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:: 6/out/2023 . 22:47

DIA DO NORDESTINO

Não poderia deixar aqui batido o “Dia do Nordestino”, comemorado em 8 de outubro, do nosso sertão profundo, de gente simples sofredora, não o do cerrado cheio de águas e cachoeiras do famoso escritor Guimarães Rosa (com todo respeito), mas lhe parodiando, o da Caatinga Veredas, que nos leva às histórias de lutas, do cangaço, de Lampião, da Coluna Prestes, dos milagres, do Conselheiro, do “Padim Ciço” e demais personagens que fazem parte da nossa cultura.

Foi aqui em nosso Nordeste, que possui o único bioma do mundo, que proliferou a poesia do cordel e gerou grandes escritores, como Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Câmara Cascudo, José de Alencar, Jorge Amado, João Ubaldo Ribeiro, Ariano Suassuna, dentre tantos outros, sem falar no Águia de Haia, Ruy Barbosa, e no poeta dos poetas condoreiro Castro Alves em Espumas Flutuantes.

É também o nosso Nordeste dos repentistas, dos trovadores, contadores de causos e chulas, dos grandes compositores músicos como Zé Ramalho, Geraldo Vandré, Elba Ramalho, Luiz Gonzaga com sua sanfona ao som de Assa Branca, Humberto Teixeira, Zé Dantas, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Capinam, Tom Zé, Novos Baianos e toda uma geração conhecida mundialmente.

Neste “Dia do Nordestino”, quero também falar da nossa terra de bravos, mulheres e homens anônimos que fizeram e fazem parte da nossa história e da nossa rica cultura, cheia de mistérios, fé e religião. Nosso sertão é único, cinzento nos engaços e bagaços misturados com o mandacaru quando bate a seca, e verde e colorido quando chegam as trovoadas de final de ano.

Essa paisagem do seu solo e da sua gente queimada e mestiça do sol já é pura poesia e matéria-prima para as artes em suas diversas linguagens. É também o Nordeste dos retirantes, dos casos de pau-de-arara que daqui saíram na “Triste Partida”, de Patativa do Assaré, para construir São Paulo em terras estranhas e depois retornam com saudades do seu chão querido.

É o Nordeste da Bahia, dos heróis que consolidaram a independência do Brasil, do Maranhão, do Ceará, do Piauí, do Rio Grande do Norte, da Paraíba, de Pernambuco, de Alagoas e Sergipe. Por aqui atravessa o São Francisco, o “Velho Chico”, com suas águas dando vida aos ribeirinhos, banhando nossas margens e abrindo canais de irrigação para nossa agricultura.

É esse Nordeste que reverencio, do qual tenho orgulho de dizer que dele sou filho e repudio os preconceituosos e racistas que em muito contribuíram para que houvesse essa desigualdade regional, desde os tempos coloniais, passando pelo Império e pela República. Daqui exploraram nosso suor e ainda nos chamam de atrasados, mas, como diz a Bíblia, perdoai Senhor, porque eles não sabem o que dizem.

“DENTRO DA BALEIA E OUTROS ENSAIOS”

De George Orwell

EM SEU LIVRO DENTRO DA BALEIA E OUTROS ENSAIOS, O AUTOR FAZ UMA EMERSÃO SOBRE AS OBRAS DE HENRY MILLER E OUTROS, UMA DESCRIÇÃO SOBRE A DURA VIDA SUFOCANTE DOS MINEIROS NO CAPÍTULO “MINA ABAIXO”, UMA DESCRIÇÃO DOS INGLESES EM “INGLATERRA, SUA INGLATERRA”, “O ABATE DE UM ELEFANTE”, “LEAR, TOLSTÓI E O BOBO”, “POLÍTICA VERSUS LITERATURA”, “A POLÍTICA E A LINGUA INGLESA”, “A PREVENÇÃO CONTRA A LITERATURA” E, FINALMENTE, “SUMÁRIO DE MENINOS”.

Vamos aqui focar sobre o que o indiano Orwell fala sobre o escritor norte-americano Henry Miller, de “Trópico de Câncer” e “Primavera Vermelha”, em sua passagem pela Paris decadente dos anos 30, dos bares entupidos de bêbados, das pensões de percevejos, dos arruaceiros, dos artistas pintores, muitos dos quais “impostores”, das obscenidades e do antifascismo versus comunismo.

No capítulo “Dentro da Baleia”, ele afirma que conheceu Miller no fim de 1936, quando estava passando por Paris a caminho da Espanha. “O que mais me intriga nele foi descobrir que não tinha o menor interesse pela guerra na Espanha. Ele meramente me disse, em termos bastante enfáticos, que ir para Espanha naquela altura era a atitude de um idiota”.

Opinou ainda que se envolver naquelas questões da guerra, por um sentido de dever, era franca estupidez. Para Miller, combater o fascismo e defender a democracia eram conversa fiada. Uma perspectiva que não lhe incomodava era a civilização ser varrida e substituída por uma coisa diferente da humana.

Sobre um inquérito a respeito da guerra, feito pela revista Marxist Quarterly, Miller respondeu que não tinha nenhum desejo de converter alguém a lutar. Segundo Orwell, uma declaração de irresponsabilidade. Em sua opinião, os escritores dos anos 20 assumiram a postura mais progressista e os de 30 a do dizer amém.

Nesse aspecto, o Miller não assume nenhuma atitude, mas não ignora a situação. “Ele acredita na ruína iminente da civilização ocidental com muito mais firmeza do que os escritores “revolucionários”. Apenas não se sente convocado a fazer coisa nenhuma a respeito. Ele toca violino enquanto Roma queima e, ao contrário da imensa maioria das pessoas que fazem isso, toca de frente para as chamas”.

Na verdade, isso está ocorrendo nos tempos atuais quando nos incomoda o silêncio dos bons. Muitos contam um bocado de coisa sobre si mesmo, enquanto fala de outra pessoa, como em Max and the white phagocytes.

Orwell conta a história bíblica da baleia que engole Jonas, considerando um fragmento de fala infantil, e ressalta que estar dentro desse enorme peixe é uma ideia muito confortável, aconchegante e caseira. O Jonas histórico ficou bastante aliviado por escapar, “mas, na imaginação, no devaneio, inúmeras pessoas o invejaram”.

De acordo com ele, o próprio Miller está dentro da baleia. Apenas ele não sente nenhum impulso de alterar ou controlar o processo pelo qual está passando. Ele executou o ato essencial de Jonas ao permitir-se ser engolido, permanecendo passivo, aceitando





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