FLICONQUISTA ESQUECE A “VELHA GUARDA”
Estava lendo num blog da cidade de Vitória da Conquista uma observação bastante pertinente quanto a realização da Fliconquista, pela segunda vez, no Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima, com o apoio financeiro, em sua maior parte, de emendas parlamentares.
Ouço comentários de que a feira é uma “panelinha” de cartas marcadas de um grupo onde poucos têm sido convidados a ocupar seus merecidos espaços. Bem, a crítica do blog chama a atenção, depois de ouvir pessoas que não citaram seus nomes, que o evento esqueceu a “velha guarda”, isto é, aqueles escritores da velha geração que têm uma base cultural sólida de conhecimento e várias obras publicadas.
Destaca ainda o site que não é somente prestigiar os novos talentos (tem muita gente lançando livros a esmo, mais por vaidades), no que concordo plenamente, isto porque nunca devemos deixar de dar lugar àqueles que tem serviços prestados à nossa cultura ao longo dos anos, para contar suas histórias com suas lições de experiência. Para o porte de Conquista, a feira é miúda.
Não me considero nenhum ícone da literatura, nem superior aos outros, mas sei o quanto tenho lutado em defesa da nossa cultura nos últimos 33 anos em que aqui me estabeleci como chefe da Sucursal a Tarde, em 1991, primeiro abrindo espaço para nossos artistas divulgarem seus trabalhos no periódico.
Não vou me alongar sobre minhas outras atividades como ativista cultural, como um dos fundadores do “Sarau A Estrada”, premiado com o troféu Glauber Rocha e com 14 anos de existência. Tenho ainda cinco livros publicados que fazem referências a Conquista, especialmente o “Conquista Cassada” que fala da ditadura civil-militar-burguesa e da cassação do ex-prefeito José Pedral.
Quero dizer com isso que, como também pertencente a esta “velha guarda”, não fui convidado a participar da Fliconquista e não vi nenhum link e edital de inscrição. Não importam minhas posições políticas (dizem que sou polêmico), mas me sinto também um excluído, como tantos outros com serviços prestados a esta cidade na área cultural.
Não é meu estilo sair por aí rogando um lugar ao sol, não por questão de orgulho, mas por amor próprio, valorização e respeito a mim mesmo. Não se trata de vaidades, mas de consideração. Aqui em Conquista, como ocorre também em outros lugares, a pessoa só é reconhecida no que já fez e ainda faz depois de morta. Homenagem depois da morte é hipocrisia e falsidade.
Desculpem o meu desabafo, mas essa Fliconquista precisa abrir mais suas portas e seu leque para todos fazedores de cultura, sem distinções ideológicas de qualquer espécie, não somente para os novos talentos e personalidades de fora. Nunca pode deixar de excluir a chamada “velha guarda” que já tem seu legado registrado na cidade. Isso se chama ingratidão.

















