CONSPIRADORES SÃO ELIMINADOS E OTÁVIO SE TORNA REI IMPERADOR
Quase todos conspiradores, principalmente os maiores líderes e aqueles que apunhalaram Júlio César com suas afiadas adagas tiveram mortes trágicas e alguns cometeram suicídio durante uma guerra civil de quinze anos que se seguiu após os idos de março de 44 a.C.
Otávio, o sobrinho herdeiro de César, que passou a usar seu nome e depois Augustus, foi mais esperto e venceu todas as batalhas, com entrada triunfal em Roma como rei imperador até 14 d.C. Estava estabelecida uma dinastia. Com um templo erguido em sua memória, Júlio César passou a ser cultuado como um deus santo e seu nome se perpetuou como imperador.
Brutos, Cassius e Decimus caíram em desgraça. Este último foi aprisionado com disfarce de gaulês e executado, segundo antigos historiadores, a mando de Marco Antônio que se uniu a Otávio e depois lutou contra ele. Foi amante de Cleópatra e ambos se suicidaram depois das derrotas no Egito.
Barry Strauss, autor da obra “A Morte de César” narra precisamente com detalhes todos os fatos de um império, que mesmo dividido, conseguiu sobreviver até 1453. Nessa luta pelo poder imperial, até Cícero, o grande tribuno orador da Quinta Filípica, que disse que o dinheiro é o alicerce da guerra, foi morto por Antônio em vingança por ter sido criticado pelo seu inimigo.
Em 42 a.C., Brutus e Cassius abriram centros de resistência. Cassius fez guerra na Ilha de Rhodes. Depois de duas derrotas, os habitantes abriram os portões da cidade para os romanos. Brutus atuou na Anatólia (Turquia), nas cidades de Lícia e Xanto que foram rendidas.
Em junho de 42 a.C. os dois se encontraram em Sadis, no oeste da Anatólia. No encontro, resolveram suas diferenças e decidiram rumar para a Macedônia. Do outro lado, Antônio e Otávio, que faziam parte dos triúnviros, deixaram Lepidus para trás cuidando da Itália. Eles cruzaram o Mar Adriático com dezenove legiões (cada uma com cerca de cinco mil soldados).
Vários orientais enviaram tropas auxiliares para Brutos e Cassius, tanto Deiotarus como o rei da Pártia (Îrã). Por um ano ou mais, os comandantes se dedicaram a levantar dinheiro, pela diplomacia ou pela força. Seus oficiais cunharam moedas.
A mais importante e famosa foi a denarius de prata de Brutos, com a inscrição de Imperator e a figura de duas adagas, justamente ele que sempre defendeu a República e a liberdade do povo. César nunca se fez retratar em moedas.
O grande confronto teve lugar nos arredores de Philippi (cidade em homenagem ao rei Felipe, pai de Alexandre, o Grande, da Macedônia). Numa noite, Brutos teve uma visão de um gênio ruim. Esta visão alertava Brutos: “Você me verá em Philippi”. No dia seguinte, Cassius teria avistado o fantasma de César, vestido com uma capa de comandante militar vermelho-púrpura.
Antes dos combates, Brutos escreveu a Aticus: “Ou eles libertariam o povo romano, ou morreriam e seriam libertados da escravidão”. Em Cassius, um comandante bom e em Brutus, um competente. Em contraste, Antônio, um general inteligente e versátil, e Otávio tinham poucos suprimentos.
No entanto, construíram fortificações para isolar o inimigo de seu acesso ao mar. Brutos e Cassius iniciaram operações de contrafortificações. Antônio atacou com toda sua fúria. Os homens de Cassius fugiram em debandada, mas os de Brutos conseguiram tomar o acampamento de Otávio que não estava ali, pois se ausentara a tempo devido a uma visão divina. Ele usou um anel de César como amuleto de boa sorte.
Na fuga e prestes a ser capturado, Cassius preferiu o suicídio, fazendo com que um escravo o decapitasse, mas historiadores dizem que não foi bem assim. O homem o matou sem que tivesse recebido ordens. Era o dia do aniversário de Cassius. Ele foi um político de convicções, membro dos Melhores Homens e contra um governo exercido por um único homem. Ele era favorável que Antônio também tivesse sido morto nos idos de março (14) de 44 a.C. Não concordou também com o funeral público para Julius César.
Brutos fez com que Cassius fosse enterrado em segredo para não deprimir seu exército. Com Brutus no comando (não era um general), as chances de vitória se reduziram. Não existia mais Decimus. O traidor Deiotarus, folha seca, passou para o lado de Antônio.
Brutos resolveu atacar e foi rompido pelas linhas do inimigo. Antônio foi o arquiteto da vitória, em Philippi. Brutos conseguiu fugir, viajando pelas colinas em companhia de alguns amigos. Como filósofo, recitou versos gregos sob as estrelas. Ele decidiu morrer feliz e deixar para trás sua reputação virtuosa, como descreveu Plutarco.
O poeta Horácio fez as pazes com o novo regime depois do seu combate em Philippi. Criticou Brutos e indagou do porquê ele não continuou a lutar ao invés de ter tirado a própria vida, mas tempos depois ele foi glorificado como Homem de Virtude, filho da grande Servília. Era final de 42 a.C. O corpo de Brutus foi cremado e Antônio mandou levar suas cinzas para a Vila Servília.
Sobre sua cabeça, segundo fontes, Otávio mandou que fosse decepada, tal como fez com Decimus. Certa vez, Antônio declarou que Brutos fora o único a conspirar contra César, que era motivador pelo esplendor e a nobreza do ato. Quanto aos outros, somente o ódio e a inveja os motivavam.
A vitória ainda não estava consolidada. Da Sícilia, a frota de Sextus Pompeu controlava o mar. Ele fora derrotado em uma batalha, em 36 a.C. Fugiu para Anatólia onde foi capturado e executado. Lepidus sofreu um declínio implacável. Em 40 a.C. trocou a Hispania Próxima e a Gália Narbonesa pela província da África Romana. Depois, Otávio mostrou-se forte para afastar Lepidus. Em 36 a.C. foi forçado a um exílio numa cidade costeira ao sul de Roma.
Antônio e Otávio dividiram o império entre si, mas não tardou a se enfrentarem. Antônio ficou com o Oriente, onde foi amante de Cleópatra, e Otávio com o Ocidente com a tarefa de confiscar terras para dar aos seus veteranos de guerra. A poesia falava da miséria dos despossuídos.
Fúlvia, a esposa de Antônia, e Lucius, seu irmão, incitaram oposição à apropriação de terras. Isso só podia gerar guerra no centro da Itália, extinta pelas forças de Otávio. Um grande número de senadores e cavaleiros foi massacrado e exposto no altar Deificado Júlio nos Idos de Março. Eram sacrifícios humanos ao espírito de César. Depois da morte da sua mulher Fúlvia, em 40 a.C., Antônio casou-se com Otávia, irmã de César, mas tinha seu caso amoroso com Cleópatra.
Se Otávio tinha o nome de César, Antônio tinha a amante de César. O mundo romano não suportaria dois Césares, então foi guerra entre Otávio de um lado e Antônio e Cleópatra do outro. Senhor dos mares, Otávio teve sua frota vencedora na Batalha de Actium, a oeste da Grécia, em 31 a.C. Antônio e Cleópatra cometeram suicídio. Otávio se tornou soberano do império.
Dos conspiradores ainda haviam dois sobreviventes, Decimus Turullius que se juntou a Sextus Pompeu e depois a Antônio. Otávio mandou executá-lo na ilha grega de Cos. O próximo a ser morto foi o grande poeta de poemas curtos e cultos, Cassius de Parma, em 30 a.C. Este também teria se juntou a Sextus e a Antônio.
DINHEIRO DA CULTURA VOLTOU PARA BRASÍLIA
Carlos Albán González – jornalista
“Time que está ganhando não se mexe”, frase incansavelmente repetida pelos fãs do futebol no Brasil. Esta espécie de conselho aos treinadores, poderia muito bem ser aplicado na administração pública, o que só acontece quando, a cada eleição, os “mesmos” se mantêm nos cargos. É o caso, por exemplo, de Vitória da Conquista, onde Sheila Lemos (União Brasil) vai liderar sua equipe por mais quatro anos.
Numa tensa e vitoriosa batalha final, disputada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Sheila se valeu de sua força máxima, integrada por 13 advogados (13, e não 12, como se referiu a nobre gestora, ao mencionar o tempo de permanência de sua mãe, Irma Lemos, à frente do município). Quem não sabe: o número que acompanhou a carreira vitoriosa do saudoso Zagallo (tricampeão mundial Jorge Lobo Zagallo), e que identifica o Partido dos Trabalhadores (PT), é impronunciável pelos bolsonaristas.
Sob o manto do bolsonarismo e levada pela onda ultraconservadora que varreu a esquerda no último pleito, a família Lemos deu início em 1º de janeiro a um terceiro mandato em Conquista. Entre junho e dezembro de 2024, Sheila exonerou os secretários Lucas Dias (Mobilidade Urbana) e Vinicius Rodrigues (Saúde), investigados, respectivamente, pelas operações Overclean e Drapout, criadas pela Polícia Federal (PF). Eles teriam se utilizado de suas funções para cometer graves irregularidades, inclusive desvio de recursos que a Saúde deveria empregar em ações contra a Covid-19.
No final do ano passado, pressionada pela oposição, a Mesa da Câmara Municipal instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para averiguar a destinação de recursos públicos na Secretaria de Saúde. Como já se previa, dada a interação entre executivo e legislativo, nada de irregular foi encontrado, contrariando parecer técnico da PF.
Estávamos falando da formação do secretariado municipal, e o que mais chama atenção é que a gestora voltou a insistir no erro de reunir, numa só pasta, a cultura, o esporte, o lazer e o turismo. Em sã consciência, é impossível uma só pessoa, no momento o Eugênio Avelino (Xangai), cuidar de quatro importantes e heterogêneos segmentos da administração pública. No primeiro mandato da Sheila o conquistense ficou privado da cultura, do esporte, do lazer e do turismo.
Para não ficar completamente imobilizada, a cultura em Conquista tem se valido do espírito abnegado de pessoas e de entidades privadas, além do governo estadual, que patrocina a Orquestra Neojibá. Uma dessas entidades, o Sarau Cultural A Estrada, em funcionamento há 15 anos numa residência do bairro Felícia, tem conseguido preservar o passado e o presente, sem nenhum apoio oficial, das manifestações culturais desta terra.
Pergunto: qual a reação do leitor ao saber que a prefeitura, por negligência, perdeu 330 mil reais dos 2,72 milhões de reais, provenientes da Lei Paulo Gustavo do governo federal. O dinheiro foi devolvido aos cofres da União por falta de uso no prazo determinado pelo Ministério da Cultura.
A minha incredulidade deve ter sido a mesma do jornalista e escritor Jeremias Macário, um dos pais do Sarau A Estrada. Os recursos deveriam ser empregados na recuperação do Cine Madrigal, uma antiga reivindicação da população pobre conquistense, que não tem condições financeiras para pagar uma entrada nas salas de projeção dos Multiplex, implantados nos shoppings. Essa é a importância que o poder municipal dá à Cultura, priorizando os shows de música de péssima qualidade.
A prefeitura local não está relacionada entre os patrocinadores do Esporte Clube Primeiro Passo Vitória da Conquista, o que habitualmente ocorre em centenas de municípios do país, como, por exemplo, Porto Seguro. Fundado em janeiro de 2005, o “Bode” vem colecionando derrotas. Há cinco anos está na segunda divisão do futebol baiano, com direito apenas a jogar três meses por ano.
O torcedor local desde 2015 não assiste no Estádio Lomanto Júnior uma das equipes, com exceção de Bahia e Vitória, da série “A” do Brasileirão. A última foi o Palmeiras, aumentando o número de torcedores rubro-negros, de olho na estrada, na esperança de poder dar as boas-vindas ao Flamengo. Urubu, por aqui, só os que infernizam os moradores do bairro Felícia.
Em resumo: esse é o cenário do esporte na cidade. Eu poderia acrescentar as peladas da Várzea, onde jogava Ednaldo Rodrigues, atual presidente da CBF, o ciclismo e as corridas de rua.
Fazer de Conquista uma cidade turística é sonho. Cristo, lá do alto da Serra do Piriperi, espera há décadas que as autoridades municipais transformem o local num atrativo balneário, não num “cacete armado”, como as instalações na margem da represa de Anagé.
Depois de uma ausência de quatro anos, a Exposição Agropecuária de Vitória da Conquista voltou no ano passado a abrir os portões do Parque Teopompo de Andrade. Os organizadores tiveram o apoio da prefeita Sheila Lemos, que estava em busca de votos para sua reeleição.
O empresário Clinton Teixeira, ligado aos setores de turismo e entretenimento, esteve há poucos dias percorrendo, num domingo, alguns pontos da cidade, onde observou um clima de velório, com movimento apenas nos barzinhos. Imediatamente, por achar o lugar propício, em virtude da falta de equipamentos para o lazer de adultos e crianças, veio-lhe a ideia de construir um complexo para a prática de atividades prazerosas. A inauguração da primeira etapa, que prevê a implantação de uma piscina de ondas, com capacidade para receber 10 mil pessoas, está prevista para o primeiro semestre de 2026. Acredita Teixeira que o Vickpark vai dinamizar o turismo na região. Os adeptos do surfe já podem adquirir suas pranchas.
45 PERSONAGENS EM BUSCA DE UM AUTOR
(Chico Ribeiro Neto)
Às vezes crio um personagem e guardo. Quando vou busca-lo, ele já sumiu.
Difícil criar personagem. Eles criam vida própria, nos abandonam e saem por aí fazendo um bocado de besteira. Poucos retornam ao autor.
Conviver com eles é difícil. Se picam na hora em que você mais precisa deles, e o pior: você esquece o nome deles.
Personagem é igual a gente. Chega e some de repente. Tem hora que tem que segurá-lo pela orelha e dizer: “Você vai ficar é aí mesmo!”
Personagem pode surgir de uma frase no muro, pode ser uma vizinha ou um velho que passou na esquina. Personagem é tudo que rima.
Queria conviver com meus personagens, mas eles entram nas páginas e somem.
Tem personagem que chega perto, pisca o olho e desaparece. Outros ficam escondidos nas gavetas durante anos e há aqueles que fazem o maior espalhafato pra aparecer na história. Chegam até “plantar bananeira” (“olha eu aqui!”), mas não agradam ao autor.
Bicho difícil é personagem. Às vezes ele tem um pedaço de uma pessoa e um pedaço de outra.
Difícil é matar um personagem. Você afunda ele no lago escuro à meia-noite e ele reaparece na próxima história. Personagem não morre, sobrevive nas páginas. Ele é amigo do Zé, dá quatro cambalhotas e cai em pé.
Personagem lhe persegue no sonho, na igreja e no bar. Quando você menos espera, recebe o tapinha nas costas: “E aí, velho, que dia vou entrar no seu livro?”
Lembro a famosa peça “Seis Personagens à Procura de um Autor”, do dramaturgo italiano Luigi Pirandello, de 1921, onde um ensaio é invadido por seis personagens, rejeitados por seu criador, que tentam convencer o diretor da companhia a encenar suas vidas.
Não confie muito em personagem. Ele pode lhe dar uma porretada na cabeça e assumir a história sozinho, ao modo dele.
Tem ator de teatro que incorpora tanto o personagem que leva meses para se livrar dele.
Olga Maimone era uma atriz do Teatro Vila Velha que na década de 60 morava no próprio teatro e durante o dia lia cartas para os interessados em conhecer o futuro. Figura carismática, ela foi assim definida por João Augusto, diretor do Vila Velha: “Olga não é gente, Olga é personagem”.
Viva o personagem, essa alma em figura de gente!
(Veja crônicas anteriores em leiamaisba.com.br)
LAGOA AINDA SOFRE COM ESGOTOS
Estive visitando o Parque da Lagoa das Bateias e gostei de muitas coisas, mas de outras fiquei constrangido, como, por exemplo, do esgoto que ainda é jogado nesse belo local aprazível de Vitória da Conquista, que pode se tornar num ponto mais atrativo da cidade, espécie de cartão postal, para a prática de lazer, esporte e entretenimento das famílias em finais de semana.
Infelizmente, nossas lentes fotográficas flagraram diversos locais onde o esgoto estourou nas margens ainda sujas da lagoa, causando aquele mau cheiro insuportável, ao ponto de as pessoas procurarem passar por fora. Quando chove a situação fica ainda mais grave. Além do esgoto, que não pode continuar caindo na Lagoa das Bateias, muitas áreas ainda precisam ser limpas, sobretudo nas proximidades da Avenida Brumado com o Bairro Santa Cruz.
São louváveis as instalações de quadras de vôlei de areia, futebol de salão, soçaite com grama sintética, os parques para crianças, as pistas de coper e os equipamentos para exercícios físicos, mas muitos serviços ainda faltam ser concluídos. Esperamos que a Lagoa seja uma referência para Conquista. Mesmo com as lixeiras, muita gente ainda joga latas e outros objetos plásticos no chão, o que comprova a grande falta de educação do nosso povo, quando deveria zelar pelo lugar e respeitar o meio ambiente.
É claro que já temos outro visual bem diferente daquele de há dois anos, quando a Lagoa das Bateias estava completamente abandonada e mais parecia um poço de sujeiras, acúmulo de lixos por todos os lados e muita lama. O poder público demorou demais para começar a fazer os devidos beneficiamentos de limpeza.
Muita coisa ainda pode ser feita em termos de urbanização, inclusive numa parceria com o setor privado, como um restaurante-bar e alguns quiosques de lanches. Sem dúvida, o parque pode ser transformado num ponto turístico onde o conquistense pode levar o visitante de fora sem aquele receio de passar vergonha como acontecia até pouco tempo.
Para quem não sabe, a Lagoa das Bateias foi uma obra estruturada no final do governo de José Raimundo, do PT, e ficou em completo estado de abandono durante mais de seis anos. Ninguém se atrevia passar por ali em final de semana, a não ser os próprios moradores que sempre clamaram por melhorias.
DAR TEMPO AO TEMPO
De autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário
Oh, tempo, tempo, tempo!
Dar tempo ao tempo,
Ou tudo tem seu tempo:
É o mais popular dito,
De quem roga seu visto!
Oh, tempo, tempo, tempo!
Memória da nossa história,
Oh, quanto falam de ti!
Como canto do Bem-Te-Vi.
Dizem que a tudo curas,
Até nossas mágoas e loucuras.
Quando bate o sofrimento,
Ou aquela ferina decepção,
Lá vem aquele consolo:
De dar tempo ao tempo,
Pra acalmar a aflição.
O arrependido dos erros,
Das besteiras que fez,
Implora que o tempo volte,
Pra coisas fazer diferente;
Outros dele têm saudade,
Para que sua felicidade
Se repita novamente.
Oh, tempo, tempo, tempo!
Estás nos autores literários,
Nos escritos dos diários,
Nas canções das poesias,
Rebentos de maresias.
Oh, tempo, tempo, tempo!
És criança, jovem e idoso,
Supremo divino silencioso.
O amor pede mais tempo,
Para cicatrizar sua dor,
Como o devedor ao credor,
E chega o tempo,
Para acertar as contas,
Porque ele não pode parar,
É como o vento,
Viajante da nave do ar.
Tu vais e renovas o ano,
Na ilusão do ser humano.
Oh, tempo, tempo, tempo!
Tu és nosso eterno senhor,
Seja pobre, ou doutor:
Tem o tempo de plantar e colher,
O de nascer e o de morrer.
COMANDO DE CAÇA AOS IMIGRANTES
O nazifascista do Trump ordenou sua tropa caçar imigrantes até debaixo das camas, mas muitos brasileiros “malandros” que aprenderam a se virar na vida estão se disfarçando até do Tio Sam, de super-heróis mascarados e driblando os agentes, que mais parecem a patrulha SS de Hitler, a partir de 1933, à procura de judeus nas ruas, lojas e esconderijos da Alemanha.
Seu plano agora é levar os imigrantes para a prisão de Guantánamo, em Cuba, o que caracterizaria uma usurpação de poder. Será que ele está querendo criar um novo holocausto? Com esse terror do medo, os efeitos começam a ser sentidos através do fechamento de restaurantes e lojas no comércio de várias cidades.
Essa caça aos imigrantes está mais parecendo com a época do macarthismo, de 1950 a 1957, quando o senador Joseph Mccarthy, desencadeou uma campanha odiosa com seu Comando de Caça aos Comunistas, no início da Guerra Fria contra os soviéticos, dizendo serem subversivos traidores da pátria. Milhares foram presos, exilados e torturados.
Nesse período até o inglês Charlie Chaplin, o genial cineasta, foi perseguido pelas suas ideias e teve que se exilar dos Estados Unidos, que perderam um grande artista do cinema. Os imigrantes sempre foram ojerizados pelos ianques que se acham uma raça superior abençoada por Deus. Aliás, eles se consideram divinos deuses.
Quem não se lembra do filme da vida real sobre “Sacco e Vanzetti”, (Nicola e Bartolomeo), uma história real de dois italianos anarquistas vendedores de peixes que foram presos em 1920 e executados em 1927 por um crime que não cometeram, a não ser por serem considerados como subversivos. Estamos presenciando cenas semelhantes.
Agora a bola da vez são os imigrantes, a grande maioria da América Latina, incluindo brasileiros, vistos pelo racista, xenófobo e homofóbico Trump como lixo e escória da humanidade, sendo culpados pelo declínio do Império Norte-Americano. Hitler culpava o fracasso da Alemanha aos judeus. Com essa política, o vermelhão esquisito está dando um tiro no pé.
Para justificar sua insanidade mental e ódio (sua mãe era uma imigrante sueca), Trump sentencia que todos são criminosos, quando, na verdade (os santos pagam pelos pecadores), não é assim, e aí usa o pretexto de deportar todos algemados e acorrentados das mãos aos pés, como forma de humilhação para deleite do seu sadismo psicopata.
Quanto aos nossos imigrantes, em particular, tem gente se escondendo até em bueiros e outros usando das espertezas e sagacidades próprias dos brasileiros para escapar dessa temporada de caça do “monarca imperador”. Existem até troféus para os melhores caçadores.
Ir para os Estados Unidos sempre foi um sonho originário da onda propagandística enganosa a partir dos primeiros anos do século XX, como se fosse uma terra prometida onde jorra o mel em abundância e se fica rico ganhando muitos dólares. Esses pobres imigrantes não passam de retirantes que se tornam escravos em terras estranhas, como nordestinos que iam e ainda vão para São Paulo.
Depois de atravessarem a fronteira do México, enfrentarem as águas do Rio Grande e o deserto da morte (milhares morrem nas travessias), “guiados” e roubados pelos coiotes, lá são escravizados e submetidos ao trabalho sujo que os pedantes norte-americanos não aceitam. Sem os imigrantes, quem vai colocar a mão na massa para limpar as sujeiras e fazer a economia girar?
Por mais difícil que aqui seja a situação no Brasil onde predominam as profundas desigualdades e injustiças sociais, salários baixos e a falta de emprego decente, os Estados Unidos nunca foram a solução. Está mais para ilusão que certos malucos botam na cabeça dessa gente e terminam entrando num embalo suicida. São os chamados desesperados.
Seja o que for, a realidade é que agora o Trump, descendente de estrangeiro, está vomitando toda sua ira contra os imigrantes, talvez por uma psicopatia de desejo de ser salvador da pátria para se tornar rei monarca e imperador do mundo. Ele não está somente atingindo os imigrantes, mas apunhalando os direitos humanos, inclusive dos seus conterrâneos e seguidores que nele votaram.
Os puxa-sacos de plantão serão os primeiros a serem sacrificados. Veja o caso da mulher brasileira que conversou com o Trump aconselhando que não fizesse o mesmo no Brasil. Como prêmio pela bajulação foi deportada como criminosa.
Quem sabe ele não esteja querendo criar uma dinastia, como nas civilizações suméria, egípcia, chinesa, japonesa e romana? A história não está sempre se repetindo? O horror e o terror de tiranos ditadores nunca deixarão de existir. Como ocorreu com alguns deles na antiguidade, ele também pode ser destronado. Muitos foram simplesmente decapitados.
AS “VIÚVAS DAS SECAS”
Quando estava na ativa e com todo gás de repórter, fiz muitas coberturas jornalísticas sobre as secas mais inclementes e prolongadas por esse sertão da Bahia. Como se diz no popular, comi muita poeira no sol escaldante, principalmente aqui na região sudoeste com meu parceiro fotógrafo Zé Silva.
Nas entrevistas, ouvi muitos lamentos, choros e lágrimas, casos de fome, gente sendo escravizada nas carvoarias, pessoas perdidas nas cidades pedindo esmolas, filhos desgarrados, meninas que se prostituíam cedo pelo dinheiro e até eram vendidas pelos pais. Por aqueles lados de Iuiu escutei uma história de um homem que negociou a mulher na feira por uns sacos de farinha.
Mesmo diante das adversidades, o sertanejo nordestino é forte e nunca perde a fé e a esperança de dias melhores, sempre mirando os céus na espera das chuvas para lançar as sementes na terra molhada, mas ele sabe que lá na frente vai enfrentar outra batalha.
No entanto, um fato, dentre tantos outros, me chamou a atenção que foi descobrir o sofrimento diário das chamadas “viúvas das secas”, aquelas mulheres cujos maridos partiam no pau-de-arara para São Paulo e elas ficavam sozinhas em casa com uma renga de filhos pequenos para cuidar e alimentar.
Naquela época não existia o Bolsa Família, poucas doações e elas tinham que se virar para não deixar as crianças morrerem de fome. Uma vez cheguei num lugar onde elas estavam arrancando raízes de umbuzeiros para cozinhar. Não temos nada em casa para comer hoje, seu doutor, e isso dá sustança – disse uma delas.
Para essas pessoas vítimas das grandes estiagens, achamos por bem denominá-las de “viúvas das secas”. Os maridos partiam e demoravam de dar notícias e enviar algum dinheirinho pelos Correios. Tudo era na base das cartas ou através das cabines de telefones públicos, coisas raras nos municípios. Em suas faces abatidas e corpos alquebrados pelo tempo corriam suas lágrimas de ver um filho no canto de barriga vazia pedir uma bolacha.
– É seu moço, o senhor mesmo está vendo a situação de penúria e ninguém nos acode, só Deus para nos ajudar. Há dias que não temos nada em casa, só uns punhados de farinha para fazer um pirão d´água – clamava dona Josefa com cinco filhos esqueléticos para criar. Há meses o marido foi para São Paulo porque não encontrava mais serviço por essas bandas. Tem tempo que não dá notícias.
O pior de tudo é que existiam aqueles cabras safados que iam para São Paulo e lá se enrabichavam com outra mulher, deixando a família abandonada a ver navios, se acabando na extrema pobreza do sertão, caso de dona Maria das Dores, que ainda acreditava em sua volta. Outros morriam por lá mesmo nas esquinas brabas da vida.
– Aquele desgraçado tem mais de um ano que saiu daqui prometendo trabalhar, juntar um dinheiro e depois retornar. Nunca mais nos deu uma notícia e até soube por parentes que arranjou uma amante por lá. Aquele traste dos diabos já não prestava mesmo – desabafou em tom de raiva dona Vicência, ao lado da sua comadre que também foi alvo do mesmo destino. Uma sempre ajudava a outra nos momentos difíceis de privações.
E dona Joana que foi obrigada a entregar uma menina nova por uns trocados para um caminhoneiro num posto de gasolina! Aliás, os postos eram os pontos onde mais se encontravam crianças pedindo esmolas e candangos com filhos remelentos nos braços, chorando de fome.
Pois é, escutei por anos muitas histórias de cortar o coração por este meu Nordeste árido do chão ressecado e rachado, onde só se via plantações queimadas pelas secas, fome e sede, gado berrando nas cacimbas, carcaças de animais mortos, latas d´água nas cabeças e carros-pipas cortando estradas poeirentas. Sempre vinha à minha mente a obra “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos. Em muitos ranchos, uma “baleia” encolhida no terreiro que nem levantava para latir.
Nos últimos anos até que as coisas melhoram mais a partir de alguns programas de assistência social dos governos, mas permanece o cenário da chamada indústria da seca, com o emprego de carros-pipas e outros esquemas escusos para ganhar votos em tempos de eleições.
Ainda existem as “viúvas das secas” e aquelas que são largadas pelos seus maridos que caem no mundo e nunca mais voltam. No sertão é assim, quando chove bem tudo fica colorido e da terra brota a fartura, mas quando vem a estiagem e a paisagem fica cinzenta, o sertanejo pena para sobreviver.
A NOSSA CULTURA EM CONQUISTA VIVE AOS “TRANCOS E BARRANCOS”
Sejam quais forem os motivos, foi um grande vacilo da gestão municipal de Vitória da Conquista devolver à União mais de 333 mil reis da Lei Paulo Gustavo do ano passado, conforme denunciou o site “Conquista Repórter”. Não importa aqui se outros municípios também fizeram o mesmo. Não justifica, e foi mais uma decepção para a cultura da nossa terra.
A nossa cultura já continua aos “trancos e barrancos” e, um fato desse tipo, é mais que lamentável, Só faz piorar, e não é nada bom para a imagem de Conquista junto ao Ministério da Cultura, passando uma conotação e impressão de ser uma cidade desprovida de projetos, quando aqui existem grandes talentos nas diversas linguagens artísticas.
Dos recursos da LPG, Vitória da Conquista, a terceira maior cidade da Bahia, com cerca de 400 mil habitantes, recebeu pouco mais de 2,7 milhões de reais e ainda se dá ao “luxo” de devolver 333 mil reais do audiovisual, quando temos aqui o prédio do Cine Madrigal fechado há cerca de dez anos, onde poderia estar funcionando um cine teatro em benefício dos artistas, de toda comunidade e atraindo visitantes de fora. Cadê a reforma do Cine?
Confesso que recebi a notícia com tristeza, repúdio e espanto, e digo o mesmo do sentimento do nosso “Sarau A Estrada”, como membro fundador, pois no ano passado apresentamos um projeto audiovisual sobre um documentário do sarau, que neste ano está completando 15 anos, e ficamos na suplência.
Outros projetos do setor também não foram contemplados e não entendo como mais de 333 mil reais retornam para a União. Só posso dizer que é um absurdo. Fico a perguntar: Quem são os maiores culpados? A Secretaria de Cultura, Turismo, Esportes e Lazer ou os fazedores de cultura em Conquista?
Estive neste domingo visitando o Parque Municipal Lagoa das Bateias (isto já é um outro assunto) e fiquei a imaginar que não precisamos somente de lazer e entretenimento. A cultura deve vir acima de tudo para que possamos nos divertir com mais harmonia, conhecimento e saber. Uma cidade que outrora já foi centro de efervescência cultural vive hoje à mingua neste item tão importante e fundamental para nossas vidas. A cultura é o alimento da alma.
Cadê a mobilização unida e coletiva dos nossos artistas, professores, intelectuais, estudantes e da sociedade em geral para que esse quadro se reverta? Sempre digo que atitudes de coletivos, movimentos, associações isoladas, onde cada um se acha o papa ou dono da cultura, não resolve e o problema.
Temos é que unir forças juntos, ir para as ruas, numa mobilização conjunta, para que tenhamos um Plano Municipal de Cultura; os equipamentos do Teatro Carlos Jheovah, o Cine Madrigal e a Casa Glauber Rocha, fechados há anos, sejam reformados e reabertos; e brigar para que haja mais recursos no orçamento destinados à cultura.
Mais uma vez, repito que é triste e vergonhoso ver a nossa cultura nessa situação onde se faz apenas o “feijão com arroz” e só acontecem eventos isolados de iniciativa apenas particular em seus mais diversos setores, incluindo aqui a música, a literatura, a dança, o teatro, as artes plásticas e outras expressões, sem a forte presença do poder executivo.
Até quando vamos deixar a nossa cultura neste estado de penúria onde até o Conselho Municipal de Cultura está parado por falta de quórum para se reunir? A culpa também é nossa porque não está existindo uma grande ação coletiva, longe das fogueiras das vaidades onde cada um só pensa em si e só quer se aparecer.
Agora mesmo temos projetos da Lei Aldir Blanc para serem julgados e a maioria dos pareceristas é de fora, isto é, pessoas que pouco conhecem a nossa realidade. Quer dizer que em Conquista não existem técnicos com capacidade para analisar e julgar esses projetos? O que está havendo com a nossa cultura?
DEPOIS DAS ADAGAS ENTRARAM AS ESPADAS NA DISPUTA PELO IMPÉRIO
A história antiga e até a moderna nos conta que quando um grande líder poderoso se vai, entram as divisões e as disputas pela posse do comando do reino. Muitas delas foram lutas fraticidas e ambiciosas que se transformam em guerra civil, com muito sangue derramado.
Assim aconteceu com Alexandre, o Grande, da Macedônia, onde três grandes generais resolveram partilhar o império; com os faraós mais famosos, no Egito; entre reis na Mesopotâmia; quando o czar Nicolau foi destronado na Rússia, em 1917; durante a Revolução Francesa, em 1789; com Tito, na Iugoslávia, no final do século passado, dentre tantos outros episódios históricos dessa natureza.
Com o antigo império romano não poderia ser diferente. Quando cravaram as adagas assassinas, em 44 a.C., no ditador tirano Júlio César, que pretendia acabar com a República e ser rei, entram em ação as espadas de seus próprios algozes Brutos, Cassius e Decimus, que travaram batalhas sangrentas contra o herdeiro Otávio, Marco Antônio e Lepidus que se juntaram na disputa do maior reino da época.
Quando assassinaram César, em 15 de março de 44 a.C., temendo pelas suas seguranças, os líderes da conspiração se afastaram de Roma e até foram agraciados pelos atos do Senado deixados pelo ditador morto. Assumiram cargos de governadores no Oriente (Brutus e Cassius) e na Gália Italiana (Decimus), visando apaziguar os ânimos, mas as intrigas continuaram. Foram até anistiados.
De um lado, os veteranos da Guerra Civil (49 a 45 a.C.) e os apoiadores de César que tinham sede de vingança e, do outro, os mais moderados e negociadores que tentavam um acordo, mas agiam nos bastidores para arrebatar o poder. Um ano depois, todos já estavam no campo de batalha com suas legiões e cavalarias, como descreve o historiador Barry Strauss, autor do livro “A Morte de César”.
No início, os conspiradores se refugiaram na Colina Capitolina, um tipo de fortaleza segura, para se defender da fúria dos romanos. Argumentando que agiram em nome da liberdade do povo, eles deram demonstração de força ao marcharem do Pórtico de Pompeu para o Fórum Romano, na Colina Capitolina. O principal marco da Colina era o Templo de Júpiter, maior ponto religioso de Roma.
Com o assassinato de César, houve saques e a construção de barricadas por gente que tentava se proteger dentro de suas casas. Houve um pânico generalizado e a situação não foi mais grave porque Marco Antônio costurou um acordo com o Senado para manter os atos de César e não punir os assassinos.
Para que houvesse uma trégua, contaram muito os discursos inflamados e os escritos do tribuno Cícero, que variava muito de lado. A princípio, para ele, os conspiradores eram libertadores que colocaram a liberdade da pátria acima dos laços de amizade (Decimus era um grande amigo e homem de confiança de César). Para outros, os criminosos não passavam de traidores. Durante vida, o ditador sempre demonstrou clemência para com seus opositores, que retribuíram com ingratidão.
Durante anos os plebeus estiveram ao lado de César, mas no transcorrer dos seis últimos meses começaram a mudar de ideia. O tirano acabou com as eleições e depôs alguns Tribunos do Povo. No início, os conspiradores negaram que haviam assassinado César para tomar o poder. Eles se referiam aos seus ancestrais que haviam destronado reis e acusaram o ditador por ter obtido o poder através da violência. As tramas só estavam começando. O Senado classificou o assassinato como eliminação do tirano, ou tiranicídio.
Após a morte de César, no outro dia o destino de Roma começava a ser decidido em inúmeras reuniões, muitas delas convocadas por Marco Antônio. Ocorreram discursos no Senado, exibições e ameaças de emprego de forças militares, bem como planos escusos. Lepidus até convocou uma reunião popular, cada um fazendo seu jogo e reunindo suas tropas para tomar o reino. Os seguidores de Pompeu, o maior inimigo de César, controlavam a Síria e parte da Hispania.
O filho Sextus Pompeu alardeava que possuía navios de guerra e sete legiões (cada uma tinha quatro a cinco mil soldados). No dia 17 de março, o Senado realizou uma reunião no Templo de Tellus, deusa romana da terra.
Os veteranos de César temiam perder suas terras e bens. Uns achavam que os assassinos mereciam recompensa, outros que apenas que deviam ser agradecidos. Por ironia, um que concordava com a recompensa foi Tiberius Claudius Nero. Mais tarde teria um filho que se tornou imperador tirano. Muitos se mostraram dispostos a conceder anistia aos conspiradores.
Marco Antônio e Lepidus desejavam vingança, mas acharam mais importante poupar vidas romanas. A presença dos veteranos de César em Roma era um temor. Todos estavam armados. Queriam que a memória do chefe fosse honrada. Antônio propôs clemência e anistia e até citou o caso de Atenas, onde depois de uma guerra civil, o povo optou por esta causa.
Depois dos discursos, um decreto foi aprovado garantindo aos assassinos a imunidade de perseguições e ratificando todos os atos e decretos de César. Por sua vez, sob pressão dos veteranos, para estabelecer uma reconciliação, o Senado aprovou dois decretos confirmando os direitos dos novos colonos que estavam em vias de assumir a posse de suas terras. Antônio propôs uma moção de abolição da ditadura. O Senado concedeu, e o maior ditador, jamais surgido em Roma, teve seu sepultamento memorável no dia 20 de março de 44.a.C.
Após seu testamento, cuja maior parte dos bens coube ao seu sobrinho-neto Otávio, o novo César, aí entraram as disputas ferrenhas pelo poder. Brutus consolidava seu poder a partir de uma base em Atenas onde era exaltado como herói. Ele tentava abrir caminho para o controle das províncias da Macedônia, partes da Albânia e da antiga República Iugoslávia da Macedônia. Em fevereiro de 43 a.C., o Senado lhe conferiu o cargo de governador dessas províncias.
Do Egito, Cleópatra assistia a tudo com preocupado interesse. César havia deixado quatro legiões em seu território e, tanto Cassius como Dolabella as requisitava. A rainha atendeu a Dolabella, mas Cassius as capturou no caminho para a Síria, formando doze legiões. Enfraquecido, Dolabella foi derrotado. Ela resolveu auxiliar os oponentes de Brutus e Cassius que montaram uma estratégia para dominar todo Mediterrâneo.
Em abril de 43 a.C. o Senado confiou o destino da República a Cassius como governador da Síria, Brutus como governador da Macedônia e a Sextus Pompeu como almirante da frota. Cícero passou a apoiar Brutos, e sua mãe Servília procurou cuidar dos interesses do filho e de Cassius, em Roma, através de reuniões familiares.
Do outro lado, Otávio fazia seus movimentos e exigiu do Senado que lhe concedesse um consulado, mas a Casa negou o pedido sob o argumento de que ele não tinha idade (18 anos) suficiente. Prometeu para quando ele tivesse 33 anos. Um de seus soldados jurou fazer dele um cônsul através da espada. Com sua empáfia, Otávio cruzou o Rubicão, como fizera César, e marchou sobre Roma com oito legiões.
Na base da força, Otávio fez com que ele e seu primo Quintus Pedius fossem nomeados cônsules adjuntos e assim conseguiram aprovar uma lei (Lex Pedia) que rescindia a anistia aos assassinos de César, condenando os conspiradores.
Em setembro de 43 a.C, Antônio reentrou na Gália Italiana com dezenove legiões. No mês seguinte, ele, Otávio e Lepidus formaram um triunvirato com poderes ditatoriais. Juntos contavam com mais de quarenta legiões. Então, eles dividiram o império, cabendo a Antônio a maior parte da Gália. Lepidus ficou com a Gália Narbonesa e a Hispania, enquanto Otávio tomou a Sicília, a Sardenha e a África Romana. Em novembro de 43 uma lei tornou o triunvirato legal.
Sangue, dinheiro e propriedades imobiliárias foram seus primeiros interesses, sem clemência para quem matou César. Trezentos senadores e dois mil cavaleiros constavam de suas listas de expurgo e confisco de bens. O primeiro executado foi um juiz que votou pela absolvição de Brutus. Ganges de executores se espalharam por toda parte. O objetivo principal era levantar dinheiro para custear suas tropas. Para tanto, confiscaram terras para assentar seus soldados e instituíram novos impostos.
Brutus e Cassius entenderam que a guerra estava declarada. Em dezembro de 43, Cícero foi apanhado ao tentar fugir de sua vila e depois foi executado. Ele morreu com dignidade e sua cabeça foi levada a Roma e exposta na plataforma dos oradores, no Fórum Romano. Sua morte foi um marco na história da civilização ocidental. Outro que foi executado foi Decimus quando tentava entrar na Macedônia para se juntar a Brutus. De acordo com historiadores, sua morte foi ordenada por Antônio.
Os triúnviros aprovaram uma lei para que um templo fosse erguido e instituíram o culto público ao Divus Julius, o Deificado Júlio César. Essa deificação foi oficializada quando Antônio tornou-se sacerdote supremo. Isso dava direito a Otávio chamar-se a si mesmo de divi filius, o Filho do Homem Feito Deus. Aclamado como imperador, Otávio tornou-se Imperator Caesar Divi Filius.
UM MONSTRO, ANTICRISTO OU COVEIRO DE UMA REPÚBLICA EM DECADÊNCIA
Dizem que é um maluco, tirano, ditador ou monstro que quer ser monarca imperador. Arvora-se a ser presidente do planeta com seus decretos destrutivos, excludentes, homofóbicos, xenófobos e racistas. É uma ameaça à sua própria República, como foi o romano Júlio César nos anos 40 a.C. que queria ser rei. Em seu favor, conta com um monte de seguidores e apoiadores bilionários, como o Hitler nazista.
Mais maluco foi quem nele votou e criou a criatura maligna do fim do mundo, justamente aqueles que foram menosprezados e considerados como lixo humano. Não foi por falta de aviso porque ele expôs todas suas maldades durante a campanha eleitoral. Um cara que quer anexar o Canadá, tomar a Groelândia e o Canal do Panamá só pode ser um louco.
Por que essas vítimas de exclusão votam em seus próprios algozes do tipo nazifascistas com índole de destruição dos mais fracos e menos assistidos pelo Estado, como tem ocorrido no Brasil? Será a Síndrome de Estocolmo onde o sequestrado passa a ter afeto pelo sequestrador, ou a humanidade deixou de acreditar nos governos passados que muito prometeram e pouco fizeram?
Nos últimos anos estamos presenciando uma onda violenta de extremismos, ódio e intolerância dominando vários países, inclusive na Europa, através de governos tiranos e altamente conservadores que repudiam refugiados, os mais pobres, as minorias e, principalmente, as democracias e as liberdades. São os profetas das trevas, ou os AntiCristos.
Não fossem as leis de concessões de uma Constituição, que precisa ser revista, muito dinheiro e poder, bem que o bicho estranho da mitologia grega poderia estar isolado numa jaula como animal de sete cabeças altamente perigoso, assassino e mortífero. Mesmo com tantos processos e ter incitado uma invasão ao Capitólio, o monstro conseguiu se eleger presidente.
Com a Bíblia numa mão e a outra na perversidade de cada vez mais perfurar petróleo e outros combustíveis fósseis, o monstro nem está aí para as mudanças climáticas do aquecimento global e manda agredir o meio ambiente porque quer acumular riquezas e bens de capital para tirar os Estados Unidos do grande buraco.
Como tantos outros na história das civilizações humanas, trata-se de um império em queda desde o final da Guerra Fria. A tendência é o isolamento e, para que isto ocorra, basta um acordo entre os mais poderosos. O monstro está sendo o mentor do suicídio da sua própria nação.
Nos últimos anos, entre os países mais desenvolvidos do mundo, os Estados Unidos foram os que mais sofreram quedas nos índices de desigualdade humana. Na verdade, é um império em declínio, e o monstro agora joga toda culpa nos imigrantes, como Hitler culpava os judeus no meado dos anos 30.
Com sua decadência, os Estados Unidos agora estão pagando pelo que fizeram no passado como imperialistas, quando massacraram milhões de pessoas com suas invasões sangrentas e incentivaram ditaduras por todas as partes do planeta. Sua presunção de superioridade está chegando ao fim. Aliás, o Trump monstro e coveiro é o início do fim.
Os Estados Unidos são hoje uma nação dividida e, as ações do monstro Trump, afetam o social e os direitos humanos, comprometendo a segurança nacional com aumento da violência. Suas ameaças de taxação de 100% das exportações dos países do BRICS (Brasil, África do Sul, Índia, Coréia do Sul, Rússia e outros que acabaram de entrar na organização) são mais demonstração de fraqueza que de força.
Este monstro, ou AntiCristo, está mais para coveiro de uma República enfraquecida do que um salvador da pátria. Tripudia o Brasil como se fosse um lixo, de que eles não precisam de nós, mas o pior é que nós brasileiros sempre carregamos a pecha de vira-latas, como disse o escritor Nelson Rodrigues, e nos submetemos às suas regras.
O Brasil Colônia imitava a França e depois passou a ser o Brasil dos Estados Unidos. Um turista ianque entra em nosso país com a maior facilidade e ainda estendemos tapetes vermelhos para eles. Quando é o contrário, o brasileiro se humilha nas embaixadas e consulados para tirar um passaporte e viajar para a terra do Tio Sam.