Autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário, há 60 anos.

Voam aves da inocência,

De galhos em galhos,

Cantam a liberdade,

No frescor da abundância.

 

Os tempos passam,

A escassez aparece,

Surrupia a alegria,

Alastra o sofrimento,

Piedade Senhor!

Ao menos, escute minha prece!

 

Se a natureza,

Sente-se compungida,

Pela seca esturdiada e virulenta,

O mar encanta a jangada lenta,

Por que ulular o véu da vida?

 

Passam anos e os dias chegando,

Abrem as cortinas da cena.

Deparo num futuro;

Vou meditando,

No claro ou no escuro.

 

Passageiros!

Folheai o opíparo livro,

E vedes capítulos ataviados,

Com nossos nomes d´alma

Em fé livre,

Nesta história decadente,

De dias atormentados.

 

Quantos aqui se ingressaram,

Daqui se foram saudosos,

Dessa gleba se formaram,

Estandarte de braços amorosos!

 

Adeus farol, adeus timoneiro,

Que nos desviaram das pedras!

Adeus luzeiro;

Sigo em livre mar.

O vento que soprou em doidivanas,

Não conseguiu…

Mesmo forte me arrastar.

 

Senhor Deus!

Ouvi-me, Senhor Deus!

Se na terra,

Como sementes não crescemos,

Se foi egoísmo,

Nos castigue,

Dai-nos forças,

Para distantes vencermos.

 

Amigos!

Para aonde vão?

Bate o adeus;

Tartamudeia minha voz.

Já é hora da partida:

Um dia nos veremos,

No além do além.

Enxuguem suas lágrimas,

Nesse grito de despedida.