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:: 21/out/2023 . 1:09

FLIBELÔ COM PEGADA NORDESTINA E FOCO PRINCIPAL NA EDUCAÇÃO E LAZER

Educação, gastronomia e cultura juntas na II FLIBELÔ – Feira Literária e Gastronômica de Belo Campo, um grande exemplo para outras cidades do interior pela valorização do saber e do conhecimento, promovida pela Prefeitura Municipal através da Secretaria de Educação, Esportes, Lazer e Cultura.

O foco principal foi a educação escolar com contação de causos para a criançada, parque infantil, artesanato, área de jogos (dama, xadrez), oficinas de teatro e gastronomia, shows musicais, mesas temáticas sobre livros, leitura e bibliotecas, conferências e apresentações de trabalhos escolares, porém com poucos espaços para os escritores locais e da região (apenas três estandes). O ponto falho ficou por conta nos atrasos na programação dos eventos.

No entanto, a Feira ficou marcada pela pegada de temas nordestinos, com tendas sobre José de Alencar, Rachel de Queiroz, Luiz Gonzaga, nosso rei do baião, Euclides da Cunha, no caso do escritor que narrou a Guerra de Canudos e Graciliano Ramos, os locais mais visitados pelos frequentadores do evento.

Com um estande, inclusive de lançamentos, os escritores do coletivo de Vitória da Conquista foram destaques e marcaram suas presenças com Josué Brito, Chirles Oliveira, Paulo Henrique Medrado, Ybeane Moreira e Jeremias Macário, isto entre os dias 19 e 20.

Ainda no setor de publicações de obras, a Editora Arpillera, de Abaeté, Camaçari, que faz livros artesanais, costurados um por um de forma manual, bordados com dobraduras numa verdadeira experiência sensorial de leitura, chamou muita a atenção do público visitante.

Esperamos que a próxima festa literária haja uma maior participação da classe. No geral, a FLIBELÕ alcançou seus objetivos que foi despertar os estudantes para a leitura, sem contar o apoio da equipe organizadora em nome de Misael Lacerda, diretor da Biblioteca Municipal, do pessoal da limpeza e da segurança.

É bom ver as crianças visitando os estandes culturais em contato com os livros e os famosos autores e artistas nordestinos que deixaram seus nomes eternizados na história do Brasil e até a nível internacional. A meninada fica curiosa quando folheia os livros e faz perguntas como foi feita a obra e se sente maravilhada ao lado do autor. Seus olhos chegam a brilhar e isso é uma esperança para a nossa cultura.

Durante os quatros dias de atividades educacionais, gastronomia e lazer da Feira, de 19 a 22/10, a praça principal da cidade esteve sempre lotada por moradores de Belo Campo e de cidades vizinhas da região, como Tremedal, Condeúba, Cordeiros e outros municípios, com a presença também de autoridades políticas e representantes da cultura.

 

TECIDO DE SAUDADE

(Chico Ribeiro Neto)

Sempre tenho saudade quando preciso me desfazer de uma roupa velha, manchada, rasgada ou apertada. Vai um pouco de mim naquela roupa.

Toda roupa tem uma história. Tive uma namorada que usava uma saia cáqui, de grande lembrança. Outra usava uma calça de malha coladinha que matava Chiquinho. E aquela de blusinha Ban-Lon azul celeste!

Todo mundo tem um casaco que adora. Aquele casaquinho azul é um velho chamego, apesar do furinho na manga.

Tem uma comida muito gostosa chamada de Roupa Velha. É a comida que se improvisa com as sobras que estão na geladeira. Em Caculé (BA) se chama também de Mexidão. Você pega todas as sobras da geladeira – um pedaço de bife, um pouco de arroz, resto de macarrão, uma coxa de galinha, um pouco de abóbora com quiabo – e esquenta tudo junto. Fica um prato delicioso e você esvazia a geladeira de vasilhas.

Sempre achei que a gente deveria dar a última volta com uma roupa antes de se desfazer dela. Leva ela pra ver o mar antes da despedida.

Quem nunca achou uma nota de 50,00 dentro de um velho casaco? E tem também aquela roupa nova que a gente não gosta. Comprou, nas não tem jeito de usar. Tá lá pendurada no cabide até hoje. Quando fui morar em pensão, estudante em Salvador, mamãe Cleonice me deu uns cabides de madeira e os marcou com tinta preta, talvez de caneta-tinteiro: “Xico Ribeiro”. Guardo um até hoje.

Segue um trecho do artigo da jornalista Jéssica Natacha, intitulado “Que sentimento está escondido no seu guarda-roupa?” (labdicasjornalismo.com): “Sabe aquela peça de roupa que você não usa há tempos? Ela tem um significado. Muitas vezes, os objetos guardados remetem a uma lembrança tão importante na sua vida que, toda vez que o encontra na gaveta, você para por uns segundos e revive aquele momento; a sensação de prazer e felicidade faz sorrir instantaneamente; ou chorar”.

Velhas roupas, grandes lembranças. Roupas velhas são um aconchego, golas que aquecem, quem nos entende; Com elas saio caminhando por aí, vestido de saudades.

(Veja crônicas anteriores em leiamaisba.com.br)





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