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:: 24/dez/2020 . 11:22

BONITO, MAS ORDINÁRIO

Bonito à primeira vista com sua armação nova, mas em pouco tempo vai se tornar num ordinário e fumacento, esta “reforma” do Terminal da Lauro de Freitas, um lugar já apertado para a população de Vitória da Conquista, com cerca de 350 mil habitantes. Sempre defendi  que neste local, que já foi chamado de “cabeça de porco”, fosse transformado numa praça arborizada e limpa, com quiosques e pontos de encontros e relaxamentos. Uma Estação de Transbordo deveria ser construído num local bem mais espaçoso, ali pelas imediações do Gancho (uma sugestão), e as pessoas pegariam outro ônibus para o centro, passando rapidamente pelo Terminal e retornando para a nova Estação. A cidade não suporta mais ônibus circulando pelo centro, como Cerqueira Campos e outros lugares. Essa nova obra de reforma do Terminal é um mimo para satisfazer os caprichos dos lojistas, que sempre acham que vendem mais naquela poluição sonora e visual, sem falar nas sujeiras das fuligens saída das descargas dos veículos. Ali, em minha opinião, como cidadão conquistense, deveria se transformar num calçadão, com barracas padronizadas e até com alguns barzinhos culturais para se curtir à noite, como se fosse um espaço artístico cultural com shows musicais, com bebidas e petiscos. Em pouco tempo, esse Terminal vai voltar a ser um “fumacê cabeça de porco”, feio e sujo como sempre foi. Vai ser um espaço apertado, desconfortável e ordinário. Mais uma vez, o dinheiro do povo está sendo jogado fora. Trata-se de uma obra eleitoreira, sem planejamento e visão futura. Fotos de Jeremias Macário

NO PAÍS DOS CIGANOS

Um poeminha de Jeremias Macário em homenagem a Manuel Bandeira e, em especial, aos ciganos

Num sábado à noite, lá pela madruga, estava eu ouvindo uma boa música e degustando meu vinho. Alguém bateu em minha porta e fui atender. Para minha feliz surpresa, era o velho poeta Manuel Bandeira. Disse que estava numa farra com amigos e resolveu passar para um abraço e me fazer um convite.

Tomou uma taça de vinho e foi logo me chamando para ir com ele para Passárgada.

– Agradeço o seu convite, meu camarada Bandeira, mas não vou para Passárgada. Estou de malas prontas para o país dos ciganos:

Vou me embora para meu país dos cantantes,

Lá serei poeta dos ciganos todos os anos,

Com minha estrela de cinco pontas no peito,

Na cintura meu punhal cravejado de rubis,

Entre as mais belas mulheres dançantes,

Anéis de ouro e saias coloridas esvoaçantes.

Como meu espírito de guerreiro sempre quis.

 

Vou ser líder kaku homem grande boró,

Ser Rom, Sinti e falar o meu Romani,

Com meus irmãos em carroças viajantes,

Entre tsigane, kalderask, ursari e rudari,

Be m longe desse mundo do gadjé marimé,

Não mais um vatrasi propriedade de um dono,

E em minha rede sonhar no meu sono cigano.

 

Não vou ser lacaio desse governo velhaco,

Prefiro ser um cigano da Hungria valaco,

Viver nas tribos da protetora Santa Sara,

Em meu clã cigano como lovara ou gitano,

Não mais nessa terra ser um servo vassalo,

Viajar por aí galopando em meu cavalo,

Pois morada e casa de cigano é uma estrada.

 

Vou ser tocador, latoeiro ou caldeireiro,

Até um nobre conde ou duque de dinheiro,

Nômade livre e não mais preso sedentário,

Bem longe desse enfado miserável salário,

Serei rei e farei contos que nunca contei.

.

 

Vou ter saudades de você, amigo Bandeira,

Quando for banhar na encantada cachoeira,

Passear pelas terras do Nilo, Tigre e Eufrates,

Como cigano manouche e Ziguener dos embates,

Não mais como da Romênia um escravizado,

Sem mais essa opressão do trabalho forçado,

Nem viver nos campos nazi de concentração,

Mas como legal calonkalé da Espanha/Portugal,

 

No meu país cigano vou ter meus lares,

Sem ser acorrentado nas galés desses mares,

Lá serei chamado de egípcio ou como quer,

Como metaleiro ferreiro e festeiro de feira,

A peregrinar em Santes Maries de la Mer,

Fazer melodias nos rituais das magias,

No meu país cigano, meu mano Bandeira.

 

Vou me casar com minha bela turmalina,

Morena menina de olhos e cabelos pretos,

No círculo da fogueira sagrada a dançar,

Com minha doce de pedras verdes/vermelhas,

Brincos de ouro com ametistas nas orelhas,

Ao som dos ventos e o luar dos violinos,

Entre as ciganas a bailar com os meninos.

 

Minha morte será com festas e banquetes,

No caixão, enfeites de flores e moedas antigas,

Sepultado debaixo de uma frondosa árvore,

E voltar de novo com as minhas cantigas,

Pra lutar contra as perseguições do meu povo

 

Como menino no país dos peregrinos,

Dos tártaros, sarracenos e dos hindus,

Vou por aí a cantarolar sem rumo e destino,

Não mais como vadio viver em correrias,

Só ver minhas crianças brincar sua infância,

Sem o passado de ódio, morte e intolerância.

 

Vá meu mano para o seu país do cigano.

Vou para Passárgada onde também serei rei.

 

 





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