:: 11/jan/2024 . 23:10
ESCREVA SEU SONHO
(Chico Ribeiro Neto)
Dormir é vital. Insônia é terrível. Se eu deitar de barriga pra cima começam a aparecer os problemas. De barriga pra baixo não dá porque a barriga não ajuda. Deitar do lado direito é mais ou menos. Mas só dá pra dormir bem e sonhar (ou ter pesadelo) quando deito do lado esquerdo. Uma fórmula infalível para ter pesadelo: comer feijoada à noite.
Apois não é que algumas pesquisas me dão razão? “Dormir do lado esquerdo beneficia a drenagem linfática do sistema nervoso central”, garante um estudo publicado na revista científica The Journal of Neuroscience. “Nosso coração está do lado esquerdo do corpo, e dormir dessa forma impede a obstrução da artéria aorta, que bombeia sangue para o resto do sistema sanguíneo”, diz o médico William Cristopher Winter, do Hospital Martha Jefferson, nos Estados Unidos. Outros estudos revelam ainda que dormir do lado esquerdo facilita a digestão.
No entanto, um estudo de 2004, publicado pela revista “Sleep and Hypnosis”, concluiu que pesadelos eram muito mais frequentes entre pessoas que dormiam viradas para o lado esquerdo: 40,19% disseram ter tido sonhos negativos, enquanto apenas 14,69 dos que dormiam virados para a direita queixaram-se do mesmo. A qualidade do sono também era melhor entre os que escolhiam a direita (a posição de dormir).
Já uma pesquisa da revista “Dreaming” aponta que pessoas que dormem de bruços têm mais chances de terem sonhos eróticos do que as demais. Nessa me dei mal, pois não consigo dormir de bruços.
Um dos sonhos mais bonitos e intrigantes que já tive é que eu vinha pulando de nuvem em nuvem. Era um jogo muito perigoso, onde somente nas nuvens você estava num abrigo seguro. Não podia errar e também não podia estacionar numa nuvem, tinha que ficar sempre pulando de uma para outra. Se errasse, caía no precipício do universo. Acertei todas as nuvens, mas acordei assustado.
Meu irmão Cleomar (falecido), que era paraplégico, sonhou uma vez com um despertador (daqueles gordinhos com duas perninhas) correndo atrás dele.
Uma vez contei a meu neto Pedro, então com uns 4 ou 5 anos, que eu sonhei em pé em cima da asa de um avião em pleno vôo. Ele estava almoçando, deu uma engolida no feijão e disse: “Se fosse de verdade você já tinha morrido”.
Os colchões primam pela propaganda. Um comercial do colchão de molas Epeda, de 1970, publicado numa revista, mostra um casal feliz deitado de lado num colchão sob um cobertor e o apelo: “Casais de todo o Brasil: Uni-vos”. Mais embaixo outra frase arrematava: “Só dorme separado quem não tem Epeda”.
Descobri essa pérola na Internet, sem autoria: “Velho acorda cedo pra criticar quem acorda tarde”. Duas frases sobre insônia, também de autores desconhecidos: “Para evitar insônia, eu estou ficando acordado logo de uma vez”; “É muita vontade de dormir para pouco sono”.
Algumas frases de famosos sobre o sono:
“O ruim dos filmes de Far West é que os tiroteios acordam a gente no melhor do sono” (Mário Quintana).
“A indiferença é o sono da alma” (Charles Favart).
“Os sonhos são a literatura do sono” (Jean Cocteau).
“Criança é esse ser infeliz que os pais põem para dormir quando ainda está cheio de animação e arrancam da cama quando ainda está estremunhado de sono” (Millôr Fernandes).
“O despertador é um acidente de tráfego do sono” (Mário Quintana).
Quem nunca teve um sonho lindo e de manhã não se lembra de mais nada? Escreva o seu sonho. Acordando durante a madrugada, escreva logo. Tenha sempre à mão, perto da cama, um caderno e uma caneta para anotar seu sonho ou pesadelo ou pelo menos as palavras-chave que lembrem a história. Se não quiser escrever, desenhe seu sonho ou pesadelo. Precisamos registrar as belas fantasias e as assombrações. Ambas cabem nos corações.
(Veja crônicas anteriores em leiamais.com.br).
E OS REPAROS DO CRISTO?
Quando estava na presidência do Conselho Municipal de Cultura de Vitória da Conquista (2021/23) surgiu uma denúncia, no início de 2022, de arquitetos e até de pessoas ligadas ao artista Mário Cravo, criador da obra, de que a escultura do Cristo da Serra do Periperi estava necessitando de reparos na parte interna e externa, inclusive de que se esses serviços não fossem feitos, a imagem poderia ficar irrecuperável. No meado do ano levamos esse alerta para a prefeita Sheila Lemos, numa audiência que tivemos com ela na prefeitura. Prontamente ela respondeu que aquelas informações não tinham fundamento e que havia sido feita uma vistoria e nada foi constatado em termos de estragos em seu material na parte interna. Não foram apresentados laudos comprovando que o monumento não estava correndo risco de perda. No entanto, olhando com mais cuidado, qualquer leigo visitante vai perceber sujeiras na parte externa do Cristo, tanto em sua imagem como na cruz. Se não me engano, o monumento está completando 44 anos e, durante este período, não tem recebido a devida manutenção por parte dos governantes. Alguns deles fizeram uns “puxadinhos” em torno do Cristo, como está sendo realizado agora e sempre dão o nome de revitalização. A verdade é que Ele e sua área nunca receberam grandes obras que atraíssem mais visitas dos moradores e gente de fora. Continua abandonado e quando alguém chega ali é recepcionado por uma cachorrada. Algo tem que ser feito para mudar esse vergonhoso quadro. Já que o poder público não tem dado a devida importância, por que não passar a administração do Cristo para o setor privado ou uma instituição como a Igreja Católica, para explorar o ponto e torná-lo turístico, num cartão postal da cidade, como acontece em outros lugares?
O COVEIRO E A PROTISTUTA
Autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário
Você que se acha
Sabido batuta,
Diz que a profissão
Mais do mundo antiga,
É a de prostituta,
Coisa que me intriga,
Coveiro é minha opção.
A atividade mais velha,
É a de coveiro,
Quando o primitivo,
Enterrou seu parceiro,
Com seu ritual nativo,
Disse o primeiro amém,
Em paz para o outro além.
A prostituta é sorriso e alegria,
Entre as luzes do cabaré;
Escuta lamentos de psicologia,
E no quarto faz sua putaria,
Finge que goza como uma Salomé.
De poucas palavras e sério,
Na labuta do cemitério,
O coveiro vê e ouve o que não quer:
Até de besta corno Mané;
Gentes falsas de óculos escuros;
Choros, lágrimas e histerias;
Amantes de casos obscuros,
Onde uns elogiam o defunto,
Outros que já deveria ter ido;
Juram sinceridade de pé junto,
E o assassino que reza pro falecido.
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