Em minhas andanças de quase dois meses de campanha na disputa por uma vaga na Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista, senti o afago das mãos, o olhar de gentileza, o acolhimento, o apoio e também um sentimento de raiva e estupidez em determinadas pessoas, com sinais de revolta diante da situação em que vivemos.

Sabia que nos tempos atuais de tanta intolerância e polarização ideológica, o povo não mais acredita na política e nos políticos, mas não imaginava o alto grau de rejeição, embora a grande maioria vá às urnas neste seis de outubro depositar o seu voto. Esse quadro demonstra muito bem o nível de abstenções, de votos nulos e em branco.

Fui tratado em muitos lugares e bairros com delicadeza, mas confesso que também fui recebido com “coices”, e teve gente que, indiretamente, me chamou de ladrão, só por estar fazendo um apelo pelo seu voto. Ouvi sussurros de lá vem o político que só aparece em épocas de eleições.

Na visão geral das pessoas, todos políticos são iguais na sujeira, e não adianta tentar convencer o contrário. Muitos me olharam de soslaio, como se eu fosse um cachorro pulguento e desprezível, não sabendo das minhas boas intenções.

Outros me aceitaram e concordaram que a Câmara de Conquista precisa ter um nível de preparo e capacidade à altura do tamanho da cidade, a segunda maior do interior com cerca de 400 mil habitantes. “Tem gente ali que não deveria ter sido eleito” – desabafou um senhor ao aceitar meu “santinho” e bater um dedo de prosa.

Posso dizer que foi mais uma batalha, um desafio e mais uma aprendizagem em minha vida. Esse tipo de corpo a corpo com o eleitor, como se chama na linguagem popular, foi como tivesse saído do campo da teoria para o mundo da prática. O que mais me deixou triste vou ver muitas pessoas xingando a política, quando, na verdade, ela está cotidianamente em nossas vidas.

Todo este lado melancólico e angustiante foi criado pelos próprios políticos (nem todos) que sujaram suas mãos com promessas não cumpridas, sem falar nos atos de corrupção e malfeitos. Senti muita mágoa nos rostos das pessoas mais pobres quando visitei os bairros periféricos, de menor poder aquisitivo.

Como em todas outras labutas da minha vida, exercendo cargos e funções, tanto no setor público como no privado, saio mais de uma delas de cabeça erguida e consciente de que deixei minha mensagem de ética e seriedade, sem ser contaminado por aqueles que acham que para vencer tem que agir com sagacidade, na base do vale tudo, ou como se costuma dizer, passando a rasteira no outro.