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CURIOSIDADES NO TRÁFICO DE ESCRAVOS

O livro de Laurentino Gomes, “ESCRAVIDÃO” mostra muitas curiosidades do tráfico negreiro, muitas das quais de horror, mas que precisam ser conhecidas por historiadores, estudantes e todos brasileiros sobre o que aconteceu nos quase 350 anos de escravidão no Brasil.

Vamos aqui destacar algumas delas:

No auge do tráfico, por volta de 1780, os cativos eram capturados e comprados ao longo do litoral africano, numa extensão de quase seis mil quilômetros de cumprimento por mil de largura, da atual fronteira da Mauritânia com o Senegal até o sul de Angola. Nas décadas seguintes, essa faixa costeira se estenderia por outros quatro mil quilômetros, com a inclusão de Moçambique no roteiro do Brasil.

O banco de dados Slave Voyages registra que havia um total de 188 portos de partida de cativos no continente africano. Vinte deles respondiam sozinhos por 93% de todo tráfico no Oceano Atlântico. Até início do século XIX, o tráfico era o maior e o mais internacional de todos os negócios do mundo.

A rede de interesses envolvia agentes comerciais e controles contábeis das transações, uma estrutura de fornecimento de água e comida, e até instituições religiosas para batizar e catequizar os escravos. Abrangia ainda seguradoras, estaleiros e armadores, bancos de crédito, empresas de transportes que forneciam navios, apoio logístico, além de um complicado esquema burocrático.

Na economia escravagista, havia até um negócio paralelo tão transgressor que nunca recebeu destaque na história, que era a reprodução sistemática de cativos, com objetivo de vender as crianças, como se comercializa animais. Ocorreram experiências conduzidas em Portugal, Espanha e nos Estados Unidos. Uma delas aconteceu no Palácio Ducal de Vila Viçosa, sede dos duques de Bragança a partir do fim da União Ibérica, em 1640, com a ascensão de D. João IV ao poder. Havia um centro de reprodução de escravos.

Sobre as comparações de preços, Laurentino cita que o tráfico era uma atividade altamente organizada, sistemática, complexa e tão arriscada quanto lucrativa para seus investidores. Alimentava uma vasta rede de compradores, vendedores e fornecedores de serviços, produtos e suprimentos ao redor do mundo.

Entre as mercadorias brasileiras mais valorizadas no tráfico estavam a cachaça, tabaco, couro, cavalos, farinha de mandioca, milho, açúcar, carnes e peixes secos e salgados, além de ouro e diamante contrabandeados. Um historiador calculou que a cachaça foi responsável pela aquisição de 25% de todos escravos traficados da África para o Brasil entre 1710 a 1830. Somados, a cachaça e o tabaco, serviram para adquirir 48%, quase a metade de dois milhões e 27 mil cativos que chegaram vivos ao Brasil entre 1701 e 1810, segundo Luiz Filipe de Alencastro.

Durante décadas, a coroa portuguesa proibiu o uso da cachaça na compra de escravos, para não prejudicar a concorrência dos vinhos produzidos em Portugal. Nada adiantou porque passaram a fazer negócios clandestinos, principalmente em Angola.

Uma devassa feita pelo governo português descobriu que o governador de Angola, João da Silva e Sousa, era dono de quatro navios que levavam escravos de Angola para o Brasil e, na volta, iam carregados com pipas de cachaça.

A organização do negócio negreiro chegou a tal ponto que os traficantes da Bahia tinham sua própria irmandade e seu santo de devoção, que era São José, cuja imagem podia ser vista na pequena igreja de Santo Antônio da Barra, em Salvador. Vamos ter mais curiosidades nas próximas postagens da Coluna de Livros.

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FARTURA TEMPORÁRIA

Se nunca deram importância para a revitalização e recuperação ciliar das margens do Rio São Francisco, o “Velho Chico”, castigado há séculos pelas mãos predadoras do homem, imagine agora que ele está cheio pelas chuvas fortes que bateram nos últimos meses em seus afluentes de Minas Gerais e Bahia! A mídia faz festa de imagens dizendo que tudo é fartura, mas não questiona que essa bonança pode ser temporária. Esquecem que há dois ou três anos, o “Velho Chico” estava seco e pedindo socorro, como um doente terminal de UTI. Basta São Pedro mandar chuvas, para não mais se falar em processo de recuperação e revitalização! É mais um motivo para acomodação com a Barragem de Sobradinho transbordando mais de três mil metros de água por segundo. E quando vier uma nova seca? Com certeza, toda essa fartura vai se acabar, e o nosso rio nordestino pode até morrer de vez! Vamos, então, ouvir aquela mesma lengalenga e lamento de sempre, de que é preciso tomar providências urgentes para salvar o “Velho Chico”. Até quando vamos ficar dependentes do tempo da abundância das chuvas? Essa fartura pode apenas ser temporária!

NAS TRINCHEIRAS

NAS TRINCHEIRAS

De Danilo Jamal, em seu livro “POESTO – Ação Direta”. O autor é um artista de rua, poeta inquieto, ousado, contestador e engajado com questões concernentes à comunidade negra, principalmente periférica, segundo palavras de Marilza Oliveira, que prefaciou sua obra.

Pelas trincheiras da sociedade

Observando o submundo da maldade,

Dói a realidade…

Embora tudo isso seja verdade,

Existe algo que nos trava.

Falta mais sentimento…

Muito mais alma

Para sairmos da fornalha

Que queima os corações sofredores.

Digam-me senhores,

Felizes com seus horrores?

Mas é isto.

A massa gosta de atores.

OS NEGACIONSITAS ATACAM

Em Salvador, na Unidade de Saúde da Família, no Bairro de São Cristóvão, uma mulher atirou pedras contra os trabalhadores após ser orientada a usar máscara nas dependências do posto. Não é somente um caso isolado, mas outros estão ocorrendo contra profissionais da saúde durante essa maldita pandemia.

Nem precisa dizer que se trata de um absurdo nos tempos de hoje, em pleno século XXI, mas isso reflete o mau exemplo que o dito cujo capitão-presidente faz com suas aglomerações e até tirando máscara de criança, sem contar o incentivo ao uso de armas; dizer que não vai vacinar sua filha; destruição do meio ambiente; e comportamentos racistas, homofóbicos, intolerância religiosa e misóginos.

Numa casa onde o pai não dá o devido exemplo, a probabilidade da família (ainda fala de família, pátria e tradição) ser desajustada é bem maior. Ele dá a senha, e aí arrebanha milhões de seguidores, principalmente num país de maioria inculta e sem instrução. Os enrustidos, como os fanáticos evangélicos, saem do armário, e atacam com violência.

Aqui mesmo em Vitória da Conquista, num posto de saúde, vi uma mulher debochar do funcionário porque ele tentava ordenar o distanciamento da fila de vacinação. Simplesmente, ela disse que não adiantava em nada, e tanto fazia juntos como separados, a Covid pegava. Outro resistiu não redar pé do lugar em que estava.

Na capital baiana, a situação está tão grave nas unidades de saúde, que se criou o movimento “Parem de Agredir”! A mobilização do Sindicato dos Servidores da Prefeitura de Salvador tem o objetivo de chamar a atenção do poder executivo, no sentido de garantir segurança aos funcionários.

Um profissional chegou a dar uma entrevista afirmando que as agressões têm sido constantes. “Hoje a gente vem levando até tapa na cara, soco na boca e pedradas (coisa da Idade Média, ou da Antiga mesmo). Para coibir esses atos, a Prefeitura Municipal solicitou aos órgãos de segurança a realização de rondas ostensivas nas regiões dos postos de saúde.

Como pragas do Egito, os negacionistas e fanáticos estão em todas as partes para confundir os incautos. A morte de um idoso vacinado é um prato cheio para eles irem soltando suas fake news. De imediato, apontam o dedo de que foi a vacina que matou, ou que ela em nada adiantou.

Não querem nem saber do histórico de doenças da pessoa, ou se o falecido estava com a imunização completa. Tem muitos que vieram a óbito porque resistiram se vacinar lá atrás e, somente agora, resolveram tomar a primeira dose.

É a chamada turma dos atrasados, sem o reforço, que está totalmente desprotegida. Outros, quando chegam no hospital, têm vergonha de falar que não estão vacinados. Tomei as três aplicações nas datas certas; tive Covid, e só fui acometido de sintomas leves.

CONSELHO DE CULTURA CONVOCA ELEIÇÃO PARA ÁREA DE ARTES CÊNICAS

A diretoria do Conselho Municipal de Cultura está convocando os artistas conquistenses para eleição do Eixo 3 de Artes Cênicas (teatro, circo, mímica ópera, audiovisual, cinema) e dança, a ser realizada no próximo dia 3 de março (quinta-feira) às 14, na sede do Memorial Casa Regis Pacheco, em decorrência de seus membros (titular e suplente) terem renunciado aos seus cargos.

Na ocasião, os trabalhos do pleito serão coordenados pela comissão do colegiado, constituída por Jeremias Macário de Oliveira (presidente), Marley Vital (secretário), Valéria Vidigal, Rosa Auriche, Valdemir Dias e Armênio Santos. Os eleitos, titular e suplente, serão imediatamente integrados como membros efetivos do CMC, e empossados na próxima reunião do dia 7 de março, marcada para as 18 horas e 30 minutos.

VAMOS PUNIR A NATUREZA!

Sem os verdadeiros responsáveis, o negócio é colocar a natureza num tribunal do júri e puni-la por causar das tragédias na Cidade Imperial de Petrópolis. Pelas chuvas e os deslizamentos em massa de terras dos morros, a sentença do juiz deve ser prisão perpétua e até pena de morte pelos danos causados, inclusive, por ter ceifado a vida de quase 200 pessoas. Cadeia para a natureza! Liberdade para os corruptos e malfeitores!

Em quase dois séculos de existência, os homens só fizeram depredar o chão e construir nos altos e nas encostas das montanhas. Os governantes, como sempre, fazem vistas grossas, politicagem e demagogia. Por outro lado, o povo sempre votou neles, e condena quem tenta preservar o meio ambiente. Ai de quem embargar alguma obra por considerá-la inapropriada, inadequada e de alto risco!

Em todas as cidades acidentadas, como Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, regiões serranas e tantas outras, lá estão as habitações penduradas nos precipícios das montanhas. A grande maioria das casas são irregulares, e nada de serviços de proteção! Quando batem as tempestades, tudo se derrete! Moral da história: Os temporais são os culpados. É o progresso do capital selvagem que constrói a degradação social.

Nas catástrofes, a mídia aproveita para fazer seus sensacionalismos. As campanhas de doações se agigantam. Cada um faz seu marketing. É o mesmo melodrama de lágrimas derramadas. Os ambientalistas, arquitetos, engenheiros, sociólogos e urbanistas repetem as mesmas explicações dos desastres anteriores. Falam do aquecimento global, do que já deveria ter sido feito, das negligências dos políticos e, em pouco tempo, tudo é esquecido.

As máquinas da prefeitura limpam os entulhos; as vítimas (nem todos) recebem alguma ajuda social por um determinado período; o gestor continua a fazer sua “administração” populista e eleitoreira; a vida volta ao “normal”; os prefeitos mostram os projetos que nunca foram executados; e as feridas na terra e nas árvores permanecem abertas.

No caso de Petrópolis, por exemplo, no Natal passado, o poder executivo gastou mais de cinco milhões de reais em publicidade e iluminação da cidade. Tudo ficou “lindo de morrer”, para agradar os moradores e turistas! A justificativa de sempre é que os investimentos em boniteza têm a recompensa do retorno. Só elogios da população! Aplausos e votos na próxima eleição!

A humanidade, no caso específico do brasileiro, caminha em direção ao suicídio coletivo, de tanto repetir as desgraças que se abatem, constantemente, sobre ela, ou é burrice mesmo, lembrando aquele velho ditado de que “errar é humano, mas permanecer nele é burrice”.

As tragédias de hoje já não comovem tão intensamente os sentimentos das pessoas como as de 100 anos atrás. Elas tornaram-se rotineiras e, não é preciso jogar os búzios e as cartas, para prever que vão ocorrer todos os anos. Não é necessário ser profeta, nem especialista no assunto. Todas são anunciadas por causa das negligências, aliadas à corrupção.

 

MANUEL BANDEIRA

Falar do pernambucano de Recife, Manuel Bandeira, não carece de muitas apresentações, principalmente pelo conteúdo de suas obras poéticas. Parnasiano-simbolista aderiu de cheio ao modernismo da Semana de Arte Moderna de 22, junto com nomes notáveis de expressão, como Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Guilherme de Almeida, Ronald de Carvalho e tantos outros.

Um dia, de acordo com Alfredo Bosi (História Concisa da Literatura Brasileira), Manuel Bandeira chamou-se de “poeta menor”. “Fez por certo uma injustiça a si próprio, mas deu, com essa conotação crítica, mostras de reconhecer as origens psicológicas da sua arte: aquela atitude intimista dos crepusculares do começo do século que ajudaram a dissolver toda eloquência pós-romântica pela prática de um lirismo confidencial, auto-irônico, talvez capaz de empenhar-se num projeto histórico, mas, por isso mesmo, distante das tentações pseudo-ideológicas, alheio a decaídas retóricas”.

Manuel Carneiro de Sousa Bandeira (1886-1968) veio adolescente para o Rio de Janeiro, onde cursou o Colégio D. Pedro II. Em São Paulo iniciou o curso de Engenharia, mas a tuberculose impediu-o de prosseguir os estudos. Em 1912 esteve na Suíça onde entrou em contato com a melhor poesia simbolista e pós-simbolista em língua francesa, “fonte de sua linguagem inicial, como atestam os primeiros livros “Cinzas das Horas (1917) e “Carnaval” (1919)

No rio de Janeiro estreitou amizades com Ronald de Carvalho, Ribeiro Couto, Graça Aranha e Tristão de Ataíde, passando para o modernismo. Ao praticar o verso livre, foi acolhido pelo Grupo da Semana como um irmão mais velho (na época de 22, tinha 36 anos), e alguém o chamou de São João Batista do movimento, segundo relata Bosi, que o considera como um dos melhores poetas do verso livre em português, principalmente a partir de “Ritmo Dissoluto” (1924) e “Libertinagem” (1930).

“A biografia de Manuel Bandeira é a história de seus livros. Viveu para as letras e, salvo os anos em que lecionou português no Colégio D. Pedro II e Literatura Hispano-Americana na Universidade do Brasil, dedicou-se exclusivamente ao ofício de escrever poesia, crônica, traduções e obras didáticas”.

Ao olhar de longe o carnaval da vida escreveu: “Uns tomam éter, outros cocaína/Eu já tomei tristeza, hoje tomo alegria/ Tenho todos os motivos menos um de ser triste./ Mas o cálculo das probabilidades é uma pilhéria…/Abaixo Amiel!/ E nunca lerei o diário de Maria Bashkirtsseff./Sim, já perdi pai, mãe, irmãos./Perdi a saúde também./É por isso que sinto como ninguém o ritmo do jazz-band. ……….(“Não sei dançar”).

Um dos poemas mais lembrados de Bandeira, musicado por Paulo Diniz, foi “Vou-me Embora para Pasárgada” em seu livro “Libertinagem” “que oscila entre um fortíssimo anseio de liberdade vital e estética e a interiorização cada vez mais profunda dos vultos familiares (“Profundamente”, “Irene no Céu”, “Poema de Finados”, “O Anjo da Guarda”), bem como das imagens brasileiras extraídas do seu convívio intelectual com Mário de Andrade e Gilberto Freyre (“Mangue”, “Evocação do Recife”, “Lenda Brasileira”, “Cunhantã)”

SEMPRE MODERNO

Embora secular, desde os tempos medievais quando os poetas viajantes passavam em versos as notícias de histórias e estórias de grandes lendas, personagens, povos e acontecimentos de regiões longínquas, o cordel, originário da Península Ibérica, sempre foi um gênero moderno porque a sua essência é popular onde todos entendem suas mensagens. Do parnasiano, do impressionismo, dadaísmo, simbolismo ou expressionismo, ele é sempre único. O cordel já nasceu modernista, pena que muitos acadêmicos metidos a besta torcem a cara, e poucos colocam o tema em suas teses. O cordelista nasceu repórter-jornalista porque, de uma forma ou de outra, jocosa ou não, passa as notícias para o povo dos nossos sertões nordestinos. O cordel sempre esteve à frente das redes socais da internet. Ele está representado na exposição de mais de 20 artistas, no Memorial Regis Pacheco, que homenageia a Semana de Arte Moderna de 22, mas, infelizmente, a mídia pouco faz referência. É uma total indiferença!

MAR PORTUGUÊS

Fernando Pessoa

Ó mar salgado, quanto do teu sal

São lágrimas de Portugal!

Por te cruzamos, quantas mães choraram,

Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar

Para que fosse nosso, ó mar!

 

Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador

Tem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu,

Mas nele é que espelhou o céu.

O MAIOR CULPADO É O HOMEM

Não me venha colocar a culpa nas tempestades da natureza que saiu arrastando tudo na cidade de Petrópolis (Rio de Janeiro) e vem provocando enchentes gigantes em várias partes do Brasil, deixando um rastro de destruição! A mídia costuma anunciar que os temporais inesperados causaram danos materiais incalculáveis e milhares de mortes.

Deveria dizer que a estupidez do homem é a maior culpada de tudo isso que vemos nas tristes imagens. Dizer sim, que são tragédias anunciadas, porque há anos, ou séculos, o ser humano vem destruindo o meio ambiente. A natureza apenas reage às provocações, e as catástrofes não passam de consequências das perversidades humanas. Só os brutos não enxergam isso.

Todos nós somos culpados porque elegemos governantes safados que nem estão aí para proteger as áreas degradadas que já sofreram estragos no passado. Todas as vezes que acontecem as tragédias, logo em seguida aparecem nas telas os “milhões de reais que serão liberados para reparar os danos, mas os recursos somem nas próprias enxurradas.

Os especialistas e ambientalistas sabem muito bem (qualquer leigo também) que há anos as construções foram feitas em locais inadequados, as chamadas áreas de alto risco, que vão ceder. A questão é apenas de tempo.

Além do poder público e o setor imobiliário fazerem vistas grossas para essas habitações em morros e encostas perigosas, visando lucros, nunca realizaram obras de proteção. Nada de investimentos em infraestrutura e saneamento.

Agora, depois do leite derramado, não adianta ficar rezando e enxugando as lágrimas, ou rogando a Deus pedindo ajuda. Não foi Ele quem mandou esse sofrimento, e nem matou uns e deixou outros tantos vivos. Não me venham com essa de que foi Deus que assim quis. É até uma burrice assim pensar. É uma maneira de querer apagar a nossa culpa. Enganar a si mesmo.

Como sempre, logo aparecem por todo país as campanhas de solidariedades para os desalojados sobreviventes, como forma de alento, por pouco tempo, mas não se cobra a punição contra os verdadeiros responsáveis criminosos. Em pouco tempo tudo é esquecido. Fazem alguns serviços de limpeza; dão alguns tostões de ajuda; embolsam a maior parte do dinheiro nas burocracias; e as vítimas ficam a ver navios.

As doações não passam de paliativos, e até mesmo esmolas, porque não resolvem o problema daqueles que perderam tudo, principalmente familiares, parentes e amigos. Esses ficam penando nas valas dos esquecidos. Não demora muito e outros temporais acontecem, numa repetição como nos filmes já vistos por várias vezes.

Com o aquecimento global, a ganância do consumismo e a falta de preservação do meio ambiente, a tendência é só piorar. Cada tragédia tende a superar a outra e, mais uma vez, colocam a culpa na imprevisibilidade da natureza, porque nem os serviços atrasados de meteorologia dos homens conseguem fazer mais previsões. A mão estúpida do homem foi tão pesada que as reações do tempo deixaram de ser previsíveis.





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