MEU CANTO
De autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário
Meu canto não é de amor,
Não tem rosa e flor.
É mais de pranto e dor.
Ele pede passagem,
Para contar sua viagem,
Através do tempo,
Que o vento levou,
Na tempestade da saudade,
Da angústia existencial,
Do nascer e viver,
Até a finitude do morrer.
Meu canto é agreste,
Vem lá do meu Nordeste,
Retirante explorado,
No estalo da chibata,
Do chão seco estorricado,
Terra forte ferida,
Da poeira castigado,
Do poluído ar,
Roupa a quarar,
Filho da enxada,
Da foice e do machado.
Meu canto,
Em me resiste,
De que a felicidade
É alma passageira,
Da vida que nos passa,
Aquela rasteira,
E nos deixa a ilusão,
De que ela é toda bela,
Como pintura de aquarela,
Mas tem ácido de limão.











