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:: 11/fev/2022 . 20:07

UM DOS GRANDES ARTICULADORES DA SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922

De espírito irrequieto, revolucionário e um artista atribulado, José Oswald de Sousa Andrade (1890-1854), nascido em São Paulo, de família rica, lembra muito o nosso baiano cineasta Glauber Rocha por suas fortes críticas à sociedade burguesa, cada um dentro do seu devido tempo. Temperamentos parecidos

Como descreve o crítico literário Alfredo Bosi (História Concisa da Literatura Brasileira), Oswald representou em seus altos e baixos, a ponta de lança do espírito da Semana de Arte de 1922, a que ficaria sempre vinculado, tanto nos seus aspectos felizes do vanguardismo literário quanto nos seus momentos menos felizes de gratuidade ideológica.

Diria que Oswald sempre teve uma personalidade forte, “brigão”, intrépido e um campeão no lançamento de manifestos, destacando o “Pau-Brasil”, em 1924 e o “Antropofágico” em 1928. Bebeu da fonte do futurismo ítalo-franco, mas renegou as ideias fascistas de Marinetti, um dos criadores desse movimento.

Oswald fez o ginásio no Colégio de São Bento e Direito na sua cidade. Viajou para Europa (Paris) em 1912 e trouxe em sua bagagem muitas ideias revolucionárias, em alguns momentos de cunho anarquista, mas sempre em defesa da cultura nacional, sem ufanismos patrióticos. De volta a São Paulo fez jornalismo literário e trabalhou em vários periódicos.

Quando da exposição de Anita Malfatti, em 1917, e na Semana da Arte, foi um defensor feroz da artista quando ela foi tripudiada num artigo escrito por Monteiro Lobato. Em sua aproximação com Mário de Andrade, Di Cavalcanti, Menotti Del Picchia, Guilherme de Andrade e outros, passou a ser grande animador do grupo modernista e da Semana de 22, como bem assinala Alfredo Bosi.

De acordo com o próprio Bosi, o período de 1923/30 foi marcado pela sua melhor produção modernista, no romance, na poesia e na divulgação de programas estéticos nos manifestos “Pau Brasil” e “Antropofágico”. Fez várias viagens à Europa onde amadureceu seus conhecimentos. Depois da queda da Bolsa de Valores e da Revolução de 30 atravessou um período de crise financeira.

“Dividido entre uma formação anárquico-boêmia e o espírito de crítica ao capitalismo, que então se conscientizava no país, Oswald pende para a esquerda e adere ao Partido Comunista, também fundado em 1922”. Compõe o romance de auto sarcasmo “Serafim Ponte Grande 28-33, (teatro) participante em “O Rei da Vela”, de 37 e lança o jornal “O Homem do Povo”. Em 1945, no entanto, afasta-se da militância política, ano em que concorre à Cadeira de Literatura Brasileira na Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo. Com uma tese sobre a “Arcádia e a Inconfidência”, obteve o título de livre-docente.

O irrequieto artista candidatou-se, por duas vezes, a uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, mas não era bem visto pelos seus pares. A menos de um decênio de sua morte, em 1954, aos 64 anos, segundo Bosi, sua herança é valorizada pelas vanguardas concretistas de onde provém a mais entusiástica bibliografia oswaldiana, com uma vasta obra, como Théatre Brésilien, Mon Coeur Balance em colaboração com Guilherme de Almeida.

Dentre suas obras, ainda podemos destacar Os Condenados, 1922, Memórias Sentimentais de João Miramar, 1924, Manifesto da Poesia Pau Brasil, 1924, A Estrela de Absinto, 1927, Primeiro Caderno do Aluno de Poesia Oswald de Andrade, 1927, Manifesto Antropofágico, 1928, Serafim Ponte Grande, 1933, a Escada Vermelha, 1934, o Homem e o Cavalo (teatro), 1934, O Rei da Vela (teatro), 1937, entre outros.

Alguns fizeram parte da sua Trilogia do Exílio, como Os Condenados, A Estrela de Absinto e A Escada Vermelha, composta ao longo de 15 anos de experiências. São livros que se ressentem de uma atitude antiquada, num escritor que conheceu o que é ser moderno, em face da linguagem romanesca e do trato das personagens, conforme avaliação de Alfredo Bosi.

Para Antônio Cândido, há nele um gongorismo psicológico, uma tendência para acentuar, em escala fora do comum, os traços psíquicos de uma personagem; os seus gestos, as suas tiradas, as suas atitudes de vida. “As pessoas neste livro (Os Condenados), são pequenos turbilhões de lugares-comuns morais e intelectuais”.





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