:: 20/jan/2022 . 23:50
ENTRE ENGAÇOS E BAGAÇOS
A paisagem clicada pelas minhas lentes pode ser feia ou bonita, mas isso depende do ponto de vista de cada um. O colorido também pode ser sem graça e até triste para alguns. Mesmo entre os engaços e bagaços da terra árida do sertão nordestino, sempre existe uma ponta de verde em alguma árvore no cenário cinzento de pedregulho, como se fosse um tufo de esperança para o homem resistente às secas. Não é somente o cacto e o mandacaru que aguentam a sequidão e sobrevivem às intempéries. Com as recentes chuvas que bateram em praticamente todas regiões, imaginamos essa imagem verde, mas é só o sol voltar a castigar e tudo volta ao mesmo estado, como no ciclo da vida de altos e baixos. Como a lente de uma máquina fotográfica, nosso eu interior a tudo registra, o verde e o seco, os bons tempos e os ruins, e temos que seguir em frente para não afogarmos no deserto, nem perecermos nas águas.
INFINITO REVOLTO SERENO
Um ser cativo tão pequeno,
A mirar o infinito revolto sereno,
De fortes correntes e ventos,
É o mar dos descobrimentos,
Esse revolto sereno.
Rios correm invisíveis ativos,
Nesse infinito sacrário,
Nos sentidos anti e horário,
Para outra banda continental,
De jangada, caravela e nau,
Navegaram polinésios nativos,
Bartolomeu, Vasco, Colombo e Cabral.
Nesse infinito revolto sereno,
Do cabo fervente diabo Bojador,
Do Boa Esperança até a Índia,
Mar mistério negreiro cemitério,
Infinito sereno de prazer e dor.
Infinito revolto sereno,
Do Pau Brasil que já sumiu,
Rota dos escravos Benim Ajudá,
Me cure dessa saudade veneno,
Do amor que ficou do lado de lá.
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