Autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário

“Toda gente teme o tempo,

Mas o tempo teme as pirâmides”

Provérbio árabe,

De realidade única imutável,

Como dizia o filósofo Parmênides:

“O ser é e o não ser, não é”,

Ontologia racionável.

 

Quépes, a grande,

Revestida de mármore,

Numa paisagem sem árvore;

Quéfren, com corpo de leão,

Asas de águia,

Que encanta nossa visão;

Miquerinos aos seus pés,

Das rainhas dos faraós;

Nelas viviam as múmias,

No complexo dos Gizés,

Conservando a imortalidade,

Por toda eternidade,

Até dos felinos,

Animais de estimação,

Assim cantavam os poetas,

Nos bailes e nas festas,

De seus violinos, a canção.

 

Trinta dinastias,

Trinta séculos de lutas e amor,

Entre o Saara e o Mar Vermelho,

Com suas barragens,

Canais e vias:

Plantaram as pirâmides,

Nas areias da morte,

Chamadas de vermelhas,

Onde não nascia uma flor,

Nem pousavam as abelhas.

 

Menés

Que não era daqui,

Nossos idiotas Manés,

Foi o unificador,

Do Alto e Baixo Egito,

Dirigiu seus monarcas,

Como um bom pastor;

Acabou com o conflito,

Com a guerra e o horror.

 

Pirâmides são túmulos,

Das múmias em acúmulos;

Das ventas extraiam os miolos,

Infusão de drogas;

Cortavam o abdome,

Da mulher e do homem,

Vinho da palmeira,

Perfume de erva caseira,

Câmara sepulcral,

Alma Ka imortal.

 

Teve até uma pirâmide negra.

Amenemhat

Mudou Mênfis para Tebas,

Com ritual e Ação de Graça,

Disse que “um homem

Não tem amigos

No dia da desgraça”.

 

Duas raças semíticas,

Destruíram os egípcios:

Os descendentes de Abraão,

Os bárbaros hicsos,

Com os cavalos, deuses míticos,

Acabaram com a união.

 

Após milênios veio Napoleão,

Com seus sábios arqueólogos,

Como o gênio Champollion,

Decifrador dos diálogos,

Da preta Pedra da Roseta,

Que ficou com os ingleses,

Depois de vencerem os franceses.

A religião é uma expressão,

Do querer viver,

Do se tornar eterno,

Mas sabe que vai morrer;

A tudo se dá sentido,

Mesmo que não haja sentido,

Aí o cara se torna surreal,

Na briga entre o bem e o mal.

 

O cristão com sua vida eterna,

Da Idade Média a Moderna,

Levanta sua catedral,

O hebreu com seu Juízo Final,

O muçulmano, sua mesquita

Diz ganhar o Sétimo Céu,

Cobre a esposa de véu;

O monge buda vira eremita,

A múmia se eterniza,

E a história fica real,

Na pirâmide do jornal.