A HISTÓRIA COMO ELA É
Meu alô para o grande cronista Nelson Rodrigues, com “A Vida Como Ela É! ” Vou contar um pouco da nossa história do Brasil como ela é, parodiando o escritor, que até pode ser adotada nas escolas públicas e privadas.
Tudo começou com Pedro Alves Cabral que, na verdade, tinha o nome de Pedro Álvares Gouveia se tivesse pego uma parte do sobrenome da sua mãe. Nasceu em Belmonte (Portugal) por volta de 1467/68 e morreu em Santarém, em 1520.
Era um grande navegador, mas estava lá desempregado. Passava maior parte do seu tempo pescando e jogando conversa fora pelos botequins da vida. Contam até que era um tremendo cachacista inveterado.
Em seu esplendor vivia o rei D. Manuel I em seu palácio desfrutando do bom e do melhor, mas estava acossado pelos espanhóis que já haviam conquistado as Américas e suas terras só cresciam. Na época o rei venturoso perseguia, implacavelmente, os judeus e os muçulmanos.
Foi aí, então, que ele resolveu se reunir com seus oficiais e mandar chamar o Cabral que era um cabra corajoso. Apontou para o mapa e prometeu constituir uma armada. Quero que você desembarque neste ponto – marcou com seu dedo.
Vou alardear por aí que você está indo para a Índia para driblar os espanhóis. Soube que um tal de Vicente Yanez Pinzon esteve por lá, mas não tomou posse daquele lote cheio de riquezas – falou com tom de raiva. Não houve vazamento na operação secreta.
Cabral olhou e exigiu homens valentes, de preferência malfeitores, degredados, gente ruim mesmo. O rei alertou que ele ia ter problemas na longa viagem, com brigas e até assassinatos. Sem problemas, mando quebrar todos insubordinados na porrada e no cacete – respondeu o navegador. D. Manuel, que reinou de 1495 até 1521, no lugar de D. João III, ainda deu de quebra uns judeus para ele.
Assim ele fez e partiu do Rio Tejo, em oito de março de 1500, chegando ao Pindorama – Terras das Palmeiras pelos índios, em 22 de abril e avistou um monte do qual deu o nome de Pascal por ser período da páscoa. Sem essa de ter se perdido pelas correntes e ter sido empurrado pela calmaria do mar. Não foi por acaso.
De início, sem a noção do seu tamanho continental, sua comitiva deu o nome de Ilha de Vera Cruz, em homenagem às lascas da cruz onde Cristo foi crucificado. Outra lorota.
No entanto, antes de Brasil, aqui foi chamado de Terra Nova e Terra dos Papagaios. Até hoje somos papagaios na habilidade de imitar as culturas e costumes de outros países. Primeiro foi a França e depois os Estados Unidos.
Com Cabral vieram 13 embarcações (número do azar) ou caravelas. Com ele tinha um escrivão por nome de Pero Vaz Caminha que contou um bando de mentiras para agradar o rei. Enterraram dois degredados na praia e Caminha escreveu que a terra era tão fértil que aqui plantando, tudo dá.
Para enganar os nativos, o comandante, já prevenido, deu um monte de presentinhos fajutos e sapecou o ferro nas índias transmitindo suas doenças venéreas e um bocado de outros vírus. Por aqui ficou 13 dias, levando cargas de pau brasil. Daqui ele seguiu sua jornada até a Índia.
Essa foi a primeira etapa da invasão exploratória quando esta terra começou a ser infestada de transgressores, trambiqueiros, trapaceiros e corruptos. A intenção era só roubar tudo que tinha aqui para dar uma boa vida de farras e bacanais às cortes portuguesas, até que um dia o reino entrou em falência.
Bem, vieram outras expedições ao longo de mais de 300 anos e as terras foram divididas em sesmarias e capitanias hereditárias para os amigos do rei fazerem o que bem queriam.
Logo no início trouxeram para aqui cerca de seis milhões de escravos africanos, dos quais, milhares foram mortos e massacrados cruelmente. Até hoje o Brasil carrega essa mancha vergonhosa em sua história.
A Igreja Católica, através dos jesuítas, também criou olho grande e mandou seus missionários para catequizar mais fieis para sua instituição, com o argumento, e em nome de Deus, de que os índios eram pagãos e iam todos para o inferno quando morressem.
Para tomar oficialmente posse da terra, o D. João III, se não me engano, enviou seu primeiro governador chamado de Tomé de Souza, por volta de 1549. Mais uma vez, os navios vieram lotados de ladrões e assim nasceu a corrupção, inaugurado pelo primeiro procurador geral.
O tempo passou. Aconteceram insurreições, rebeliões, revoltas, movimentos populares, muitos pela independência e outros não. A maioria tinha o cunho de revolta mesmo pela exploração das nossas riquezas e pela opressão, principalmente praticada contra os mais pobres.
Com a corrupção nasceu a desigualdade social que persiste até hoje. No final do caminho até o grito de independência, em 1822, passou por aqui um gorducho barrigudo que ocupava a maior parte do seu tempo comendo coxas e asas de frango.
Se lambuzava todo. Sua mãe Maria era uma louca e sua mulher Leopoldina uma depravada. Seu filho D. Pedro, um tarado por mulheres. Comia tudo que vinha pela frente e se misturava aos ciganos nas festas.
Seu nome era D. João VI, que chegou ao Rio de Janeiro em 1808, com mais de 10 mil picaretas que tomaram as casas dos brasileiros. Ele veio de Portugal a ponta pés, fugido de Napoleão. Por pouco não foi pego com as calças na mão.
Foi aí, meu amigo, que a putaria aumentou mais ainda. As repartições públicas eram cheias de ladrões que passavam a mão grande nos cidadãos. Era ladroagem para tudo que era lado. O D. João nem está aí!
A malandragem corria solta e assim foi passando de pai para filho até hoje. São 525 anos e o Brasil continua um país de terceiro mundo. Tem muito mais história como ela é.