E VAI FICAR AINDA MAIS ASSUSTADOR
O Brasil está em chamas! Estampa a mídia em seus noticiários. Em muitas partes, a terra queimada e cheia de tocos mais parece com a face de um planeta desértico. Os parques ambientais estão sendo destruídos. Tudo dá a impressão de um filme de ficção. Será que meu texto é assustador? Muitos vão dizer que é pessimismo e derrotismo demais.
As labaredas lambem as copas altas das árvores. Por onde se anda, só carcaças de animais mortos. O fogo vai arrastando tudo pela frente. As fumaças intoxicam as grandes cidades, as pessoas e o ar. A seca esvazia os rios e seus leitos rachados estão repletos de peixes e crustáceos mortos.
O quadro é assustador – exclamou um cientista-ambientalista, mas toda essa tragédia já vem sendo anunciada há anos, mas, mesmo assim, a ficha ainda não caiu para a humanidade e muitos ainda falam no aquecimento global como se fosse coisa do futuro.
A catástrofe terráquea só está começando. Ainda vamos ver coisa muito mais assustadora. Quem viver, verá daqui a cinquenta ou cem anos. As chamadas mudanças climáticas nada mais são que o começo do aquecimento global. Segundo as previsões, os níveis dos oceanos devem subir em torno de 20 centímetros nos próximos cinquenta anos.
Ora, estamos pagando pelo que fizemos lá atrás e continuamos fazendo, sem olhar para o futuro mais assustador. Os poetas, escritores, cancioneiros e repentistas podem aproveitar esta macabra matéria-prima e descrever sobre essas cenas realistas, as quais não são mais futuristas.
Aliás, para o futuro, encham seus cantos de horror e escrevam seus livros apocalípticos de muito choro e ranger de dentes. Digam que somos irracionais autodestruidores, que só pensamos em cada vez mais competir e consumir, cada um ao seu modo individual de ser.
Gritem que somos monstros e, nisso, não há nenhum exagero. Não se trata mais de ser pessimista e catastrófico. A besta já está solta e se anuncia o fim. Basta olhar em torno da sua casa que ela vai desmoronar, mais cedo ou mais tarde, e não existe mais retorno.
Não se trata apenas dos incêndios no Brasil e em outros países. O ar está poluído por outros tipos de gases tóxicos, oriundos das fábricas, das bombas nas guerras e da queima dos combustíveis fósseis, como do petróleo e do carvão. As perspectivas são sombrias e não precisa ser nenhum profeta para sair por aí anunciando o fim assustador.
Não mais adiantam essas medidas paliativas, ou ser otimista de que a situação pode ser revertida, porque o rombo já foi feito em proporções alarmantemente maiores do que está se fazendo para tapar o buraco feito na camada de ozônio Estamos apenas estrepando as novas gerações para o precipício, ou para o abismo ainda mais assustador.
“O QUE PREVALECE EM CONQUISTA É A DESTRUIÇÃO DO PATRIMÔNIO PÚBLICO”
Desde os idos do século XIX para cá, os últimos intendentes e as administrações passadas só fizeram destruir o patrimônio arquitetônico de Vitória da Conquista, ao ponto de a cidade atual, de cerca de 400 mil habitantes, não mais possuir um Centro Histórico, como existe em muitas outras do seu mesmo porte pela Bahia e outros estados.
Sempre falo que me sinto envergonhado quando recebo um amigo turista e me pede para visitar o Centro Histórico e tenho que responder que não tem porque foi destruído ao longo dos anos, a começar pela chamada Rua Grande, cheia de casarões, onde hoje está a Praça Tancredo Neves até a Barão do Rio Branco.
Em conversa com uma amiga minha sobre este assunto, ela me disse que sempre tem dito que, em “Conquista o que prevalece é a destruição do patrimônio público”. Lembrou que destruíram uma escola antiga (Macaúbas) para construir o prédio do Fórum, que poderia ser erguido em outro lugar.
Ela também citou o caso do Museu Cajaíba que está sendo destruído pelo tempo lá na Serra do Periperi. “Em qualquer outro lugar, ele teria sido preservado e seria um ponto que iria atrair turistas. A cidade só ganharia com isso” – acrescentou, para completar que tinha mais coisas para enumerar sobre a destruição da cidade.
Foi criado um Núcleo de Preservação do Patrimônio Arquitetônico que há anos deixou de funcionar. Como a administração atual enterrou nossa cultura e não teve e decência de fazer o rito funerário, vez ou outra derrubam um casarão, como ocorreu recentemente em frente da Tancredo Neves.
Durante as décadas de 60 (construção da BR-116 (Rio-Bahia) até 90, durante 30 anos destruíram, impiedosamente, a própria Serra do Periperi, com a retirada de areia, pedras, madeiras e cascalhos, justamente para construírem prédios novos no lugar dos antigos. A serra hoje está mais para Serra Pelada e, quando chove, desce tudo lá de cima acabando com as ruas.
Sobre as artes do artista Cajaíba, esculturas de gente famosa e de presidentes do país, o Conselho Municipal de Cultura, na minha gestão, apresentou um requerimento à Secretaria de Cultura, Turismo, Esportes e Lazer, no sentido de ser criado um projeto do museu, mas nada foi feito.
POR QUE?
Esse tal de o porquê está em todos lugares, no jornalismo e em nossas vidas cotidianas. Tudo que se faz tem um porquê. Por que milhões seguem um influenciador (a) falando um monte de besteiras nas redes sociais e fazem o que ele ou ela manda, inclusive terminam sendo ludibriados e caem no conto do vigário? Tem gente que até se mutila, outros mudam de comportamento e desobedecem aos pais, sobretudo os nossos jovens de hoje.
Por que negros, gays, mulheres e pobres votam nos candidatos do capitão e ex-presidente Bozó, que é racista, negativista, homofóbico, xenófobo e misógino? Por que o Brasil é a oitava ou nona economia do mundo e tem os piores índices de desigualdade social? Essa pergunta é até mais fácil de se responder.
Cada um que faça suas reflexões porque as respostas são diferentes, mesmo contraditórias e paradoxais. Quanto, por exemplo, aos seguidores imbecis que se deixam ser levados mentalmente por esses influenciadores, só posso entender que está na própria decadência da humanidade.
Existe hoje um vazio humano onde as pessoas se agarram a impostores e a falsos pregadores que aparecem vendendo ilusões. Essa gente sem ética, formação moral e capacidade acha que vai ser famosa, poderosa e rica da maneira fácil. A maioria desses influenciadores, rotulados pela mídia, não passa de estelionatária da ideologia, e os seguidores são pressas vulneráveis, sem personalidade própria.
Quanto aos negros, mulheres e pobres que votam nesses extremistas, fica complicado responder. Como se diz no popular, só Freud explica. Talvez sejam masoquistas conservadores que adoram sofrer. Não estou aqui falando que sigam a esquerda, mas que, pelo menos, tenham amor próprio.
Como é que alguém me despreza, me chuta, me renega, me repudia, me xinga, me maltrata, me bate e, mesmo assim, ainda admiro o cara e o defendo? É um comportamento estranho, quando, na verdade, a vítima poderia reagir diferente e ter repulsa.
Se você surra um animal doméstico, como no caso específico de um cachorro, ele passa a ficar raivoso, agressivo e a ter ódio do dono, mesmo que venha a obedecer às ordens do agressor, tudo por causa do medo de apanhar.
Como explicar essa conduta de servidão e submissão ao seu algoz quando se trata de ser humano, considerado racional? Politicamente seria apenas uma forma individual de se colocar contrário ao outro opositor, sem olhar as consequências coletivas?
CASA DA CULTURA PROMOVE NOITE LITERÁRIA NA LIVRARIA NOBEL
Nossas lentes registraram uma noite de muita cultura com músicas e poesias no espaço da Livraria Nobel, da Avenida Otávio Santos, promovida pela Casa da Cultura, nessa última quinta-feira (dia 05/09). Com as presenças de artistas e intelectuais, os trabalhos foram abertos pela presidente da Casa da Cultura, Poliana Policarpo, que deu seu emocionante testemunho de vida na luta contra o câncer, elevando os espíritos dos presentes para terem força de vontade e nunca desistirem de seus problemas. Para abrilhantar a programação, o maestro João Omar, com seu violão, fez uma apresenta musical em forma de uma cantata, bastante aplaudido por todos. A atriz Edna Brito, com toda sua verve teatral, declamou um poema de Ezequias e Carlos Jheovah, que fala da saga histórica de Vitória da Conquista. Presente ao evento, o jornalista e escritor Jeremias Macário, candidato a vereador, declamou o poema “Serra dos Bem-Te-Vis”, de sua autoria. Na ocasião, falou da importância e grandeza cultural da noite literária e, em nome do Sarau a Estrada, saudou a Casa da Cultura. Quem também fez uma apresentação poética foi o fotógrafo José Carlos D´Almeida, dentre outras pessoas que homenagearam a presidente Poliana Policarpo.
ENCONTRO DE ESCRITORES
“Poesia e Romance no VI Encontro de Escritores” foi realizado nesta sexta-feira, (dia 06/09), no Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima, numa organização do Coletivo de Escritores Conquistenses. O evento promoveu o lançamento dos livros de Fernanda de Moraes, “Quintal de Casas: Memórias”, e de Pawlo Cidade, “A Invenção de Santa Cruz”. A apresentação dos autores foi mediada por Juliana Brito e cada escritor falou do seu trabalho, do saber e do criar literatura. Com sua obra de poesias, Fernando descreveu sobre seus momentos de inspiração para escrever seu primeiro livro, enquanto Pawlo escolheu o gênero romance para contar a história de Santa Cruz, numa viagem mágico-fantástico, conforme suas próprias palavras. Estiveram presentes o jornalista e escritor Jeremias Macário, Luis Altério, Paulo Henrique, Linauro Neto, artistas e muitos outros que prestigiaram os lançamentos das obras.
UM DOS MAIORES COLECIONADORES DE LIVROS E ANTIGUIDADES EGÍPCIAS
O livro “Em Busca da Bíblia Perdida de Gutenberg”, da autora Margaret Leslie Davis, faz menção ao grande colecionador de livros raros, dentre eles a Bíblia de Gutenberg, número 45, em poder do Lorde William Tyssen Amherst, que guardava esse precioso volume em sua mansão Didlington Hall, na zona rural de Norfolk, num cofre secreto.
O número 45 coroou uma biblioteca cuidadosamente montada, que traça a história de livros impressos, incluindo ainda instrumentos de corda de Stradivárius, prata finas e porcelanas de Limoges, tapetes persas, capitéis de pedra de Alhambra, em Granada, e os sinos da velha Catedral de Worcester.
No ano em que o número 45 entra em Didlington, as portas da mansão estão ladeadas por sete altas estátuas de duas toneladas de Sekhmet, a deusa egípcia com cabeça de leão, as mesmas que estão hoje ao lado do Templo de Dendur, no Museu Metropolitano de Arte, em Nova Yorque.
Sempre com um livro na mão, ou enfiado no bolso do casaco, Amherst acredita que uma pessoa não pode ser bem-educada se não conhecer e amar os livros. Ele comprou o primeiro incunábulo (livros impressos antes de 1501) em Arles, através do livreiro Bernad Quaritch, durante sua grande turnê.
Com uma grande fortuna, ele e sua família se aventuram pelo Egito e Síria, em complexas caravanas, e retornam com frequência ao Oriente Médio, às vezes permanecendo por meses, adquirindo lembranças e antiguidades a cada visita.
Nas viagens, ele e seus colegas trazem para a mansão, na Grã- Bretanha, a Pedra de Roseta, os mármores de Lorde Elgin, objetos funerários, múmias e deusas dos antigos túmulos do Egito e alguns dos primeiros livros e manuscritos da Europa e do Ocidente, polindo seus troféus de erudição e inserindo-se no discurso.
Por dez mil libras chegou a obter uma coleção de raridades de primeira classe, apenas realizada pelas Bibliotecas do Conde Grawford, do Conde de Ashburnham e da Coleção Spencer.
Finalmente, durante suas investidas, Amherst compra seu Gutenberg, número 45 de Estelle, em 1884, mais de dez anos depois de ter deixado passar os dois primeiros volumes. Ele não compra em leilão, mas em uma transação particular e não divulgada, com o livreiro James Toovey, após o leilão de Gosford.
Durante séculos trabalhou para construir uma história vultosa de livros impressos que incorporam o conhecimento, as paixões e as hostilidades das pessoas que os criaram e usaram e, esse único volume, se encaixa nesse quadro, não apenas como a fonte da impressão moderna, mas também como ponto de origem para sua coleção de primeiras edições dos livros oriundos da Reforma.
Sobre a Bíblia, Amherst explica que as grandes folhas de papel eram umedecidas antes de serem impressas, para que pudessem absorver melhor a tinta, e, uma vez feito isso, cada uma era dobrada e perfurada em certos pontos próximos às extremidades com uma agulha ou um furador, fornecendo guias, para que a impressão ficasse exatamente no mesmo lugar na frente, e atrás de cada página.
As Bíblias tinham no geral 42 linhas, para distingui-las de outra Bíblia da época, que se pensa ter sido impressa por um contemporâneo de Gutenberg, que criou o livro com uma fonte semelhante com páginas de 36 linhas. No canto superior direito da capa interna estão escritas a lápis as palavras “Antes de 15 de agosto de 1456”.
BUROCRACIA E DESIGUALDADES
Tem aqueles que seguem as normas, são corretos e éticos, mas terminam sendo penalizados porque o errado se tornou normal neste país. Tem aqueles que burlam as leis, usam de artifícios ilegais e acabam sendo premiados porque, infelizmente, a maioria do nosso povo é inculta e não sabe julgar os inescrupulosos trapaceiros.
Estou falando das eleições, ou poderia estar me referindo a um outro assunto qualquer neste nosso Brasil, onde predominam a burocracia e as desigualdades, não somente no âmbito econômico-social. A Justiça Eleitoral exige um monte de burocracia para o candidato se registrar, inclusive na prestação de contas, como se isso fosse criar um pleito igual para todos.
No entanto, sabemos muito bem que não é isso que ocorre quando o juiz fala em igualdade na corrida eleitoral. Quem tem mais recursos sai na frente com seus santinhos, praguinhas e outros materiais de propaganda, e aí é onde reside a desigualdade, sem falar em vereadores que estão no páreo à reeleição e usam seu pessoal de gabinete por debaixo do pano na caça ao voto.
Quem fiscaliza o uso dessas armas ilegais pelos astutos, que não faz parte do jogo? Igualdade na disputa, senhor juiz, só existe na teoria ou no faz de conta. Quem possui mais condições financeiras já está nas ruas com suas equipes de trabalho desde o início da campanha, se não me engano no meado de agosto.
Outros, com sua ética, seriedade e honradez, cumpridores das leis e preocupados em não deixar “rabo” na justiça fazem o que podem, dentro das suas possibilidades, para conquistar e mostrar para o eleitor que avalie com consciência um nome certo na hora de votar para ser seu representante na Câmara de Vereadores.
Lamentável, mas, em muitos casos, ainda vence o outro lado da moeda suja que frauda as leis burocráticas e não tem nenhuma ideologia e compromisso com o povo. Sempre dizemos que Vitória da Conquista merece um legislativo à altura da cidade, pelo seu tamanho e importância no cenário baiano.
Além da burocracia e das desigualdades, contamos ainda com as mentiras e engodos no horário eleitoral, como colocar a questão da segurança como se fosse coisa da alçada municipal, quando a proteção ao cidadão contra a violência é de responsabilidade dos governos estadual e federal, mas poucos eleitores sabem fazer essa distinção.
Essa é uma das maneiras de ludibriar a Justiça Eleitoral, sem ser punido, porque fica difícil detectar a safadeza do marqueteiro. Alguém já disse, não sei se o estadista inglês Churchill, ou até um filósofo, que numa guerra, a maior vítima é a verdade. O mesmo vale para um pleito eleitoral.
O FILHO DO PALHAÇO TÁ COM FEBRE
(Chico Ribeiro Neto)
Chegou o circo em Ipiaú, Bahia. De dia, a gente ia ver o movimento de armação da lona, o leão comendo, o elefante cagando e a bailarina se exercitando.
Mais tarde, um palhaço de perna de pau percorria a cidade jogando ingressos e bombons para a garotada.
Começa o espetáculo. As luzes são lindas, a pipoca é mais gostosa, a orquestra ataca e entram todos os artistas para a apresentação inicial.
“Todo mundo vai ao circo
Menos eu, menos eu
Como pagar ingresso
Se eu não tenho nada
Fico de fora escutando a gargalhada
A minha vida é um circo
Sou acrobata na raça
Só não posso é ser palhaço
Porque eu vivo sem graça”
(Música “O Circo”, de Batatinha).
O mágico faz um bocado de coisa sumir e aparecer. Todos aplaudem. “Rapaz, você viu?” “Como é que ele consegue fazer aquilo?”
E o Globo da Morte? “Rapaz, eram três motos. Teve uma hora que cheguei a fechar o olho com medo das motos bater”.
O furo na meia da trapezista, bem na batata da perna, não conseguia afetar a sua beleza. Na hora do salto mais perigoso a bateria tocava e nosso coração pulava. Aquele salto foi demais!
Vi um circo mambembe uma vez em Amoreiras, na ilha de Itaparica. Sem leão, sem elefante e sem trapezista, sua maior atração era a rumbeira: “Se preparem que agora vocês vão assistir a mais famosa rumbeira das Américas. Vinda diretamente de Cuba, vem aí a espetacular, a sensual, a eletrizante, aquela que faz o espectador pegar fogo. Com vocês, a sensacional A-ni-ta Do-min-guez”. Tan-tam-tam-tarantan-tam… Chovia muito, lona furada, goteira na cabeça e a rumbeira no palco. Podia pingar à vontade…
Menino, eu admirava os ciganos. Tinha uns 10 anos, fui com a turma ver um acampamento de ciganos que estava montado perto da Rua da Imperatriz, na Cidade Baixa, onde morei,. Lá, uma cigana me pediu para comprar um quilo de açúcar no armazém, fui e ganhei uma moeda na volta. Cheguei em casa e contei à minha mãe Cleonice, que logo esbravejou: “Pois é, quando eu peço pra ir no armazém você faz logo cara feia. Agora, foi só a cigana pedir que você foi bonitinho. Sendo assim, pode ir embora morar com a cigana.” Saí escabriado.
Voltando ao circo. O famoso ator Bemvindo Sequeira me contou que conviveu uns dias com os artistas de um circo mambembe no subúrbio de Salvador. Ele disse que numa noite, durante uma apresentação, um dos palhaços tinha um filho, ainda bebê, que estava com febre alta. Ele fazia as graças e piruetas e nos intervalos ia aferir a temperatura da criança, cujo berço estava atrás das cortinas. E voltava ao picadeiro para fazer novas graças. Bemvindo disse que nunca se esqueceria daquela cena.
Depois de uma tarde no circo, a gente volta mais feliz pro berço do mundo.
(Veja crônicas anteriores em leiamaisba.com.br)
VITÓRIA DA CONQUISTA SÓ TEM DUAS AGÊNCIAS DO BANCO DO BRASIL
Com 400 mil habitantes, a segunda maior cidade em população do interior baiano, Vitória da Conquista, a capital do sudoeste, só tem duas agências do Banco do Brasil, uma no centro, na Barão do Rio Branco, e outra na Avenida Olívia Flores, o que é um absurdo e falta de consideração de uma instituição federal bancária para com o povo que sofre com as grandes filas.
Não dá para entender essa política “social” do Banco do Brasil, enquanto a Caixa Econômica Federal possui quatro unidades, sendo uma no Bairro Brasil, uma no centro, uma na Avenida Juracy Magalhães e outra na Avenida Olívia Flores, quando deveria ter até mais para facilitar o atendimento, considerando o porte da cidade.
Nos últimos anos o Banco do Brasil fechou duas, inclusive a existente na Avenida Regis Pacheco, que tinha um grande movimento e aliviava a demanda da agência centro, hoje um amontoado de gente, principalmente da zona rural que logo cedo forma grandes filas, penalizando os idosos aposentados, tendo em vista que a maioria não sabe lidar com os caixas para fazer uma simples retirada de dinheiro.
Outra questão é que o fechamento dessas agências do BB provocou demissão de funcionários, sem contar que sobrecarregou outros que são obrigados a fazerem diversas funções. Tantos os clientes como os bancários são submetidos a uma estafa e a um estresse diário, especialmente entre o final e o início de cada mês.
Sou cliente do Banco do Brasil e todas as vezes que preciso resolver um problema fora dos caixas fico a observar a falta de respeito que esta instituição federal em Conquista comete contra nossa pobre população porque o rico não entra numa fila de senhas para ser atendido.
Certa vez, vi uma senhora idoso que mal conseguia se arrastar com sua bengala para resolver seu problema. Cadê as autoridades, como representantes da OAB, Ministério Público, prefeitos, vereadores e outros segmentos organizados da sociedade que não fazem um requerimento ou documento conjunto cobrando que sejam instaladas mais agências do Banco do Brasil em nossa cidade?
Cadê a lei dos 15 minutos, criada pela Câmara Municipal, como tempo limite para que o cliente seja atendido? Ninguém mais fala nesse assunto e não existe fiscalização por parte do Sindicato do Bancários para que a norma seja obedecida.
Sou testemunha que já fiquei quase uma hora para resolver um “pepino” na agência centro. Mesmo com toda essa carga de trabalho e o acúmulo de funções, os funcionários prestam um bom atendimento, mas não têm como evitar as enormes filas dos tormentos. Existem outros pontos de serviços que não são considerados como agências.
O BRASIL ESTÁ PEGANDO FOGO
Não sou nenhum especialista nem cientista sobre o assunto, mas, contra as evidências, não é preciso ser. Estou me referindo à questão das mudanças climáticas provocadas pelo efeito estufa do qual o Brasil é um dos principais emissores no planeta terra e agora mais ainda com o fogo em várias regiões do país.
Na verdade, estamos falando do aquecimento global que as potências mundiais procuram fazer de conta que estão combatendo assinando documentos nos eventos que não são cumpridos. A terra está em ebulição em todas as partes, mas os países, inclusive o Brasil, incentivam cada vez mais a utilização dos combustíveis fósseis, como os extraídos do carvão e do petróleo, principalmente.
Para mim, não é nenhuma novidade as previsões cientificas de que dentro de mais 50 anos os níveis dos oceanos podem subir em torno de 20 centímetros e que muitas ilhas e territórios baixos podem desaparecer do mapa. Isso já vem sendo anunciado há muito tempo. Aliás, todas tragédias e catástrofes são fenômenos anunciados.
Neste final de semana, uma colega de jornalismo da antiga geração me indagou se eu sou contra a energia nuclear (altamente perigosa) e a fóssil. Claro que respondi que sim, mesmo contrariando a atual política do governo federal de incentivo a essas duas fontes energéticas.
Para tratar do tema, devemos olhar para nossa própria casa que está pegando fogo com as queimadas criminosas e até intencionais, como está acontecendo no centro-oeste e agora em São Paulo, deixando nuvens poluidoras de fumaça que não estão apenas atingindo a saúde humana, mas soltando gases tóxicos na atmosfera.
Não é apenas o fogo que está contribuindo mais ainda para o aquecimento global. Termos também os lixões a céu aberto, que, por lei, várias vezes adiada, deveriam ter sido transformados em aterros tratados, conforme as normas estabelecidas pela engenharia ambiental. Temos ainda os garimpos clandestinos, sobretudo no Norte do Brasil, as indústrias que ainda derramam veneno nos rios e os desmatamentos do agronegócio para exportar grãos e vender carne bovina.
Junte tudo isso e temos um caldeirão em ebulição no nosso próprio Brasil que logo mais vai sediar a conferência do clima. Estamos em plenas eleições municipais e até agora a questão do meio ambiente não foi discutida pelos candidatos.
Alguém pode até dizer que é um tema mais da alçada federal, mas cada município tem que fazer sua parte e não apenas partir para os ataques políticos de acusações caseiras sobre quem fez mais obras. Cada um cuidando da sua casa, certamente esse fogo não irá se alastrar.
Confesso que não sou muito de acreditar nesses paliativos de reciclagens, cujos produtos destruídos e novamente industrializados, como no caso dos plásticos, retornarão ao mercado consumidor. O principal ninguém quer fazer que é reduzir o consumo, cada vez mais estimulado pela mídia e as propagandas. O negócio é consumir cada vez mais.
O fogo que está consumindo canaviais, parques ambientais, florestas e serras foi apenas um pretexto para dizer que estamos vivendo em pleno aquecimento global e estamos dando as costas para esta dura e triste realidade, a qual vamos deixar para as novas gerações.
Os governos estão bem mais preocupados com o aumento do PIB (Produto Interno Bruto) do que com o meio ambiente. Por outro lado, o nosso consumidor, a maioria sem instrução escolar e conscientização, quando vai às prateleiras dos supermercados, não procura saber se o produto é corretamente ambiental. Essa é mais uma balela que nos pregam de que o consumidor olha no rótulo se o fabricante do produto segue as normas ambientais.
EM BUSCA DA BÍBLIA PERDIDA DE GUTENBERG
A SURPREENDENTE ODISSÉIA DE 500 ANOS PELO MAIOR TESOURO LITERÁRIO DE TODOS OS TEMPOS.
Como o próprio título já diz, o livro da escritora Margaret Leslie Davis fala da Bíblia de Gutenberg, uma obra-prima da cultura mundial, mas também faz um relato sobre os grandes colecionadores ingleses de livros raros que tiveram um próspero mercado no século XIX.
Apenas 48 ou 49 exemplares desse livro sobreviveram ao tempo e, destes, somente um, o de número 45 pertenceu à colecionadora norte-americana de Los Angeles Estelle Betzold Doheny, impresso por Johannes Gutenberg, um pouco antes de 15 de agosto de 1456.
Por via aérea de Londres, a colecionadora, viúva de um dos homens mais ricos dos Estados Unidos, adquiriu esse importante livro em 14 de outubro de 1950. Essa Bíblia está inserida entre os 135 incunábulos, livros impressos antes de 1501.
Os incunábulos são livros seminais da cultura ocidental como “De Officiis”, de Cícero, a “Summa Theologia”, de São Tomás de Aquino e o exemplar de 1476 de “Os Contos de Cunterbury”.
A encadernação original da Bíblia 45 é do século XV, feita em pele de bezerro marrom escuro, esticada sobre pesadas placas de madeira. O exemplar de Estelle é a primeira impressão da primeira edição do primeiro livro impresso com tipos metálicos móveis, com as páginas novas e limpas.
De acordo com a escritora Margaret, a maioria dos estudiosos acredita que Gutenberg produziu cerca de 180 exemplares e, entre estes, provavelmente 150 foram impressos em papel e os outros 30 em pele de animal, conhecida como velino.
Os especialistas presumem que o livro, ao sair da oficina custasse cerca de 30 florins, o equivalente ao pagamento de três anos de um criado. As edições com pergaminho tinham um preço mais elevado, pois eram mais trabalhosas e caras para produzir. Um único exemplar exigia a pele de 170 bezerros.
A secretária Lucille, que cuidou da biblioteca da senhora Estelle, não conseguiu ler o texto do século XIII, em latim, a chamada versão parisiense da tradução de São Jerônimo, que foi a Bíblia definitiva da Idade Média. O livro de Gutemberg foi impresso em agosto de 1456 na cidade de Mainz, no Rio Reno, na Alemanha.
Um dado interessante é que todos os funcionários da oficina de Gutenberg tinham que saber ler e escrever o latim. Outra curiosidade é que os contemporâneos de Gutenberg já haviam começado a decifrar como fazer aquele trabalho, experimentando entalhar letras em madeira ou em metal e organizando-as em palavras para serem estampadas sobre pergaminho.
Gutenberg criou molduras para segurar o tipo no lugar e adaptou prensas daquelas tradicionalmente usadas para prensar azeitonas ou uvas. Projetou letras com aparência gótica para imitar a caligrafia dos escribas e técnicas refinadas para garantir que uma pressão uniforme fosse aplicada às folhas em branco, colocadas sobre os tipos com tinta em relevo.