:: 7/out/2024 . 22:19
UMA TREMENDA DECEPÇÃO
Confesso que me sinto desolado, triste, derrotado, frustrado e decepcionado com o resultado pessoal depois de uma campanha limpa, diferenciada, de luta, ética e seriedade, percorrendo bairros e ruas desta cidade. Neste momento que escrevo este texto, as únicas palavras que tenho para reproduzir é que a política não é mais para os bem-intencionados porque a esquerda perdeu suas origens e abandonou suas bases.
O pior de tudo é que essa própria esquerda, principalmente o PT, resiste em não fazer uma autocrítica, e os enrustidos fanáticos permanecem em seguir um caminho ultrapassado e não aceitam enxergar o espaço que a direita e a extrema avançaram. Essa própria direita aprendeu com a esquerda e aperfeiçoou seus métodos de políticas públicas sociais.
Não mais conta esse assistencialismo das cestas básicas e do Bolsa Família. O Lula de hoje não é mais o mesmo dos tempos passados que corria trechos do nosso Brasil, especialmente no Nordeste, carregado pelas multidões e tinha a “vara de condão” para mudar e reverter qualquer campanha correligionária que estivesse em baixa.
Com uma aprovação em baixa pela polarização ideológica, ele passou o tempo todo fazendo política externa e nem foi a São Paulo na reta final apoiar pessoalmente o Guilherme Boulos, do PSOL, que aqui em Vitória da Conquista praticamente deixou de existir. O mais desolador é que depois de uma eleição dessa, cada um toma seu rumo, e o partido simplesmente desaparece na fumaça.
O meu desabafo é de profunda tristeza, primeiro diante do trabalho que fizemos com garra e tivemos uma derrota acachapante. Da minha parte, não consigo entender o que deu errado se lutei bravamente e apresentei minhas propostas de trabalho na área cultural, sem contar a intensificação nas redes sociais. Sai dessa campanha igual burro estropiado, como se diz no popular, e recebi intenções de votos que foram falsas. Eu que percorri bairros e ruas, senti na pele a grande rejeição.
Por outro lado, além da esquerda ter se perdido no caminho, o nosso sistema eleitoral é cruel, desigual e desleal, feito pelo Congresso Nacional, para beneficiar eles mesmo e com brechas para serem burladas. Os malfeitores se aproveitam desse sistema para fazer suas trapaças e falcatruas políticas, enganando o povo que passa mais quatro anos na pobreza e na miséria, sem saúde e educação.
Ninguém lá de cima, como sempre tenho comentado, quer fazer uma reforma eleitoral profunda que elimine o uso da safadeza do dinheiro e da máquina de quem já está no poder. Aqui mesmo, em Conquista, todos candidatos à reeleição usaram da estrutura dos seus gabinetes.
A Justiça Eleitoral faz de conta que fiscaliza, que está de olho nas irregularidades. Com esse esquema que está aí, hoje vale a pena cometer ilícitos porque é só pagar uma multa pequena e recorrer das ações de irregularidades até o Supremo Tribunal Federal, sabendo que leva tempo para ser julgado, sem contar as imparcialidades dos juízes que até vendem sentenças. Mentir virou a melhor arma para se eleger.
Nesse processo todo arcaico e que só presta às elites burguesas e aos endinheirados que compram votos, como nos tempos dos coronéis, nossa democracia é mambembe e tupiniquim. É uma democracia que nos deixa envergonhados e bota fora os bons, os honestos e os que desejam melhorias para o povo.
Para ser realista, o nosso povo já se acostumou com uma educação, uma saúde e uma segurança precárias. Na zona urbana, ele só quer é asfalto nas ruas e no campo estradas pavimentadas. Para essa gente inculta, já é normal escolas caindo aos pedaços sem professores e postos de saúde sem equipamentos e médicos. De tanto apanhar, a nossa população já se acostumou a sofrer. Virou uma rotina. Cultura é palavrão.
Os debates feitos nas televisões com aquele blábláblá todo só servem para aumentar a audiência das emissoras. Não passam de um circo para divertir os telespectadores e não mudam voto de ninguém, mesmo que o candidato seja o mais fraco e minta o tempo todo. Aliás, quem mente mais, sai melhor. O resto é conversa mole de cientista político e pesquisador.
Quanto ao resto, me sinto desiludido e desesperançoso com esse panorama político de uma democracia capenga, a não ser que a esquerda se uma em peso para voltar às suas origens de porta de fábrica e conversa franca com as bases.
Ela está inerte, apática e acomodada mandando seus recados teóricos lá do alto e apreciando a direita e a extrema avançarem. Quem começou essa divisão do “nós contra eles” deve agora fazer sua mea culpa e começar a juntar os cacos enquanto é tempo. As eleições municipais servem de parâmetro para as próximas, para corrigir os erros.
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