Não que eu já não soubesse disso, mas, em minhas andanças como candidato pela primeira vez a vereador por Vitória da Conquista, venho percebendo e sentindo na prática como as pessoas (nem todas) tem expressado o seu descrédito e sua desilusão na política e nos políticos.

Ao abordar com o pedido de voto e na entrega dos meus materiais, muitos simplesmente viram a cara e dizem que não querem saber de política. Isso é muito triste porque deveria ser ao contrário, uma vez que a política, especialmente a partidária, é um instrumento de representação popular e democrática no sentido de melhoria do povo e da nação através do voto consciente.

O povo não é culpado por essa indiferença e, até mesmo, esse ódio e essa repulsa velados, estampados em seus rostos sofridos de tantos anos de promessas e pouco comprometimento, têm suas razões de ser. Para rebater essa descrença, sempre tenho dito nas minhas rápidas conversas de que nem todos são iguais, sabendo que não é o bastante para convencer.

São nessas horas que me bate a angústia de que a receptividade poderia ser diferente e cordial, mas me vem aquele ditado popular de que os bons pagam pelos pecadores que, durante anos e anos fizeram e ainda fazem mal no uso errado da política, quando o político só entra nela para se locupletar e transforma o público em seu bem privado.

De tanto corromper, de tanto enganar, de tantos malfeitos, de tantas sujeiras, de tanto prometer e não fazer, de tantas trapaças, de tanto só pensar em se enriquecer no cargo e viver suas mordomias, de tanta falta de ética, seriedade e honradez, grande parte da nossa população passou a desacreditar na política e nos políticos.

Quando decidi fazer parte dessa disputa ingrata e tão desigual, sobretudo na utilização dos recursos e da máquina, seja no legislativo ou no executivo, ouvi de alguns amigos de que caísse fora disso porque “política é patifaria” e que só iria sujar minhas mãos.

Como posso dizer ao eleitor de que sempre tenho pautado minha vida dentro da ética e da seriedade, se ele não confia mais em ninguém, e pouco me conhece? Como recuperar essa credibilidade perdida há anos e, porque não falar, há séculos? Será possível? É como a queima de uma floresta que dura 50 ou 100 anos para ser renovada.

De tanto que já passei de desafios e lutas, essa será mais uma experiência de vida para colocar em minha bagagem, ou no meu surrado alforje. É como um laboratório de aprendizagem. Tem coisa que você tem que vivenciar para depois ter a propriedade de contar.

Além daqueles que não acreditam mais em política e nos políticos, também existem os que se deixam vender por dinheiro e por favores. Estes são piores que os outros e não têm moral de xingar os políticos. Tem ainda os que se deixam levar pelos outros, os extremistas fanáticos e uma parte mais consciente e educada.

Como um assunto puxa outro, gostaria de me referir aqui aos jovens estudantes que também fazem parte do bloco que não quer se envolver em política. Esses, infelizmente, também fazem parte do grupo dos desiludidos.

Isso me faz lembrar dos anos 50, 60 e até os 70, em plena ditadura civil-militar-burguesa, quando estudantes se mobilizavam nas ruas e tinham a força de eleger vereador, prefeito, deputado, governador e até presidente da República. Tudo isso se acabou e só nos restou o bagaço ou uma bagaceira.