O CRÍTICO CANINO QUE NÃO PARTICIPA
Dizem que o silêncio é ouro, outros que uma boa resposta é o silêncio, que é melhor falar menos e escutar mais porque quem fala muito dá bom dia a jegue, e Martin Lutter King declarou em seu discurso da igualdade para todos que o silêncio dos bons é o que mais incomoda.
Nietzsche afirmou que num encontro de homens (ele não se refere às mulheres), não se pode ficar calado, sobretudo para aqueles que falam muito. No entanto, em nossas vidas existem aqueles que são críticos ferrenhos a tudo, principalmente na política, mas não participam de nada; não dão suas contribuições; e nunca se prontificaram a exercer cargos ou funções dentro da sociedade. Os que agem aprendem.
Esses que criticam e não agem, eu os considero abomináveis. Não devem ser ouvidos, mas afastados do convívio dos outros. Conheço gente, inclusive dito de esquerda, que fica dentro da sua casa metendo o pau na direita, em tudo e em todos amigos. Coloca em primeiro lugar tomar suas cachaças, se entregar ao prazer da vida do que ir a uma convenção ou reunião do seu partido do qual diz ser ardoroso defensor. Não pisa os pés num evento ou encontro social e político.
Já ouvi gente afirmar que não vai em lugar onde tem pessoas de direita. É o chamado absurdo radical que não admite ouvir o outro lado. É o mesmo que não saber viver ou conviver com as adversidades de pensamentos. Nem estou aqui colocando no bojo os extremistas terraplanistas, negativistas, racistas, xenófobos e homofóbicos preconceituosos. Para estes é escasso o diálogo.
É muito dito por aí que é fácil criticar, difícil é fazer e colocar a cara a tapa nessa sociedade onde a grande maioria é comodista e aceita tudo que vem de cima. É preciso ter a coragem e não temer a “porrada”. Conheço pessoa que passa o tempo todo criticando; diz que não vai num local onde tem direita bolsonarista e ainda senta a lenha em amigo que está atuando numa função público visando mudar as coisas. Sempre na sua concepção, o cara que está lá na luta não fez nada, não botou para quebrar e foi frouxo. É o tipo que fica de lá apontando seu dedo, sem agir e nem conhece do riscado.
Em minha idade, por exemplo, já exerci diversos cargos e funções, muitos dos quais sem nada ganhar e levei porrada e traição, tanto que me sinto calejado e nem estou mais aí para críticas. Costumo dizer que tenho meus próprios pensamentos, minhas ideias, meu modo de ver as coisas e não tenho medo de patrulhas ideológicas baratas.
Só aqui em Vitória da Conquista, além de ter sido chefe da Sucursal do jornal A Tarde (setor privado remunerado), já fui diretor da Apae, diretor e vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas da Bahia-Sinjorba e, mais recentemente, presidente do Conselho Municipal de Cultura.
Procurei dar minha contribuição dentro do possível e sei o quanto fui massacrado, xingado e contestado, mas sai de todos de cabeça erguida, com seriedade, honestidade e ética. Na minha autocrítica, tenho total consciência de que poderia ter feito muito mais, mas também sabemos que o sistema é cruel.
O que não dá é para aturar críticas pessoais do tipo que esperava mais de você na função, justamente daquele que mete o pau de quem pensa politicamente contrário a ele e fica enfornado dentro de casa só enchendo a cara. Não tem moral para criticar se não se faz presente nos debates e se recusa a assumir uma função numa entidade de classe.
Vivemos numa sociedade e temos que pensar coletivo, mas a maioria é individualista, egoísta e fala que não vai se meter nisso, ou por medo do fracasso, ou porque já se acostumou viver lá do seu alto abrindo a boca para criticar. Tem gente de esquerda nessa linha que é pior que os de direita, e é por isso que a extrema no Brasil só faz avançar com suas mentiras e tramoias malignas.
Como é que uma pessoa se auto declara petista, não é filiado; mete o cacete na direita bolsonarista, mas não aparece nos movimentos e atividades do seu partido do qual se mostra simpatizante? Não consigo entender essa posição. Melhor seria ficar calado e não sair por aí esbravejando e soltando despautérios contra os outros, com termos chulos e depreciativos.
Devemos fazer alguma coisa, mesmo que seja daquela pequenina beija-flor que passa o tempo todo carregando uma gotícula de água no bico para apagar um incêndio. O crítico que só sabe falar e nada faz, não merece um dedo de prosa; travar com ele um diálogo; e fazer até um contraponto. Melhor se afastar e dizer logo a verdade, coisa que muita gente não gosta de ouvir, sobretudo o crítico contumaz, senão você vai terminar ganhando um inimigo.
PT E A FEDERAÇÃO REDE/PSOL HOMOLOGARAM CANDIDATOS
Numa convenção de cerca de 2.500 pessoas, o PT de Vitória da Conquista, a Federação Rede/Psol, dentre outros partidos de esquerda, realizada no último dia 3/08, na área do Colégio Centro Integrado, homologaram as candidaturas a prefeito e a vice de Waldenor Pereira e Luciana, com as presenças de personalidades, como do ex-prefeito Guilherme Menezes, da senadora pelo PSB, Lídice da Mata e várias lideranças da cidade, região e da Bahia.
Na ocasião, o candidato Waldenor fez um veemente discurso dentro da sua linha programática de mudanças para Vitória da Conquista, principalmente no setor social, destacando a educação e a saúde. Lembrando o apoio do presidente Lula, do governador Jerônimo, do ministro Ruy Costa e do senador Jaques Wagner, o candidato citou que Conquista precisa de união e reconstrução, fazendo críticas à atual administração da prefeita Sheila Lemos.
Antes da convenção geral, outros partidos se reuniram, como da Federação Rede-Psol, e fizeram suas convenções homologando seus candidatos à uma cadeira na Câmara de Vereadores, como do jornalista e escritor Jeremias Macário, Cláudio Dutra, Ziva Zacarias, o Zeca, o professor Andrade Leal, Lu do Terminal, todos do Psol e demais da Rede.
Os trabalhos da Federação Rede foram abertos pelo presidente Ferdinand Martins, por volta das 10 horas da manhã, com as presenças de militantes políticos do MST e de outros movimentos sociais que apoiam a candidatura a prefeito e vice de Waldenor e Luciana. Ferdinand desejou sorte para todos homologados e conclamou os companheiros para a luta, e que cada um levante suas proposições para mudar Conquista e vencer as eleições.
A convenção geral, no Centro Integrado, deu uma demonstração de força dos partidos de esquerda nessa caminhada para as eleições de outubro, cujo objetivo principal é saírem vitoriosos, inclusive com mudanças no legislativo que agora vai ter 23 cadeiras com o acréscimo aprovado de mais dois parlamentares para o mandato de 2025 a 2028.
“DIÁLOGO COM OS REIS”
Zaratustra estava caminhando por suas montanhas e bosques quando passava um singular cortejo de dois reis adornados de coroas e faixas de púrpura. Diante deles ia um jumento carregado. Zaratustra pensou consigo e falou em meia voz: “Que querem esses reis aqui em meu reino, caso raro, dois reis e um asno”!
Essa narrativa está no livro “Assim Falava Zaratustra”, do filósofo alemão Nietzsche, no capítulo “Diálogo com os Reis”. Os dois ouviram alguma coisa na moita e imaginaram ser algum pastor de cabras ou um ermitão. Um deles disse que “a absoluta ausência da sociedade também prejudica os bons costumes”.
No diálogo, o outro replicou que “antes viver com ermitões e pastores do que com nossa plebe dourada, falsa e polida, embora a ela se costume chamar a boa sociedade, a nobreza. Veja aqui que Nietzsche classifica a nobreza de plebe dourada.
Na conversa, um afirmou para o outro que ali tudo é falso e corrompido, a começar pelo sangue, graças a estranhas e malignas enfermidades e a piores curandeiros.
– O melhor para mim e o que hoje prefiro é um camponês sadio, tosco, astuto, tenaz e resistente. Hoje o camponês é o mais nobre, o melhor que temos e a raça dos camponeses deveria reinar. Vivemos, porém, no reinado da plebe, num amontoado. Já não me iludo mais – assinalou um deles.
O outro respondeu: “Amontoado de massas. Ali tudo está misturado: O santo e o bandido, o fidalgo e o judeu e todos animais da arca de Noé”.
– Os bons costumes! Entre nós tudo é falso e corrupto! Já ninguém sabe reverenciar. Disso, justamente, é que nos devemos livrar. São cães domesticados e importunos. Ocupam-se em dourar palmas – exclamou o outro.
– O desgosto que me sufoca é nos termos nós mesmos, reis, tornado falsos e nos cobrirmos e nos disfarçarmos com o fausto passado de nossos ancestrais. Não passamos de medalhas para os mais tolos e os mais astutos e para todos os que hoje traficam com o poder!
Ao ouvir tudo isso, Zaratustra saiu de lá e se apresentou. Ressaltou ter gostado quando os reis disseram para que servimos ainda nós, os reis. “Aqui estais em meu reino e sob o meu domínio. Talvez aqui possais encontrar pelo caminho o que eu procuro, o homem superior”.
Eles falaram que a espada da palavra de Zaratustra cortava a mais profunda escuridão de seus corações. “Descobristes nossa angústia porque nós vamos em busca do homem superior a nós. Para ele trazemos este jumento”.
Então, Zaratustra resolveu dizer uns versos para os reis: “Nunca o mundo caiu tão baixo – enfatizou. – Roma se tornou prostituta e antro de prostitutas. O César de Roma degenerou em besta. O próprio Deus se tornou judeu. Os reis gostaram do que ele falou.
Em seguida, revelaram que os inimigos de Zaratustra nos mostravam tua imagem num espelho. Vimos a figura de um demônio de riso sarcástico, de modo que nos amedrontaste. Que nos importa seu semblante”!
Ao se dirigirem a Zaratustra, disseram ser preciso ouvir aquele que nos ensina que “deveis amar a paz como meios de novas guerras e a breve paz mais do que a prolongada”!
– Ó Zaratustra! A estas palavras ferveu em nossos corpos o sangue de nossos pais. …Nossos pais tinham sede de guerras, à semelhança dessas espadas.
Quando os reis falaram da felicidade de seus pais, Zaratustra sentiu vontade de zombar daquele ardor pelas guerras, porque eram reis pacíficos… Zaratustra, então, levou os reis até sua caverna para prosear.
PSIQUIATRIA: A CURA PELO CANDOMBLÉ (2)
Outro olhar sobre a dor da alma
(Chico Ribeiro Neto)
O site da Academia de Medicina da Bahia (academiademedicina-ba.org.br) traz o perfil do psiquiatra Álvaro Rubim de Pinho, membro titular da entidade, onde se lê: “Com a autoridade de Professor Titular, Rubim de Pinho enfrentou críticas, mas fomentou uma criativa linha de pesquisa, a da Psiquiatria Transcultural (…) Dessa linha resultaram os trabalhos criteriosos e, com observação participante sobre o candomblé, a organização do célebre simpósio de 1968, que divulgou uma década de estudos sobre o banzo, o calundu, a caruara, o quebranto, entre outros, ampliando e difundindo as ideias de uma psiquiatria que levasse em conta as crenças, crendices e o imaginário popular”.
Publico hoje a segunda parte da matéria “Psiquiatria: a cura pelo candomblé”, da minha autoria, publicada na revista “Manchete” número 1.250, de 7 de março de 1976:
“A mãe-de-santo Olga de Alaketu conta ainda que já tratou de um soldado e de um farmacêutico que haviam ficado “furiosos”. Deram muito trabalho, foi necessário muita paciência, mas no fim valeu a pena.
Há dois anos, uma equipe de psiquiatras do Hospital dos Servidores, de São Paulo, reuniu-se em Salvador com Olga de Alaketu para analisar melhor os fenômenos que ocorrem no terreiro de candomblé durante o tratamento das doenças mentais.
Um dos mais respeitados especialistas do candomblé, o etnógrafo Waldeloir Rego, diretor do Departamento de Folclore da Prefeitura de Salvador, explica que os sintomas de doenças mentais nem sempre são muito nítidos. “Quando se trata realmente de doença mental, a mãe-de-santo acaba sempre encaminhando a vítima ao psiquiatra. Mas quando se trata de um “problema de santo”, que só pode ser resolvido com trabalhos especiais, ou mesmo com uma iniciação completa no culto, em geral a mãe-de-santo guarda o paciente até a cura total”.
E Waldeloir continua: “O que muitas vezes para o médico parece uma doença, nem sempre é doença para o candomblé; é apenas a manifestação de um desejo de uma entidade (orixá) que domina o indivíduo. Neste caso, só as pessoas dotadas de poderes paranormais do tipo de mãe-de-santo podem efetuar a cura.”
Os psiquiatras que estudam esses chamados mistérios aceitam as explicações dos iniciados, mas procuram dar-lhes uma formulação mais racional. Muitos deles são verdadeiros estudiosos dos mistérios do candomblé, como é o caso de Álvaro Rubim de Pinho, que, além de psiquiatra respeitado, é também Ogã (ministro) do terreiro do Axé Opô Afonjá. Tem Oxalá como seu Orixá de cabeça.
A teoria admite que várias causas podem romper o ponto de equilíbrio ideal que permite o funcionamento normal na vida mental no homem. A raiz das ligações entre o corpo e o espírito ainda é bastante mal conhecida. Muitas vezes uma razão física, orgânica, bloqueia um centro responsável por um funcionamento mental. Outras vezes, são próprias razões de ordem psíquica, uma obsessão, um traumatismo, uma carga emocional mais forte, que provocam a desordem geral, afetando tanto o físico como o mental.
Para o médico Rubim de Pinho, o recurso às drogas representa muitas vezes uma pura confissão de ignorância, agravando sensivelmente o estado do paciente. A eventual cura depende exclusivamente da descoberta da causa do distúrbio.
Como o candomblé, o espiritismo ou outros tipos de práticas religiosas se situam exatamente no nível do afetivo-mental, a manipulação de forças ainda mal conhecidas, como esses dons parapsicológicos irrefutáveis das mães-de-santo, pode desencadear a atividade e certos poderes capazes de fazer desaparecer os distúrbios. A explicação do recurso às entidades superiores pode ser, cientificamente, apenas uma mera formulação. Na realidade, trata-se de forças ainda mal conhecidas que a razão de forma alguma tem o direito de rejeitar sumariamente. No fundo, as explicações da psicanálise clássica são aparentemente tão irracionais quanto as da mãe-de-santo. Querer explicar certos comportamentos obsessionais dizendo que o paciente somatiza demais seus recalques, equivale, em última análise, a aceitar as quizumbas de Exu na mente da vítima.
Quando Olga de Alaketu conseguiu “tirar o espírito” do corpo do soldado furioso, ao final de muita conversa e de muita paciência, ela deverá ter chegado à dimensão mais profunda da mente da vítima, onde a causa do distúrbio se entregou a ela com clareza e simplicidade.
(Continua no próximo domingo)
(Veja crônicas anteriores em leiamaisba.com.br)
TEM DE TUDO NAS FEIRAS
É certo que aqui em nosso blog já fizemos diversos comentários sobre a popularidade e a importância das feiras que todas cidades, seja da capital ou do interior, realizam, sempre em finais de semana (os dias mais atrativos), mas é um tema que nunca fica repetitivo e cansativo, tendo em vista que elas estão incorporadas e entranhadas em nossa cultura. Aqui, em Vitória da Conquista, a mais famosa é a do Bairro Brasil, ou a conhecida “Feirinha” e bem próximo dela, a Feira do Rolo, onde também tem de tudo para comprar, vender e trocar. As feiras nunca vão deixar de existir, justamente porque atendem mais às camadas de menor poder aquisitivo. Longe dos supermercados com seus confortos, os preços nas feiras são mais acessíveis e lá tem ainda a vantagem do freguês poder pechinchar, sem contar as variedades e muitas coisas, como frutas e verduras nem são pesadas. Você pode adquirir por quantidade e ainda faz amizade com o feirante, tornando-se até num amigo, sem falar nos encontros de compadres e comadres para troca de dois dedos de prosa. Quando vou a uma feira, lembro quando menino lá na minha cidade querida de Piritiba onde vendia farinha e mantimentos com meu saudoso pai. Nas feiras ainda existem os cantadores, cordelistas e repentistas para você se deleitar com seus versos rimados na ponta da língua. Feira é um patrimônio nacional em qualquer lugar do mundo, não somente no Brasil, e existe há milênios de anos, desde muito antes de Cristo. É um lugar de gente simples, não de pessoas metidas a bestas, pedantes e sebosas. Nas feiras você encontra de tudo o que pensar e ainda têm o encanto, o cheiro da poesia, o sabor caseiro das comidas nas barracas e aquele jeito humano de se falar e se abraçar.
“OLHOS DA PAIXÃO”
Do livro “SUSPIROS POÉTICOS”- a beleza da lira cor, da autora poetisa amiga Regina Chaves dos Santos.
A brisa me contou
Que sentiu o cheiro do meu amor,
– ele vem vindo!
Trazendo nos olhos o encanto da paixão e no coração,
– saudades de seu bem que lhe espera, sorrindo!
Entre milhas e milhas ouve-se uma canção,
Para aliviar o aperto de seu coração…
Canta para as estrelas, adiante no céu,
– lhe fazendo companhia na solidão!
Com os olhos enchidos de carinho
O pensamento invade,
O canto das saudades…
Exalando perfumes, – entre dois corações!
– A brisa me contou, sorrindo!
FRAUDES NAS ELEIÇÕES DA VENEZUELA E A POSIÇÃO DO GOVERNO BRASILEIRO
Não se trata de dizer que é uma questão política do capitalismo ocidental que não aceita mais um socialismo na América do Sul. As fraudes nas eleições da Venezuela, segundo observadores, já vêm ocorrendo há muito tempo, com um Maduro podre que não cai porque tem nas mãos toda Justiça e as forças armadas, manipuladas através das benesses, mordomias e privilégios. Ninguém estabelece uma ditadura, seja de direita ou esquerda, apenas na base do discurso e do papo.
O presidente Lula criticou algumas declarações ditatoriais do Maduro de que iria haver um banho de sangue caso ele perdesse. Isso já poderia constituir crime eleitoral e ameaça à democracia. No mesmo tom, ele negou a legitimidade do sistema eleitoral brasileiro, por ironia se juntando ao ex-presidente Capitão Bozó.
Agora o Lula passa uma vaselina, ou óleo de peroba, contemporizando o processo e ainda dizendo que tudo foi normal. Será que o Maduro se aliou ao Bozó e vice-versa? Vejo tudo como uma loucura! O Maduro fica repetindo que vai mostrar as atas eleitorais e, com isso, vai ganhando tempo. Por que não divulga logo?
Outra ação, de certo modo sofista do Lula, é que está esperando a apresentação das atas eleitorais para reconhecer o Governo da Venezuela, e aí é só a oposição recorrer à Justiça. Faltou o repórter ou a repórter indagar se essa Justiça de lá é independente quando o próprio procurador geral e o Conselho Nacional Eleitoral estão nas mãos de Maduro, sem falar no Supremo.
Não estou aqui defendendo as tramoias e intervenções territoriais do capitalismo maldito ocidental dos Estados Unidos e de países europeus, mas qual moral têm o Putin, da Rússia, o Xijimpin, da China e o Aiatolá, do Irã, sem deixar de citar Cuba, para apoiarem o Maduro, se todos adotam a ditadura para manterem a opressão do o poder?
O Putin sempre foi suspeito de fraudes e mandou matar seu grande opositor. Na China, o sistema eleitoral é por via indireta de uma assembleia, bem como em Cuba. Que eu saiba, não são democracias. Isso é a verdade incontestável. Defendo o socialismo democrático e humano, como já existe em alguns países europeus através da democracia social.
Existe nessa questão um emaranhado e um conjunto de ideias contraditórias e paradoxais, numa mistura maluca de direita e de esquerda, ambas de cunho ditatorial. Não dá mais para aceitar as ditaduras que oprimem e massacram o povo com a força das armas.
No caso específico da Venezuela, com sua economia destroçada, inflação nas alturas e uma pobreza que alcança o índice de até 60% da população, não dá para dizer que tudo foi tranquilo, como expressou o Lula, ademais levando em consideração que a máquina governamental atuou escandalosamente desde o início do processo eleitoral. Depois vieram as revoltas, inclusive nos redutos chavistas mais pobres. Sou socialista, mas sem sujeiras e ditaduras para se ter o poder.
O Partido do PT soltou uma nota de apoio, declarando que tudo ocorreu de forma democrática e soberana. Lamentavelmente, o PT continua cometendo os mesmos erros do passado. Isso não foi nada bom numa véspera de eleições municipais onde o país está polarizado, e a extrema direita só faz avançar com um povo sem consciência política que deixa muito a desejar em termos de esclarecimentos.
É um cenário confuso, cheio de controvérsias e sofismos, sem falar nas fake news trazidas pelos ventos do sul e do norte. Por que o Maduro não publicou logo as atas eleitorais, deixando para depois das revoltas e prisões? A realidade é que isso cheira mal, do tipo manipulação e fraude, não que eu esteja colocando este ponto de vista como verdadeiro.
Tudo é uma questão geopolítica onde a democracia é a maior vítima, e logo o Brasil que sofreu uma tentativa de golpe em oito de janeiro do ano passado! Sobre o que está ocorrendo na Venezuela, será que todos noticiários mentem quando se divulga a expulsão de observadores internacionais, os esquemas de Maduro para ganhar o pleito e a situação em que vive o próprio país com os milhões de refugiados pelo mundo?
Tem muita coisa suja nesta história que a própria história um dia vai nos contar nos livros que falam dos tiranos e tiranetes da América Latina. Nessa história, os militares sempre estão com suas mãos enlameadas de sangue em troca de muito dinheiro e privilégios.
UM COMPROMISSO PARA COM A CULTURA
Esse assunto tem sido muito debatido por mim aqui em nosso canal e em eventos diversos. Até entendo que deveria estar na ordem do dia porque é de suma importância para nossa terceira maior cidade da Bahia com mais de 300 mil habitantes. A verdade é que a nossa cultura foi enterrada pela administração atual, sem rituais fúnebres.
O candidato da oposição nestas eleições tem que ter um compromisso forte em seu programa de governo para com a nossa cultura, não apenas uma referência secundária, para dizer que não falou no tema. Existe uma expectativa muito grande por parte dos artistas em geral, dos intelectuais e da população quanto ao resgate da nossa cultura.
Por dois anos, de 2021 a 2023, fui presidente do Conselho Municipal de Cultura e sei muito bem das carências e das necessidades urgentes para colocar a cultura em seu devido lugar de antes, à altura de Vitória da Conquista que, por muito tempo, viveu sua efervescência cultura nos anos 50, 60 e 70.
Muitos quando falam do tema em encontros e reuniões costumam sempre citar os nomes de Glauber Rocha, Eliomar Brasil, Elomar Figueira e tantos outros para justificar que aqui é a capital da cultura, mas não podemos ficar preso a este passado, porque na atualidade, Conquista deixa muito a desejar em termos de cultura. O que sobrou foi apenas a fama.
Pelo porte e tamanho de Conquista, é uma vergonha que a nossa cultura praticamente se resume em dois calendários, o São João, que foi descaracterizado, e o Natal, que está até deixou de existir em alguns anos.
Por incrível que pareça, não temos um Plano Municipal de Cultura, aprovado pela Câmara de Vereadores e que se torne lei obrigatória para cumprimento do executivo. Esse Plano, com uma Fundação, seria um norteador de rumos e diretrizes para uma política séria para a nossa cultura, com a realização de festivais e outras tantas atividades, especialmente de inclusão da nossa juventude em várias linguagens artísticas do conhecimento e do saber.
Outra questão de urgência para o novo governo, dentro do seu programa, é providenciar, de imediato, a reforma e a abertura dos equipamentos culturais do Teatro Carlos Jheovah, fechado desde a pandemia, o Cine Madrigal onde pode ser transformado num cineteatro, e a Casa Glauber Rocha, na rua Dos de Julho, que está sendo destruída pelo tempo, podendo ser uma cinemateca e projetos audiovisuais.
Durante nosso mandato no Conselho de Cultura lutamos pela elaboração e aprovação do Plano e a abertura desses locais, inclusive tivemos uma audiência com a prefeita, mas nada foi feito, a não ser promessas.
Os artistas (música, dança, teatro e outras linguagens) estão sem um local apropriado para realizar seus ensaios e fazer suas apresentações e espetáculos para o povo. Eles estão recorrendo ao Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima, do estado, que está com sua demanda cheia para agendar os pedidos.
Existem outras questões para estruturar e resgatar nossa cultura, mas estes são os pontos chaves para atacar e colocar nosso setor no local que merece. Outro problema é a criação do projeto do Museu Cajaíba, cujas obras do artista estão se acabando no alto da Serra do Periperi.
Temos ainda outros itens a serem tratados, como a questão da preservação do nosso patrimônio arquitetônico que foi destruído ao longo da nossa história. O que resta precisa ser preservado. É imprescindível reativar o núcleo que cuidava dessa área.
Revitalizar nossa capoeira; criação da Casa dos Conselheiros; tombar antigos e tradicionais terreiros de candomblé (são cerca de 100 em Conquista); estruturar os ternos de reis e outras expressões da nossa cultura popular também devem fazer parte do programa de governo da oposição.
Está na hora de colocar a cultura no seu devido patamar e ser lembrada durante toda campanha como compromisso de trabalho. Nas outras campanhas para prefeito, pouco ou quase nada se debateu sobre a nossa cultura, sempre colocada na mesa dos prefeitos como um simples jarro de decoração. Alguns chegam a dizer que cultura não dá voto, mas deixam de olhar o outro lado de que também pode tirar.
E SE A MORTE TIVESSE UM PRAZO?
Um assunto que pouco se fala nas rodas de amigos é sobre a morte, só quando rola uma questão filosófica no meio ou sobre alguém conhecido que veio a falecer. Ela está também na literatura na figura de uma caveira ou como uma vilã da nossa existência.
A vida é bem mais louvada e quase todos preferem dizer que ela é bela e quem dela fala mal é tido como gente amargurada, frustrada, depressiva e carrega consigo uma energia negativa. Os gananciosos, corruptos e ambiciosos que só pensam em juntar mais e mais dinheiro esquecem até que ela existe.
Costumo afirmar que quando nascemos já trazemos a morte debaixo do braço, quer queira ou não, mas procuramos evitar comentários sobre ela e mais sobre viver a vida. No entanto, numa dessas prosas, uma pessoa veio de lá e me indagou: E se cada um tivesse um prazo para morrer?
Primeiro, achei uma ideia bem maluca; fiz uma viagem no tempo e como seria o comportamento da humanidade. Segundo, haveria um protesto e revolta geral porque uns iria se sentir menos privilegiados que outros que iriam viver mais. Terceiro, a violência e as matanças seriam bem maiores.
Imaginou a pessoa saber que aos 50 anos acabaria sua vida? Quando faltasse meses, semanas ou dias, a angústia tomaria conta e ela, ou ele, sairia por aí assassinando gente aleatoriamente porque nem estaria para punição de cadeia ou mesmo pena de morte.
Isso de a morte ter prazo definido remete infinitas elucubrações sobre crianças ainda bebês que morrem de doenças incuráveis estranhas ou de fome, sobre as mortes não maturais, como acidentes, guerras e até suicídios.
Essa morte, então, seria uma espécie de deus que teria que controlar tudo isso, carimbando cada nascido. E como ficaria quem tivesse menos e mais? Haveria religiões, e se houvesse, o que diriam sobre essas sentenças? As pessoas teriam interesse em deixar algum legado em termos de riqueza, cultura, conhecimento e saber para os outros? As perguntas são as mais variadas.
Se você for queimar os neurônios sobre essa loucura, melhor deixar como está, assim mesmo misteriosa, traiçoeira, macabra e que praticamente ninguém quer ver a cara dela. Existem aqueles que até têm o poder de enganá-la e adiar o dia.
Já que é assim, com esse negócio de prazo, eu também deixo a minha loucura: E se ela não existisse, como seria a humanidade na terra? Fim de papo, porque o assunto dá muito pano para manga e me veio à mente o nosso “maluco beleza”.
“OS POETAS SÃO MENTIROSOS”
Além de depreciar as mulheres, no livro “Assim Falava Zaratustra”, Nietzsche diz através de seu personagem, que “os poetas são mentirosos”. Um dos seus discípulos, então, indaga por que dizeis que eles mentem?
Ele responde que não pertence ao número daqueles a quem é lícito interrogar sobre seu porquê. “Por acaso nasci ontem? Há muito tempo, tudo o que opino repousa sobre experiências vividas”. É bom lembrar que Nietzsche é um filósofo complexo e fora da curva que viveu no século XIX.
Zaratustra também é um poeta. Julgas, então, que ele falava a verdade? Que razão tens de acreditar? O discípulo respondeu que acreditava em Zaratustra, que maneou a cabeça e sorriu: “A fé não me torna feliz, e a fé em mim mesmo, menos ainda que qualquer outra. Nós somos mentirosos demais”.
“Sabemos também pouco demais e aprendemos mal demais. Assim somos forçados a mentir. Logo, quem entre nós, poetas, não terá alguma vez adulterado seu vinho? Muitas misturas envenenadas se têm feito em nossas tabernas”.
“E é por sabermos pouco que nos seduzem os pobres de espírito, especialmente quando são mulheres jovens”. Para ele, só as mais velhas têm o eterno feminino. “É como se existisse um caminho secreto que conduzisse ao saber que seria subtraído aos que aprendem alguma coisa, assim cremos no povo e em sua “sabedoria”.
De acordo com a fala de Zaratustra, os poetas supõem sempre que a própria natureza está apaixonada por eles. E que desliza até seus ouvidos para sussurrar coisas secretas e palavras carinhosas. “Disso de gabam e se gloriam, perante todos os mortais”.
“Ah, existem tantas coisas entre o céu e a terra que só os poetas puderam por um pouco sonhar”. Para Zaratustra, sobretudo no céu porque todos os deuses são símbolos de poetas e subterfúgios de poeta.
“A verdade é que sempre nos sentimos atraídos para o reino das nuvens. Sobre elas instalamos nossos manequins multicoloridos, a quem chamamos de deuses e super-homens”.
Quando ele afirmou que estava farto dos poetas, o discípulo ficou um tanto irritado. Zaratustra também se calou, mas depois confirmou que estava cansado dos antigos e dos novos. “Para mim todos são superficiais, todos são mares sem profundidade”.
Em seu diálogo sobre os poetas ainda destacou que “gostam de se fazer passar por conciliadores. Mas, para mim, são sempre pessoas de meios termos, de sonhadores…”! ”Lanceira minhas redes nos mares deles para apanhar belos peixes, mas pesquei somente a cabeça de um deus antigo”. Segundo Zaratustra, talvez os próprios poetas tenham nascido do mar.
“Também do mar aprenderam sua vaidade. Não é verdade que o mar é o primeiro dos pavões reais? Já vi poetas se transformarem e já os vi voltar contra si mesmos seu olhar. Vi chegar redentores do espírito, Tinham nascido entre os poetas”.