:: 9/out/2023 . 23:50
UM DIA ADVERSO
Pense num dia em que você sai de casa com tudo planejado na cabeça para resolver os pepinos e as coisas terminam saindo do seu comando! É o chamado dia adverso onde só dá o avesso. No sábado passado aconteceu isso comigo, e aí lembrei daquele filme norte-americano “Um Dia de Cão” quando o cara se desespera no trânsito engarrafado e destila toda sua raiva nos outros, como se fosse um louco psicopata.
Não cheguei a este ponto, mas fui obrigado a fazer outras coisas que não estavam em meus planos. Primeiro, marquei uma reunião na casa de um amigo e quando lá cheguei no horário ele havia saído parta socorrer um colega de trabalho, coisa de carro. Entrei em contato e ele me pediu desculpas. Antes passei no banco e minha conta estava negativa. Comecei com o pé esquerdo, ou direito, sei lá!
Quando estava para visitar um companheiro jornalista e tomar umas geladas, conforme o combinado, recebo um áudio de uma amiga me solicitando socorro para pegá-la num hotel lá na Avenida Integração. A pessoa estava muita avexada e não parava de passar mensagens porque ela teria que deixar o hotel meio-dia para não ter que pagar outra diária.
Tomei dois goles da cerveja agoniado e lá foi eu. Pequei um engarrafamento na Avenida Spínola e o horário estava se esgotando. Da Avenida Integração tocamos para uma pousada na Avenida Juracy Magalhães para pegar uma mala pesada que deu a maior trabalheira para descer as escadas.
De lá, retornarmos para a Integração (antiga Rio-Bahia) e tornei a subir mais escadas arrastando essa mala enorme. Os antigos hotéis não têm nenhuma acessibilidade e nem elevadores. Era pouco mais de meio dia e a fome bateu com a fraqueza.
Nessa ida e volta ela foi me contando que foi desempregada e ainda havia sido vítima de assédio sexual. Esse é um assunto delicado que prefiro não entrar em detalhes, mas fiquei chocado com sua situação e o aperto em que estava passado. Muitas vezes pensamos que nosso sofrimento é maior que dos outros.
Para não me alongar muito na história (ocorreram outros percalços) terminei indo para a Feirinha do Bairro Brasil, coisa que não estava em meu roteiro do dia. Comprei um tilápia fresca em um daqueles galpões de carnes e fui tomar uma gelada e um caldo de buchada para aliviar a tensão e a fome. Àquela altura, o relógio marcava pra lá das 14 horas.
Antes de fazer o pedido, perguntei à moça da barraca (estava com pouco dinheiro) quanto era o caldo. Respondeu que era sete reais. Pedi uma cerveja “periquete” de quatro reais, segundo a mesma mulher que me atendeu.
Quando fui pagar a conta, veio a dona do estabelecimento, uma senhora já meio idosa, e me cobrou quinze reais quando deveria ser onze. Entrei em discussão e chamei a menina, supostamente sua filha, que ficou atarantada porque havia me passado os preços errados. “É, subiu tudo”. Imaginei: em questão de minutos! Que inflação varada!
Outra vez passou pela minha cabeça o filme “Um Dia de Cão” e tive que me controlar para evitar um quebra-quebra e ir parra na delegacia. Acontecem coisas em nossas vidas que não sabemos explicar. Uns dizem que são coisas do destino. Moral da história é que nem tudo que você planeja dá certo quando o dia é adverso.
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