:: 4/jan/2024 . 23:06
PARA O ANO SAI MELHOR
(Chico Ribeiro Neto)
Televisão, rádio, jornal, todo mundo faz a retrospectiva de 2023. Hoje faço uma pequena retrospectiva, mas vou mais além, é de 2021. Essa crônica “Para o ano sai melhor”, publicada no final de 2021, vai aqui reproduzida:
O encantador bloco “Paroano Sai Milhó” cantando “Bandeira Branca” (de Max Nunes e Laércio Alves) ou “Eu quero é botar o meu bloco na rua” (de Sérgio Sampaio). Sim, para o ano vai sair melhor, principalmente se ele, o Bozo, sair, deixar a cena desse triste teatro em que meteu o Brasil.
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O milhar 2022 já está “cotado” no jogo do bicho de 15 de dezembro de 2021 até 15 de janeiro de 2022. Isso quer dizer que, se você acertar no milhar 2022, só recebe 50% da grana. “Vale o impresso”, diz a pule. Quando a pule era preenchida à mão vinha uma advertência: “Vale o que está escrito”.
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Muitos municípios baianos ficaram debaixo d´água nesse fim de ano. Não adianta querer culpar a natureza. Tudo isso é fruto do desmatamento, do assoreamento dos rios, que recebem grande volume de lixo das cidades. O mar e os rios sempre foram uma solução fácil e barata para depositar lixo.
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Dizem que não pode comer peru no Ano Novo, porque peru cisca pra trás, e aí é atraso de vida. Tem que comer bicho que cisca (ou fuça) pra frente, e por isso se deve comer pernil de porco. Uma amiga foi nessa onda, só comeu pernil, e foi demitida em janeiro.
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Muita coisa vai continuar na mesma. O mesmo vizinho, o mesmo zelador que quer saber da vida de todos os moradores e até aquele cara que conta umas piadas compridas, intermináveis, vão continuar existindo.
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Chiquinho, com uns 12 anos, sobe no guindaste do Solar do Unhão para pular dali no mar pela primeira vez. A altura dá medo. “Pula, pula, pula”, gritam os meninos maiores já mestres no salto do guindaste. O coração de Chiquinho bate forte. “Pula, Chiquinho”. Ele respira fundo, salta no espaço e mergulha na água morna da praia do Unhão. Sobe uma grande espuma que é um brinde à esperança. Feliz Ano Novo, caros leitores.
(Foto de Chico Ribeiro Neto: Lagoa de Caculé, Bahia).
(Veja crônicas anteriores em leiamaisba.com.br)
DE TODOS OS PONTOS
Esta imagem é um flagrante do alto da Serra do Periperi, exatamente do Cristo do artista Mário Cravo, mas Vitória da Conquista talvez seja a única cidade da Bahia e do Brasil que pode ser vista de quem está chegando à cidade de todos os pontos cardeais: Do norte, sul, leste e oeste. Para quem ainda não percebeu, sua posição geográfica é privilegiada, situada por assim dizer dentro de uma bacia, a que eu a chamo de parabólica. Logo que aqui cheguei, entre março e abril de 1991, beirando os 33 anos, em pouco tempo notei esse aspecto que deixa qualquer um encantado. Por assim dizer, ainda era uma cidade pequena de pouco mais de 250 mil habitantes, passando a cerca de 400 mil neste período. Foi um crescimento espantoso e um dos maiores do Norte e Nordeste, mas sua infraestrutura em termos de demanda da população ainda deixa a desejar, principalmente na questão de mobilidade urbana (transportes públicos) e água. Por ser uma capital do sudoeste baiano que abrange mais de 80 municípios, outro problema que tende a ser agravar é o trânsito se não forem feitas algumas intervenções além do ônibus. Há mais de 30 anos não havia engarrafamentos, o que já ocorre no centro da cidade e nas principais avenidas. As eleições municipais estão batendo em nossa porta e vamos esperar as propostas dos candidatos sobre esses problemas quer são os principais de seus moradores, muitos dos quais vindos de outros lugares à procura de uma vida melhor.
CONVERSA PRA BOI DORMIR
Autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário
No paralelo do Devanir:
Palavras vãs,
Ôba-ôba, blábláblá e lero-lero:
Cada qual com seus clãs,
Conversa fora,
Do aqui e do agora,
Ou conversa pra boi dormir.
Prosa chata e ruim,
Muito papo furado,
Coisa de cavalo alado,
Bebê de cegonha,
Falta na cara, a vergonha,
Político corrupto e safado,
Papai Noel de corcel,
Natal de comes e bebes,
Encher a pança, embriagar,
Vão todos se lascar,
No meu PIB da produção,
Do consumo à poluição,
Gente imbecil irracional,
Animal bestial,
Do profano ao cristão,
Mouros berberes islãs,
Seguidores com seus fãs,
Assim fizeram a escravidão,
De negros e brancos,
Com correntes, grilhões e trancas,
Nos troncos dos barrancos,
Nas galés e navios porões:
É a humanidade,
Da usura insanidade,
Autodestruição,
Que culpa seu Deus,
De castigo e traição,
Loucura do existir,
Conversa pra boi dormir.
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