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“HISTÓRIA DO POVO CIGANO” (Parte 7)

O HOLOCAUSTO NOS CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO NAZISTA, AS FUGAS EM MASSA DEPOIS DA GUERRA, OS CIGANOS NOS PAÍSES COMUNISTAS, SUAS PEREGRINAÇÕES EVANGÉLICAS, CONGRESSOS EM BUSCA DOS SEUS DIREITOS INDENIZATÓRIOIS E RECONHECIMENTO COMO POVO QUE POR SÉCULOS FOI PERSEGUIDO E VÍTIMA DE PRECONCEITOS E TIRANIAS. UMA NAÇÃO EM CORRERIAS QUE NUNCA TEVE UMA PÁTRIA.

O nazismo, em 1933, herdou um aparelho jurídico pronto para controlar grupos indesejáveis. Um dos carrascos foi Georg Nawrocki, que escreveu, em 1937, num jornal: “Foi ao pactuar com a fraqueza e a indigência internas que a República de Weimar mostrou não ter instinto para resolver a questão cigana”. Para ele, os Sinti eram apenas um problema judicial. “Nós, pelo contrário, vemos a questão cigana como um problema racial que tem que ser resolvido e está a ser resolvido”. Judeus e ciganos eram de fato os dois grupos destinados à aniquilação pela ideologia nacional-socialista.

As leis de Nuremberga, de 1935, instituíam um quadro definidor quanto as qualidades da cidadania plena. Os comentários começaram a tratar os ciganos e judeus como perigosos frendrasse (raça alienígena), cujo sangue era uma ameaça mortal à pureza racial germânica. A punição era o banimento para quem se misturasse pelo casamento ou relações extraconjungais. O nazismo exterminou mais de meio milhão de ciganos nos campos de concentração e nas câmaras de gás.

AS LISTAGENS DE SANGUE E OS EXTERMÍNIOS

Em 1937 surgiu o dr. Robert Ritter, o cara que, com seus métodos, muito contribuiu para o extermínio dos ciganos pelo nazismo. Era um psicólogo e psiquiatra que, anos antes, realizou pesquisas sobre os ciganos. Assumiu a direção do Centro de Pesquisas de Higiene Racial e Biologia das Populações, em Berlim, um departamento do Ministério da Saúde do Reich. A instituição se tornou no maior centro de identificação de ciganos e de investigações sobre ligações entre hereditariedade e criminalidade.

Por meio das genealogias, das impressões digitais e da antropometria, a equipe de Ritter estabeleceu uma listagem de todos os portadores de sangue cigano, determinando seu grau de mistura racial. O seu pessoal foi para os acampamentos, para os campos de concentração e consultou os arquivos de polícia do Registro Central, transferido de Munique para Berlim, bem como aproveitou dados similares de Viena, feitos no ano de 1936.

Um decreto de Heirich Himmler, de 1938, com o título “Combate à Praga Cigana”, declarou a etnia de sangue misto a mais perigosa ao crime e recomendou a necessidade de a polícia enviar informações sobre todos os ciganos para o Registro Central do Reich.

Num relatório de janeiro de 1940, Ritter chegou a dizer que “podemos concluir que mais de 90% dos ciganos nativos são de sangue misto”. Ele caracterizou-os como um povo de origens etnológicas primitivas com atraso mental que impede de se adaptar à sociedade. Segundo ele, a questão só pode ser resolvida quando o grosso dos indivíduos inúteis de sangue misto for acumulado nos campos de trabalho. “Recomendo ainda que a reprodução dessa população seja interrompida”.

APARELHO UNIFICADO E A ESTERILIZAÇÃO

O professor E. Fischer, diretor do Instituto de Antropologia Kaiser, escreveu para um jornal que é uma sorte rara e especial para a ciência teórica florescer numa altura em que na ideologia dominante a acolhe favoravelmente, e as suas descobertas podem servir à política do Estado.

A esta altura, o Reich já possuía um aparelho bem unificado de polícia e organizações SS, em 1936, sob a direção de Himmler e do seu lugar-tenente, Reinhard Heydrich. As autoridades seguiam as instruções adotadas nos primeiros anos do Terceiro Reich sobre eugenia, fundamentada com a prevenção do crime, permitindo a esterilização de vagabundos e a deportação de estrangeiros indesejáveis.

Os criminosos menores eram enviados para os campos de concentração, o primeiro dos quais tinha sido instalado em Dachau, perto de Munique, em março de 1933. A partir de 1937, a pressão sobre os ciganos (associais) foi-se acumulando de forma impiedosa, sem reação pública interna e externa. Nesse mesmo ano, o ministro do Interior emitiu uma ordem sobre o controle preventivo do crime pela polícia. Os campos de concentração seriam o principal remédio.

Na Áustria, incorporada ao Reich, em 1938, Thobias Portschy propôs a esterilização e o trabalho forçado para proteger o sangue nórdico daquela ameaça. Contudo, foi uma ordem de Berlim que desencadeou a prisão de oito mil ciganos de Burgenland (Áustria). Alguns foram para campos de concentração, como Dachau, Buchenwald, Revensbruck (para mulheres) e Mauthausen (Áustria). Um campo especial para ciganos foi aberto em novembro de 1940, em Lackenbach, na Áustria.

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