De autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário

Oh, deuses gregos-romanos!

Cada um com sua saga ancestral,

Seu feroz instinto animal:

Alianças e tramas atadas,

Com suas adagas afiadas,

Montaram cruel assassinato,

Num trágico secreto ato.

 

Da Gália Italiana,

Gauleses da terra parisiana

Com seu exército treinado,

Homens bravos mercenários,

Júlio César contrariou o Senado,

Cruzou o Rio Rubicão,

Como um deus furacão,

Em Roma imperial,

Foi louvado e amado

Em sua carruagem triunfal.

 

Uma guerra civil romana,

Em quarenta e nove

Antes da era cristã,

Fez-se uma carnificina humana,

Brandiram as espadas tiranas,

Nas batalhas sanguinárias,

Que se tornaram lendárias.

 

No Egito como um tufão

Encurralou o general Catão

Que preferiu se sacrificar,

Ao invés de se entregar;

Renegou a clemência,

Para não ser um prisioneiro

Do seu senhor no cativeiro.

 

Com suas legiões seguiu avante,

Pois na frente tinha mais gente;

Negociou com a rainha Cleópatra,

Dela fez sua amante,

E do seu ovário

Gerou o bastardo Cesário.

 

Em Alexandria,

Admirou todo seu esplendor;

Rendeu vênias ao seu criador:

Alexandre, o Grande,

Vindo do rei Filipe da Macedônia,

Que o mundo desbravou,

Como maior conquistador.

 

Nas Colinas da Anatólia

Praticou sua oratória:

Vim, Vi e Venci,

No aqui e no agora,

Pontuou sua hora,

Consagrou mais uma vitória,

Como guerreiro da história.

 

Depois de tanto inverno infernal,

Num inferno sem igual,

Destronou o vingador Pompeu,

Que já era pelo povo odiado,

Depois fugiu e foi assassinado,

Para não mais voltar ao reinado.

 

Em Roma assentou os colonos,

O plebeu apoiou seus comandos;

Deu terras aos seus veteranos;

Ajustou o planeta em seu astral;

Reformulou o calendário anual;

Recebeu mil honrarias:

De rei, deus imperador

Coroado até como ditador;

Expandiu todo vasto império

Do Oriente ao Ocidente.

 

Ciúmes, invejas e ódio,

Intrigas ambiciosas palacianas,

Brutus virou conspirador,

Com Cassius e Decimus,

A conspiração se espalhou;

Transformaram tudo em terror,

Nas noites cálidas romanas.

 

Com suas adagas afiadas,

Escondidas em suas togas,

Como feras em manadas,

A César apunhalaram,

Em nome das ideias republicanas,

Senadores enganaram,

Com suas ganâncias espartanas.

 

Conspiradores traidores,

Nas armações planejadas,

Mais de vinte adagas afiadas,

De mortais ciladas,

Dilaceram suas carnes,

Até costelas quebraram,

E o sangue jorrou no plenário,

Num um aterrorizante cenário,

Na Casa de Pompeu do Senado

Seu maior inimigo,

Onde imaginava ser seu abrigo:

Tudo estava pelos adivinhos previsto,

Em quarenta e quatro antes de Cristo.

 

Depois os assassinos se refugiaram,

No forte da Colina Capitolina,

Com seus seguranças gladiadores,

E toda Roma chorou suas dores,

Até a sua deusa protetora divina.

 

No funeral de quatro dias,

Os céus se abriram,

Caíram tempestades e ventanias,

Que lhe fizeram imortal,

Como filho de Vênus e Júpiter,

Na Roma de Rômulo ancestral.

 

Sua pessoa foi deificada;

Deu nome a outros imperadores,

Que em Roma dinastia reinou,

Depois das adagas afiadas,

Que deixaram mentes revoltadas.

 

O tribuno Cícero das catilinárias,

Bradou com suas catilinárias,

Marco Antônio hábil negociou,

Um armistício de trégua,

Mas a vingança não tardou.

 

Outra guerra civil começou,

Da Gália Otávio César Augusto,

Que de Júlio herdeiro se tornou,

Um criou julho e o outro agosto,

O moço ergueu sua espada,

Carregando também sua adaga,

Formou até um triunvirato,

Todos caíram em seu prato,

Não sobrou um conspirador,

Teve até oficial desleal,

Que só queria fazer bacanal,

Que de tanto medo se suicidou.

 

Por quarenta e um anos,

Augusto César governou,

Jesus ainda era um adolescente,

Com sua filosofia envolvente,

Encantava toda mente,

Pregando paz e amor,

Quando o sucessor Tiberius

A Judéia massacrou

Pilatos lavou suas mãos,

Os sacerdotes insanos,

O filho Deus na cruz crucificou.