Autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário

Nasci menino nordestino,

Na Serra dos Bem-te-Vis,

Agreste de pinturas rupestres,

Parente do Neandertal,

Que navegou

Entre águas doce e de sal;

Fui laçado

Pelo existir do destino;

Enfrentei batalhas,

Em meu cavalo a galope,

Sobrevivi ao golpe;

Criei cicatrizes,

Nos fios das navalhas;

Mantive minhas raízes,

Da Serra dos Bem-te-Vis.

 

Cai e levantei;

Sei o quanto sofri

Nesse sistema brutal,

Quando rasgaram

Minha mente,

Nela colocaram um chips

De lavagem cerebral,

Mas nunca esqueci

Da Serra dos Bem-te-Vis.

 

No céu embaçado do inverno,

Cambaleando segui em frente;

Imaginei estar no inferno,

Na guerra dessa gente;

Revigorei minha alma,

No amanhecer do sol de verão,

Nos passos firmes

Do meu bastão,

Lá da Serra dos Bem-te-Vis.

 

Escalei montanhas;

Atravessei oceanos;

Conheci suas entranhas,

Solitário vivi, pedras removi,

Desde a Serra dos Bem-te-vis.

 

Lá na Serra dos Bem-te-Vis

Não apodrecem os sentimentos,

Nem existem intrigas verbais,

Que vão parar nas redes virtuais;

Não envelhecem

Os corações juvenis,

Lá na Serra dos Bem-te-Vis