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:: 26/jul/2024 . 22:47

“OS POETAS SÃO MENTIROSOS”

Além de depreciar as mulheres, no livro “Assim Falava Zaratustra”, Nietzsche diz através de seu personagem, que “os poetas são mentirosos”. Um dos seus discípulos, então, indaga por que dizeis que eles mentem?

Ele responde que não pertence ao número daqueles a quem é lícito interrogar sobre seu porquê. “Por acaso nasci ontem? Há muito tempo, tudo o que opino repousa sobre experiências vividas”. É bom lembrar que Nietzsche é um filósofo complexo e fora da curva que viveu no século XIX.

Zaratustra também é um poeta. Julgas, então, que ele falava a verdade? Que razão tens de acreditar? O discípulo respondeu que acreditava em Zaratustra, que maneou a cabeça e sorriu: “A fé não me torna feliz, e a fé em mim mesmo, menos ainda que qualquer outra. Nós somos mentirosos demais”.

“Sabemos também pouco demais e aprendemos mal demais. Assim somos forçados a mentir. Logo, quem entre nós, poetas, não terá alguma vez adulterado seu vinho? Muitas misturas envenenadas se têm feito em nossas tabernas”.

“E é por sabermos pouco que nos seduzem os pobres de espírito, especialmente quando são mulheres jovens”. Para ele, só as mais velhas têm o eterno feminino. “É como se existisse um caminho secreto que conduzisse ao saber que seria subtraído aos que aprendem alguma coisa, assim cremos no povo e em sua “sabedoria”.

De acordo com a fala de Zaratustra, os poetas supõem sempre que a própria natureza está apaixonada por eles. E que desliza até seus ouvidos para sussurrar coisas secretas e palavras carinhosas. “Disso de gabam e se gloriam, perante todos os mortais”.

“Ah, existem tantas coisas entre o céu e a terra que só os poetas puderam por um pouco sonhar”. Para Zaratustra, sobretudo no céu porque todos os deuses são símbolos de poetas e subterfúgios de poeta.

“A verdade é que sempre nos sentimos atraídos para o reino das nuvens. Sobre elas instalamos nossos manequins multicoloridos, a quem chamamos de deuses e super-homens”.

Quando ele afirmou que estava farto dos poetas, o discípulo ficou um tanto irritado. Zaratustra também se calou, mas depois confirmou que estava cansado dos antigos e dos novos. “Para mim todos são superficiais, todos são mares sem profundidade”.

Em seu diálogo sobre os poetas ainda destacou que “gostam de se fazer passar por conciliadores. Mas, para mim, são sempre pessoas de meios termos, de sonhadores…”! ”Lanceira minhas redes nos mares deles para apanhar belos peixes, mas pesquei somente a cabeça de um deus antigo”. Segundo Zaratustra, talvez os próprios poetas tenham nascido do mar.

“Também do mar aprenderam sua vaidade. Não é verdade que o mar é o primeiro dos pavões reais? Já vi poetas se transformarem e já os vi voltar contra si mesmos seu olhar. Vi chegar redentores do espírito, Tinham nascido entre os poetas”.





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