(Chico Ribeiro Neto)

Eu estava com uma camiseta de Bariloche que meu filho Mateus me deu e logo ela me interpelou:

– Ah,o senhor também esteve em Bariloche? Que lugar lindo! Por enquanto, só conheço de fotos e vídeos. Minha filha esteve lá esse ano e para o ano vai me levar. Ela só não gostou muito dos argentinos, achou um povo meio rude, o senhor também não achou?

– Eu não sei dizer, senhora. Eu não estive lá, foi meu filho.

Uma mulher com um cachorrinho me aborda no canteiro central da Avenida Centenário:

– Você tem cachorro?

– Não, senhora.

– E gato?

– Não, senhora.

– Mas nem um passarinho?

– Não, senhora.

– Mas o senhor não sabe como é bom ter um bichinho dentro de casa. O senhor não pretende ter nenhum?

– Não, senhora, já vou.

Peguei um perguntador na fila de idosos do supermercado:

– O senhor tem problema de pressão?

– Não, senhor.

– E o senhor faz o quê para não ter?

– Nada, não, vivo normal.

– Dizem que a gente tem de caminhar todo dia. O senhor faz caminhada?

– Um pouco.

– E come de tudo?

– Sim, senhor.

– E não sente nada?

– Não.

– E dorme direitinho?

– Durmo.

– Pois eu tenho uma insônia terrível, levanto, bebo água, fico zanzando pela casa, ligo a televisão, faço um…

– Senhor, o caixa tá livre.

– E por que o senhor escreveu essa crônica?

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