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:: 8/mar/2025 . 0:27

QUANDO A PALAVRA TINHA SEU VALOR

-Você tem a minha palavra que eu te pagarei a compra no final do mês em tal dia, ou prometo cumprir com nosso trato.

Só a velha geração como eu se lembra desses bons tempos quando a palavra tinha seu valor amarrado no fio do bigode. Alguns mais exagerados selavam até na mistura do sangue. Não estou falando da palavra literária, mas da palavra oral, aquela em que também se baseia o escritor para narrar sua história, fazer sua tese, dissertação e resgatar a memória.

Hoje, meu amigo, é tudo “preto no branco”, ou seja, na tinta escrita no papel e assinada em forma de documento registrado em cartório, com toda burocracia, carimbo e testemunhas. Haja protocolo! Acordo trabalhistas, por exemplo, nem pensar fazer de boca!

Nos tempos atuais, mesmo com documentação e tudo ainda paira a desconfiança porque as pessoas deixaram de ser honestas, para serem trambiqueiras, trapaceiras e malandras. Passar a rasteira no outro é ser mais sabido, astuto e até considerado como sinônimo de inteligência.

O verbo confiar está em pleno desuso, coisa do passado, que só se encontra no dicionário. Quando era menino recordo muito bem do meu velho pai fazendo negócios com seus vizinhos, tudo na base da palavra.

– E aí cumpadi, vamo dividir o roçado meio a meio? Vamos consertar nossas cercas e dividir as despesas? Vou pagar a dívida com 20 sacos de farinha daqui a seis meses.

As conversas eram assim, sem papel e escritura, com aperto de mão. A palavra dada só deixaria de ser cumprida em caso de morte e, mesmo assim, a mulher ou um filho honrava o compromisso para a alma do defunto seguir em paz.

Antigamente, até os coronéis brabos, brutos e cruéis daquela época valorizavam a palavra, e ai de quem desse uma de traidor! Era morte na certa.

Atualmente não basta você dizer que é honesto. Qualquer negociação tem que ser por escrito. Uma aposta tem que ser registrada porque um não acredita no outro.

Por falar em palavra, uma categoria que mais banalizou a honestidade e a seriedade foi a de político. Prometem mil coisas numa campanha eleitoral, mas quando chega ao poder não realiza nem a metade. Na maioria das vezes faz tudo ao contrário. Ainda assim o eleitorado cai em sua lábia.

Ao ver esses exemplos falsos lá de cima, o brasileiro em geral (nem todos) da parte debaixo aprendeu também a ser desonesto e a enganar. Promete votar num candidato e voto em outro. Muitas vezes, infelizmente, recebe dinheiro de um e voto no outro que deu mais.

É isso aí, quando a palavra tinha seu valor, havia mais senso humano, respeito e confiança. Essa questão de se honrar a palavra tem muito a ver com o caráter da pessoa que muito depende da formação familiar e não da escolaridade. As pessoas mais simples e pobres são mais confiáveis do que os endinheirados avarentos e gananciosos.

UM AMBIENTE DE CULTURA E TERAPIA

Ir ao Museu de Kard é como tomar um banho de cultura, conhecimento e saber, além de uma terapia espiritual que lhe faz deixar todos problemas lá fora. Aqueles das correrias diárias. Quando você entra naquele portal e bate o olho na pirâmide, imediatamente vem à cabeça as pirâmides do Egito, a Quepes, Quéfren e a Miquerinos. Em seu entorno, as esculturas nos transportam para uma viagem ao imaginário. Cada um faz sua interpretação porque a arte em si e o artista têm esse poder mágico de provocar, de levar a pessoa à reflexão.

Pelo caminho do xadrez nordestino, do tribunal, do fantástico labirinto, no bule, na sala antiga da televisão, o prédio da exposição das artes plásticas dos expoentes Romeu Ferreira, Valéria Vidigal, Emanuel Kardec, dentre outras obras, o visitante vai sentindo o vento tocar suave em sua alma e criando uma interação entre a arte e a natureza, com as flores (São João), a quaresmeira e as árvores típicas do nosso sertão, no sapé da Serra do Periperi.

O museu, o maior a céu aberto do Norte e Nordeste já conhecido em toda Bahia e no Brasil, é só poesia de forte inspiração, não somente para os poetas. Ah, e passa também aquele ambiente de meditação para o além, não importando qual seja sua religião. Aliás, nem é preciso ter religião. Não importa sua crença ou até mesmo se é ateu. Ali você se encontra com um ser superior. Ainda existem locais reservados para um bom bate-papo relaxante familiar e entre amigos. Cada um expressa sua visão sobre o que viu.

Todas as vezes que vou ao espaço idealizado e criado pelo artista visionário Alan Kardc, me sinto assim, mais humano e relaxante. Dá vontade de morar ali por toda eternidade, ou por toda vida, como queira. Não importa qual seja sua filosofia. Não posso deixar de acrescentar que o museu só cresce.

Agora mesmo, seu criador está construindo o Tambor onde vai abrigar diversas linguagens artísticas e já sugeri para ele que não deixe de incluir a nossa literatura nesse ambiente cultural. Ali também pode servir como espaço para leitura, estudos e pesquisas. Outra ideia, em minhas conversas que já tive com o amigo Alan, é que dentro do museu se construa um museu da imprensa, uma forma grandiosa de resgate da história dos jornais impressos, com destaque para o primeiro “A Conquista”, em 11 de maio de 1910.

Quando vou ao Museu de Kard sempre levo minha máquina fotográfica para flagrar com suas lentes as belezas artísticas e naturais. Até parece que ela também gosta do local porque capricha nas imagens e capta a luz em tempo certo, num ambiente de cultura, paz e terapia.





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