MEU CHORO
De autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário
Travei minhas batalhas,
No amor e na guerra;
Cravei minhas patas nesta terra;
Usei parabelos e espadas;
Enfrentei gente nas navalhas,
Em meu terreiro,
Risquei meu facão;
Encarei o cangaço,
No fuzil e no punhal de aço;
Fui Conselheiro e Lampião.
Sou flor e espinho,
Que brotam deste chão,
Das artérias do meu coração.
Do meu moído choro,
Não saem lágrimas,
Moram em minhas entranhas,
Torradas como castanhas.
Meu choro vem lá do fundo,
Ora lamento e sentimento,
Que inunda todo meu mundo.
Meu choro sangra noite e dia.
Que nem o canto da cotovia,
Pode minha dor aliviar,
E ela já faz parte de mim,
Como início, meio e fim.
Choro pelos meus pecados,
Na procura do existencial,
Contra a injustiça social,
Como ferido animal,
Sapecado em seu meio ambiental,
E oro a Zeus e ao Senhor Deus,
Que nos afaste do mal,
Deste açoite global.
Eu choro, choro, choro,
Com fé e esperança,
No ritmo dessa dança,
Sensata e insana,
Para que a mente humana
Não seja tão desumana.
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