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:: 4/out/2023 . 21:00

3 X 4 PEDACINHO DE NOSSA HISTÓRIA

(Chico Ribeiro Neto)

A gente só tirava fotos 3 x 4 em momentos importantes da vida: entrar no ginásio, matricular-se no colégio, na faculdade, carteira de identidade, certificado de reservista, primeiro crachá de emprego, e por aí vaí.

Eu ia tirar meia dúzia de 3 x 4 nos Lambe-Lambe do Relógio de São Pedro ou no Terreiro de Jesus, em Salvador. Quando acabava, o fotógrafo perguntava se você não queria levar 8 fotos pagando um pouco mais. A gente só precisava de 4 fotos, mas acabava levando as 8 e dava as restantes a parentes e à namorada, mas a dedicatória tinha que ser bem curta. Um “Te amo” resolvia tudo. De tão pequeno, o 3 x 4 era difícil de rasgar na hora de acabar o namoro.

Tinha 3 x 4 que desbotava com o tempo, uns ficavam amarelados. Quem tinha mais dinheiro tirava os 3 x 4 num Foto, uma loja num shopping onde a coisa era mais arrumada, tinha uma sala acarpetada cheia de luzes, ar condicionado e um banquinho vermelho acolchoado. O espelho era fundamental. Tirava de manhã pra ir pegar as fotos de tarde. Vinham numa cartela de plástico com o nome do Foto. Havia uma loja que colocava seu comercial na cartela onde vinham as fotos: “Nossa dúzia tem 14 fotos”.

O site da Câmara Municipal de Conselheiro Lafaiete (MG) tem um texto cujo título é “Saiba como ser tirada a foto para a Carteira de Identidade”, a seguir: “O fotografado deve apresentar fisionomia neutra ou um sorriso discreto, desde que em ambos os casos mantenha os lábios fechados, sem franzir o rosto” (conselheirolafaiete.mg.leg.br).

Fui pesquisar a 3 x 4 na música. Tem a “Retrato 3×4”, da banda Agito Capilar, que diz num trecho:

“Me dá um retrato 3 x 4

Que é pra eu botar na minha carteira

Se a saudade apertar

O retrato eu vou olhar

Durante a semana inteira”.

Belchior gravou “Fotografia 3 x 4”, em 1976, em plena ditadura, mostrando a saga dos jovens que saíam do interior do interior do Ceará para o Sul. Segue um trecho:

“Em cada esquina que eu passava um guarda me parava

Pedia os meus documentos e depois sorria

Examinando o três-por-quatro da fotografia

E estranhando o nome do lugar de onde eu vinha”.

E tem a brilhante “Devolva-me”, de Renato Barros e Lilian Knapp, gravada em 1966 pela dupla Leno & Lilian e brilhantemente regravada anos depois por Adriana Calcanhotto, cujo trecho segue:

“O retrato que eu te dei

Se ainda tens, não sei

Mas se tiver, devolva-me!”

Não sei se a foto era 3 x 4, mas que a música é linda, isso é. Segue uma lembrança.

(Veja crônicas anteriores em leiamaisba.com.br)

 

 





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