A ALMA DE UMA CIDADE
Praça era como se fosse a alma de uma cidade. As brincadeiras, os causos, os segredos, as conversas entre compadres e comadres, declamações de poesias, apresentações musicais (filarmônicas nos coretos) e até o primeiro namoro nos faz recordar daquela praça onde muitas coisas aconteceram no passado, principalmente nas cidades do interior. A praça era um local onde você até conversava consigo mesmo e desabafava com ela, como se fosse o divã de um psicanalista, ou até melhor que isso. Eram lugares seguros para um encontro de famílias e uma boa prosa entre amigos. Também nos faz lembrar das músicas de Ronnie Von, “A Praça”, a “Banda”, de Chico Buarque, e “A Praça é Nossa”, do programa humorístico do artista Nóbrega, mas quero falar das praças de Vitória da Conquista que se encontram abandonadas, com exceção da Tancredo Neves, ou das Borboletas. Até as praças que estão mais localizadas no centro e conhecidas do público, como a Sá Nunes, Gerson Sales, do Gil, Victor Brito, do Boneco e a dos Verdes, estas duas últimas no Bairro Brasil, não têm recebido o devido cuidado e estão quase sempre desertas, sobretudo à noite por falta de iluminação. Nas seis Urbis existem dezenas de praças de árvores frondosas, inclusive frutíferas, onde o mato tomou conta e nelas passeiam ratos e cobras. A maioria delas nem tem bancos, quanto mais equipamentos de ginástica ou parquinhos para as crianças brincarem. Nesta semana conheci uma praça, se não me engano, no Jardim Guanabara II, bem próxima da Avenida Juracy Magalhães, repleta de árvores, com dois restaurantes ao lado, mas tão maltratada que até parece não existir poder executivo na cidade. Nas pequenas cidades, a praça ainda é o cartão postal onde você identifica se o prefeito, ou a prefeita, vem fazendo uma boa ou má administração. Em Conquista, a terceira maior cidade da Bahia, com cerca de 400 mil habitantes, o estado das praças é lamentável e não oferece nenhuma condição de lazer e esportes. À noite, elas ficam às escuras, e é até um perigo transitar perto delas. Confesso que me sinto triste quando vejo uma praça que mais parece um pedaço de campo abandonado, quando deveria ser um local aprazível de encontros, até para se ler um livro, meditar, refletir sobre a vida e ouvir o canto dos pássaros.