(Chico Ribeiro Neto)

Havia dois leões de mármore, em tamanho natural, na entrada principal do Passeio Público de Salvador. Me botaram sentado num leão desses e tiraram uma foto. Eu devia ter uns 6 pra 7 anos. Mais tarde, um leão sumiu; depois o outro fugiu com o dono. Nunca mais vi aquela foto.

No Passeio Público havia uns bancos próprios para transar. Perto do Teatro Vila Velha havia uns caminhos em S feitos de fícus, altos, que terminavam em um banco. Um casal ali dentro, principalmente à noite,, ficava quase que completamente à vontade. Quando chegava outro casal, pegava o sinuoso caminho e logo voltava ao ver o banco ocupado. Eram uns quatro bancos desses, sempre bem escondidos pelas folhagens.

Ainda no Passeio Público tinha uma pracinha redonda, com chão de areia fofa, onde ficavam 3 ou quatro balanços, que depois se acabaram ficando somente as estruturas de ferro. Ali a gente jogava um “baba”. O ferro ajudava a driblar, mas também era uma porrada certeira na cabeça.

O Jardim Suspenso, defronte ao Passeio Público, também era bom pra namorar, acho que até hoje. Dali era um pulo para o Campo Grande, onde a gente ia logo jogando pedras no bambuzal – que existe até hoje, perto do antigo Hotel da Bahia – para ouvi-las ricochetear entre os bambus. PAM-PAM-PAM, a pedra batia umas 3 a 4 vezes.

O Campo Grande pegava fogo era na semana do 2 de Julho, data da Independência do Brasil na Bahia em 1823 (?). A banda tocando, a pipoca pulando e a paquera comendo solta. Lá em cima o Caboclo e a Cabocla davam um sorriso de felicidade e aprovação.

Uma vez, arranjei uma namorada que morava na Saúde. Fomos namorar à noite atrás da Biblioteca Infantil Monteiro Lobato (?) que fica no Jardim de Nazaré. Quando a gente estava no bembom, vi uma forte luz sobre nós e outros casais. Era um PM, de dentro da viatura, com uma potente lanterna e mandando todo mundo sair. Um legítimo empata foda.

Não sei mais se vi ou me contaram, só sei que a história é muito boa. Havia um busto de Rui Barbosa na praça do mesmo nome (não lembro se em Ipiaú ou Jequié, na Bahia). A galera descobriu que a cabeça do “Águia de Haia”, saía facilmente do pescoço (?), era só desatarraxar (?). E a cabeça de Rui, feita de um material leve, não dava para chutar em gol, mas rolava durante a brincadeira de “bobinho”. Finda a quase peleja, a cabeça de Rui era devolvida ao seu pescoço, no pedestal.

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