamado Carlo Acutis (19 de outubro de 2025) que usava a internet para evangelizar. Existem mais de 1.100 Nossas Senhoras diferentes, Tem até do Ó, ou do Nó, sei lá.

Sabe que o Brasil, com 37 santos, nascidos ou que viveram aqui, é o país com o maior número de santos, seguido dos Estados Unidos e México? O primeiro santo canonizado genuinamente brasileiro foi ou é, frei Galvão, em 2007. Santa Dulce é a nossa baiana e vem mais um aí, Maria Milza do sertão.

Quer mais?  Dizem que existem santos que foram homossexuais. Pelo sinal da cruz, se a Igreja fica sabendo disso! Pois é, eles são associados à comunidade LGBTQUIA +. São eles São Sebastião e os santos Sérgio e Baco. Contam que estes últimos formavam um casal.

A Igreja Católica não reconhece oficialmente a santidade de pessoas de outras religiões. No candomblé e na umbanda, a fusão do catolicismo com as crenças afros resultou no sincretismo, como, por exemplo, Xangó representa São Jerônimo e São João Batista.

No entanto, o conceito de “santo”, com seus ritos e significados diferentes, onde figuras são veneradas, existe no budismo (tulkas), no islamismo (Wali) e no xintoísmo (Kami).

– Santa sabedoria! Vai saber de santo no raio que o parta! Fiquei aqui a matutar umas coisas. O Brasil tem o maior número de santos, mas, ao lado disso, é campeão na corrupção, na trapaçaria e nas ações golpistas de bandidos. O país tem mais de 20 mil santos e bilhões no planeta são de pecadores, sem considerar que outros milhões são de gentes ruins e cruéis tiranas. Ah, lembrei dos deuses da Suméria, há mais de 10 mil anos.

Sabe de outra, todo esse papo de santos e pecadores está chato por demais! Vamos pular para outra conversa porque está deixando minha cabeça confusa e sempre fui um cético com relação à religião que, por causa dela, já sacrificou e exterminou milhões de humanos.

 





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