:: 21/fev/2025 . 23:29
CONQUISTA E A EDUCAÇÃO
Estava aqui imaginando quando cheguei em Vitória da Conquista, no início de 1991, vindo de Salvador para chefiar a Sucursal do jornal A Tarde, cuja sede funcionava próximo do Cemitério da Saudade. O Hotel Aliança, na Barão do Rio Branco, era minha moradia e todos os dias cortava o centro passando pela rua Laudicéia Gusmão. Lanchava na padaria São José e sempre apreciei a floricultura ao lado, na pracinha, até hoje em funcionamento. Com certeza, é uma das mais antigas de Conquista. Já era uma cidade em ebulição depois de consolidada a implantação do polo cafeeiro na década de 1970, mas ainda carente em termos de educação de nível superior. Existia apenas a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-Uesb, recém-criada na forma da lei pelo governo estadual. O reitor era Pedro Gusmão e o prefeito nosso saudoso tricolor das Laranjeiras, Murilo Mármore, com quem tive a honra de fazer várias matérias, muitas das quais com críticas jornalísticas à sua administração. Ele era um democrático e compreendia a minha função. Naquela época, os empresários e a sociedade começavam a se mobilizar para trazer novas instituições de ensino para a cidade. Muitos jovens, após findo o período escolar médio, tinham que ir para Salvador ou outras capitais do país para se graduarem numa especialidade. O comércio se expandia, mas só tínhamos três supermercados de destaque, o Jequié, o Superlar e Economia do Lar. Final dos anos 90 para início dos anos 2000, Conquista começou a experimentar um boom em seu desenvolvimento, graças à chegada das faculdades particulares e tempos depois de núcleos da Universidade Federal da Bahia. Era uma outra etapa na vida da capital do sudoeste ou sudeste. Como chefe da Sucursal, nossa equipe de repórteres focava suas críticas contra a depredação da Serra do Periperi, que começou desde os anos 40 e 50 com a abertura da BR-116. Foi um grande embate para combater os exploradores de areias, pedras, terras e até os caçadores de aves. Nosso trabalho era duro e sério ao ponto de sermos ameaçados. André Cairo, do Movimento Contra a Morte Prematura era uma das nossas principais fontes de informações na luta em defesa do meio ambiente e pela preservação da Serra.
MEU CANTO
De autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário
Meu canto não é de amor,
Não tem rosa e flor.
É mais de pranto e dor.
Ele pede passagem,
Para contar sua viagem,
Através do tempo,
Que o vento levou,
Na tempestade da saudade,
Da angústia existencial,
Do nascer e viver,
Até a finitude do morrer.
Meu canto é agreste,
Vem lá do meu Nordeste,
Retirante explorado,
No estalo da chibata,
Do chão seco estorricado,
Terra forte ferida,
Da poeira castigado,
Do poluído ar,
Roupa a quarar,
Filho da enxada,
Da foice e do machado.
Meu canto,
Em me resiste,
De que a felicidade
É alma passageira,
Da vida que nos passa,
Aquela rasteira,
E nos deixa a ilusão,
De que ela é toda bela,
Como pintura de aquarela,
Mas tem ácido de limão.
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