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UMA TREMENDA DECEPÇÃO

Confesso que me sinto desolado, triste, derrotado, frustrado e decepcionado com o resultado pessoal depois de uma campanha limpa, diferenciada, de luta, ética e seriedade, percorrendo bairros e ruas desta cidade. Neste momento que escrevo este texto, as únicas palavras que tenho para reproduzir é que a política não é mais para os bem-intencionados porque a esquerda perdeu suas origens e abandonou suas bases.

O pior de tudo é que essa própria esquerda, principalmente o PT, resiste em não fazer uma autocrítica, e os enrustidos fanáticos permanecem em seguir um caminho ultrapassado e não aceitam enxergar o espaço que a direita e a extrema avançaram. Essa própria direita aprendeu com a esquerda e aperfeiçoou seus métodos de políticas públicas sociais.

Não mais conta esse assistencialismo das cestas básicas e do Bolsa Família. O Lula de hoje não é mais o mesmo dos tempos passados que corria trechos do nosso Brasil, especialmente no Nordeste, carregado pelas multidões e tinha a “vara de condão” para mudar e reverter qualquer campanha correligionária que estivesse em baixa.

Com uma aprovação em baixa pela polarização ideológica, ele passou o tempo todo fazendo política externa e nem foi a São Paulo na reta final apoiar pessoalmente o Guilherme Boulos, do PSOL, que aqui em Vitória da Conquista praticamente deixou de existir. O mais desolador é que depois de uma eleição dessa, cada um toma seu rumo, e o partido simplesmente desaparece na fumaça.

O meu desabafo é de profunda tristeza, primeiro diante do trabalho que fizemos com garra e tivemos uma derrota acachapante. Da minha parte, não consigo entender o que deu errado se lutei bravamente e apresentei minhas propostas de trabalho na área cultural, sem contar a intensificação nas redes sociais. Sai dessa campanha igual burro estropiado, como se diz no popular, e recebi intenções de votos que foram falsas. Eu que percorri bairros e ruas, senti na pele a grande rejeição.

Por outro lado, além da esquerda ter se perdido no caminho, o nosso sistema eleitoral é cruel, desigual e desleal, feito pelo Congresso Nacional, para beneficiar eles mesmo e com brechas para serem burladas. Os malfeitores se aproveitam desse sistema para fazer suas trapaças e falcatruas políticas, enganando o povo que passa mais quatro anos na pobreza e na miséria, sem saúde e educação.

Ninguém lá de cima, como sempre tenho comentado, quer fazer uma reforma eleitoral profunda que elimine o uso da safadeza do dinheiro e da máquina de quem já está no poder. Aqui mesmo, em Conquista, todos candidatos à reeleição usaram da estrutura dos seus gabinetes.

A Justiça Eleitoral faz de conta que fiscaliza, que está de olho nas irregularidades. Com esse esquema que está aí, hoje vale a pena cometer ilícitos porque é só pagar uma multa pequena e recorrer das ações de irregularidades até o Supremo Tribunal Federal, sabendo que leva tempo para ser julgado, sem contar as imparcialidades dos juízes que até vendem sentenças. Mentir virou a melhor arma para se eleger.

Nesse processo todo arcaico e que só presta às elites burguesas e aos endinheirados que compram votos, como nos tempos dos coronéis, nossa democracia é mambembe e tupiniquim. É uma democracia que nos deixa envergonhados e bota fora os bons, os honestos e os que desejam melhorias para o povo.

Para ser realista, o nosso povo já se acostumou com uma educação, uma saúde e uma segurança precárias. Na zona urbana, ele só quer é asfalto nas ruas e no campo estradas pavimentadas. Para essa gente inculta, já é normal escolas caindo aos pedaços sem professores e postos de saúde sem equipamentos e médicos. De tanto apanhar, a nossa população já se acostumou a sofrer. Virou uma rotina. Cultura é palavrão.

Os debates feitos nas televisões com aquele blábláblá todo só servem para aumentar a audiência das emissoras. Não passam de um circo para divertir os telespectadores e não mudam voto de ninguém, mesmo que o candidato seja o mais fraco e minta o tempo todo. Aliás, quem mente mais, sai melhor. O resto é conversa mole de cientista político e pesquisador.

Quanto ao resto, me sinto desiludido e desesperançoso com esse panorama político de uma democracia capenga, a não ser que a esquerda se uma em peso para voltar às suas origens de porta de fábrica e conversa franca com as bases.

Ela está inerte, apática e acomodada mandando seus recados teóricos lá do alto e apreciando a direita e a extrema avançarem. Quem começou essa divisão do “nós contra eles” deve agora fazer sua mea culpa e começar a juntar os cacos enquanto é tempo. As eleições municipais servem de parâmetro para as próximas, para corrigir os erros.

 

QUE NEGÓCIO É ESSE DE DIZER QUE O SÃO FRANCISCO TEM 523 ANOS?

Quando Américo Vespúcio e seus viajantes, um deles André Gonçalves, chegaram à foz do rio Opará, que significa rio-mar pelos índios, em 4 de outubro de 1501, esse rio já existia há milênios e foi denominado pelos desbravadores de São Francisco, hoje popularmente de “Velho Chico”, em homenagem ao santo do dia.

Ora, não consigo entender como os historiadores e a própria mídia afirmam que o Rio São Francisco está completando 523 anos! Até parece que quando eles chegaram em sua foz ele teria nascido naquele ano! Pelo menos não poderia dizer que ele foi descoberto pelos invasores em 1501? É um tanto hilário, para não falar irônico e contraditório esse negócio de aniversário de 523 anos.

Alguém pode até retrucar que é uma data simbólica, mas vamos ser mais coerentes para que as nossas crianças e jovens não confundam uma coisa com a outra, como aprenderam na escola que o Brasil foi descoberto em 1500. O mesmo fazem com a Baía de Todos os Santos, a Baía Guanabara, do Camamu, rios, montanhas e outros pontos do nosso Brasil que já existiam há milhares e milhões de anos.

No entanto, pegando aí o gancho do “aniversário” do nosso gigante São Francisco, das enigmáticas carrancas, podemos confirmar que foi a partir dali, em 1501, que o nosso “Velho Chico” começou a ser explorado pelos novos habitantes intrusos de forma desordenada, ao ponto de estar hoje degradado com suas margens devastadas, sobretudo devido a ação destruidora do ser humano.

Foi durante, por exemplo, os anos de 2011 a 2017 que a nascente do São Francisco, na Serra da Canastra, em Minas Gerais, chegou a secar. Suas águas baixaram tanto ao ponto do rio se tornar inavegável em quase todo seu leito. Muitas ilhas se tornaram bancos de areia e houve uma mortandade de peixes, sem contar as perdas de lavouras por falta de irrigação. Os ribeirinhos foram os que mais sofreram e passaram fome. O prenúncio era que o rio ia desaparecer.

Ao invés da revitalização, em decorrência do assoreamento em suas margens, o governo federal inventou de fazer a transposição de suas águas para outros estados nordestinos, que até hoje só beneficiou os mais ricos, ou seja, os empresários do agronegócio.

Depois da grande seca que deixou praticamente as barragens, como a de Sobradinho, sem vazão, São Pedro mandou chuva e ninguém mais falou em revitalização do “Velho Chico” com o plantio de árvores em suas margens. Continuam retirando água de maneira descontrolada para a irrigação de frutas para exportação.

Naquela época, entre 2011 a 2017, o mar adentrou boa parte do São Francisco em sua foz, entre Sergipe e Alagoas, e suas águas ficaram salobras. Pela sua história e importância, o São Francisco pode ser considerado o Nilo do Nordeste, mas, devido as agressões humanas, ele pode deixar de existir, ou se tornar temporário, ao invés de perene, basta sofrer outra grande seca.

 

ADIANTA O LADO AÍ, MEU TIO!

(Chico Ribeiro Neto)

Velho adora juntar. Depois de juntar alegria, tristeza, saudade, ingratidão e dor, o velho gosta de reunir amigos, filhos e netos, fotos antigas, mas também gosta de juntar vasilhas vazias, a da manteiga que acabou e o copo  do requeijão cremoso, liquidificador quebrado e dois clips achados no chão. O velho juntou o tempo.

Velho adora molhar as plantas, ouvir fofoca, passear na praça e tomar uma sopa bem quente.

Observa tudo, não tem muita paciência, não gosta de fila e às vezes conversa sozinho. Conta piada para si próprio, e ri.

Brinca de se esconder com seus fantasmas. Velho é o mundo, seu sacana.

Dona Mercedes, a mãe do jornalista Ricardo Boechat, comentou uma vez com ele: “Não sei porque as pessoas gostam tanto de dar perfume de presente aos velhos. Acho que pensam que velho não toma banho e só anda fedendo”.

Uma vez, um velho jornalista com quase 70 anos me contou que não sabia mais como descer de um ônibus em Salvador. Naquele tempo o passageiro saltava pela porta dianteira. Ele disse que quando descia apressado o motorista o alertava: “Devagar, meu tio, cuidado pra não cair”. Quando descia devagar, o motorista reclamava: “Rumbora, meu tio, adianta o lado, desce logo!”

Um idoso diz para o amigo num bar de Salvador: “Meus dentistas e meus médicos já morreram todos!”

CRIANÇA GRANDE

“O idoso é uma criança grande. Respeite!” (Nonato Montes).

“O homem começa a morrer na idade em que perde o entusiasmo.” (Honoré de Balzac).

O pior de ficar velho é que, quando você acha que já sabe quase tudo, começa a esquecer.” (Autor desconhecido).

“Quanto mais velho fica, mais cedo fica tarde.” (Autor desconhecido).

“A sabedoria dos velhos é um grande engano. Eles não se tornam mais sábios, mas sim mais prudentes.” (Ernest Hemingway).

 

BALDE VELHO

“Muitas pessoas não chegam aos oitenta porque perdem muito tempo tentando ficar nos quarenta.” (Albert Camus).

“Quando se passa dos sessenta, são poucas as coisas que nos parecem absurdas”. (Albert Camus).

‘”Você está começando a ficar velho quando, depois de passar uma noite fora, tem que passar dois dias dentro.” (Millôr Fernandes).

“Não jogue fora o balde velho até que você saiba se o novo segura água.” (Provérbio sueco).

“Você sabe que está ficando velho quando as velas começam a custar mais caro que o bolo.” (Bob Hope).

(Veja crônicas anteriores em leiamaisba.com.br.)

 

 

 

 

OH, QUANTA REJEIÇÃO!

Em minhas andanças de quase dois meses de campanha na disputa por uma vaga na Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista, senti o afago das mãos, o olhar de gentileza, o acolhimento, o apoio e também um sentimento de raiva e estupidez em determinadas pessoas, com sinais de revolta diante da situação em que vivemos.

Sabia que nos tempos atuais de tanta intolerância e polarização ideológica, o povo não mais acredita na política e nos políticos, mas não imaginava o alto grau de rejeição, embora a grande maioria vá às urnas neste seis de outubro depositar o seu voto. Esse quadro demonstra muito bem o nível de abstenções, de votos nulos e em branco.

Fui tratado em muitos lugares e bairros com delicadeza, mas confesso que também fui recebido com “coices”, e teve gente que, indiretamente, me chamou de ladrão, só por estar fazendo um apelo pelo seu voto. Ouvi sussurros de lá vem o político que só aparece em épocas de eleições.

Na visão geral das pessoas, todos políticos são iguais na sujeira, e não adianta tentar convencer o contrário. Muitos me olharam de soslaio, como se eu fosse um cachorro pulguento e desprezível, não sabendo das minhas boas intenções.

Outros me aceitaram e concordaram que a Câmara de Conquista precisa ter um nível de preparo e capacidade à altura do tamanho da cidade, a segunda maior do interior com cerca de 400 mil habitantes. “Tem gente ali que não deveria ter sido eleito” – desabafou um senhor ao aceitar meu “santinho” e bater um dedo de prosa.

Posso dizer que foi mais uma batalha, um desafio e mais uma aprendizagem em minha vida. Esse tipo de corpo a corpo com o eleitor, como se chama na linguagem popular, foi como tivesse saído do campo da teoria para o mundo da prática. O que mais me deixou triste vou ver muitas pessoas xingando a política, quando, na verdade, ela está cotidianamente em nossas vidas.

Todo este lado melancólico e angustiante foi criado pelos próprios políticos (nem todos) que sujaram suas mãos com promessas não cumpridas, sem falar nos atos de corrupção e malfeitos. Senti muita mágoa nos rostos das pessoas mais pobres quando visitei os bairros periféricos, de menor poder aquisitivo.

Como em todas outras labutas da minha vida, exercendo cargos e funções, tanto no setor público como no privado, saio mais de uma delas de cabeça erguida e consciente de que deixei minha mensagem de ética e seriedade, sem ser contaminado por aqueles que acham que para vencer tem que agir com sagacidade, na base do vale tudo, ou como se costuma dizer, passando a rasteira no outro.

 

QUEM SÃO OS OPRESSORES TERRORISTAS?

Logo após a II Guerra Mundial, em 1945, os sionistas israelenses começaram a praticar atos terroristas contra o povo palestino para força a criação de um Estado, em 1947 ou 48, com o aval dos Estados Unidos e da Inglaterra ou Reino Unido. A partir dali se transformaram em algozes, opressores e terroristas encurralando os palestinos.

Na guerra de 1967, Israel tomou grande parte do território da Faixa de Gaza e das Colinas de Golan, sem contar que durante anos os judeus criaram colônias nessas áreas. Em 1987 foi criado o grupo Hamas, considerado como terrorista, que foi se armando para resistir a opressão de Israel, apesar da força ser desproporcional.

Em 1978, o próprio Israel invadiu o Líbano cometendo atrocidades e massacres em campos de concentração dos refugiados palestinos. Somente em 1985 foi formado o Hezbollah, também para revidar aos ataques israelenses.

Esses grupos foram, na verdade, consequência da opressão dos sionistas que hoje praticam genocídios contra civis, mulheres, crianças e idosos, em nome do ataque do Hamas, em 7 de outubro do ano passado, numa luta totalmente desigual.

Todo o armamento e poderio de Israel vem contando há anos com a ajuda dos ianques norte-americanos, da Inglaterra e também de alguns países europeus ocidentais, enquanto os palestinos foram jogados à miséria, à pobreza e à fome. Essas nações nunca se levantaram para repelir a força israelense, nem tampouco criar de vez um Estado palestino.

Quanto a um Estado do outro lado, nunca chegaram a um acordo e, durante mais de 70 anos, os governantes israelenses só fazem oprimir os mais fracos. Denominam os grupos de resistência de terroristas quando são eles que fazem o terrorismo de Estado, culminando agora com o genocida neonazista Benjamin Netanyahu, o conhecido “Bibi”, que sempre está lembrando do holocausto hitlerista. É hilário, para não dizer irônico.

O ataque do Hamas, em 7 de outubro, não é justificável, mas quem até agora cometeu mais crime contra a humanidade, ceifando a vida de mais de 40 mil palestinos? Contra a todo esse terrorismo e essa carnificina, a ONU e os líderes mundiais, que sempre estiveram ao lado de Israel, só fazem lamentar o terror.

Enquanto isso, o primeiro ministro genocida só faz atacar e cometer suas crueldades com bombas e tanques, inclusive invadindo novamente o Líbano. Quando Hitler mandou exterminar os judeus, o povo, as entidades e os empresários o apoiaram, o mesmo ocorrendo agora em relação aos mandatários de Israel.

Em toda história da humanidade, os mais fortes e conquistadores tiranos sempre foram aplaudidos pelo seu povo que não pode ser considerado como inocente quando o inimigo revida com atos considerados terroristas quando, na realidade, se trata de resistência dos oprimidos.

Para nos situar aqui no Brasil, por exemplo, a ditadura civil-militar-burguesa, de 1964 a 1990, chamava de terroristas os opositores políticos ao regime que prendeu, torturou, matou e desapareceu com os corpos de cerca de 500 pessoas que lutaram pela volta da liberdade.

Atacar ou matar alguém em nome da sua liberdade não constitui crime, como já disse um historiador jurista. Todos têm o direito de resistir quando é oprimido no seu direito de viver livremente. Qualquer animal quando se sente encurralado, seu instinto natural é reagir ferozmente para se proteger e defender sua vida. Quando isso acontece, o algoz se faz de vítima. É o caso típico do primeiro ministro de Israel.

 

 

 





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