:: 4/mar/2025 . 22:45
UMA QUARTA-FEIRA DE RESSACA E CINZAS PARA OS POBRES ENDIVIDADOS
Se festas e carnavais de muitos dias de farras fossem fatores de aumento de índice de desenvolvimento humano, Salvador, por exemplo, teria um patamar de qualidade de vida comparável aos países nórdicos da Noruega, Suécia e Dinamarca. No entanto, servem para deixar o pobre mais pobre e endividado numa quarta-feira de cinzas de uma ressaca de lascar, inclusive das farras misturadas com drogas.
Em termos de circo, Salvador supera os povos antigos romanos, os maias, os celtas, os sumérios e outras civilizações que passavam dias glorificando seus deuses em homenagens pelas bonanças de uma estação para outra, ou até mesmo para aplacar suas iras. Muitos desses festejos haviam até sacrifícios humanos.
Não literalmente nos altares das oferendas, aqui também no Brasil centenas e milhares de humanos são também sacrificados pela violência nessas épocas do ano, sem contar que aqui os chefes poderosos dominadores do poder nem dão o pão, como ocorria na Roma para iludir os plebeus. Eram os meios de evitar as revoltas.
Dias antes do começo das fuzarcas eles aparecem na mídia dizendo que estão oferecendo milhares de empregos temporários, só que torram milhões de reais tirados do próprio povo, que fica com as migalhas. Nos camarotes e nos trios, os ricos milionários, enquanto no asfalto, os arrastas chinelos.
O que os já empobrecidos ganham, mal dá para pagar suas dívidas, dormindo nos barracos das ruas como escravos dos patrões agenciadores de viagens, hoteleiros e turistas endinheirados. Os pipoqueiros caem nas folias mostrando suas caras de um país desigual, sem educação e saúde. A maioria dorme com suas mentes e barrigas vazias.
A mídia atual entra nesse arrastão burguês capitalista dizendo de alto e bom som nos meios eletrônicos de que tudo é de graça lá embaixo, como se o dinheiro público fosse privado. Na Roma antiga, nos reinados da França, da Inglaterra, da Espanha, de Portugal, entre imperadores e sultões árabes, o discurso era e ainda é o mesmo para seus súditos. Nesse aspecto, não evoluímos em nada, muito pelo contrário. Pioramos em humanização.
Eles mentem descaradamente, e a imprensa se encarrega de fazer a cobertura das mentiras porque ela também faz parte do banquete e leva uma boa fatia do bolo, ou uma “bolada”. Além do mais, temos uma festa anticultura nas músicas e em suas letras vagabundas que merecem ser jogadas na lixeira.
Em se tratando do carnaval de Salvador, por exemplo, esses meios de comunicação alardeiam que é o maior do mundo, como se isso fosse uma glorificação, justamente numa capital com um dos maiores índices de desigualdade e pobreza do Brasil. O carnaval de hoje invade a quarta-feira de cinzas (antigamente ia até meia noite de terça-feira), dia sagrado para os católicos, o que é um desrespeito e intolerância religiosa, quando os promotores da festa pregam o contrário. Não deixa de ser uma cínica contradição.
Não se é contra à diversão do ser humano, mesmo porque faz parte das nossas vidas festejar, curtir momentos felizes, comemorar passagens e datas, mas não nesse estilo exagerado e exploratório onde as festas e os carnavais representam mais concentração de renda nas mãos dos mesmos.
É uma quarta-feira de juntar as cinzas para os pobres trabalhadores e de muita bonança e cofres cheios para os ricos, bem como para os políticos que, infelizmente, devido à grande ignorância popular, ganham mais pontos eleitorais. É o circo sem pão, sem saúde nos hospitais e sem mais ensino nas escolas.
- 1